terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Disappears - Pre Language
Chega é estranho ver uma banda lançar álbuns com músicas inéditas por três anos seguidos. Já é quase tido como lei lançar um trabalho em um ano, fazer turnê no outro, descansar e começar a compor novas canções, e assim vai. Essa regra não se aplica à banda Disappears, que lançou seu álbum de estréia em 2010, Lux e menos de um ano depois, deram a sequência com Guider. Quando todos pensavam que a banda iria descansar um pouco, após menos de um ano novamente, eles aparecem com material totalmente novo com o lançamento de Pre Language. Engana-se quem acha que lançar um atrás do outro assim vai perdendo a qualidade. Com Disappears o que acontece é exatamente o contrário. Pre Language acaba por ser o trabalho mais forte, focado e acessível até agora.
Lá em 2010, Disappears apareceram fazendo um som cru de garagem, com guitarras altíssimas e sujas, além do noise que remete a um Sonic Youth não-progressivo. Já em Guider, eles optaram para uma pegada, em alguns momentos, mais psicodélica, além de manter os amplificadores no máximo. Pre Language, enfim, aparece uma banda mais consciente de suas idéias e mais concentrada no resultado final. A relação com Sonic Youth deixou de ser limitada ao som e ganhou a contribuição do baterista Steve Shelley, que entrou na banda após a saída de Graeme Gibson, presente desde a fundação.
A dinâmica em Pre Language é praticamente a mesma: músicas curtas, apertadas, muita distorção e incríveis efeitos de guitarra causando muito barulho. A faixa de abertura, “Replicate”, começa devagar, só com um riff de guitarra e o acompanhamento da bateria, mas logo começa a quebrar tudo. “Hibernation Sickness” tem um ritmo contagiante e uns efeitos na guitarra muito bons. Tem bandas que os instrumentos, nesse caso em especial, a guitarra, se transformam tão importantes quanto o vocal, a melodia. O trabalho de Disappears é praticamente todo concentrado nas guitarras e seus efeitos, é o caso das melhores faixas. Seguindo esse ritmo, tem “All Gone White”, com o melhor trabalho de guitarra, sendo o solo simplesmente lindo.
Em vários momentos em Pre Language, quando a música está no seu máximo, e dá vontade de querer continuar naquela viagem por mais uns cinco minutos, ela acaba. É o caso de “Fear Of Darkness” e “Love Drug”. “Brother Joliene” termina de forma a resumir tudo.
Disappears vai aos poucos garimpando um lugar cada vez mais relevante na cena alternativa. Diante de tanta coisa refinada – e algumas vezes interessante – é sempre bom voltar ao cru e limpar, ou sujar, os ouvidos.
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