Guy
Davis está entre os mais renomados cantores do blues da nova geração que surgiu
para dar um novo fôlego ao gênero a partir da década de 90. Cantor versátil e
bastante produtivo, Guy Davis conta com um respeitável catálogo, que abrange
desde clássicos recentes, como You Don’t Know My Mind, de 1998, e Butt Naked
Free, de 2000, até álbuns puramente conceituais, como o interessante The
Adventures of Fishy Waters, de 2012. Para o seu novo projeto, Davis se juntou
com o gaitista italiano Fabrizio Poggi, que tem também uma carreira tão longa
quando a de Davis, no entanto não dispõe de tanta inserção no cenário mundial. Nesse
projeto colaborativo, a dupla decide homenagear aqueles que provavelmente são a
dupla mais lendária de toda a história do blues: Sonny Terry (1911-1986) e
Brownie McGhee (1915-1996). Os dois se completavam de tal modo, Sonny na gaita
e com seus “woooh” inconfundíveis, e Brownie com sua voz profunda e inabalável
e a seu dedilhado no violão. Essa dupla
fez um dos sons mais incríveis do século XX, levando o blues rural e inclusive
as técnicas do blues a novos patamares. Pois bem, é para homenagear esses dois
grandes cantores da história do blues que juntou Guy Davis e Fabrizio Poggi no
projeto intitulado Sonny & Brownie’s Last Train: A Look Back At Brownie
McGhee and Sonny Terry, lançado esse no final de março. Ambos foram
profundamente influenciados pelo estilo de gaita chamado Piedmont, do qual
Sonny e Brownie foram precursores.
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Qualquer
álbum que tem como intuito ser um tributo tem de enfrentar necessariamente dois
dilemas: o primeiro se trata da escolha das faixas. O segundo dilema é como
essas músicas vão ser executadas; se respeitando as versões originais ou
reinventando-as e dando novas roupagens. Não existe uma fórmula pronta para
álbuns assim, uns funcionam utilizando a primeira forma e outros funcionam
melhor com a segunda abordagem.
Bem, no caso
de Sonny & Brownie’s Last Train, ouso dizer que só dá tão certo porque Guy
Davis e Fabrizio Poggi gravam essas músicas de forma primitiva, crua, e,
portanto, poderosa, da mesma forma que Sonny e Brownie fizeram no seu tempo. Até
porque, segundo o próprio Guy, Brownie e Terry foram dois músicos cujo trabalho
nunca será superado, muito menos melhorado”. Guy encarna o papel de Brownie, enquanto Fabrizio
se encarrega de representar a gaita de Sonny, o que não é uma tarefa nada fácil.
O resultado do trabalho de Fabrizio sem dúvida é um dos pontos mais fortes do
disco.
Pois bem,
estamos em 2017. Nada mais vai alcançar a genialidade das gravações de Sonny
Terry e Brownie McGhee do que esse projeto de Guy Davis e Fabrizio Poggi. O
fato de ser um tributo sincero faz com que o álbum atinja todos os seus
objetivos. É um álbum honesto, empolgante, histórico e apaixonante.
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