quarta-feira, 20 de junho de 2012

Fiona Apple - The Idler Wheel...

                                   

Se você lembra bem dos meados dos anos 90, Fiona Apple é um daqueles nomes que você ouve e tem automaticamente a impressão de ter uma longa carreira, devido ao grande sucesso que desde sempre tem a acompanhado, principalmente com a explosão de seu disco de estréia, Tidal, de 1996. O interessante disso é que em praticamente dezesseis anos de carreira, acaba de lançar seu quarto disco The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do. Bom, se você acha que este nome é grande, imagine o do segundo álbum da Fiona Apple, When the Pawn Hits the Conflicts He Thinks Like a King What He Knows Throws the Blows When He Goes to the Fight and He'll Win the Whole Thing 'Fore He Enters the Ring There's No Body to Batter When Your Mind Is Your Might So When You Go Solo, You Hold Your Own Hand and Remember That Depth Is the Greatest of Heights and If You Know Where You Stand, Then You Know Where to Land and If You Fall It Won't Matter, Cuz You'll Know That You're Right, lançado em 1999 e tido como um dos melhores álbuns dos anos noventa.

                                       


Bem, voltando a falar de The Idler Wheel…, lançado após sete anos de Extraordinary Machine, não tem apenas o nome grande, pois é também um ótimo álbum, talvez mesmo o melhor da carreira pequena, mas bem sucedida de Apple. O disco é todo construído em cima de sua voz, acompanhada por piano e o percusionista Charley Drayton, algumas dão maior ênfase ao piano, outras à percussao, diferente dos seus trabalhos anteriores, que tinha uma estrutura mais formal e acessível.


E é no piano que The Idler Wheel começa, com a ótima “Every Single Night”, primeira música de trabalho do disco e que possui um estranhíssimo clipe, dirigido por Joseph Cahill. A música apresenta o que seguirá por todo o álbum, embora mudando sempre de ritmo ou forma. A coisa comum aqui, presente em todas as dez faixas, é a imprevisibilidade e a variação melódica que Apple faz tão perfeitamente. O refrão, com Apple quase como um cântico indígena, “every single night’s a fight with my brain”, é um dos destaques. A letra também se sobressai, tratando da vontade de poder sentir tudo e simplesmente fechar os deixar-se levar pelas sensações do cérebro. “Daredevil” é outra preciosidade, principalmente na parte em que Apple descarrega toda sua raiva em sua voz “look at, look at, look at, look at me I'm all the fishes in the sea”.


“Valentine” é uma bela balada no piano, que segue ainda no clima romântico com “Jonathan”, a mais longa do álbum e que contem várias interações interessantes entre o piano e bateria. “Left Alone” é uma das que mais surpreende, começa com a bateria, depois entra o piano e depois vai na improvisação ao estilo jazz ate o final. Muito bom, chegando a lembrar em alguns momentos Nina Simone ou Billie Holiday. Segue o disco com outro ponto alto, “Werewolf”, principalmente em relação à letra, quando Apple começa logo dizendo que gostaria do lobisomem que a deixou para morrer, mas admitindo que foi ela mesma quem proveu a lua cheia. E depois ela ainda termina com “nothing wrong when a song ends in the minor key”. Talvez pela força e pelo impacto de “Werewolf”, a faixa seguinte, “Periphery” parece ser a que menos brilha dentre as presentes em The Idler Wheel.


Mas é por pouco tempo, pois na seqüência final, que começa com “Regret”, o brilho volta tão intenso quanto antes, com mais uma letra forte e músicas sensacionais. Tem inclusive um dos versos mais fortes de Apple, como “I ran out of white dove feathers to soak up the hot piss that comes through your mouth”. “Anything We Want”, é praticamente toda percussiva e muito sensual, pois a belíssima voz de Apple cantando “And you remind me that I wanted you to kiss me when we find some time alone”.


E The Idler Wheel dá-se ao luxo de finalizar de forma incrível, com “Hot Knife”, que tem um dos melhores arranjos de voz que já vi, perdendo somente para, claro, “Ladies And Gentlemen...”, do Spiritualized. A faixa tem um ritmo veloz e uma troca de versos que a gente acaba sem saber quem é quem, se ela ou ele é a manteiga ou a faca quente.


The Idler Wheel é ao mesmo tempo simples e denso e também o menos acessível da carreira de Fiona Apple, e o melhor.

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