Não é raro ver por ai Mark Lanegan como um peregrino da música, afinal, a carreira dele é para poucos, tão espalhada e diversificada que chega a ser difícil defini-lo apenas por um estilo. Talvez por isso ele já tenha conquistado um lugar especial na cena alternativa. Em pouco mais de vinte anos, Lanegan já foi um ícone do rock alternativo do Screaming Trees para depois embarcar numa bem sucedida carreira solo, com alguns discos bem sólidos, como Whiskey for The Holy Ghost, de 1994, I’ll Take Care Of You, de 1999 e Bubblegum, de 2004. Entre esses, que podem ser considerados marcos de sua carreira solo, tem também parcerias muito interessantes com a cantora indie-folk Isobel Campbell, integrante da banda Belle & Sebastian, como Sunday at Devil Dirt, de 2008 e Hawk, de 2010. Também tem a emblemática colaboração que Lanegan deu para alguns álbuns do Queens Of The Stone Age, mais notadamente Songs for The Deaf, de 2002 e Lullabies to Paralyze de 2005. Essas são apenas algumas das facetas artísticas de Lanegan.
Diante de tudo isso, é natural indagar de onde surgiram as inspirações para tantas peregrinações nômades. Bem, Imitations, novo disco de Lanegan, pode ser considerada uma resposta a essas indagações. Com doze faixas, nas quais Lanegan reinterpreta diversas músicas tradicionais e que o marcaram tanto na infância quanto nos anos recentes, de artistas que ainda estão na atividade. As músicas estão apresentadas num formato leve, bem no estilo acústico já conhecido de Lanegan. Alguns dos destaques vão certamente para as belíssimas versões de “You Only Live Twice”, de Nancy Sinatra, e “Pretty Colors”, do outro Sinatra, o Frank. Ainda dentre os artistas antigos, outra que chama bastante atenção é “Mack The Knife”, com um formato muito interessante, apenas com Lanegan e seu violão, dando seu tom melancólico na outrora toda orquestrada e dançante. O cantor Andy Willams é, sem dúvida, o mais homenageado, com versões de três de suas canções, “Solitaire”, “Lonely Street” e “Autumn Leaves”, destaque para esta última, que também trata de fechar o álbum.
Já no tocante às músicas mais recentes, também vemos números bem interessantes, destacando-se principalmente “I’m Not The Loving Kind”, originalmente de John Cale e primeiro single do trabalho, com um som mais orquestrado e tradicional. “Brompton Oratory”, de Nick Cave, faz justiça à versão original e não tem pretensão de acrescentar mais nada. Ainda dá tempo para Lanegan dar uma canja no francês, na belíssima “Elégie Funèbre”, de Manset.
Imitations é, por fim, um tributo que Lanegan faz às suas inspirações, uma viagem direto para suas raízes musicais, tal como Sir Paul McCartney fez no ano passado, com Kisses On The Bottom. Ao final de Imitations, portanto, o ouvinte termina por entender um pouco mais desse espírito aventureiro e do quebra-cabeça que já caracteriza Mark Lanegan e seus trabalhos.
Olá, amei a postagem! Mark tem uma voz linda, creio que ele é um discípulo do Waits, a carreira solo dele tem sido uma das melhores coisas que tenho ouvido na minha vida ultimamente. Ótimo blog, vou seguir!
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