terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Disappears - Pre Language



Chega é estranho ver uma banda lançar álbuns com músicas inéditas por três anos seguidos. Já é quase tido como lei lançar um trabalho em um ano, fazer turnê no outro, descansar e começar a compor novas canções, e assim vai. Essa regra não se aplica à banda Disappears, que lançou seu álbum de estréia em 2010, Lux e menos de um ano depois, deram a sequência com Guider. Quando todos pensavam que a banda iria descansar um pouco, após menos de um ano novamente, eles aparecem com material totalmente novo com o lançamento de Pre Language. Engana-se quem acha que lançar um atrás do outro assim vai perdendo a qualidade. Com Disappears o que acontece é exatamente o contrário. Pre Language acaba por ser o trabalho mais forte, focado e acessível até agora.



Lá em 2010, Disappears apareceram fazendo um som cru de garagem, com guitarras altíssimas e sujas, além do noise que remete a um Sonic Youth não-progressivo. Já em Guider, eles optaram para uma pegada, em alguns momentos, mais psicodélica, além de manter os amplificadores no máximo. Pre Language, enfim, aparece uma banda mais consciente de suas idéias e mais concentrada no resultado final. A relação com Sonic Youth deixou de ser limitada ao som e ganhou a contribuição do baterista Steve Shelley, que entrou na banda após a saída de Graeme Gibson, presente desde a fundação.



A dinâmica em Pre Language é praticamente a mesma: músicas curtas, apertadas, muita distorção e incríveis efeitos de guitarra causando muito barulho. A faixa de abertura, “Replicate”, começa devagar, só com um riff de guitarra e o acompanhamento da bateria, mas logo começa a quebrar tudo. “Hibernation Sickness” tem um ritmo contagiante e uns efeitos na guitarra muito bons. Tem bandas que os instrumentos, nesse caso em especial, a guitarra, se transformam tão importantes quanto o vocal, a melodia. O trabalho de Disappears é praticamente todo concentrado nas guitarras e seus efeitos, é o caso das melhores faixas. Seguindo esse ritmo, tem “All Gone White”, com o melhor trabalho de guitarra, sendo o solo simplesmente lindo.




Em vários momentos em Pre Language, quando a música está no seu máximo, e dá vontade de querer continuar naquela viagem por mais uns cinco minutos, ela acaba. É o caso de “Fear Of Darkness” e “Love Drug”. “Brother Joliene” termina de forma a resumir tudo.

Disappears vai aos poucos garimpando um lugar cada vez mais relevante na cena alternativa. Diante de tanta coisa refinada – e algumas vezes interessante – é sempre bom voltar ao cru e limpar, ou sujar, os ouvidos.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Nova faixa e capa de Sweet Heart Sweet Light, do Spiritualized

Esse fim de semana trouxe algumas novidades sobre o novo e aguardado disco do Spiritualized, Sweet Heart Sweet Light. A banda de Jason Pierce nunca foi muito bom em termos de arte da capa, sempre escolhendo os mais estranhos possíveis. Dessa vez ele se superou. A capa de Sweet Heart Sweet Light foi divulgada e todos ficaram Huh?! É, veja por você mesmo.



A imagem acima não é simplesmente uma imagem, é, de fato, a capa do álbum. Mas como a capacidade entre capas boas e músicas boas, é inversamente proporcional, Spiritualized liberou a primeira música inédita do álbum, “Hey Jane” e, como pudermos ver na apresentação no Other Voices, (a própria e mais outras faixas do novo álbum) ela é ainda mais incrível. No melhor estilo épico de Pierce e companhia, a faixa corre por seus quase nove minutos em uma belíssima viagem musical. Confira:

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Damien Jurado - Maraqopa



Damien Jurado já é uma das grandes figuras da cena alternativa, o que prova o bem sucedido e extenso catálogo, que conta com belos e variados álbuns, como Rehearsals for Departure, puramente folk indie de mais pura qualidade, ou I Break Chairs, onde Jurado empunha guitarras distorcidas, se aproximando de seu passado punk. Mas é em Maraqopa que ele potencializa suas criações ao máximo, o que faz deste o melhor título lançado na sua carreira. O disco acaba por ser uma seqüência de seu último álbum, Saint Bartlett, que ele põe vários conceitos e formas que atingiram ao pico agora.



Maraqopa é uma coleção forte de músicas bem variadas que, devido às suas formas, detalhes, arranjos, trazem em cada faixa um banho especial e gostoso em forma de música. Ele tem um equilíbrio difícil de encontrar, todas as músicas são acima da média e tem seu quinhão de brilhar os olhos. A começar por “Nothing is the News”, que já evidencia o nível de experimentações sonoras através de arranjos e solos muito bem pensados e postos em prática, tanto é que é a mais longa do álbum, com cinco minutos e meio. Já “Life Away From the Garden” passa para um ambiente indie-folk com um coro infantil respondendo os versos cantados por Jurado, muito bonito. A faixa título do álbum, “Maraqopa”, bem delicada no violão com arranjos pontuais, tem uma das melhores letras e melodias do trabalho, “we are echoes God creates in the shade”



O clima geral do disco é agradável, tocante e romântico, como o prova “This Time Next Year”, que tem uma batida meio samba, e uma letra belíssima. Num álbum tão equilibrado, é difícil escolher uma melhor, mas é igualmente difícil não escolher “Reel To Reel” de tão irresistível. A textura e o ambiente criado, cheio de arranjos, no qual a cada vez que você ouve, mais detalhes passados despercebidos anteriormente, aparecem.



“Working Titles” segue com qualidade, uma canção que flui tranqüila e agradável, com o fluxo da letra indo muito bom, trazendo a inquietação do autor “i have questions that lead to more questions”. “Everyone a Star” é a com clima mais melancólico do disco, com um órgão acrescentando ainda mais a tensão. “So On, Nevada” e “Mountains Still Asleep” aparecem ainda como destaques.

Maraqopa é o álbum onde Jurado conseguiu juntar suas melhores características, transformando-se no seu melhor trabalho até hoje. E tendo sido lançado no ano em que marca 15 anos do lançamento do seu primeiro disco, Waters Ave S., é um alívio ver Jurado com tanto vigor e criatividade renovada como ele se apresenta aqui.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Clipe Willis Earl Beal "Evening's Kiss"

Uma das novidades que mais estou esperando chama-se Willis Earl Beal, um cantor e compositor de Chicago, que irá lançar seu primeiro álbum, Acousmatic Sorcery, em 3 de Abril. O interesse começou quando li uma matéria/entrevista com o cantor na Pitchfork, que conta sua história, que já cantou na rua por troca de moedas e é conhecido por atender a quem quiser ouvi-lo cantar pelo telefone.



Foram antecipadas duas faixas do álbum Acousmatic Sorcery, o que potencializou a expectativa. A primeira, uma triste balada no violão tipo trovador, “Evening’s Kiss”, cujo vídeo, todo desenhado, bem como a capa do álbum, apresenta Willies Earl perambulando sozinho pela cidade, e “Take Me Away”, um noise blues que remete a Tom Waits, influência escancarada na entrevista com a Pitchfork, onde Willis alega ter tudo o que Waits lançou como artista. Muito bom.

“Take Me Away”


“Evening’s Kiss”

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Single e B-side de The Shins



O primeiro single, “Simple Song”, de Port of Morrow novo álbum do The Shins, que irá ser lançado no próximo dia 20 de março, saiu em 14 de fevereiro. Já conferimos a música que dá título ao single, que foi a primeira a ser conhecida do Port Of Morrow. Agora, junto com “Simple Song”, saiu uma b-side chamada “September”, com um clipe e vídeo bem interessante de filmagens de estúdio. Confira:

“September”


“Simple Song” Studio Footage

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Islands - A Sleep And A Forgetting



Um grande álbum muitas vezes tem uma história por trás que faz com que potencialize o seu sentido e emoção. E quando esse background se encaixa fielmente com o som que está rolando, é que se pode dizer que o objetivo foi atingido. O novo trabalho da banda canadense Islands, A Sleep & A Forgetting, é assim. Praticamente o disco inteiro foi feito e inspirado após o rompimento do casamento do líder e compositor da banda, Nick Thorburn (ou Nick Diamonds), que entrou em um auto-exílio na casa de uma amiga de um amigo, e compôs a maioria das músicas sozinho no piano. Assim o retrato já está feito, A Sleep & A Forgetting é um álbum extremamente triste, melancólico e pessoal, onde Thorburn se apresenta claro, completamente nu em suas emoções.



Dessa forma, A Sleep & A Forgetting é uma grande mudança sonora em relação aos trabalhos passados do Islands. Mas isto já está virando regra, cada álbum novo é uma grande mudança para a banda. Thorburn substituiu os barulhos estranhos, em alguns momentos dançante, e letras cheias de figuras e imaginativas, para um plano de fundo onde ele pudesse simplesmente sentar e sangrar sua perda. Então o som em A Sleep & A Forgetting é simples em comparação aos seus predecessores, com uma banda básica, de guitarra, bateria e teclados, tocando belíssimas músicas, bem trabalhadas e arranjadas. Esses fatores, somados à voz completamente doída e angustiante de Thorburn, onde desde o primeiro verso pode-se evidenciar a verdade de sua dor, faz desse trabalho especial.



E a faixa de abertura já faz o papel de destruir o coração. “In A Dream It Seemed Real”, com um ritmo bem legal, é linda, dolorosa e prepara o ambiente para a seqüência do álbum. “This Is Not a Song” é uma música sim, e ótima, por sinal. Primeiro single de A Sleep & A Forgetting, é guiada pelo piano, e, novamente, tem uma linda letra, principalmente no refrão transbordando desespero “this is not a song then why do i find it so hard to move on, feels a crime to be crying for this long”.

“Never Go Solo” é mais animada, quase um honky tonk, a letra, em alguns momentos divertida, mostra a dúvida para onde prosseguir após uma perda que era toda sua vida. Em “No Crying” o sangue, ou as lágrimas, voltam a ser derramadas, numa tentativa frustrada de parar de chorar. O som tem uma levada quase do brega brasileiro. As três últimas músicas fizeram uma relação com estruturas da música, principalmente “No Crying”, brincando “the chorus wept, the bridge caved in, the verses stung your perfect skin but i don’t feel like it’s touched my soul”.



As músicas mais animadas, como “Never Go Solo” e “Hallways” ou até mesmo “Can’t Feel My Face”, dá equilíbrio ao disco, para não ficar tão desanimado. Mesmo assim, “Can’t Feel My Face” tem um dos versos mais fortes, como um murro na face, que, apesar de não ser tão artisticamente trabalhada ou poética, surpreende por ser tão direta e falar abertamente: “i miss my wife, i miss my Best friend, every night, i miss my home, i miss my own bed, my old life”. Musicalmente ela é animada, até mesmo pesada, quase como uma tentativa de se livrar desses demônios. “Lonely Love” reveza em momentos só na guitarra e outros com uma pegada blues, muito boa.



“Oh Maria”, só no violão, talvez a com menos forte do disco, mas ainda assim tem seus momentos. “Cold Again” é belíssima e quase uma súplica em desespero. “Don’t I Love You” e “Same Thing” fecham um trabalho belíssimo.

Nick Thorburn conseguiu transformar sua dor universal, em A Sleep & A Forgetting. E esse é o grande desafio para álbuns muito pessoais assim. Ou as emoções ficam muito ligadas a somente ao autor, ou ele sucede em transformá-la e adorná-la em beleza em um álbum conciso e focado, o que faltou em alguns dos álbuns anteriores do Islands. Um triunfo de Thorburn e sua dor.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

The National Special Presentation - Pitchfork.tv



Mais uma bola dentro do Pitchfork.tv. Dessa vez o show fica por conta da banda The National, tocando algumas das faixas do melhor disco deles, o High Violet, de 2010 no programa Special Presentation, em um castelo abandonado em Nova Iorque. Eles começam com a ótima “Terrible Love” e continua com músicas como “Anyone’s Ghost” e “Little Faith”. Bom demais! Confira:

“Terrible Love”


“Anyone’s Ghost”


“Little Faith”

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Destaques do Grammy 2012



Nem tudo é ruim no Grammy, a grande festa de música, que premia os melhores trabalhos do ano anterior, que aconteceu neste domingo (12) e teve dois grandes vencedores. Adele, que ganhou em todas as seis categorias que disputou (gravação do ano, álbum do ano, canção do ano, melhor perfomance pop solo, melhor álbum pop vocal e melhor vídeo curto) e Foo Fighters, que, por sua vez, faturou cinco (melhor performance rock, melhor performance hard rock/metal, melhor canção de rock, melhor álbum de rock e melhor vídeo longo). Outro destaque foi a premiação de Bon Iver, como melhor álbum alternativo, mesmo após as sucessivas críticas de Bon Iver ao Grammy.







As apresentações ao vivo interessantes ficaram por conta de Bruce Springsteen, que tocou “We Take Care Of Our Own” o primeiro single do que novo álbum que será lançado mês que vem, Wrecking Ball. Paul McCartney também subiu no palco para “My Valentine”, do álbum Kisses On The Bottom, além da clássica sequência dos Beatles “Golden Slumbers/Carry The Weight/The End” do Abbey Road, com ajuda de Dave Ghrol e Bruce Springsteen. Ainda teve espaço para uma agradável reunião com a formação clássica dos Beach Boys após vinte anos.

Para saber mais sobre os outros ganhadores do Grammy, veja aqui.



domingo, 12 de fevereiro de 2012

Mark Lanegan - KCRW Session



Mark Lanegan acabou de lançar o ótimo Blues Funeral e já está na estrada para promovê-lo. Além da turnê que passa pelos Estados Unidos, vários países da Europa e América do Sul (só em São Paulo, damn it!), Lanegan também participou do programa de rádio KCRW, que vez ou outra vem convidando artistas muito interessantes. Na apresentação, como era de se esperar, somente músicas do Blues Funeral.

O primeiro set começou logo com “The Gravedigger's Song”, seguida por “Bleeding Muddy Water”, “Phantasmagoria Blues”. Ai começa uma pequena entrevista com Mark Lanegan, este com uma empolgação cômica. Mas tem sim algumas perguntas legais, como em que ajudou as várias colaborações dos últimos anos na composição de Blues Funeral, e ele diz, apesar de não poder dar exemplos específicos, com certeza tudo o que ele fez acabou contribuindo para chegar onde está agora, vai pegando uma coisa daqui, outra dali, e vai em direção da próxima. O entrevistador aproveita para perguntar se Lanegan tem preferência de trabalhar no modo colaborativo ou sozinho, ele responde que é mais desafiador trabalhar colaborativamente, por ter que tentar ver a coisa pela perspectiva de outra pessoa. Lanegan ainda falou que Blues Funeral levou uns 4 meses para ser feito, mas não trabalhando tanto assim, só algumas horas por dia. Outra pergunta é o quanto o termo Blues faz parte no trabalho de Lanegan. Ele disse que não escuta tanto o Blues como estilo musical, apesar de ter tido uma época em que ouvia bastante, e para ele o Blues é mais como um estado de espírito, e exemplifica dizendo que pra ele Joy Division é o próprio Blues.

No segundo set, ele tocou “St Louis Elegy” e mais as duas músicas “disco”, que ficaram ainda melhores e talvez menos estranhas ao vivo, sem os efeitos tanto como no estúdio, “Ode To Sad Disco” e “Harborview Hospital”. Ai depois tem mais algumas perguntas, se ainda deve rolar alguma participação com Isobel Campbell ou Queens Of The Stone Age, que ele diz que nesse ano todos provavelmente irão estar muito ocupados, mas em algum ponto no futuro, pode ser. Ai depois tem mais uma, talvez a melhor de Blues Funeral, “Quiver Syndrome”.

Senti falta de “Riot In My House” e “Gray Goes Black”, mas enfim, ótima apresentação de Mark Lanegan, confira abaixo:

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Novo clipe de Black Keys, "Gold On The Ceiling"

The Black Keys lançou mais um vídeo clipe para o seu bem sucedido álbum El Camino. A faixa escolhida agora foi “Gold On The Ceiling”, e vai no estilo de vídeo de banda que está em turnê. Muitas imagens de shows, dos bastidores, ensaios e gravações em estúdio. Além também dos momentos “on the road” dos lugares por onde passaram. Confira abaixo:

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Wilco Live @ Austin City Limits



Mais um ótimo episódio do programa Austin City Limits, dessa vez com Wilco. A apresentação, de aproximadamente uma hora, revisitou vários momentos da carreira de Wilco, com grande atenção, claro, ao último álbum da banda, The Whole Love, e ainda contou com a participação especial de Nick Lowe, na sua música “Cruel to Be Kind”, que também esteve presente no EP Wilco ao vivo Itunes session. Destaques para “Poor Places”, “Far Far Away”, “One Wing” e, claro, “Art of Almost”. Segue abaixo a setlist e o vídeo da apresentação, disponível na íntegra aqui:

Art of Almost
Poor Places
Bull Black Nova
Open Mind
Born Alone
One Wing
Black Moon
War on War
Far, Far Away
Dawned on Me
Cruel to be Kind (with Nick Lowe)

Watch Wilco on PBS. See more from Austin City Limits.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Mark Lanegan - Blues Funeral



Álbum surpreendente de Mark Lanegan, Blues Funeral. Ao mesmo tempo, é um avanço natural do seu último disco, Bubblegum, de 2004. Mas, apesar do longo espaço de tempo entre os lançamentos, uma coisa que Mark Lanegan não fez foi ficar inativo. Nesse ínterim ele participou colaborativamente de álbuns com Queens Of The Stone Age, The Twilight Singers, The Gutter Twins e Isobel Campbell. E essa característica de amizade e colaboração mútua, transparece em Blues Funeral, que tem a participação de Jack Irons (ex-Pearl Jam), Greg Dulli (Gutter Twins) e Josh Homme (QOTSA), além de ter sido gravado pelo multi instrumentista Alain Johannes. Todo esse conjunto com certeza contribuiu muito para a variedade de sons e estilos presentes no álbum, além, claro, da característica imprevisível de Lanegan. Mas não importa a forma, o conteúdo é sempre sombrio, que carregada com a voz sinistra de Lanegan, faz parecer que você está ouvindo a própria Morte cantando.



Blues Funeral tem de tudo, desde de Stone rock do Queens Of The Stone Age à faixas totalmente década de oitenta, com seus sintetizadores e bateria típica. É, de certa forma, um álbum que desafia o ouvinte diante da pluralidade do artista. E muitos poucos artistas hoje em dia pode tomar várias formas como Lanegan tomou em Blues Funeral. “The Gravedigger's Song”, com a voz de Lanegan quase gutural e com uma guitarra bem pesada e “Bleeding Muddy Water” já são um tratado de boas vindas à sombra. Ao mesmo tempo que canta músicas assim, ele vem com “Deep Black Vanishing Train”, delicadíssima balada, penúltima faixa do disco e “Phantasmagoria Blues”, bem melancólica. E a épica “Tiny Grain Of Truth”, com ótimos arranjos variados nos seus mais de sete minutos.



Tem também aquelas que Josh Homme ajuda a empunhar uma guitarra e detona tudo em principalmente “Riot In My House” e “Quiver Syndrome”, esta última bem que poderia se encaixar perfeitamente no Songs For The Deaf, do Queens Of The Stone Age, álbum que Lanegan participou efetivamente. Mesmo com as diversas facetas que Mark Lanegan usou durante sua carreira, passando por grunge, folk, gospel, indie, blues, é impossível segurar a surpresa de ver uma faixa como “Ode to Sad Disco”, como diz o título, uma ode a um Disco triste, que apesar de ter uma melodia e refrão muito bons, o som oitentista e cheio de sintetizadores assusta um pouco, assim como “Harborview Hospital”. Ambas, depois do susto passado, são boas, mostrando que poucos são capazes de fazer uma mudança assim e continuar bom.

E afinal é a isso que se resume Blues Funeral, depois de tantos anos sem o álbum solo e tendo participado de vários projetos paralelos, Blues Funeral acaba por ser uma ótima compilação de todas as faces de Lanegan.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

of Montreal - Paralytic Stalks



Já há vários anos Of Montreal parece ter se perdido nas insanidades artísticas de Kevin Barnes, seu líder. O último álbum de impacto foi Hissing Fauna, Are You the Destroyer?, de 2007. No decorrer dos anos, Of Montreal mudou muito de estilo, o que tornou a banda muito imprevisível. Mas eu ainda tinha esperança de que alguma coisa interessante poderia surgir das viagens insanas de Barnes. Nesse sentido, fiquei desapontado com Paralytic Stalks, novo álbum da banda lançado esta semana.

Havia saído antecipadamente duas músicas do novo álbum do Of Montreal, foram “Dour Percentage” e “Wintered Debts”, cada uma causando uma agradável sensação. A primeira no estilo mais animado e dançante e a segunda aparecendo como uma viagem épica psicodélica muito boa.



Portanto, sendo um álbum pequeno, com apenas nove faixas, das quais duas já foram conhecidas e muito boas, com certeza o álbum vai seguir esse caminho, certo? Errado. O caminho de Paralytic Stalks é que não há caminho. O disco tem até bons momentos, apesar de nenhum genial. “Gelid Ascent”, música de abertura, demora um pouco para começar de fato, mas quando começa surpreende e mantém uma intensidade muito forte até o final, além de ser muito bem tocada, cheia de arranjos e corais pela música. “Spiteful Intervention” começa com os eletrônicos, mas mesmo assim ainda chega a ser interessante. O vocal de Kevin Barnes passa por vários tons. “Malefic Dowery” chega a melhorar, com alguns arranjos tipo de flautas, acústica no violão e Barnes cantando uma melodia diferente e as duas já citadas anteriormente.



O problema é que o estilo confuso que Barnes decidiu colocar em Paralytic Stalks e que até, com esforço, estava dando pra acompanhar, simplesmente se perde completamente. A mudança freqüente de melodias e tons, ao contrário de dar brilho, deixa as músicas sem formas e cheio de sons indistintos, principalmente nas duas últimas faixas, “Exorcismic Breeding Knife”, de quase oito minutos e “Authentic Pyrrhic Remission”, de exaustivos treze minutos, que apesar de ter ouvido vários vezes Paralytic Stalks, ainda não consegui decifrar o que é isso, de fato.

Paralytic Stalks é a prova que está na hora de Barnes passar um retiro e talvez se reinventar, pois o que ele colocou pra fora dessa vez está meio sem rumo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

The Walkmen Live @ Juan's Basement



O site Pitchfork é sempre uma ótima fonte de notícias para os fãs de música alternativa, o mesmo acontece com a Pitchfork.tv em relação a vídeos. Dessa vez eles postaram um vídeo sensacional da banda The Walkmen, tocando bem no porão mesmo, tudo bem apertadinho, o Juan’s Basement. A apresentação foi na época do lançamento do álbum You & Me, em 2008. Foram tocadas três músicas, além de pequenas entrevistas entre elas. Tocaram a melhor música deles “The Rats”, e “In The New Year” e “On The Water”, do então mais novo álbum da banda, You & Me. Confira:

“The Rats”


“In The New Year”


“On The Water”

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Assista ao novo vídeo do Foo Fighters, "These Days"



A edição brasileira do festival Lollapalooza, a acontecer nos dias 7 e 8 de abril, está chegando e Foo Fighters, a principal atração do festival, que irá tocar no dia 7, aqueceu ainda mais o clima com o lançamento do novo clip de “These Days”, mais uma faixa do ótimo álbum Wasting Light, lançado no ano passado. Foo Fighters sempre caprichou nos vídeos, tanto nos mais antigos, como “Everlong”, “My Hero”, quanto os mais recentes como “Walk”, também do Wasting Light. Mesmo quando o clipe é ao vivo, eles fazem um ótimo trabalho. O vídeo mostra imagens diversas da turnê da banda, tanto dos shows, estádios lotados, quanto imagens de backstage, passagem de som, avião, hotel, etc. Muito boa e empolgante a edição. Confira:

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

15 anos sem Chico Science



Dois de fevereiro de 1997 o Brasil perdia um dos seus maiores nomes da musica brasileira e, sem dúvidas, o mais importante da nordestina. Francisco de Assis França, muito mais conhecido como Chico Science, o homem que mudou a cara de Pernambuco para o mundo, morria em um trágico acidente de automóvel. Mas a riqueza, a influência e o legado que este olindense deixou para todos nós é incomensurável.

Como todos sabem, Chico, juntamente com a banda Nação Zumbi, foi o principal nome da cena manguebeat que surgiu no início da década de 90, que contava com companheiros constantes das bandas Mundo Livre S/A, Eddie, dentre outras. Essas bandas fizeram uma mistura única com os ingredientes da música regional pernambucana, mesclando frevo, maracatu, ciranda, com um som mais universal, principalmente do rock e pop. Isso fez tanto o restante do país, acostumado a ter novidades apenas no eixo Rio-São Paulo, quanto o mundo inteiro, virar as atenções para esse grupo de Nordestinos que estavam mudando a música popular brasileira.



A explosão de Chico Sience & Nação Zumbi foi curta, mas o suficiente para abalar as estruturas. Lançaram dois álbuns impecáveis, verdadeiras obras primas, repletos de músicas que já se tornaram hinos. Da Lama Ao Caos, de 1994, tem, por exemplo, “Rios, Pontes & Overdrives”, “A Praieira”, “Da Lama ao Caos”, “A Cidade”, enquanto que Afrociberdelia, de 1996, por sua vez, tem “Maracatu Atômico”, “Manguetown”, “Macô”, dentre outras.



Desde então Chico Science nunca irá ser esquecido do consciente coletivo do pernambucano. Para ter uma prova disso, em qualquer reunião em massa, para conquistar e ver todo mundo pular feito louco, basta soltar algum riff ou cantar algum refrão clássico, que o povo endoida. Músicas já viraram ícones e grito de guerra das torcidas pernambucanas de futebol.

15 anos sem Chico Science, lamentando por esse talento incrível ter ido embora tão cedo, mas feliz por ele ter brilhado nesse tempo. Feliz aqueles que assistiram ao vivo as hoje apresentações históricas ao vivo de Chico Science & Nação Zumbi.

Abaixo, o documentário Chico Science Mangue Star, Produzido pela TV Viva e TV Jornal.

Clipe Tom Waits - Satisfied



Saiu o clip oficial de “Satisfied”, do ótimo álbum Bad As Me, de Tom Waits. O clip é tão sinistro e assustador quanto a música parece ser, com Waits ensandecido dançando sozinho e uivando feito um louco, com um jogo de luzes bem legal. Parece o diabo do filme O Homem que Desafiou o Diabo, sendo que um tantinho mais velho. Se a luta de Ojuara e o “chifrudo” foi movida à maracatu, aqui parece que é o próprio “coisa rúimm” cantando “i will have satisfation, i will be satisfied, before i’m gone”.

Bom e velho Waits.