sábado, 15 de novembro de 2014

Resenha de David Bowie - Nothing Has Changed


Depois de ter voltado ao cenário musical com o lançamento de The Next Day, em 2013, primeiro álbum inédito em dez anos, David Bowie se mantém ativo durante o ano de 2014 e acaba de lançar mais uma coletânea, Nothing Has Changed, que vem com uma música inédita, “Sue (Or In A Season of Crime)”(duas, se contar com a que acompanha o primeiro single, “Tis a Pity She Was a Whore”).

A coletânea difere das outras que tem o mesmo objetivo, ou seja, revisitar a carreira de um artista. Nesse sentido, Nothing Has Changed possui algumas peculiaridades que fazem com que seja recebido sem a indiferença que normalmente acompanha lançamentos desse tipo. Primeiro, claro, é por causa da faixa inédita, uma instigante faixa de sete minutos que evidencia que Bowie ainda continua se reinventando e vagando por entre estilos. Outra coisa curiosa é o nome Nothing Has Changed para um artista que nunca ficou por muito tempo em um único campo de atuação, que é conhecido mundialmente pela inovação, pela mudança, possuindo o apelido de camaleão. 

Pois bem, a própria estratégia e as escolhas das faixas mostram também a intenção de tornar a coletânea em algo mais. Normalmente, álbuns desse tipo seguem uma ordem cronológica, do início até o mais recentemente produzido. Bowie escolhe o caminho contrário. A faixa inicial é a inédita “Sue (Or In a Season of Crime)” e a última é exatamente o seu primeiro single lançado, “Liza Jane”. Entre esse percurso, estão as músicas que mais marcaram a trajetória desse gigante da música, sempre numa ordem do mais recente ao mais antigo. As escolhas também buscam mostrar o lado mais diferente, no caso de frequentes faixas remixadas ou editadas, bem como algumas faixas menos ortodoxas, ou seja, menos conhecidas, como sobras de estúdio da regravação de “Shadow Man”, “Let Me Sleep Beside You” e “You Turn To Drive”, para o álbum nunca lançado Toy, de 2001, o que mostra que, para Bowie, Toy ganha status de álbum, embora não conste formalmente na sua discografia. Como toda coletânea de um grande artista, ótimas músicas ficaram de fora e não seria diferente principalmente se tratando de Bowie.

Enfim, Nothing Has Changed não é, de forma alguma, uma coletânea definitiva de um artista que já produziu tudo o que tinha. Muito pelo contrário, Nothing Has Changed dá indícios de que Bowie está bastante ativo e atento a seus próximos passos.


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