2015
levou muita gente, isso é conhecimento de todos já. Seria impossível mencionar
todos aqui sem correr o risco de esquecer-se de um ou outro injustamente. Alguns
são simplesmente inesquecíveis. B. B. King, Lemmy Kilmister e David Bowie estão
entre eles. O Grammy 2016 organizou uma série de tributos para celebrar suas
vidas. A homenagem ao Rei do Blues, B. B. King, coube ao trio Chris Stapleton,
Bonnie Raitt e Gary Clark Jr, que combinaram forças para uma versão do clássico
“The Thrill Is Gone”. A dinâmica entre o trio ficou sensacional, a alternância
de solos e vocais só abrilhantou mais a performance. Já Lemmy foi celebrado
pela super banda Hollywood Vampires, formada por Alice Cooper, Johnny Depp,
Duff McKagan e Joe Perry, que tocaram “As Bad As I Am”, da própria banda, e “Aces
Of Spades”, de Motorhead. E para David Bowie, Lady Gaga realizou uma
performance com um medley de músicas de Bowie muito bem produzida e cheio de
efeitos especiais no palco. Acredito que
haveria inúmeros outros artistas mais gabaritados para a homenagem do que Lady
Gaga, mas como o impacto que David Bowie produziu na música e na arte em geral
não é limitado a estilos, com certeza foi um tributo digno e bastante especial
para a própria Gaga, que visivelmente estava empolgada pela apresentação; foi uma homenagem muito honesta. O
filho de David Bowie, Duncan Jones, parece não ter gostado muito. Confira as
apresentações abaixo. Sobre as premiações, não tem tanto o que comentar a não
ser o bem merecido vencedor de melhor álbum de Blues para Buddy Guy e constar
que Muse ganhar o melhor álbum de rock é uma piada de muito mal gosto.
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
Tributos a B.B. King, Lemmy Kilmister e David Bowie no Grammy Awards 2016
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quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Walter Trout homenagem B.B King com "Say Goodbye To The Blues"
A morte de B.B. King ressoa por
todo o mundo da música, sem dúvida. Homenagens e dedicatórias são frequentes e é bem provável que aconteça
mais e mais. Buddy Guy dedicou uma bela faixa do seu novo álbum para o amigo.
Outra homenagem de arrepiar para o velho Rei do Blues veio de Walter Trout, que
deu um novo significado a uma antiga música sua, “Say Goodbye to The Blues”, do
álbum Prisoner of a Dream, de 1991, cantando em homenagem a B. B. King. Vale a
pena conferir repetidas vezes:
sexta-feira, 31 de julho de 2015
Resenha de Buddy Guy - Born To Play Guitar
Sem
dúvida, o ano de 2015 ficará marcado na história do blues e da música como o
ano em que perdemos B.B. King, aos 89. O luto do blues, no entanto, será
inegavelmente bem mais duradouro. Originalmente um estilo executado pela
comunidade negra norte-americana e direcionado para a própria audiência negra
no início do século XX, foi somente a partir da década de 60, especialmente
impulsionado pela grande evidência dada ao blues pelas bandas britânicas, que o
blues foi apresentado a um público mundial em escala mundial – e até certo
ponto, apresentado para os brancos do próprio Estados Unidos. A partir daí,
apesar de ter sido a base para inúmeros estilos da música popular, o blues foi
perdendo tanto o público consumidor, seduzido pelos estilos mais modernos,
quanto os seus grandes expoentes. Fora
os que já haviam partido até então, os gigantes lendários do blues foram caindo
um a um: Sonny Boy Williamson II (1965), Mississippi John Hurt (1966), Little
Walter (1968, Skip James (1969), T. Bone
Walker (75), Howlin’ Wolf (76), Muddy Waters (83), Lightnin’ Hopkins (82), Son
House (88), Memphis Slim (88), Willie Dixon (92), John Lee Hooker (01), sem
contar, claro, com vários outros. Então, em um cenário em que a renovação de
grandes nomes no mainstream é difícil e com a perda inevitável dos ícones
remanescentes, a morte de B. B. King foi muito sentida e lamentada, tanto pelo
seu valor humano quanto pelo seu valor simbólico.
É
imerso nesse contexto que o mundo do blues e da música em geral recebe com
grande entusiasmo o novo álbum de Buddy Guy, uma das últimas lendas vivas do
blues, que acaba de completar 79 anos. Born To Play Guitar tem um duplo valor,
igualmente importantes. O primeiro é o valor musical de mais um álbum na
carreira desse grande guitarrista, que influenciou a vida de nomes como Jimi
Hendrix, Eric Clapton, Jimmy Page, Rolling Stones, etc e que mais uma vez conta
com várias participações de peso, tais como Billy Gibbons, da banda ZZ Top, Van Morrison, Eric Clapton (olha ele aí), Kim
Wilson, da banda The Fabulous Thunderbird, e Joss Stone. O outro é o valor
simbólico que pode estar contido na mensagem que se diz por essas terras tropicais:
o blues está vivinho da Silva! Buddy Guy canta sobre o blues com a propriedade
conferida de quem viveu para a música e toda a tradição desses nomes que já se
foram está presente e pode ser sentida no disco. Além disso, ainda tem uma
faixa especial para B.B. King, “Flesh & Bone”, cantada com Van Morrison, e
uma emocionante homenagem a Muddy Waters, na música que fecha o álbum, “Come
Back Muddy”. Buddy Guy já falou em entrevistas que o último recado dado por Muddy
Waters, numa conversa pouco antes de falecer, foi um apelo bem claro: “keep the
damn blues alive”. É a isso que Buddy Guy tem se dedicado desde então e Born To
Play Guitar é uma declaração apaixonante de amor a um estilo de música, de
vida, e, claro, ao instrumento a que está mais associado.
A
faixa que abre o álbum dá o tom autobiográfico que reaparece em vários outros
momentos do disco. Começa com Buddy Guy acompanhado somente de sua guitarra,
mas no decorrer da música vão sendo acrescidos o piano e a bateria. A letra
narra sua ascensão, saindo de Louisiana para ser reconhecido no mundo todo por
causa do blues e da sua guitarra. “Wear You Out” já é bem mais agressiva, um
blues-rock com solos mais vibrantes e a voz rasgada do convidado Billy Gibbons.
A parceria funcionou muito bem, Guy com sua voz mais limpa e Gibbons
apresentando o outro lado. “Back Up Mama”
é outra que se destaca, com um estilo próximo ao Delta blues eletrificado de
Chicago e uma letra que mostra a já clássica malícia sexual bastante presente na tradição do blues “i got a back up
mama, if mama number one is not around”. Puro blues. Mais uma vez, Buddy Guy
executa belos solos, que se alterna com solos de pianos. Em“Too Late” outro
instrumento se insere na equação: Kim Wilson agrega sua intensa gaita e, sem
dúvidas, torna o conjunto ainda mais compacto e poderoso, uma locomotiva a
pleno vapor. As músicas do álbum inclusive estão mais concisas e curtas,
diferentes de outros trabalhos de Guy nos quais algumas das faixas ultrapassam
os sete minutos. Em Born To Play Guitar as mais longas ultrapassam pouco os
cinco minutos, mas dá a sensação de que pouco ou quase nada deixou por dizer.
“Whiskey,
Beer & Wine” é mais dançante, um pouco funky, feita pra festejar, como o
próprio nome sugere e relaxar e se ver livre das preocupações, pois, como Guy
diz: “you can fix anything with whiskey, beer and wine”. Quem irá questionar o
velho Guy nessa? Ainda dá tempo para uma
homenagem ao “good ol’ days”. Em “Kiss Me Quick”, Kim Wilson faz novamente um
trabalho vigoroso na gaita. As duas faixas que contam com sua presença são as
menores do disco, mas são talvez as mais intensas. “Crying Out of One Eye”
apresenta um conjunto de metais, que deixa o clima mais soul. A letra é muito
interessante, mostrando a falsidade do sofrimento, enquanto está rindo e saindo
por aí. “when you say goodbve
you were only crying out of one eye”. Ótima imagem. “(Baby) You Got What It Takes” é a vez do dueto de Buddy Guy
e Joss Stone, com sua voz sensual.
Depois da
sequência de participações, uma série de Buddy brilhando sozinho com sua
guitarra. “Turn Me Wild” parece ter um tom biográfico em sua relação com o
blues e a guitarra. “didn’t
learn nothing from a book, no I never took a leason, when it comes to the blues
I do my own kinda of messin’”. Ao invés de um garotinho que sempre andou
na linha, o blues o deixou como um cachorro vira-lata procurando a toca do
coelho. Em “Crazy World” Buddy Guy deixa um pouco de lado os temas mais
tradicionais do blues, geralmente bem mais regional, para refletir a situação meio insana do mundo na
atualidade, como violência, concentração de renda, fome, e outras das mazelas
da sociedade global. É como o blues saísse do sul norte-americano para ver o
seu reflexo também em esfera mundial. “Smarter Than I Was” tem um riff
constante e a voz de Guy um tanto distorcida e gritantes solos de guitarra.
A parte final
é um tributo ao blues, claro, e a dois gigantes do gênero. “Thick Like
Mississippi Mud”, mais um dos grandes destaques álbum, já começa atestando uma
das grandes verdades do blues: “good whiskey and women can drop you to your
kness”. Os momentos mais emocionantes sem dúvidas ficam para as duas últimas
faixas. “Flesh & Bone”, com a participação de Van Morrison, é dedicada a B.
B. King, falecido em maio desse ano. Segundo Guy, a música já havia sido
gravada quando ficou sabendo da morte do amigo. A letra, com a música no clima
religioso, repleta de órgãos e corais, fala exatamente da mortalidade. “This life is more than flesh and bone
/ find out now before you gone / when you go your spirit lives on / this life
is more than flesh and bone”, diz o refrão. Por fim, “Come Back Muddy” é
uma tocante e sincera música saudosa de Muddy Waters, falecido em 1983. A delicada
canção, acompanhada pelo violão e piano, mostra a falta que Waters faz tanto
artisticamente (“come back Muddy, Lord knows you can’t be replaced”) quanto
pessoalmente (“come back Muddy, man I sure miss your face”).
Born To Play
Guitar não pode ser visto como mais um número no catálogo extenso e bem
sucedido de Buddy Guy, vencedor de vários Grammys (provavelmente ganhará mais
um agora). É muito mais do que isso; é maior do que o próprio Buddy Guy ou
qualquer outro; é uma reafirmação não só de um gênero musical, da vida de um
artista ou de um instrumento específico: é a reafirmação da contribuição e
dedicação de todos os que vieram antes e já se foram, dos que ainda estão por
aí e dos que ainda virão. Acima de tudo, é a constatação de que o blues está,
sim, vivo pra caralho, viu Muddy (e todos os outros)? Podem descansar em paz.
sexta-feira, 15 de maio de 2015
B.B. King morre aos 89 anos e faz show secreto hoje repleto de convidados especiais.
Quando você muda o curso de algo significante no mundo, como
você deve estar na hora de partir? Quando você nasce como um "zé
ninguém", invisível socialmente, numa plantação de algodão no extremamente
violento e segregado sul dos Estados Unidos, regido pela lei do Jim Crow,
colhendo algodão dia a dia para sustentar a si e a sua família e morre, 89 anos
depois, como o "Rei do Blues", conhecido mundialmente? Você vai
querer largar o osso? Ninguém vai. Por isso que o rei fazia questão de estar em
cima de um palco enquanto tivesse saúde para isso. Infelizmente, não tem mais.
E a tristeza de hoje é por isso. Não pela limitação da alma humana em toda sua
magnitude. Mas pela limitação física e corporal, que fez deixar esse plano um dos
últimos remanescentes da segunda geração legendária do blues.
B.B. King nos deixa o legado não só de sua música em quase
60 anos de carreira, seu estilo de tocar a sua guitarra Lucille, mas de sua própria
vida. Dono de 16 Grammy’s, mais de 50 discos e clássicos que moldaram o rumo do
blues e do rock, B. B. King parte hoje para ver sua obra sob um novo plano, uma
nova perspectiva. E com certeza, onde quer que esteja, ele está observando sentado em cima de um palco, com vários convidados especiais ao seu lado, Lucille nos braços, e sorrindo. Orgulhoso.
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