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quinta-feira, 2 de junho de 2016

Obama declara Junho de 2016 como "African-American Music Appreciation Month"


Junho, o mês do São João,  do forró, começou, certo? Bem, há controversas, como diria Pedro Pedreira na Escolinha do Professor Raimundo. De acordo com Obama, o presidente dos Estados Unidos, declarou hoje o mês de junho de 2016 como “African-American Music Appreciation Month”, ou Mês de Apreciação da Música Afro-Americana. Desde 1979, pelo presidente Jimmy Carter, o mês de junho é dedicado genericamente como Black Music Month, fruto de um lobby da indústria fonográfica interessada em vender mais discos. A cada ano, Obama muda o termo. É mais uma homenagem simbólica do primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Na declaração, Obama diz que a música afro-americana está “entre as formas de arte mais inovadoras e poderosas que o mundo já conheceu” e também que ela “nos ajuda a imaginar um mundo melhor”.  Em homenagem ao African-American Appreciation Month, o blog Filho do Blues estará postando vídeos de alguns dos principais expoentes da música afro-americana (mas nem por sonho com o intuito de esgotá-la) para que ninguém possa desmentir a declaração de Barack Obama. Imagino que para Nina Simone, J. B. Lenoir, Billie Holiday e Big Bill Broonzy, especialmente quando cantaram canções como “I Ain’t Got Life”, “Alabama Blues”, “Strange Fruit” e “When Do I Get To Be Called a Man”, respectivamente, deve ser uma emoção muito grande, onde quer que estejam, que em 2016 um presidente dos Estados Unidos, negro, daria mais essa demonstração de gratidão e reconhecimento pelo incrível legado deixado por essa riquíssima bagagem cultural da música negra. Ao mesmo tempo em que perguntamos: dá pra avançar mais? Claro que sim. 












domingo, 15 de maio de 2016

Confira "Take Me To The Alley", de Gregory Porter


Este na foto é Gregory Porter, uma das melhores novidades musicais a aparecer recentemente , que vem construindo uma empolgante carreira desde 2010, desde a estreia com o álbum Water, e que somente agora, em 2016, parece ter conquistado o grande público com seu novo álbum, Take Me To The Alley. Enquanto não sai a resenha do disco, fiquem com a faixa que dá título ao trabalho, ao vivo no Capitol Studios:


sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Resenha de Tedeschi Trucks Band - Let Me Get By





                Tedeschi Trucks Band é uma banda grande, de fato; a grandeza, porém, advém mais do número de integrantes do que necessariamente pelos seus feitos musicais: a banda, formada em 2010, em Jacksonville, na Flórida, que uniu as carreiras do casal Susan Tedeschi, cantora de blues e Derek Trucks, guitarrista de blues. Chegaram agora chega ao seu terceiro álbum de estúdio com o lançamento de Let Me Get By, é formada por doze membros fixos, já que o baixista de jazz Tim Lefebvre integrou permanentemente a banda (Tim foi o baixista da já icônica banda que gravou Blackstar, o último álbum de David Bowie). Os dois primeiros álbuns, Revelator, de 2011 e Made Up Mind, de 2013, foram muito bem recebidos pela crítica e pelo público, que elogiaram bastante o som da banda, principalmente suas apresentações ao vivo, que mescla o rock com a riquíssima tradição da black music, ou roots music, como blues, gospel, soul e até mesmo funk. Em Let Me Get By, no entanto, lançado hoje, o casal Susan Tedeschi e Derek Trucks e seus demais dez companheiros levam a banda a outro patamar.

O sucesso alcançado com Made Up Mind fez com que a banda fosse de vez pra estrada, apresentando-se mais de 200 vezes em 2014. Entre a correria dessa vida “on the road”, eles se reuniram no Swamp Raga Studios, o estúdio caseiro do casal, e começaram gravar a banda tocando totalmente solta, improvisando em longas jams, cada um contribuindo com ideias, músicas, melodias, harmonias, etc. Iam novamente para a estrada e depois voltavam mais uma vez para o estúdio, tanto é que muitas das músicas de Let Me Get By foram tocadas em shows durante o ano de 2015, como mostra os vídeos do youtube. Bem, o resultado disso é o incrível Let Me Get By, um álbum extremamente colaborativo, o que pode ser facilmente notado na riqueza de cada uma das dez faixas presentes no disco. A maioria das músicas em Let Me Get By ultrapassa a barreira dos cinco minutos, fazendo com que os músicos tenham mais espaço para preencher e desenvolver suas ideias, cavando cada vez mais fundo na estrutura das músicas, de forma completamente confortável, confiante e relaxada. Conseguir a harmonia de uma banda de 12 membros não é coisa fácil. A voz de Susan Tedeschi é um brilho à parte, que somado aos corais estilo gospel, faz parecer que o sagrado e o secular são, na verdade, a mesma coisa.



A faixa de abertura, “Anyhow”, já trilha o caminho grandioso do restante do álbum, com Susan Tedeschi realizando uma das melhores performances vocais de todo álbum. A prova de que uma música de longa ligação realmente funciona, quando a banda realmente sabe o que fazer, é que após Susan dar seu show particular, os últimos minutos são destinados aos improvisos de solos de guitarra sensacionais de Derek Trucks. Liricamente, o álbum como um todo é bastante positivo, pra cima, o que casa muito bem com os ritmos dançantes da maioria das faixas. A faixa seguinte, “Laugh About It”, aí se enquadra; diante das situações da vida, das pessoas querendo colocar você pra baixo, você escolhe escolher: chorar, cantar ou rir delas. Claro que nesses momentos de otimismo exacerbado, sobra espaço pra uns clichês aqui ou ali, como “life is what we made it”. Tudo tranquilo, de boa. Afinal, esse som é para ser curtido mesmo. Em “Don’t Know What It Means”, tem o ritmo mais funk, mas o que se destaca mesmo é o refrão irresistível, que faz você acompanhar batendo palmas e balançando a cabeça com os olhos fechados. A sessão de metais está sempre presente, preenchendo os espaços vazios e enriquecendo o universo sonoro, mas em alguns momentos se sobrepõe à guitarra de Derek e se soltam em solos empolgantes como no último minuto de “Don’t Know What It Means” e o solo de trompete no jazz de “Right On Time”, que lembra um pouco Louis Armstrong. “Right On Time”, inclusive, uma das melhores do disco, apresenta um dueto entre Mike Mattison e Susan Tedeshi muito bom, a voz meio que fraca, tensa e quase sombria de Mattison contrastando com a força e delicadeza da voz de Tedeschi.  

A faixa que dá título ao álbum, “Let Me Get By” é outro show à parte, quase como um culto religioso ao ar livre no meio de uma arena de rock. Gospel, blues, funk, soul e rock juntos e misturados. O teclado, que estava meio que apagado nas faixas anteriores, dá as caras agora. “Just As Strange” é mais simples e “limpa” que as outras, talvez por isso seja por elas totalmente eclipsada, mas ao menos mantém o ritmo fluindo. Já “Crying Over You / Swamp Raga For Hozapfel, Lefebvre, Flute And Harmonium”, cantada por Mike Mattison, é outra mudança de direção, focada bem mais no soul; uma viagem quase épica e com uma melodia belíssima, além da variação musical que cada um dos músicos coloca aqui (principalmente o melhor solo de guitarra do álbum), o que faz valer os oito minutos de música, com os dois minutos finais cheios de sons orientais, tipo flautas e cítaras. Depois de deixar Mattison brincar um pouco, Susan Tedeschi volta com tudo na bela e melódica “Hear Me”. O álbum caminha pro fim com o R&B de “I Want You”, que parece feita sob encomenda para as pistas de dança, mas que do meio pro final vira numa jam-session estranha e sensacional.  O desfecho vem com chave de ouro em “In Every Hear”, mais um gospel-blues-soul incrível.  


Enfim, Let Me Get By consegue captar todo o potencial da grande banda Tedeschi Trucks Band, agora não somente grande apenas no número de integrantes, mas grande também pela música, recheada de maturidade, criatividade e profundidade. Um grande e grandioso álbum. Sem dúvida, “grande” é o adjetivo perfeito para Let Me Get By.



quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Resenha de David Bowie - Blackstar (★)




                Como é possível para um artista beirando os 70 anos, dono de uma carreira excepcional de cinco décadas em todo e qualquer sentido, manter-se ainda ambicioso? A revista Uncut colocou uma enquete com 59 escritores e editores para saber os 200 melhores álbuns de todos os tempos. David Bowie foi o artista que teve mais menções (7 de seus álbuns estão entre os duzentos melhores da história; Beatles foi mencionado 6 vezes; The Cure, Bob Dylan e Neil Young, 5 vezes; The Rolling Stones, The Velvet Underground, 4 citações). Um artista desse nível, no sentido completo do termo, baseia sua motivação em continuar em termos de relevância, ou seja, em que pode contribuir ainda mais para permanecer relevante. É com essa reflexão que começo falando do novo álbum de David Bowie, Blackstar (), seu 25º álbum de estúdio.  As resenhas iniciais das revistas especializadas mostram um entusiasmo e aclamação que os últimos trabalhos de Bowie, apesar de serem ótimos álbuns, não havia alcançado de forma tão unânime. A revista Rolling Stone definiu como “O artístico e inquietante ‘Blackstar’ é a melhor obra prima anti-pop de Bowie desde os anos setenta”; o jornal The Independent afirma que “Blackstar é o mais longe que ele já se desviou pop”; A revista Uncut chama atenção para a amplitude do álbum “Jazz metal! Musical! Transformações sobrenaturais! Bem vindo ao (mais novo) ano zero de Bowie”; O New York Times é mais suscito e atesta: “Pegando o jazz de inspiração”. Todas essas resenhas exaltam em componentes presentes nos álbuns mais clássicos da carreira de Bowie apontados na lista acima e elementos de uma ruptura completa com os trabalhos mais recentes, sugerindo uma nova fase na carreira de David Bowie.


                Bowie é dono de uma das carreiras mais diversificadas do mundo da música. Artista inquieto, curioso, inventivo e completo, o camaleão do rock nunca ficou muito tempo confinado num único estilo. Normalmente, esses ciclos duram em torno de três álbuns, até que uma nova transformação esteja maturada. O último desses ciclos é representado por um Bowie tentando revisitar momentos clássicos de sua trajetória, um rock mais tradicional, e, por conseguinte, menos aventuroso. Os discos Hours, Heathen e Reality, de 1999, 2002 e 2003, respectivamente, são os frutos desse ciclo. Após um hiato de dez anos, David Bowie voltou surpreendentemente em 2013 com o álbum The Next Day, que pode se situar em um meio termo nessa linha de evolução. Ao mesmo tempo em que revisita Bowies do passado, The Next Day não se limita ao Bowie clássico, mas sim tenta fazer uma grande síntese de sua carreira (se é que é possível). Mas não apenas isso; mostrou um Bowie inventivo e com um olho no futuro, o que foi logo em seguida comprovado com a coletânea lançada Nothing Has Changed, de 2014. Numa faixa (a única inédita) em especial desta coletânea estava o embrião para uma nova fase, uma nova transformação na carreira de David Bowie. “Sue (Or In a Seasonof Crime)” apresentou um som completamente novo, mesmo em termos de Bowie. Seria essa a tal nova direção para a qual sua mente estava agora voltada? Outra faixa que surgiu como seu lado-B mostrou que essa aventura não havia sido isolada; “Tis’ A Pity She Was a Whore” tinha a mesma pegada estranha, um jazz eletrônico e tomado por solos de saxofone livres e dissonantes. Pouco sabíamos o que se passava na cabeça de Bowie (e menos ainda saberemos cada vez mais).  Até que em meio a participação de trilha sonora de série (The Last Panthers) e de uma peça de teatro (Lazarus), David Bowie anuncia o lançamento de um novo álbum, chamado de Blackstar (é, na verdade, uma única estrela negra, ), junto com o clipe cinematográfico, sombrio e misterioso, com dez minutos de duração, da música de mesmo nome que já ultrapassou as cinco milhões de visualizações no youtube.  A partir daí ficamos sabendo um pouco da história por trás do álbum .




                A aproximação com o jazz foi determinante para o surgimento de . As raízes já estavam criadas, mas foi depois do encontro – e posterior convite para compor a banda – de Bowie com o saxofonista DonnyMcCaslin que deu corpo à idealização do novo projeto. Donny já tem sua própria carreira solo, com dez álbuns lançados, e, depois de Bowie assistir de surpresa a uma apresentação sua em Nova York, passou a integrar a banda que gravou , junto com os integrantes de sua própria banda, como o tecladista Jason Lindner, o baixista Tim Lefebvre, o percussionista Mark Guiliana e o guitarrista Ben Monder. Tirando o produtor e amigo Tony Visconti, toda a equipe da banda era totalmente nova para David Bowie.

                Passemos agora, de fato, para a análise das sete músicas que compõem Blackstar, fazendo dele um dos discos mais concisos da carreira recente de Bowie (apenas quarenta minutos). A faixa de abertura é a já conhecidíssima “Blackstar”, que tem uma das alterações mais incríveis no meio de uma música. A ponte em que Bowie começa a cantar acompanhado pelo piano e que vai crescendo é simplesmente genial. Uma música dentro da música de forma teatral. O fato de conhecermos previamente duas das sete músicas servia quase como um anticlímax, ao menos até “Tis’ a Pity She Was A Whore” começar totalmente repaginada. A explicação está intimamente ligada à história de ; a faixa que era previamente conhecida foi gravada em 2014 com a banda Maria Schneider Orchestra (que tinha Donny como saxofonista solo), um experimento pós-moderno de jazz. Como foi dito acima, ela e “Sue (Or In a Season Of Crime)” serviram para indicar a Bowie um caminho certo a seguir. Em , ambas ganharam novas versões com DonnyMcCaslin como líder da banda, o que deu uma liberdade maior para seu sax flutuar livremente pelas músicas. Embora as duas tenham perdido um pouco de tempo de música (dá vontade que tivessem mais de dez minutos cada), o resultado ficou ainda melhor. A produção deixou as duas mais limpas e dá para ouvir mais claramente a overdose de sons que passeiam freneticamente pela música, com solos asfixiantes de sax (em alguns momentos de “Tis’ A Pity SheWas a Whore” dá para ouvir Bowie soltando vários “Woo” deempolgação) e o momento mais rock n’ roll do disco, ao final de “Sue (Or In a Season Of Crime)”, com guitarras distorcidas relembrando um pouco do rock industrial dos meados da década de 90. A faixa seguinte, “Lazarus”, que foi uma das quatro novas músicas compostas por Bowie para o musical de mesmo nome (mas a única que entrou na seleção final de ), é mais simples – ou melhor, direta – do que as anteriores, focada mais na melodia, mas ainda com espaço para o sax de Donny se destacar, especialmente na metade final.





                A quase robótica “Girl Loves Me” é a mais estranha do álbum, com a letra quase irreconhecível, com palavras coletadas da obra Laranja Mecânica e gírias do chamado Polari, utilizado pela comunidade artística e membros da subcultura gay da Londres de meados do século XX,  mas com um ritmo muito interessante. “Dollar Days” é o mais próximo de uma balada aqui, com um piano delicado e simplesmente um solo incrível de saxofone. E parafechar o álbum de forma épica, “I Can’t Give Everything Away” parece desvendar um dos grandes mistérios de Bowie (ou não): “Saying more and meaning less / Saying no but meaning yes / This is all I ever meant / This is the message that I sent”. Nunca isso ficou tão claro – ou, na verdade, obscuro – quanto em . As temáticas são soltas, enigmáticas, cheios de personagens (às vezes mais de um por música, como em “Blackstar”) e transformações esquisitas. Não existe um fio condutor temático em Blackstar; existe um pouco de tudo: o sobrenatural em “Blackstar” (“Something happened on the day he died/Spirit rose to leave him and stepped aside”); imagens violentas em “Tis’ A Pity She Was a Whore” (“Man, she punched me like a dude/Hold your mad hands, I cried); cenas de assassinato em “Sue (Or In a Season of Crime); uma letra quase criptográfica como em “Girl Loves Me”; ou a reflexão cheia de nostalgia sobre a luta contra a morte de “Dollar Days(“Dollar days 'til final checks, honest scratching tails the necks I'm falling down”).

                Pelo resultado encontrado em , tudo indica e espera-se que de fato seja a inauguração de uma nova fase da carreira de David Bowie; os próximos passos, como sempre são quando se está falando de David Bowie, são imprevisíveis. Enquanto isso cabe a nós recolher as riquezas do disco a cada vez que o colocamos para tocar. Somente o distanciamento histórico necessário será capaz de definir a posição de no hall de clássicos de David Bowie; mas algo muito forte sugere que estamos diante de um álbum daqueles que marcam uma geração.


sexta-feira, 3 de julho de 2015

Resenha do documentário What Happened, Miss Simone?



                O mundo da música e do entretenimento de forma geral tende a criar herois, vilões ou, em alguns casos, vende a imagem pronta e única de um artista. Uma das formas de eternizar essas versões é através da biografia, seja ela na forma de livro, filme ou documentário. Mas uma boa biografia não é aquela que eterniza uma versão única de determinada pessoa; a boa biografia, na verdade, é aquela que apresenta o biografado(a) em toda sua complexidade humana, afinal, foi através dela que seu gênio foi aflorado e ele(a) alcançou o sucesso; uma boa biografia deve, enfim, como diria Chimamanda Adichie, desviar-se do “perigo de uma única história”. E é exatamente isso que acontece com What Happaned, Miss Simone? (2015), documentário dirigido por Liz Garbus que conta, com um extenso material original e inédito, a vida da cantora, pianista e ativista Nina Simone (1933-2003), disponível agora também pelo Netflix. Afinal,  Nina Simone, além de uma das maiores cantoras de todos os tempos, dificilmente caberia numa narrativa única.

                A diva do blues, do jazz e do soul (o que já evidencia o seu ecletismo musical) é filha de uma época turbulenta e sua vida é um reflexo disso. Desde cedo, ela foi testemunha ocular da opressão e exploração que ela própria e seu povo sofriam; ela viveu sob Jim Crow, as leis segregacionistas; ela viu a violência sistêmica contra os negros, especialmente no Sul, por grupos radicais brancos; ela sentiu o racismo ao ser rejeitada em uma entrevista por causa da cor de sua pele. Nascida no segregado Estados Unidos, na Carolina do Norte, no seio de uma família bastante religiosa, Nina Simone participou também da Grande Migração, movimento migratório dos negros do sul dos Estados Unidos em direção às cidades do norte em busca de empregos industriais. Nina Simone foi para Nova York e passou a tocar à noite em bares locais e a trabalhar durante o dia. Mais uma vez ela foi testemunha das condições dos trabalhadores negros que, após fugir do pesadelo sulista, agora possuíam um emprego, mas aos quais ainda era negada uma vida digna e em iguais condições com os brancos. Ainda assim, no final da década de 50, ela também conheceu o sucesso instantâneo com seu primeiro hit “I Loves You, Porgy” e do álbum Little Girl Blue, com outro hit "My Baby Just Cares for Me". 


            

A partir daí sua vida mudou. À vida social turbulenta somou-se uma personalidade forte, irascível e um casamento complicado com Don Ross, também seu empresário. À violência coletiva da sociedade somou-se a violência doméstica de um marido que a forçava a trabalhar além dos limites e que a espancava. Como que alheia a todos esses desmoronamentos, seu sucesso só aumentava com a sequência de álbuns de estúdio e ao vivo de extrema qualidade que transitava não só pelo blues ou jazz, mas também pelo soul, pop e clássico. Apesar de em alguns momentos utilizar-se de sua música para uma atuação política específica e críticas ao sistema social vigente, foi no auge de sua popularidade, que Nina Simone decidiu-se que não existia mais meio termo e não poderia mais ser apenas testemunha ocular do seu tempo, mas refleti-lo e atuar diretamente na sociedade pela causa de seu povo. Em 1964 ela tornou-se uma ferrenha ativista dos direitos civis dos negros americanos e compôs canções fortíssimas denunciando as condições injustas sociais aos quais os negros estavam submetidos. “Mississipi Goddam”, por exemplo, (traduzido como Mississipi Puta que pariu), banida em vários Estados sulistas, inspirada pelo assassinato de Medgar Evers e a explosão de uma Igreja no Alabama, foi revolucionária. “To Be Young, Gifted and Black” tornou-se quase um hino do movimento dos direitos civis.





         A sua atuação não ficou no campo da música e Nina Simone participou pessoalmente na luta pelos direitos civis, marchando na marcha de Selma a Montgomery com Dr. Martin Luther King. Apesar de não ser muito adepta da não violência (forma de atuação e revolta utilizada por King) e ser mais próxima do espírito mais incendiário de Malcom X, o assassinato de Dr. King atingiu-a profundamente. O álbum Nuff Said! foi gravado ao vivo no Westbury Music Fair e foi dedicado inteiramente ao ativista assassinado. O documentário apresenta a radicalização de Nina Simone, mostrando-a defendendo ideias bastante fortes em relação ao momento que estava vivendo, como criação de um Estado separado, violência e morte aos brancos. Apesar de ter sido um período intenso para sua vida, de bastante instrução, dedicação e aprendizado, deixou uma imagem polêmica e bastante manchada devido a suas ideias revolucionárias. Nina Simone acabou deixando os Estados Unidos em 1970 e passou a viver períodos na Libéria, Suíça, Holanda e França até o fim de sua vida.



O documentário mostra o outro lado; Depois da luta coletiva pelos direitos civis agora sua luta era individual e contra si mesma, o que a fez perder tudo e chegar ao fundo do poço, tendo que apresentar-se por 300 dólares em cafés e bares locais, na França. Diagnosticada como bipolar, com a ajuda de amigos passou a se restabelecer e tomar medicamentos que a ajudaram a controlar seu temperamento imprevisível, retomando a carreira para apresentações ao vivo e alguns álbuns de estúdio na década de 80. 

Nina Simone faleceu em 2003, no sul da França. Suas cinzas foram espalhadas por vários países africanos, o que indica de forma bastante categórica um dos principais alicerces de sua vida. Nina Simone construiu uma das biografias mais intensas, passionais e fascinantes do mundo da música e o grande mérito de What Happened, Miss Simone? é ter conseguido retratar exatamente isso: intensidade, paixão, gênio e, como não poderia deixar de ser, música. A atualidade do tema, trazido à tona com as recentes tensões raciais de violência policial nos Estados Unidos, dizem que essa é uma cicatriz que está longe de estar curada. 


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Abença Pai: Hugh Laurie celebra o jazz e o blues no documentário Let Them Talk - A Celebration of New Orleans Blues


Johnny Depp é um dos atores mais celebrados do mundo inteiro, fazendo papéis consagrados que vão desde o mainstream de Hollywood ao cult, mas que, dada sua presença, já garante o alcance do grande público. Depp também tem uma relação muito estreita com a música, fazendo com frequência inúmeras participações em shows de grandes artistas, como Eddie Vedder, Aerosmith, Keith Richards e inúmeros outros. Em entrevista à revista Rolling Stone, o entusiasmo pela música, no entanto, não apenas não seduz o ator a seguir a carreira na música, mas o faz sente nojo por atores que seguem a carreira musical em paralelo com a de ator. Segundo ele, tentam se aproveitar da fama para conseguir público na carreira musical. Muita calma nessa hora, Johnny. Pode ser verdade, pode não ser. Ou melhor, não concordo com a generalização. Certamente tem atores que podem tentar se aproveitar desse capital humano, dessa audiência. Mas ao mesmo tempo tem gente que pode estar fazendo um grande serviço à música, levando-a para um público que nunca teria acesso a determinado tipo de música de outra forma, a não ser guiada pelo sucesso de um ator do qual gosta.

É exatamente esse o caso de Hugh Laurie, ator consagrado pela série Dr. House, no qual atuou de 2004 até 2012, encarnando o nada simpático médico Gregory House, especialista em diagnosticar casos médicos difíceis e misteriosos. Durante as oito temporadas, podíamos notar que o personagem de Laurie, House, possuía um grande interesse relacionado à música; várias cenas surgem em que ele está tocando piano ou guitarra; ou de repente, no meio do brainstorm de algum caso quase perdido, ele faz alguma referência a um artista, praticamente desconhecido. Agora sabemos que essas inserções demonstram um gosto particular pela música do ator principal, o próprio Hugh Laurie, grande entusiasta do jazz e do Blues e um estudioso pela rica história desses dois estilos musicais que não fazem parte dos estilos mais tocados do momento.

Já consagrado, portanto, com a série Dr. House, Hugh Laurie resolveu dar um passo ousado e iniciar sua carreira musical, para festejar exatamente estes dois grandes estilos, o blues e o jazz, especialmente o New Orleans Blues, lançando, em 2011, seu primeiro disco solo, chamado Let Them Talk. Dois anos depois, em 2013, lançou o segundo, Didin’t It Rain. Duas obras interessantíssimas que fazem um rico resgate de clássicos do jazz e do blues, tocado por um amante da música, um entusiasta, um apaixonado que teve coragem de tocar o que ama não se importando com a possível avalanche de críticas, diretas ou indiretas, como essa de Johnny Depp. Certamente vários fãs da série de televisão, curiosos como o amargo médico poderia engatar uma carreira musical, entraram em contato com essas músicas pela primeira vez, muitos dos quais possivelmente nem haviam ouvido falar do blues, do jazz, enfim, pois de outro modo nunca teriam tido a chance de ouvir nenhum dos dois estilos. Podem ter gostado, podem não ter gostado, mas isso realmente não importa. Só em fazer essa intermediação, esse contato entre gerações, fazer o grande público ouvir “St James Infirmary”, “Six Cold Feet”, “John Henry”, “The Whale Has Swallowed Me”, “They’re Red Hot”, entre inúmeras outras que não podem ser consideradas como itens de colecionador, de pesquisador ou especialista.

Para celebrar esse trabalho de Hugh Laurie, deixo vocês com o maravilhoso vídeo/documentário celebrando exatamente essa tradição do jazz e do blues. O nome do documentário diz tudo: Let Them Talk – A Celebration of New Orleans Blues, que conta ainda com participações especiais e algumas excursões para resgatar a história de New Orleans na música. Assista e você entenderá o que eu quero dizer.






quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Abença Pai: Resenha de Miles Davis - Birth of The Cool




Miles Davis
The Birth of the Cool
(Capitol – imp.)

E absolutamente impossível saber o que seria do jazz se Miles Davis não tivesse se dignado a elaborar esse disco.

Olhar para a carreira de Miles Davis e visualizar a própria historia do jazz. Ele esteve por trás de cada inovação estilística e musical, e sua capacidade de arregimentar músicos notáveis para seus grupos tornou-se lendária. Todos que tocaram com Miles foram profundamente afetados por tal experiência. Ele tocava seu instrumento com um lirismo e uma introspecção que transformava radicalmente qualquer composição, tomando seu tom absurdamente inigualável.

Mas se a maneira como abordava seu instrumento não sofreu modificações, o modo como via e ouvia jazz não tem parâmetros na historia do estilo. Miles constantemente chutava a bunda do jazz para que este se desenvolvesse como linguagem musical.

Um projeto evidente – começou a excursionar com bandas logo aos 16 anos; aos 18, já fazia parte do grupo de Billy Eckstine, ao lado de Dizzy Gillespie e Charlie Parker, ambos considerados como os arquitetos do bebop -, Miles cedo percebeu que a rapidez do bebop não servia para seu estilo, mais lento. Em 1948, ele organizou um estranho – para a época – noneto, com a presença, alem de seu trompete, de sax-alto (Lee Konitz), sax-barítono (Gerry Mulligan), trombone (Kai Winding), french horn e tuba. Um contrato com a Capitol Records levou as gravações daquilo que seria mais tarde como The Birth of the Cool.

A banda entrou em estúdio em janeiro de 49 e, em três sessões (duas naquele mesmo ano, e a terceira em março do ano seguinte), gravou 12 faixas, com arranjos de Gil Evans. Na época, elas não chamaram a atenção, mas o som relaxado afetou a todos que participaram daquelas gravações e foi catalisador daquilo que se tornou mais tarde o jazz West Coast.




A elasticidade do bebop se harmonizava com a sonoridade típica de uma big band, só que com uma atmosfera muito mais relaxante, algo impensável para a época. Os temas jamais descambavam para o histrionismo, mesmo em termos rítmicos. A concisão dos arranjos de Evans levava o grupo a soar como se estivesse um número menor de integrantes.

O resultado foi mágico. A química musical exibida logo na abertura com “Move” já fornecia pistas do que viria a seguir, pois o tema – originalmente composto como um bebop – recebeu o tratamento mais suingado (ou, se preferir, cool). O mesmo acontecia em “Jeru”, composta por Mulligan, com um brilhante solo de Miles.

Mas foi na belíssima e plácida “Moon Dreams” que a coisa começou a se definir. Esta balada foi tocada em um andamento arrastado para a época, alem da seriedade quase erudita com que o grupo a executou. Outra composição de Mulligan, “Venus De Milo”, fez o grupo voltar a suingar compassadamente. Fornecendo um belo encadeamento com a faixa seguinte, “Budo”, um clássico tema do pianista Bud Powell reduzido a pouco mais de dois minutos de energia pura.





“Deception” e “Godchild” apresentavam uma tensão pouco frenética, antecipando a cadencia sutil – e elaborada ao mesmo tempo – de “Boplicity”, estranhamente creditada à mãe do próprio Miles. O espaçamento melódico de “Rocker” e “Israel” acabaram por influenciar toda a estrutura jazzística posterior, ao passo que a divertida “Rouge” e a romântica “Darn That Dream”, a única faixa com vocais – a cargo de Kenny Hagood – encerravam a pioneira experiência com chave de ouro. A coisa era tão inofensiva que todas as gerações de jazzistas subseqüentes acabaram influenciadas de modo irrefutável.

No final de sua vida, Miles acabou caindo em contradição ao embarcar em uma trip egocêntrica, em que roupas acetinadas eram parceiras de uma postura estranha para os fãs, já que Miles passou a tocar com um pé em pedais wah-wah e as mãos em teclados. Mas foi esse mesmo cara que ampliou as fronteiras do jazz sem perder a qualidade. O cool jazz de Miles foi o momento definitivo de uma gigantesca transformação.

A importância histórica de The Birth of the Cool adquire uma relevância ainda maior por ser um daqueles discos que, se bem entendidos, são capazes de abrir a cabeça – e a mente – de qualquer pessoa.

(Daniel Rodrigue)*

*Estudante de Historia da UEPB, apaixonado por música e quadrinhos (como Robert Crumb) que desde os 15 anos ouve e lê compulsoriamente tudo a respeito.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Abença Mãe: Adeus a Etta James



O mundo perde hoje uma das grandes Divas da música. Etta James, juntamente com Billie Holiday e Nina Sinome, levaram o blues e jazz a patamares divinos. E hoje, 20 de janeiro, Etta se juntará à companhia das últimas duas no além, aos 73 anos.

Etta James gravou dois grandes álbuns clássicos do jazz e do blues, At Last, o maior sucesso dela, de 1960, com músicas inesquecíveis, como “My Dearest Darling”, “Anything To Say You’re Mine”, “Sunday Kind Of Love”, “Trust In Me” e, claro, “At Last”.



Outro disco que cravou mais uma vez Etta James na história, foi Tell Mama, de 1968, que tem a faixa de mesmo nome e a também clássica “I’d Rather Go Blind”.

Após conquistar um sucesso inimaginável, ela sucumbiu ao vício em drogas, que quase acabou com sua carreira. Voltou aos palcos nos anos 80 e passou a ter problemas com o peso, tendo que fazer alguns shows em cadeira de rodas. Nos anos 2000, ela fez uma cirurgia que chegou a perder vários quilos.



Conseguiu conquistar sucesso ainda nos últimos anos de sua carreira, com os álbuns Let’s Roll, de 2003 e Blues to the Bone, de 2004. Sua despedida em forma de música faz pouco tempo, em 2011, com o lançamento de seu último álbum, The Dreamer, já com a saúde bem precária, principalmente decorrente do nível avançado de leucemia e problemas nos rins.

Resta-nos então o legado deixado por essa maravilhosa voz, que certamente permanecerá intocável nas páginas da história.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Abença Pai: Paul McCartney - Kisses on The Bottom



O nome Paul McCartney está marcado na história da música como um dos membros do histórico grupo The Beatles, como todos já sabem. As suas composições e de John Lennon marcaram e continuam a marcar as gerações. Com o fim dos Beatles, em 1970, cada um foi para o seu lado e Paul McCartney acabou por ter a carreira solo mais longa e talvez mais bem sucedida dentre os Beatles, apesar de achar a de John Lennon mais rica, que infelizmente acabou interrompida tragicamente. De qualquer forma, é de sua carreira como artista solo que tem grandes álbuns como Ram, Band on The Run, e, para citar um mais recente, Chaos and Creation in the Backyard, de 2005.



Kisses on The Bottom, seu mais novo trabalho, soa como um disco dos anos cinqüenta e não de um dos maiores compositores de rock todos os tempos. Dá pra ouvir até uns chiados de disco antigo. Mas isso não é um fator negativo. O álbum, como disse o próprio Paul várias vezes, é muito pessoal, uma jornada através das músicas clássicas americanas, principalmente do jazz e alguns blues, que de alguma forma inspiraram Paul como compositor. Algumas delas ele ouvia enquanto criança, com seu pai tocando ao piano. Há apenas duas faixas de composição de Paul. É um álbum ousado e que várias pessoas mais conservadoras não irão curtir por não ser um “rock album”. Paul McCartney esteve pensando em fazer algo assim há mais de vinte anos e acabou por decidir que se não o fizesse agora, não o faria nunca.

O nome (Kisses on The Bottom) criou certa polêmica, por ser traduzido como “beijo no traseiro”, mas quando se vê a letra de “I'm Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter”, se vê que os beijos são no fundo da carta, como beijos de despedida. Ela, inclusive, interpretada por inúmeros nomes da música, dentre eles Frank Sinatra, é a típica faixa de abertura perfeita para um álbum assim. Jazz puro. Já apresenta o ouvinte ao clima suave e confortável que estará presente no decorrer de suas 14 faixas. Não há melhor descrição do que a do próprio Paul “É um álbum que você escuta em casa depois do trabalho, com uma taça de vinho ou uma xícara de chá“.



“Home (When Shadows Fall)” é uma bela balada, bem orquestrada e acompanhada toda no piano, junto com uns solos delicados no violão. O vocal de Paul McCartney está cada vez mais delicado, cada verso mais suave que o outro. Nem todas as músicas, porém, tem a mesma força das outras, até por ser um álbum relativamente com muitas músicas. Mas com certeza cada uma delas tem sua própria história com Paul e é por isso que estão lá, doa a quem doer. Mas todas tem sua parcela de prazer. “Its Only a Paper Moon” é bem mais simpática e alegre que as outras, com solos e assovios divertidos pela durante a faixa.

“The Glory of Love”, uma das mais clássicas do disco, tem sua dignidade preservada nessa versão. Começa só com o baixo, mas aos poucos vai entrando toda a banda. Todos os arranjos muito bem pensados e postos no momento certo. “Ac-Cent-Tchu-Ate the Positive” e “We Three (My Echo, My Shadow and Me)” são dois outros belos momentos de músicas muito bem tocadas e arranjadas.

“My Valentine”, composição do Paul McCartney e com participação de Eric Clapton, é simplesmente linda. A melodia é tocante, e os solos no violão fazem você fechar os olhos e viajar. “My Very Good Friend the Milkman “ também é bem animada e “Get Yourself a Better Fool”, blues com belos solos de guitarra. “The Inch Worm” tem a participação de Diana Krall e “Only Our Hearts” mostra uma parceria de Paul com Stevie Wonder.



Não é um álbum de rock, nem de jazz, nem de blues. É o álbum de um amante da música prestando homenagem aos seus mestres. É um testamento do passado, que, através de seu legado, transborda de cada uma das músicas. Belo e singelo. Boa jogada, Paul.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Duetos I

Quando dois grandes artistas se juntam para fazer uma música ou um álbum juntos, a gente já cria uma expectativa para o resultado. Até mesmo quando apenas um deles é famoso, fica-se na incógnita do que esperar. O fato é que há muitos registros que ficaram marcados na história de cantores e cantoras que se juntam e formam uma peça majestosa. Antes do Rock nascer, isso era mais comum. Um desses trabalhos que marcou época, e até nos dias de hoje, permanece para mim como o melhor dueto homem-mulher da história, é Ella Fitzgerald & Louis Armstrong, que gravam alguns álbuns inteiros juntos. Daí veio essa versão divina da música “Let's Call The Whole Thing Off”.

Outra de Louis Armstrong é “St. Loius Blues”, de W. C. Handy, com a cantora Velma Middletown. O resultado é de tirar qualquer respiração.

A voz rústica de Armstrong forma um paradoxo sublime com as vozes delicadas de Ella e Velma. Talvez seja isso que faça de Louis Armstrong o Rei dos Duetos.

Outro grande cantor que fez um dueto histórico foi nada mais nada menos que Frank Sinatra, que cantou “Something Stupid” com a própria filha, Nancy Sinatra. Marcou várias gerações e continua marcando nos dias de hoje.

Se tem outros duetos homem-mulher marcantes, deixe o nome nos comentários.