terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Melhores Álbuns de 2020

Por todo o apoio e conforto espiritual, a trilha sonora para momentos difíceis - nas batalhas vencidas ou mesmo nas que infelizmente perdemos (perdi meu pai para o covid-19 - e in memoriam (foi tambémuma das vítimas do covid-19, aos 76 anos), o melhor disco do ano vai para Rev. John Wilkins, com o disco Trouble. 

Procure a playlist do FilhodoBlues-2020 no Spotify para ouvir os destaques de cada álbum. 






terça-feira, 24 de novembro de 2020

Resenha Relâmpago - Reverend John Wilkins

 


Resenha Relâmpago

Reverend John Wilkins - Trouble

Para épocas turbulentas, a música, em geral, é um alento para a alma. Mas não nos enganemos: algumas mais do que outras. E o disco Trouble, de Reverend John Wilkins, é desse tipo de música que toca fundo na alma, que mexe com as esperanças, decepções, espiritualidade, fé e faz com que cada tenha seu momento íntimo com seu Deus particular, não importa de qual religião você seja. 

Recorrendo, sobretudo, à tradição gospel e mesclando-a em alguns momentos com o blues, o reverendo nos transporta diretamente para sua igreja. Parece que ele quer contar para o mundo inteiro como sua congregação se diverte naquela reunião dominical na casa de Deus, como ele diz em "Down Home Church". 

Do início ao fim o disco é cheio de momentos mágicos, seja nas horas mais delicadas, como "Trouble", seja naquelas horas que a gente deposita toda a fé na vontade de Deus, como na incrível "You Can't Hurry God". A reflexão sobre as nossas próprias dificuldades e experiências de vida, os períodos tempestuosos e chuvosos, também são recorrentes, sempre com uma mensagem de esperança de que juntos, contando com algo inclusive mais forte que nós mesmos, poderemos superar esses momentos turbulentos.

E é essa mensagem que o mundo precisa ouvir nesse ano que passamos.é por isso que Trouble, de Reverend John Wilkins, é um verdadeiro alimento para a alma. Dos melhores. 

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Resenha Relâmpago - Rory Block - Prove It On Me

 


Resenha Relâmpago

Rory Bock - Prove It On Me

Rory Block é uma das cantoras mais empenhadas em preservar e homenagear a história do blues e suas grandes lendas. Sempre com seu estilo acústico, ela tem o hábito de lançar discos que fazem tributos a algum artista clássico do blues, foi o que ela chamou de "Mentor Series". Foi com essa fórmula que ela já prestou homenagens a Bessie Smith, Mississippi John Hurt, Skip James, Bukka White, Rev. Gary Davis, dentre outros. 

Em Prove It On Me, Block revisa nove faixas de grandes mulheres do blues, das menos conhecidas (Rosetta Howard,  Arizona Dranes) às mais famosas, como Ma Rainey e Memphis Minnie. O álbum é um ótimo representativo do universo feminino no blues, abrangendo temas religiosos e amorosos clássicos da tradição.

Mais uma bela contribuição de Rory Block para a preservação do legado cultural e musical do blues, dando luz a nomes já praticamente desconhecidos do grande público, sempre com a excelente qualidade musical já típica de sua carreira

domingo, 25 de outubro de 2020

Resenha Relâmpago - The Reverend Shawn Amos - Blue Sky

 


Resenha Relâmpago

The Reverend Shawn Amos - Blue Sky

O blog O Filho do Blues já acompanha o trabalho do cantor e compositor Reverend Shawn Amos desde o disco de estréia, The Reverend Shawn Amos Loves Tou, de 2015, e de lá para cá ele tem amadurecido cada vez mais. Esse amadurecimento é notório em Blue Sky, no qual é acompanhado pela banda The Brotherhood, que mostra um entrosamento e química muito grande durante todo o disco.

Apesar de ter diminuído no tom de faixas realmente de blues, pode-se perceber a presença do blues em todas as músicas, especialmente quando Amos faz a gaita gritar, sempre de forma inteligente, eficiente e sensível. 

Sem dúvida, Blue Sky se insere no catálogo de Reverend Shawn Amos não apenas como um passo adiante, mas também o coloca como um dos nomes mais interessantes e talentosos do cenário do blues contemporâneo. 

Destaques:

"Troubled Man"

"27 Dollars"

"Counting Down The Days"

"Keep the Faith, Have Some Fun"


@therevamos

sábado, 24 de outubro de 2020

Resenha Relâmpago - Tinsley Ellis - Ice Cream In Hell

 



Resenha Relâmpago: 

Tinsley Ellis - Ice Cream in Hell


Um grande guitarrista e expoente do blues rock, Tinsley Ellis oferece mais um bom trabalho, mantendo o nível do seu álbum anterior, Winning Hand, de 2018. 


Em Ice Cream in Hell é certeza de encontrar um trabalho incrível na guitarra - você se verá mais de uma vez fazendo a mesma careta que Ellis faz quando está fazendo mais um de seus solos intensos na guitarra. 


Álbum altamente indicado para quem é fã de blues rock e adora sair fazendo "air guitar" por aí. 


Destaques: 

"Foolin' Yourself"

"Hole in My Heart"

"Sit Tight Mama"


@tinsley.ellis

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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Resenha de Anthony Geraci - Daydreams In Blue

 


                As últimas semanas têm sido agitadas em termos de lançamentos.  São vários e gostaria de ter tempo pra fazer uma resenha de cada um, mas há aqueles que não podemos deixar passar e registrar aqui no blog, pois são imensas as chances de figurarem nas principais listas de fim de ano. O primeiro deles é o disco  Daydreams In Blue, do grande pianista Anthony Geraci, colecionador de vários prêmios do Blues Music Awards, dessa vez em colaboração com Dennis Brennan, que canta em várias faixas. Como é de costume, Anthony Geraci lança mão de um ótimo conjunto de instrumentistas, o que torna a banda completa e equilibrada, com cada um com espaço para mostrar seu respectivo talento. A banda tem uma ótima seção de instrumentos de sopro e a parte da guitarra fica a cargo de nada menos que Walter Trout e Monster Mike Welch. Tudo isso articulado pelo genial trabalho do próprio Geraci no piano e também canta em algumas músicas.  

                Originalmente integrante de grandes bandas no blues, como Sugar Ray & The Bluetones e Ronnie Earl and the Broadcasters, Anthony Geraci construiu para si uma poderosa carreira solo. Ele tem sido nomeado para o prestigioso prêmio Pinetop Perkins, para os pianistas, e seu último trabalho, Why Did You Have to Go, foi nomado também para várias categorias da maior premiação do mundo do blues. E na sua bagagem tem ainda experiências iniqualável de ter tocado com gente como Muddy Waters, B.B. King, Otis Rush, Chuck Berry, Big Mama Thornton, Big Joe Turner e Jimmy Rodgers.

                Todas as faixas tem seu brilho próprio, são dinâmicas, exaltando uma diversidade que faz com que o ouvinte não se canse nem se sinta entediado em nenhum momento do disco. A dobradinha inicial “Love Changes Everything” e “Tomorrow Never Comes” é de tirar o fôlego, você só fica sem saber no que celebrar mais, a guitarra, o teclado ou os instrumentos de sopro, sensação completada ainda com “No One Hears My Prayers”, com Trout fazendo um trabalho à parte na guitarra. A surpresa fica evidente porque elas nem são exatamente as melhores faixas do disco. Depois da dançante faixa que dá título ao álbum, começa uma sequência que conta com faixas focadas no Chicago Blues, como “Mister”, com um ótimo trabalho no piano e na gaita, no rock dos anos cinquenta que não deixa você parado, como em “Tutti Frutti Booty”, com uma velocidade incrível de Geraci no piano, e “Jelly, Jelly”, um blues quase jazz, lento e gostoso de ouvir, cheio de pequenos solos de piano.

                O álbum continua com “Dead Man’s Shoes” e “Hard to Say I Love You”, com um pé no jazz de New Orleans. Encaminhando para o final do disco ainda dá tempo de surpreender ainda com o blues tradicional de “Crazy Blues- Mississippi Woman”.

                O mercado não está entupido de grandes pianistas de blues tanto quanto grandes guitarristas e até mesmos gaitistas. Então, um disco tão completo e autêntico de piano blues como Daydreams In Blue é sempre uma delícia para se aproveitar sem moderação. 


sábado, 29 de agosto de 2020

Resenha de Bobby Rush - Rawer Than Raw


 Rawer Than Raw, lançado hoje, novo disco de Bobby Rush, é uma grande homenagem e um tributo ao blues clássico do Delta do Mississippi, uma mistura de músicas originais e regravações clássicas de lendas do blues como Howlin' Wolf, Muddy Waters, Elmore James, Skip James, dentre outros. O disco é a sequência do formato usado por Rush no álbum de 2007, Raw, que foi a primeira vez que gravou um disco todo acústico.

"If you want to get the real deal of the blues, get it from the bluesmen who are from Mississippi. Whether they migrated somewhere else like Chicago or Beverly Hills, if they are from Mississippi you can hear the deep roots of Mississippi in their stories", Bobby Rush falou sobre o blues de Mississippi.

Tudo isso gravado de forma crua e simples como o velho estilo do Delta. Aos 86 anos, Rush mostra vitalidade, experiência e sabedoria de uma vida dedicada ao gênero e ao berço do blues, o delta do Mississippi. Diferente de outras leituras feitas por artistas que sofreram a brutalidade e a violência do racismo nesse estado do sul dos Estados Unidos - Mississippi Goddam, de Nina Simone é um exemplo clássico dessa abordagem, ou J.B. Lenoir com "Down in Mississippi", Rush prefere focar no lado positivo e bucólico, como fica evidente na música ""Down In Mississippi", uma das faixas autorais.  O disco vai além de ser apenas uma compilação de clássicos do blues, pois cada música possui uma carga de originalidade a partir da proposta que Rush traz no novo álbum. É o exemo de "Don't Start Me Talkin'", de Sonny Boy Williamson II, ou "Shake It For Me", do gigante Howlin' Wolf. 

Totalmente indicado para os fãs de blues, sobretudo os que adoram o delta blues original

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Resenha de Vintage Dixon, The Real McCoy


Imagine se você tivesse tanto a linhagem do maior compositor de blues da história quanto a experiência de ter aprendido tudo com ele próprio. O que você faria? Tentaria outro caminho ou aproveitaria a bagagem biológica e cultural para manter a tradição viva? 


Esse é o caso de Alex Dixon, neto do grande e incomparável Willie Dixon, sem dúvida o primeiro compositor profissional de clássicos de blues – e o maior até hoje. Enraizado nas tradições orais da comunidade negra no sul dos Estados Unidos, as músicas passavam de cantor para cantor, que adicionavam um verso aqui, outro ali, tornando a noção de direitos autorais e composição algo muito difícil de localizar. Mas Willie Dixon está diretamente ligado à fase de ouro do blues dos anos 50, principalmente quando aliado a Leonard Chess, um dos fundadores da Chess Records, que seria o epicentro de gravações memoráveis do blues, em Chicago. Willie Dixon seria o compositor oficial que criava e pensava músicas especialmente para seus intérpretes. Por exemplo, músicas como “Spoonful”, “The Little Red Rooster”, “Back Door Man” foram feitas sob medida para um intérprete com as características de Howlin’ Wolf, enquanto “Hoochie Coochie Man”, “The Same Thing”, “I Just Want To Make Love to You”, “You Shook Me” se encaixam perfeitamente com Muddy Waters, “My Babe” com Little Walter, “I Can’t Quit You Baby”, com Otis Rush, “Bring it On Home”, com Sonny Boy Williamson e inúmeros outros casos. Perceberam o nível das músicas? Pois bem, todas elas são de Willie Dixon, músicas que foram reinterpretadas por bandas como Led Zeppelin, Bob Dylan, The Doors, Rolling Stones, Cream, Eric Clapton, The Allman Brothers e centenas de outros. Mas não estamos aqui para falar de Willie, mas sim do seu neto, Alex Dixon, que acabou de lançar um disco do seu novo projeto, Vintage Dixon, chamado The Real McCoy.


Assim como seu avô, Alex Dixon também é baixista e compositor, mas também toca outros instrumentos, como piano. Alex foi criado por seu avô e aprendeu muito com ele. É esse legado da família que Alex quer homenagear com a nova banda Vintage Dixon. A banda é formada por Lewis “Big Lew” Powell nos vocais, Alex no baixo baixo, o filho de Carey Bell, Steve Bell, na gaita, Alvino Bennett na bateria e Melvin Taylor e Gino Matteo nas guitarras. O disco The Real McCoy é composto por sete músicas originais, escritas pelo próprio Alex, e quatro covers conhecidas do catálogo de Willie Dixon.




Os destaques ficam a cargo de “Nothing New Under The Sun”, um shuffle poderoso acompanhado por “Spider In My Stew”, “My Greatest Desire” um blues mais lento cheio de gaitas incríveis. Dentre as covers, as que mais se destacam são dos intérpretes mais memoráveis de Willie, “Howlin’ for My Darlin”, gravada por Howlin’ Wolf, e “I Want to Be Loved”.
Enfim, The Real McCoy é puro Chicago Blues com um pé no passado e outro no presente. Aproveitemos.

Rick Estrin & The Nightcats tem uma mensagem para todos os americanos: "Dump That Trump"

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        Mesmo em meio à pandemia, o processo eleitoral nos Estados Unidos está com toda força. Vários nomes do cenário do blues aproveitaram para mandar um recado para literalmente despejar Trump do cargo de presidente dos Estados Unidos. A música gravada por Rick Estrin & The Nightcats é uma atualização do clássico “Dump That Chump”, traduzindo, despeje esse idiota. O que Rick fez foi nomear o idiota em questão. “Dump That Trump”. Para o Brasil poderíamos muito bem adaptá-la ainda mais. “Dump That Bolsonaro”. Que tal?

No final do vídeo tem uma mensagem do Nightcats na placa do Signs of Justice, que diz que “nós acreditamos que a vida dos pretos importam, nenhum ser humano é ilegal, amor é amor, direitos das mulheres são direitos humanos, a ciência é real, água é vida, injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar”. Vários artistas do blues aproveitaram o gancho pra mandar sua mensagem de expulsar Trump do cargo. São mais de cinquenta que incluem Charlie Musselwhite, Kim Wilson, Elvin Bishop, Joe Louis Walker, Alabama Mike, Lucky Peterson, Big Harp George, Nick Moss, dentre outros.

Vale a pena conferir. Espero que contamine os eleitores e realmente coloquem para fora Trump e o movimento siga expulsando todos os líderes autoritários de extrema-direita, fascistas, que se alastram pelo mundo, inclusive aqui nesse país tropical chamado Brasil.


sexta-feira, 8 de maio de 2020

Há 109 anos, nascia Robert Johnson



        O que The Rolling Stones, Eric Clapton, Led Zeppelin, Jimi Hendrix, Bob Dylan, The White Stripes, The Who e muitos outros têm em comum? Todos eles foram influenciados por Robert Johnson, que nasceu em 8 de maio de 1911, no Mississippi, berço do blues. Sem Johnson o blues, o rock e pode-se dizer que a música pop em geral não seriam os mesmos. Sua influência vai muito além da carreira curta e com poucas músicas gravadas, marcando profundamente imaginários e mitos de longa duração na música pop.
        De carreira meteórica, Johnson tem apenas duas fotos conhecidas e gravou apenas 40 músicas em duas sessões; uma em San Antonio, em novembro de 1936 e Dallas, em julho de 1937, gravações cheias de ruídos e chiados. Entre elas, clássicos eternos como “Cross Road Blues”, “Walkin’ Blues”, “Love In Vain”, “Ramblin’ On My Mind”, Sweet Home Chicago”, “Stop Breakin’ Down”, revisitadas inúmeras vezes por uma variedade indizível de artistas cujo tamanho só aumenta.
        No campo do imaginário, Johnson contribuiu fortemente em dois mitos que marcaram a cultura pop até hoje. Quem já ouviu a história de vender a alma ao diabo em nome de uma habilidade que ninguém mais tem? Pois bem, reza a lenda que Robert Johnson, guitarrista de mediano pra ruim, encontrou-se com o capeta em uma encruzilhada das rodovias 61 e 49, em Clarksdale, onde acabou acertando o acordo. O fato é que pouco tempo depois Johnson reaparece com uma habilidade incrível na guitarra, chamando rapidamente a atenção de todos na região. O outro mito é o tal do “clube dos 27”, artistas famosos que tiveram a vida encurtada por alguma tragédia. Kurt Cobain, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Amy Whinehouse são membros do clube que muito antes deles já tinha Robert Johnson provavelmente se divertindo entre uma dose de uísque e outra. Como tudo na vida de Johnson, sua morte é bastante controversa. A teoria mais aceita é que ele bebeu um uísque envenenado depois de paquerar com a mulher do dono do bar, tendo morrido depois de pneumonia em 16 de agosto de 1938, com 27 anos. Outras teorias dizem que morreu de sífilis, assassinado, envenenado pelo próprio uísque, etc.
        Por fim, o mito que, ele mesmo, se tornou.



segunda-feira, 4 de maio de 2020

Os vencedores do 41º Blues Music Awards



A noite de gala do mundo do blues foi bem diferente neste ano. Devido à pandemia do coronavírus, não tinha como fazer o evento de cinco horas de duração, tomado de gente, com apresentações ao vivo e tudo o mais. Como tem sido nesse período de distanciamento social, o 41º Blues Music Awards foi transmitido ao vivo pelas redes sociais e teve apresentações remotas de casa de vários artistas que ganharam destaque durante o ano passado.

O grande vencedor da noite foi o estreante Christone 'Kingfish' Ingram, que levou pra casa cinco prêmios, dentre eles o mais desejado álbum do ano, com o disco de estréia Kingfish (os outros prêmios foram Melhor álbum de artista jovem, melhor álbum de contemporary blues, e, individualmente, melhor guitarrista e melhor artista de blues contemporâneo. Nick Moss faturou dois troféus com o disco Lucky Guy! (banda do ano e melhor álbum de blues tradicional). Bobby Rush, que se recuperou recentemente da covid-19, também ganhou prêmios na noite. Confira a lista de vencedores completa abaixo:

Acoustic Album of the YearThis Guitar and TonightBob Margolin
Acoustic Artist of the YearDoug MacLeod
Album of the YearKingfishChristone Ingram
B.B King Entertainer of the YearSugaray Rayford
Band of the YearThe Nick Moss Band featuring Dennis Gruenling
Best Emerging Artist AlbumKingfishChristone Ingram
Contemporary Blues Album of the YearKingfishChristone Ingram
Contemporary Blues Female Artist of the YearShemekia Copeland
Contemporary Blues Male Artist of the YearChristone Ingram
Instrumentalist - BassMichael "Mudcat" Ward
Instrumentalist - DrumsCedric Burnside
Instrumentalist - GuitarChristone Ingram
Instrumentalist - HarmonicaRick Estrin
Instrumentalist - HornVanessa Collier
Instrumentalist - VocalsMavis Staples
Pinetop Perkins Piano PlayerVictor Wainwright
Koko Taylor Award (Traditional Blues Female)Sue Foley
Blues Rock Album of the YearMasterpieceAlbert Castiglia
Blues Rock Artist of the YearEric Gales
Song of the Year"Lucky Guy", Nick Moss
Soul Blues Album of the YearSitting on Top of the BluesBobby Rush
Soul Blues Female Artist of the YearBettye LaVette
Soul Blues Male Artist of the YearSugaray Rayford
Traditional Blues Album of the YearLucky Guy!The Nick Moss Band featuring Dennis Gruenling
Traditional Blues Male Artist of the YearJimmie Vaughan

sábado, 2 de maio de 2020

Resenha de 11 Guys Quartet - Small Blues and Grooves




        Quando se fala em álbum instrumental a gente pensa logo em alguma big band ou algum instrumentista extremamente virtuoso de jazz. O que pensar, então, de um disco instrumental totalmente de blues? Bem, essa é a proposta do grupo 11 Guys Quartet, que lançou o trabalho Small Blues and Grooves, um projeto que ficou mais de dez anos na geladeira e que só veio à tona em 2020. Vamos falar primeiro da banda. Há quase quarenta anos quatro caras se uniram e resolveram se divertir tocando em bares na área de Boston. Eles misturavam rock e blues e eram chamados de 11th Hour Blues Band. Esses caras eram Paul Lenart, na guitarra, Bill “Coach” Mather, no baixo, Chuck Purro, na bateria, e Richard “Rosy” Rosenblatt na gaita. Eles chegaram a gravar um disco em 1985, Hot Time In The City Tonight. Avançando para 2008, o grupo se reuniu novamente no estúdio e gravaram um monte de músicas instrumentais que eles tinham composto. O material nunca chegou a tornar-se público... até hoje.


        Pois bem, vamos retomar a pergunta inicial: o que pensar de um disco instrumental totalmente de blues? Os mais apressados poderiam achar que seria algo repetitivo demais. Ledo engano. Tem slow blues, shuffle, boogie e muito mais. “Read Trippin’”, que abre o disco, tem o DNA de Freddie King; “Sleepless” e “Down and Dirty” são slow blues da melhor qualidade; “Swing Low” certamente fará você querer dançar, etc.; Outros poderiam pensar que para dar certo precisaria de mais elementos, para dar uma refinada maior no som. Erro crasso. É incrível como o básico de guitarra/baixo/bateria/gaita consegue revisitar toda uma variedade de estilos do blues de forma tão autêntica. Sem soar injusto com os demais integrantes, pode-se afirmar que a gaita funciona como a verdadeira voz do grupo, ditando o ritmo e a direção das emoções e sensações. Por essa razão, esse álbum é especialmente indicado para quem é fã de gaita. Mas isso não significa que não tenha algumas momentos inspiradores guiados pela guitarra, como em “Four Maypops” e “Doggin’ It”.

        Por fim, Small Blues and Grooves é a trilha sonora perfeita pra aquele dia em que você senta pra relaxar com os amigos, bater aquele papo e tomar aquela boa cerveja gelada com um som ambiente agradável do início ao fim.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Resenha de John Primer & Bob Corritore - The Gypsy Woman Told Me



        O primeiro disco da enxurrada de que falei no post anterior finalmente saiu e já podemos adiantar que cumpriu todas as promessas. John Primer e Bob Corritore, pela terceira vez, fazem justiça à fama e à posição que conquistaram no mundo do blues. John Primer, guitarrista e um dos maiores representantes contemporâneos do Chicago Blues, que já tocou com Muddy Waters, Junior Wells e Magic Slim, e Bob Corritore, o incansável especialista e super produtivo mestre da gaita, seguem a fórmula de sucesso anterior e dividem as atenções no novo disco, The Gypsy Woman Told Me, lançado hoje nas plataformas de stream. Além da dupla, o álbum conta com uma lista de colaboradores de primeira: Billy Flynn, Bob Welsh, Kid Andersen são apenas alguns desses nomes. 



        O álbum é empolgante do início ao fim e o repertório também é incrível, mesclando músicas novas, como “Little Bitty Woman” e “Walked So Long”, com versões a maior parte delas tiradas do fundo do baú e desconhecidas, como a faixa que abre o disco, “Keep-A-Driving”, de Chick Willis’ e “I Got The Same Blues”, de J.J. Cale. Mas também tem Jimmy Reed, “Let’s Get Together” e Sonny Boy Williamson, “My Imagination”, que serve perfeitamente para a gaita de Corritore brilhar. Mas a mais conhecida certamente é a música que dá título ao álbum, “The Gypsy Woman Told Me”, clássico de Muddy Waters. Tem músicas pra dançar batendo com os pés no chão, tem músicas para ficar soprando o ar lentamente com a gaita imaginária e também muitos temas já tradicionais no imaginário do blues, como o errante jogador que perde tudo, em “Gambling Blues”, o solitário de coração partido, o azarado, enfim, todos os ingredientes para compor um disco de blues completo.

        Normalmente, um disco crava duas ou três músicas na playlist do Filho do Blues. Aqueles discos que no final do ano vão brigar pelo topo da lista dos melhores do ano chegam a levar umas cinco a seis faixas para a playlist. Bem, esse é o caso de The Gypsy Woman Told Me, um disco para fazer vibrar tanto fãs novos quanto fãs mais puristas de blues.


sábado, 25 de abril de 2020

O Blues aposta na união: lá vem aí John Primer, Bob Corritore, Dion e Joe Louis Walker


        No auge do isolamento social ao redor do mundo, que impede os familiares, amigos e trabalhadores de diversos setores, inclusive o artístico, de se reunirem e tocarem suas próprias vidas, o mundo do blues se preparou para tomar o mundo de inveja em meio à pandemia de coronavírus. Enquanto nós só podemos fazer lives solo, por coincidência ou não, nos próximos meses vem uma sequência de lançamentos de artistas que usaram e abusaram da reunião de amigos fazendo e compartilhando aquilo que amam: o blues.

        O primeiro desses projetos é encabeçado por uma dupla já bastante conhecida no cenário do blues: o guitarrista John Primer e o incansável gaitista Bob Corritore. Dois grandes nomes contemporâneos do Chicago Blues, eles lançam no início de maio mais um álbum juntos (o terceiro), com o título de The Gypse Woman Told Me, claramente inspirada pela música de Muddy Waters. Outros nomes que integram a banda colaborativa são Billy Flynn, Kid Andersen, Bob Welsh, Jimi “Primetime” Smith, dentre outros. Eles liberaram a faixa título como um aperitivo do que vem pela frente.





        Outro lançamento que promete é o novo trabalho do cantor, compositor e guitarrista, Dion, membro do Hall da fama do Rock. Apesar de não ser um artista estritamente do blues, Dion possui alguns álbuns muito bons, inteiramente dirigidos ao gênero, como Bronx In Blue (2006), Son of Skip James (2007), Tank Full of Blues (2011) e New York is My Home (2016). O novo trabalho é chamado Blues With Friends e é bem ambicioso em relação aos colaboradores, que vão do novo ao antigo: Joe Bonamassa, Jeff Beck, Billy Gibbons, Sonny Landreth, Paul Simon, Samantha Fish, Rory Block, Bruce Springsteen, entre outros. “Eu precisava pegar os melhores guitarristas e músicos vivos de cada geração, de toda variação do blues”, diz Dion. E não se trata de um álbum de covers de blues, mas sim de músicas autorais compostas por Dion entre o final de 2019 e início de 2020. Duas coisas para deixar mais na vontade; a primeira, a nota escrita pelo próprio Bob Dylan sobre o álbum: “Dion knows how to sing and he knows just the right way to craft these songs, these blues songs. He’s got some friends here to help him out, some true luminaries. But in the end, it’s Dion by himself alone, and that masterful voice of his that will keep you returning to share these blues songs with him.Em seguida, ficamos com a primeira música do disco, “Blues Comin’ On”, com Joe Bonamassa.





        O terceiro lançamento da lista de reunião entre amigos e colegas é Blues Comin’ On (mesmo nome da nova música de Dion, mas aparentemente sem relação entre elas), do guitarrista de blues-rock Joe Louis Waker. O disco será lançado em junho, mas já tem um aperitivo. Louis Walker divulgou “Old Time Used To Be”, acompanhado por Keb’ Mo’. Outros nomes que se juntam a Joe Louis Walker são Eric Gales, Albert Lee, Mitch Ryder, Lee Oskar, dentre outros.



quinta-feira, 23 de abril de 2020

The Rolling Stones lança novo single "Living in a Ghost Town"



A lendária banda The Rolling Stones despertou com a primeira música inédita em oito anos. “Living in a Ghost Town”, escrita por Jagger e Richards, começou a ser criada antes da pandemia de coronavírus, mas depois que ela surgiu eles sentiram a necessidade de retomar a gravação e concluí-la. Digamos que é a versão dos Stones para “O Dia em que a Terra Parou”, de Raul, adaptada aos novos tempos de isolamento social e ruas das cidades desertas. Confira o vídeo e a letra de Living in a Ghost Town logo abaixo:

I'm a ghost
Living in a ghost town
I'm a ghost
Living in a ghost town

You can look for me
But I can't be found
You can search for me
I had to go underground
Life was so beautiful
Then we all got locked down
Feel a like ghost
Living in a ghost town

Once this place was humming
And the air was full of drumming
The sound of cymbals crashing
Glasses were all smashing
Trumpets were all screaming
Saxophones were blaring
Nobody was caring if it's day or night

I'm a ghost
Living in a ghost town
I'm going nowhere
Shut up all alone

So much time to lose
Just staring at my phone

Every night I am dreaming
That you'll come and creep in my bed
Please let this be over
Not stuck in a world without end

Preachers were all preaching
Charities beseeching
Politicians dealing
Thieves were happy stealing
Widows were all weeping
There's no beds for us to sleep in
Always had the feeling
It will all come tumbling down

I'm a ghost
Living in a ghost town
You can look for me
But I can't be found

We're all living in a ghost town
Living in a ghost town
We were so beautiful
I was your man about town
Living in this ghost town
Ain't having any fun
If I want a party

It's a party of one




domingo, 19 de abril de 2020

As melhores apresentações de One World: Together at Home





Essa febre de lives durante a quarentena inspirou artistas do mundo todo para se reunirem virtualmente numa ação mobilizadora em torno do combate ao novo coronavírus. A ONG Global Citizen organizou, junto a Lady Gaga, o evento One World: Together At Home, com o objetivo de angariar fundos para compra de suprimentos para os profissionais de saúde que estão na linha de frente nessa guerra ao covid-19. Gaga conseguiu mobilizar uma grande quantidade de artistas ao redor do mundo para participar do evento, que rolou ontem, dia 18 de abril.
O blog selecionou as apresentações mais interessantes:

The Rolling Stones – You Can’t Always Get What You Want



Paul McCartney – Lady Madonna



Elton John – I’m Still Standing




Eddie Vedder – River Cross



Stevie Wonder performs "Lean On Me" / "Love's In Need of Love Today



Camila Cabello & Shawn Mendes - What A Wonderful World 



E você, gostou de mais alguma apresentação? Coloca aí pra gente.


quarta-feira, 1 de abril de 2020

Resenha de Gigaton, de Pearl Jam



Por diversos motivos, emocionais, artísticos/estéticos e políticos, o rock vem me decepcionando nos últimos anos, sobretudo após a morte repentina de David Bowie, o que pode não ter nada a ver, mas para mim foi um marco referencial. Para agravar a situação, outras bandas que eram referências para mim foram decepcionando a cada novo lançamento. Arcade Fire, Queens Of The Stone Age, são só dois grandes exemplos dessas bandas que acabaram cedendo a tendências do mundo pop e eletrônico, especialmente uma onda new-wave, que, ironicamente, era bastante influenciada pelos experimentos de Bowie. Ao saber que Pearl Jam iria lançar um novo álbum, o primeiro desde Lightning Bolt, de 2013, confesso que fiquei receoso que a banda abriria mão do seu estilo clássico e cederia às exigências do mundo fonográfico em busca de ampliar seu público. O mundo já não seria mais o mesmo: David Bowie estava vivo e surpreendendo o mundo como sempre, com o disco The Next Day, Arcade Fire lançava Reflektor, e Queens Of The Stone Age completava o belo ano musical com ...Like a Clockwork. Por fim, esse receio veio acompanhado de um calafrio ao ouvir o primeiro single de Gigaton, nome do novo disco, “Dance of The Clairvoyants”, que reúne todos os elementos que temia. Mas nada como um dia após o outro. Gigaton é um dos discos mais ricos e interessantes da banda, que já tem em seu catálogo grandes clássicos desde a década de 90.
A partir da capa de Gigaton e através de suas músicas, percebe-se claramente a preocupação de Pearl Jam com a política, em especial o tema do meio ambiente. A variedade de sons é bem grande, mostrando a experiência e a riqueza do percurso em três décadas de carreira. Tem as faixas mais pesadas, no estilo clássico, outras mais experimentais e introspectivas, bem como acústicas.




O disco começa com “Who Ever Said”, mostrando já de início toda a energia que a banda ainda dispõe ao afirmar que ainda tem o que dizer, pois, como diz a letra, “quem disse que tudo já foi dito abriu mão da satisfação”. A música também conta com variações rítmicas bem interessantes. “Superblood Wolfmoon”, outra bastante rápida e pesada, os riffs de guitarra estão bem definidos e acompanhados aqui por um belo solo. Essa dupla inicial certamente agrada os fãs mais antigos, que exigem muita guitarra e energia de Eddie Vedder. É porque o oposto vai acontecer agora com a faixa seguinte, “Dance of The Clairvoyants”, a viagem da banda pelo experimento new-wave.
Após o delírio, uma rápida fuga, é o que se trata de “Quick Escape”, muito peso e riffs novamente e uma letra pessimista sobre os caminhos que estamos tomando, cutucando o presidente dos Estados Unidos, com a pessoa indo de um lugar para outro em busca de um lugar onde Trump ainda não tinha fudido tudo. As coisas se acalmam com a belíssima “Alright”, sobretudo num mundo onde a vida está cada vez mais rápida, cobrando para vencermos sempre. Eddie Vedder diz na letra “tudo bem, ficar sozinho, ficar quieto, dizer não, ser uma decepção na sua própria casa, tudo bem desligar tudo, ignorar as regras do estado, é por você mesmo”.

 “Seven O’Clock” é uma das melhores faixas de Gigaton, tanto musicalmente quanto em relação à letra, e poderia muito bem colocá-la na lista de melhores da banda. Uma letra fluindo rápido e sempre com novas imagens e reflexões que clamam para que trabalharmos juntos para transformar essa situação fudida em que nos achamos, sem tempo para depressão ou hesitação autoindulgente. Na letra, várias indiretas para Trump e uma mensagem: “much to be done”.
Em “Never Destination” e “Take The Long Way” o hard rock clássico da banda retorna com satisfação. “Buckle Up” é bem leve e agradável e prepara caminho para a extremamente emotiva “Comes Then Goes”, claramente uma homenagem ao amigo de longa data da banda, Chris Cornell, que morreu em 2017. Só Eddie e o violão exalando emoção. “Retrograde” e “Rivercross”, as quais falam com preocupação sobre as mudanças climáticas, mantém o clima calmo e introspectivo e finalizam o álbum.
Muito mais do que ficar querendo colocar em que posição o novo disco vai ficar na carreira de Pearl Jam, o melhor a fazer é comemorar que rock ’n’ roll com consciência e propósito como esse ainda é feito hoje em dia, o que o torna muito mais relevante do que muita coisa que vem sendo produzida ultimamente.