Iniciaremos hoje a já tradicional
lista de Melhores Álbuns do Ano. Você verá que, pela primeira vez, o
protagonismo que antes era do rock/indie, representado sempre pelo grande
número de álbuns escolhidos na lista, foi compartilhado esse ano com o blues. Como
sempre, a lista reflete tudo de mais interessante que foi lançado e ouvido no
ano e mesmo que tenha sido um ano corrido, muitas vezes sem dispor de tempo
suficiente para escrever todas as resenhas que gostaria ter escrito, foi o
bastante para fechar a lista de 50 melhores álbuns. Com certeza, desde o início
da lista, em 2011, a lista de 2015 será a mais heterogênea de todas, já que
neste ano eu transitei mais confortavelmente por vários estilos. Não podia
deixar de recordar da morte do Rei do Blues, B. B. King, em 14 de maio, que sem
dúvida marcou profundamente o mundo musical em 2015. Então vamos parar de
enrolação e comecemos logo com a lista.
O Filho do Blues apresenta, por
fim, a vocês, a Lista de Melhores Álbuns de 2015:
40. Neil Young And Promise of the Real - The
Monsanto Years
O ano chegou ao fim com uma boa
notícia para os ativistas do meio ambiente. O acordo fechado na COP21, na
França, na última semana, traz momentos de esperança de que os líderes mundiais
realmente estão vendo a mudança climática como um problema sério. Um dos
ativistas mais ferrenhos e “chatos” nessa luta é o velho-jovem Neil Young, que
decidiu direcionar toda sua “chatice” e raiva para um único inimigo no álbum
The Monsanto Years: o agronegócio, alteração genética, e empresas como
Wal-Mart, Chevron, Citizens United e outras. Juntando-se a uma nova banda, a
Promise of The Real, musicalmente Neil Young viajou tanto pelo rock cru de
Crazy Horse quanto pelo folk melódico solo. Mas o que sobressai mesmo de
Monsanto Years é a mensagem e a relevância dessa mensagem para o mundo. É a
denúncia do sistema corporativo global, que compromete a democracia e os
sistemas políticos em nome dos interesses econômicos e a degradação do meio
ambiente. É Neil Young raivoso e mordaz.
41. Steve Earle – Terraplane
Não dá pra chamar Steve Earle
exatamente de um cantor de blues, mas em Terraplane é basicamente isso que ele
faz, mesclando um pouco ainda com outros gêneros da música americana. Mas
claramente o foco é o blues e Steve Earle, apoiado pela banda The Dukes,
consegue ser bem convincente nessa aventura musical.
42. Jackie Payne - I Saw The Blues
Jackie Payne tem moral suficiente
para dizer “I Saw The Blues”. E esse testemunho, de quem começou a cantar com
treze anos, é o que ele faz no novo álbum, com um blues refinado, cheio de
metais, e de qualidade, cheio de referências clássicas da temática do blues,
comofestas, bebidas, mulheres, etc.
Blues autêntico e de primeira.
43. Tinsley Ellis - Tough Love
Tinsley Ellis é mais um
guitarrista que dialoga com o pop/rock, R&B, soul e o blues, criando um som
profundamente enraizado na música americana. Cada música apresenta uma variação
interessante, dentre de um gênero específico. Um dos destaques sem dúvida é “Midnight
Ride”, um blues no qual Ellis mostra todo seu talento na guitarra.
44. Hans Theessink & Terry Evans - True
& Blue
Essa dupla fez um ótimo trabalho
em True & Blue, nos entregando um blues acústico e do Delta de primeira
qualidade, cheio de covers com versões bem diferentes das originais, como “Glory
Of Love”, “Bourgeois Blues”, “Maybellene”
e composições originais.
45. Sufjan Stevens - Carrie & Lowell
O novo album de Sufjan Stevens,
Carrie & Lowell, é emoção do início ao fim. Trata da relação familiar entre
Stevens e sua mãe, que faleceu em 2012 e com seu padrasto. As músicas, num folk
simples e melódico, conseguem representar um sentimento de amor, perda,
conflito, de uma relação conturbada, mas profunda. Um dos mais belos e genuínos
trabalhos do ano.
46. Shemekia Copeland - Outskirts
Of Love
A filha do guitarrista de blues
Johnny Copeland, Shemekia Copeland vem construindo independentemente uma
carreira sólida e com álbuns interessantes sem precisar se valer do nome que
carrega. Com uma voz poderosa, Shemekia viaja entre o soul, gospel e o blues de
forma natural como poucas. Outskirts of Love é mais um forte
registro dessa ótima cantora.
47. Belle & Sebastian - Girls in Peacetime Want to Dance
A cada novo
lançamento Belle And Sebastian dá mais um passo adiante no eletrônico e dance. Mas,
em Girls In Peacetime Want to Dance, a banda brilha exatamente quando se parece
mais com ela mesma, como na maravilhosa “Nobody’s Empire”.
48. Robben Ford - Into The Sun
Eclético álbum de Robbert Ford,
Into The Sun traz vários convidados especiais que transitam pelo blues, soul,
pop e rock. Um deles é Keb Mo’, que canta com Ford na faixa “Justified”
49. Bernard Allison - In The Mix
O filho de Luther Allison mostra
em alguns momentos de In The Mix que herdou no sangue o talento para a
guitarra. Entre covers, inclusive de seu pai, e originais, os melhores momentos
do álbum é quando ele deixa fluir todo esse talento no blues direto e sem
muitas maquiagens modernas, como “Set Me Free”.
50. The Decemberists - What A Terrible World
What A Beautiful World
Abrindo a lista com The
Decemberists, que, embora um pouco aquém do nível dos trabalhos anteriores,
ainda tem What a Terrible World What a Beautiful World ainda dispõe de alguns
traços épicos clássicos da banda, como em “This is Why We Fight”.
Tanto Pearl Jam quanto Arcade Fire estão no momento em turnê
pela Austrália pelo festival itinerante Big Day Out. A relação entre as bandas
parece ter se estreitado. Recentemente, Win Butler se reuniu com Jeff Ament
para uma partida de basquete. Como Pearl Jam adora levar ao palco artistas
amigos para tocar alguma música juntos, não deu outra. Ontem, em Perth, na
Austrália, Win Butler se juntou à banda para tocar a clássica cover do
conterrâneo canadense Neil Young, “Rocking In The Free World”. Confira:
É isso aí, Neil Young simplesmente não para. Segundo uma
entrevista da lenda canadense para a revista Rolling Stone, no caminho para o estúdio
de gravação Village, onde recebeu um prêmio do Grammy de Produtores e
Engenheiros de som, Neil Young estará lançando seu novo álbum, chamado A Letter
Home, em março. Segundo Neil, o álbum foi feito utilizando-se do mínimo de
tecnologia. Enquanto ainda não sai nenhuma amostra de A Letter Home, deixo
vocês com um pouco (quase meia hora) de Neil Young & Crazy Horse, do
maravilhoso álbum Psychedelic Pill, o último dos dois álbuns que ele lançou com
Crazy Horse em 2012. “Drifting Back”, que fala exatamente na experiência de
ouvir música no meio tecnológico de hoje:
Com certeza não seria apenas o Filho do Blues a prestar homenagens a uma lenda como Lou Reed. As inúmeras bandas que estão em turnê pelo mundo não poderiam deixar de reagir a uma perda desse tamanho e, naturalmente, vão tocando uma ou outra canção de Lou Reed nos seus shows. É o caso de Arctic Monkeys, que tocou uma das músicas mais famosas de Lou, “Walk On The Wild Side” no seu show em Liverpool, no dia 28, um dia após a morte de Lou Reed.
Pearl Jam foi outra banda que prestou homenagens a Lou Reed tocando uma cover de Velvet Underground, “I’m Waiting For The Man”, no show em Baltimore, no domingo.
No festival anual do Bridge School Benefit, que ocorreu no último fim de semana, My Morning Jacket recebeu o acompanhamento de Neil Young, Elvis Costello, Jenny Lewis, dentre outros, para tocar “Oh! Sweet Nuthin’”
.
Outra banda que pagou tributo a Lou Reed foi Arcade Fire, que fez ontem uma sessão ao vivo para NPR, no Capitol Studios, em Los Angeles, e tocou trechos de duas músicas de Lou Reed do álbum Transformer, “Perfect Day”, que utilizou como introdução para “Supersymetry”, música do novo disco deles, e “Satellite Of Love”, que, por sua vez, concluiu a música. ("Perfect Day" em torno de 17 minutos e "Satellite of Love" mais ou menos no minuto 22).
Também vale a pena conferir algumas versões das músicas de Lou Reed por outros companheiros. Quem conhecer alguma versão especial de alguma das músicas de Lou Reed, pode se sentir a vontade de postar nos comentários.
No geral, I Bet On Sky é a prova de que uma banda “velha” e “ultrapassada” ainda pode produzir ótimos discos. Os solos de guitarra, como era de se esperar, são um espetáculo à parte, sensacionais. Não é o melhor da carreira deles, mas longe de ser ruim ou irrelevante, muito pelo contrário, I Bet On Sky surge no melhor momento, pois já estava com saudade de ouvir tanta coisa boa assim. Pode mandar mais, pessoal!
Maraqopa é uma coleção forte de músicas bem variadas que, devido às suas formas, detalhes, arranjos, trazem em cada faixa um banho especial e gostoso em forma de música. Ele tem um equilíbrio difícil de encontrar, todas as músicas são acima da média e tem seu quinhão de brilhar os olhos. Maraqopa é o álbum onde Jurado conseguiu juntar suas melhores características, transformando-se no seu melhor trabalho até hoje. E tendo sido lançado no ano em que marca 15 anos do lançamento do seu primeiro disco, Waters Ave S., é um alívio ver Jurado com tanto vigor e criatividade renovada como ele se apresenta aqui.
Psychedelic Pill é, literalmente, uma viagem e vai de encontro ao conceito de se escutar música no século XXI, no qual as pessoas sempre sem tempo e com muita pressa, preferem várias músicas curtas para acompanhá-las no caminho entre uma coisa e outra. É um álbum perfeito para se ouvir na estrada, no banco do passageiro, devaneando com o olhar através janela, pelas planícies, serras e plantações, enquanto o cavalo louco pisa no acelerador e deixa-se levar. Ou, como o próprio Uncle Neil respondeu hoje mais cedo para um fã que perguntou o que esperar do primeiro show de Neil & Crazy Horse: “bring oats and smell the horse”. Ou seja, traga aveia e cheire o cavalo.
Ao mesmo tempo em que se conhece o trabalho de Jack de muito tempo, a primeira audição de Blunderbuss é tomada por uma sensação nova e inesperada. A voz é a mesma, o jeito de cantar é o mesmo. Ainda assim, parece que Jack está totalmente revigorado, renovado e à vontade com essa liberdade criativa, finalmente! Os arranjos, as variações musicais, os diversos estilos presentes no álbum, que vão desde o clássico Stripes, até rock dos anos 50 e folk, são coisas que seria impossível alcançar com o White Stripes. Blunderbuss é o resultado de um grande compositor inspirado e motivado com sua música. Melhor material que Jack lançou desde o clássico Elephant, dos Stripes, em 2003. Um álbum para ficar ouvindo repetidamente.
Depois de muita espera, finalmente saiu Sweet Heart Sweet Light, sétimo álbum da banda Spiritualized. E, acredite, o resultado é incrível. Mas, como diria nosso amigo Jack, vamos por parte. No catálogo, através de mais de vinte anos de banda, Spiritualized conta com dois clássicos que se poderia dizer que marcou uma década. Nos anos 90, mais precisamente em 1997, Spiritualized surpreendeu o mundo e até hoje surpreende (eis os clássicos) quem se depara com o disco Ladies And Gentleman We Are Floating In Space. O som espacial, experimental, psicodélico, barulhento e melódico que a banda criou nesse álbum, enfim, toda a atmosfera ainda faz deste disco o mais forte e marcante da carreira da banda (vide a faixa título e “Broken Heart”). Depois, já passado alguns, em 2001, foi a vez de Let it Come Down, acrescentar mais texturas e belíssimas faixas à bagagem, porém, num tom menos experimental. Eis que, na nova década, Spiritualized apresenta o álbum que daqui a alguns anos tem tudo para ser chamado de o clássico da banda na década.
É difícil separa a concepção de Sweet Heart Sweet Light do trabalha antecessor, o Songs In A&E. Para isso temos que abrir um longo parêntese sobre o drama de saúde vivido pelo seu líder Jason Pierce. Nos cinco anos que passaram entre Amazing Grace, de 2003, e Songs In A&E, Pierce foi diagnosticado com dupla pneumonia, chegou a ficar em coma e preso à máquinas para mantê-lo vivo (por isso o genial, emocionante e simples arranjo de um balão de ar na faixa “Death Take Your Fiddle”). Enfim, Jason Pierce acabou se recuperando e ele lançou lindo e emocionante Songs In A&E, apresentando um som que, aos parâmetros do Spiritualized, poderiam ser considerados simples e pop, mas igualmente belo. Mas quis o destino que logo antes de começar o próximo álbum, Pierce adoecesse novamente, desta vez no fígado. Ele acabou aceitando um tratamento experimental à base de novas drogas e praticamente todo Sweet Heart Sweet Light foi feito sob os efeitos dessas drogas.
Inclusive esse drama está traduzido, além dos contextos das faixas, na própria capa estranhíssima do disco, simplesmente escrito: Huh? Em uma entrevista à Pitchfork, Pierce contou sobre a escolha e ainda falou um pouco mais sobre gravar o álbum nessas condições. Ele começa dizendo que o próprio disco seria chamado Huh?, mas pensou melhor e não conseguiu imaginar as pessoas dizendo “você pegou o novo disco, Huh?” e a resposta “Huh?”. Então ele se inspirou no White Album, dos Beatles, onde tinha a capa toda branca e só o nome The Beatles, que acabou sendo o nome pelo qual os fãs se referiram a ele. Sobre o porque de chamá-lo de Huh?, Pierce diz que é porque na ocasião ele não sabia realmente o que estava fazendo, gravando um disco com todas aquelas drogas, pílulas e injeções. E é mais ou menos o que causou no cérebro dele: Huh?
Enfim, vamos ao que interessa. Abre logo com o single principal “Hey Jane”, uma odisséia incrível com quase nove minutos de duração, cheia de tensões, que vai aumentando a cada estrofe. No meio, depois de muito noise, tem uma parada estratégica, para depois voltar com tudo para o fim estelar. O vídeo é o grande exemplo disso, uma combinação perfeita entre música e ação. Quanto à letra, soa um Pierce novo e cheio de vontade, “show them what you can do”. Em alguns momentos as letras parecem simples e bestas, como “My mother said when she got so concerned / don’t play with fire and you’ll never get burned”, em “Too Late” ou "Jesus won't you be my radio", mas que funcionando em todo o contexto, é só fechar os olhos e viajar.
“Little Girl” é como se os pesadelos voltassem e começa já estraçalhando tudo o que tem por dentro “sometimes i wish i was dead, cause only a living can feel the pain “. Essa dualidade está presente em todo o álbum, em vários momentos brilhando um amor renovado à vida, e em outros a sombria presença da morte e da dor, a qualquer momento. Musicalmente, a estrutura é bem definida, refrão repetitivo e pop. Jason Pierce chegou a dizer que em Sweet Heart Sweet Light ele não estaria preocupado em fazer música experimental, ele somente juntou todas suas influências musicais em uma única coisa, e que seria provavelmente o mais pop trabalho de Spiritualized. Bem, apesar de ter algumas assim, das dez faixas, 5 ultrapassam os seis minutos em viagens épicas e quase sobrenaturais.
“Get What You Deserve” é uma experiência de sons, praticamente sem bateria, só com teclados, guitarras, instrumentos de sopros e violinos, tudo numa mistura só, que só Spiritualized pode condensar. “Too Late” é a balada, com um belo e melódico refrão. “Headin’ For The Top Now” é outro dos vários pontos altos do álbum, em mais uma viagem sonora de oito minutos, cheia de efeitos de guitarra ensurdecedores que quase encobrem a voz de Pierce. Por isso que a mixagem demorou tanto tempo. “I Am What I Wam” tem uma batida meio blues-gospel cheio de noise, especialmente pelo acompanhamento do backing vocal feminino. Mais um ponto alto, seguido por outro. “Mary” é belíssima, com a voz de Pierce soando doída, cansada e entregue.
As duas últimas faixas do álbum evocam várias vezes o nome de Jesus, em súplicas, orações e medos. Normal para quem esteve tão perto da morte. Especialmente a faixa final, “So Long You Pretty Things”, que começa com uma súplica “help me, Lord, help me, Jesus” enquanto tudo vai ficar grandioso e Pierce se despede: “so long you pretty things, God save your little souls”. Divino.
Pronto, parei. Sweet Heart Sweet Light é por fim um álbum que todo fã de Spiritualized esperava: grandioso, genial e equilibrado. Ainda bem que Pierce está finalmente curado e pronto para nos entregar essa pérola. Continue assim e que o próximo não demore tanto. Agora, licença, que eu vou escutá-lo de novo. Até mais.
Um dos primeiros álbuns a se destacar no ano, o som de Cloud Nothings faz lembrar uma possível nova banda de um discípulo de Kurt Cobain. Attack On Memory pode ser ao mesmo tempo o terceiro ou o primeiro álbum de Cloud Nothings, você escolhe. Nos dois primeiros, era somente Dylan Baldi gravando umas músicas, colocando idéias aqui e ali. Dessa vez ele está com uma banda completa e melhor do que nunca. Attack On Memory é focado, é forte, é verdadeiro.
Lá em 2010, Disappears apareceram fazendo um som cru de garagem, com guitarras altíssimas e sujas, além do noise que remete a um Sonic Youth não-progressivo. Em 2012, eles vão aos poucos garimpando um lugar cada vez mais relevante na cena alternativa. Diante de tanta coisa refinada – e algumas vezes interessante – é sempre bom voltar ao cru e limpar, ou sujar, os ouvidos.
The Moon 1111 é um álbum ambicioso de Otto, quase conceitual. Em alguns momentos chega a ser um pouco difícil para o ouvinte e, muitas vezes, é dispensável o entendimento literal das músicas. Em The Moon 1111 tudo é mais para o sonoro, para as sensações e ao imaginário, à liberdade da mente para levá-lo aonde quiser, pelo caminho que quiser e pelo modo que quiser.
Primeiro álbum de Neil Young de 2012, Americana foi a regravação de uma seleção de canções tradicionais do consciente coletivo americano a falta de critérios claros para as escolhas, exceto simplesmente “estas são as que Neil Young ficou com vontade de tocar”, deu um toque meio inconstante no álbum, algumas não são tão boas quanto outras. Mas mesmo assim em Americana há algumas interpretações que vale muito a pena.
Put Your Back N 2 It é no geral um álbum muito bom e, mais importante ainda, relevante, com músicas curtas e com altas cargas emocionais, que em alguns momentos até nos fazem refletir um pouco na forma do mundo e em seus valores de decência.
O dia oficial para o lançamento de Psychedelic Pill é somente 30 de outubro, mas Uncle Neil, que está cada vez mais se engajando nesse meio virtual, resolveu fazer hoje um stream completo do álbum duplo, além de um bate papo no qual ele respondia as perguntas que os fãs lhe enviavam pelo Twitter (@neilyoung), usando a hashtag #askneil. Psychedelic Pill é o segundo álbum que Neil Young lança este ano, juntamente com Crazy Horse e o primeiro com material original em quase dez anos. De acordo com as prévias que Neil disponibilizou nas últimas semanas, além de vídeos da turnê que ele está fazendo pela América do Norte, já poderíamos tirar algumas conclusões interessantes sobre o trabalho: a lenda está com muita vontade de tocar com seus companheiros de Crazy Horse e acredito que é isso que se resume Psychedelic Pill. O álbum está sendo lançado por mera convenção que se tem de colocar à venda no mercado de música e entretenimento, mas, com certeza, Neil e seus comparsas já estariam muito satisfeitos em tocar essas músicas no porão para eles mesmos. Mas, graças aos deuses do Rock – Neil Young, por sinal, é um deles – o álbum está lançado e nós podemos ouvi-lo quase sentido na nossa própria pele esse prazer que eles sentiram ao tocá-las.
De acordo com algumas músicas que já haviam sido conhecidas, como as épicas “Walk Like Giant” e “Ramada Inn”, ambas com dezesseis minutos de pura improvisação de solos de guitarra, uma das impressões mais firmes era de que dessa vez Neil Young não estava com pressa alguma. Certamente, a intenção dele é aproveitar para tirar o máximo da sua guitarra enquanto pode, fazê-la chorar, gritar, sangrar e tudo o mais o que quiser, leve quanto tempo levar. Mas, no mesmo instante em que se aperta play em Psychedelic Pill e a faixa de abertura “Driftin’ Back” começa a tocar, e nós vemos a sua duração, é que podemos colocar nossa mão no fogo sem dúvidas: Neil realmente não está com pressa. Isso porque ele nos leva em uma jornada que é surpreendente até mesmo para os seus parâmetros mais longos, nada menos do que vinte e sete minutos e trinta e sete segundos. É o tamanho de um álbum completo de muita banda por aí. E nesse intervalo, Neil começa com seu violão, calmamente, para depois plugar sua guitarra e então é exatamente aí que a viagem começa e não parece terminar nunca. Afinal, a sensação de “Driftin’ Back” é a presente em praticamente todo o disco, muita improvisação, muita diversão, intensidade, e a construção de um universo paralelo no qual tempo em si mesmo não significa nada. Na faixa seguinte, que dá título ao trabalho “Psychedelic Pill”, tem uma pegada bem forte, com um peso muito grande na guitarra e batidas firmes na bateria, além da voz cheia de efeitos de Neil, desenhando um tom psicodélico. Acho que uma das sacadas aqui de Neil Young foi fazer com que uma música com parâmetros normais de duração, no caso de “Psychedelic Pill”, dentre outras, com três minutos e pouco, pareça pequena demais em relação às demais, pois elas acabam em um piscar de olhos.
É nesse sentido que os dezesseis minutos de “Ramada Inn” são muito bem vindos e parecem ser o ideal. Nesse período, Neil fica à vontade de enveredar para onde quiser nos seus solos, além de contar a história e o quanto dela ele que quiser. Nesse caso, ele narra de um casal numa relação marcada pela luta entre a permanência do amor e problemas com a bebida. O primeiro disco finaliza com a autobiográfica “Born In Ontario”, que mostra um pouco da sua relação com sua cidade natal e as condições nas quais ele a deixou.
O segundo disco começa com “Twisted Road”, cheia de nostalgia, na qual ele presta homenagem às músicas que costumava ouvir antigamente, quando ele diz que “antigamente, a música acalmava minha alma, se eu chegar em casa, deixarei os bons tempos rolarem”. Solos épicos de guitarra continuam em “She’s Always Dancing”. Já na belíssima “For The Love of Man”, Neil escolhe uma abordagem calma e pacífica, contrastando com a violência desenfreada dos solos das músicas anteriores. Mas esse momento contemplativo de paz interior é temporário, já que dá lugar à gigante “Walk Like Giant” e seus sensacionais solos gigantescos, perdão pela repetição do adjetivo, mas é o que pareceu mais exato para a ocasião. Psychedelic Pill finaliza com uma versão alternativa para a faixa do mesmo título com poucas mudanças dignas de nota.
Psychedelic Pill é, literalmente, uma viagem e vai de encontro ao conceito de se escutar música no século XXI, no qual as pessoas sempre sem tempo e com muita pressa, preferem várias músicas curtas para acompanhá-las no caminho entre uma coisa e outra. É um álbum perfeito para se ouvir na estrada, no banco do passageiro, devaneando com o olhar através janela, pelas planícies, serras e plantações, enquanto o cavalo louco pisa no acelerador e deixa-se levar. Ou, como o próprio Uncle Neil respondeu hoje mais cedo para um fã que perguntou o que esperar do primeiro show de Neil & Crazy Horse: “bring oats and smell the horse”. Ou seja, traga aveia e cheire o cavalo.
Neil Young continua o trabalho promocional para o lançamento do seu novo disco com Crazy Horse, o duplo Psychedelic Pill – seu segundo álbum no ano – que irá para as lojas no dia 30 de outubro. A faixa escolhida desta vez foi “Twisted Road”, que tem sido tocada por Neil nos shows da turnê que ele está fazendo pela América do Norte, inclusive, tendo-a tocado na apresentação do Global Citizen Festival, no final do mês passado. Seguindo a linha dos dois vídeos anteriores, “Walk Like Giant” e “Rannada Inn”, o clipe mostra gravações antigas de um ônibus rodando pelas estradas do interior, além de Neil prestar homenagens a Bob Dylan, Grateful Dead e Roy Orbinson e enquanto canta nostalgicamente “That old time music used to soothe my soul, If I ever get home, I'm gonna let the good times roll". Nostalgia inclusive, parece que será um tema recorrente em Psychedelic Pill, levando em consideração “Born In Otario”, música autobiográfica e que também foi tocada no Global Citizen Festival. Confira o vídeo e fiquemos no aguardo para qual será o próximo vídeo divulgado do trabalho:
Se você está a procura de excentricidade e música boa, Neil Young é provavelmente o melhor nome que você irá achar nos últimos meses. Não basta o lançamento do seu segundo álbum no ano – o duplo Psychedelic Pill – sucessor de Americana, Neil ainda está investindo muito em na conjunção de mídias para divulgar seus trabalhos recentes, já que o citado Americana acompanha um vídeo para cada faixa. Neil Young pretende usar a mesma estratégia com Psychedelic Pill, no entanto, o primeiro vídeo divulgado, da épica jornada de 16 minutos “Walk Like Giant”, foi cortado para uma versão mais acessível, em meros quatro minutos. De qualquer forma, Uncle Neil resolveu mudar no segundo vídeo disponível para o álbum, “Ramada Inn”, contando na íntegra com seus dezessete minutos, que conta novamente com muita guitarra, imagens psicodélicas e gravações antigas.
Mais uma vez quanto ao Global Citizen Festival, que foi realizado no dia 29 de setembro e teve a participação de nomes de peso do mundo do rock, como o próprio Neil Young encabeçando a lista, Foo Fighters, The Black Keys e Band Of Horses, foi informado que com toda a rede criada no festival, foi possível a arrecadação de mais de $ 1.3 bilhões a fim de dar um fim à extrema pobreza. Enfim, além de um baita evento de entretenimento, ajudou ainda para dar esperança com certeza a milhares de famílias ao redor do mundo.
Confira agora na íntegra a viagem para “Ramada Inn”:
Se você perdeu por algum motivo a transmissão ao vivo do Global Festival, que foi ao ar no último sábado, dia 29/09/2012, e contou com shows de Band of Horses, Foo Fighters, The Black Keys e o gigante Neil Young, junto com Crazy Horse, fechando a noite, não há mais motivo para se preocupar.
Abaixo segue o vídeo do melhor show da noite, Neil Young, como já era de se esperar. Claro, não é subestimando nenhuma das outras bandas, principalmente Foo Fighters e The Black Keys, que estão em momentos soberbos de suas respectivas carreiras, fazendo shows cada vez para um público maior e mais enérgico. Mas não se trata só disso. É só Neil Young entrar no palco que você já sente uma atmosfera diferente, algo que ultrapassa o sucesso, discos vendidos ou aprovação do público em geral. É a própria história que está em pé ali com uma guitarra pendurada no pescoço. É uma lenda viva. Do primeiro minuto ao último, Neil prova que ele não vive somente pela reputação, entregando um show empolgante, mesmo sem tantos clássicos quanto poderia ter. Isso porque o setlist com oito músicas, contém apenas duas músicas antes de 1979.
O show começa com tudo, numa versão épica de quase quinze minutos de “Love and Only Love”, com Neil e Poncho claramente se divertindo bastante, tocando um olhando para o outro. Seguiu, para delírio geral, com a clássica “Powderfinger”. Antes de começar “Born In Ontario”, faixa que estará presente no próximo disco de Neil Young & Crazy Horse, Neil conta que ela é autobiográfica, e relembra a primeira vez que foi à Nova Iorque para uma audição. “É um ótimo lugar, muito embora eu não tenha sido aprovado”, concluiu ele. Logo depois a banda começa outra nova música, desta vez numa versão completíssima da faixa que tem tudo para ser o carro chefe de Psychedelic Pill, “Walk Like Giant”. Então começa a parte acústica do show, com a clássica “The Needle and The Damage Done” e a mais uma nova “Twisted Road”.
Tem que ser um parágrafo à parte para o final, porque foi um show à parte, com “Fuckin’ Up” e uma versão de dez minutos da majestosa “Keep On Rockin’ In The Free World”, contando com a ajuda de membros de grande parte das bandas participantes do Global Festival, como Dave Grohl, do Foo Fighters e Dan Auerbach, do The Black Keys, entre muitos outros. Confira abaixo o show na íntegra:
Procurando um bom programa na televisão para apimentar o sábado a noite? Bem, você encontrou. Isso porque o canal Multishow, da Globosat, irá transmitir ao vivo, tanto na TV quanto na web, o Global Festival, que acontece em Nova Iorque.
O Global Festival acontece na mesma semana de um importante evento, a Assembléia Geral da ONU, que também ocorrerá em Nova Iorque. O festival é organizado pela ONG Global Poverty Project, que luta contra a desigualdade social e tem vários programas voltados para os jovens.
Mas o melhor mesmo são as atrações, dentre as quais pequenos nomes como, Foo Fighters, Band of Horses, Black Keys e Neil Young & Crazy Horse.
Segue abaixo a programação para você já ir comprando a cerveja e reservar o lugar no sofá:
18h Abertura
18h03 K’Naan
18h25 Band of Horses
18h55 Black Keys
20h Foo Fighters
21h05 Neil Young & Crazy Horse
21h55 Encerramento
Se você ainda não sabe, Neil Young está se preparando para lançar seu segundo álbum em 2012. O disco duplo Psychedelic Pill, que será lançado no dia 30 de outubro, vai pro mercado apenas três meses após Americana, trabalho de canções tradicionais do folk americano. E o Uncle Neil acabou de liberar um vídeo para a primeira música nova vinda de Psychedelic Pill, “Walk Like a Giant”. O clipe é, na verdade, apenas um compacto da versão presente no disco, com seus longos 16 minutos e a primeira impressão é a melhor possível, pois ela deixa realmente aquela vontade de continuar ouvindo por um bom tempo ainda, enquanto Neil vai batendo de forma descoordenada na guitarra, fazendo-a gritar, chorar, urrar. O vídeo em si, é cheio de imagens psicodélicas, às vezes parecendo aquela do Windows Media Player, misturando com cinzentas imagens de trens, paisagens, além de gigantes históricos, como o pezão, Albert Einstein e a bomba atômica.
Mais uma notícia interessante do Uncle Neil, é que ele é o mais novo integrante do Twitter e irá participar de uma série chamada #LegendsOnTwitter, onde ele irá responder às perguntas dos fãs através da rede social. Bem, esse está, de fato, sendo um ano bastante ocupado para o nosso tiozão musical preferido. Segue abaixo o vídeo:
É um costume comum os artistas que recém lançaram algum material inédito, passem alguns anos sem produzir nada novo, correto? Não para o tio Neil. Qual não foi a minha agradabilíssima surpresa ao me deparar hoje, na página oficial do seu facebook, que o dinossauro do rock, Neil Young, irá lançar mais um novo material de inéditas com a clássica banda Crazy Horse, apenas quatro meses após Americana, uma coletânea com versões de músicas tradicionais do folk Americano, lançado em junho. Americana marcou o retorno da colaboração entre Neil e Crazy Horse após 16 anos. Parece que gostaram mesmo da reunião. O trabalho será chamado Psychedelic Pill, álbum duplo e que está com data de lançamento de 30 de outubro. Também será lançado em vinil triplo, juntamente com um vídeo para cada música, assim como ele fez em Americana. O guitarrista do Crazy Horse, Frank Sampedro antecipou um pouco o que esperar da faixa “Walk Like a Giant”, de fato um gigante de vinte minutos de duração, com longos e épicos feedbacks. Neil e os cavalos loucos também tocaram seis músicas do novo disco em alguns shows durante esse mês e Sampedro disse que era a banda tocando, improvisando e se divertindo. E isso parece o bastante para mim, Neil. Manda ver!
Confira abaixo o tracklist completo de Psychedelic Pill, que foi gravado pouco depois de Americana e os deixarei com uma faixa presente nele, “Oh Susannah”.
CD Tracklist:
Disco 1
1. Driftin Back
2. Psychedelic Pill
3. Ramada Inn
4. Born In Ontario
Disco 2
1. Twisted Road
2. She's Always Dancing
3. For The Love Of Man
4. Walk Like A Giant
5. Psychedelic Pill (Bonus Track Alternate Mix)
Neil Young é um dos artistas vivos mais respeitados da música e essa admiração vem não somente da carreira repleta de álbuns clássicos e hits, mas também como ele sempre geriu a própria carreira, sempre optando pelo caminho que quisesse, fazendo o som que queria no momento, não importando a pressão de gravadoras, críticos ou até mesmo fãs atrás de um novo “clássico”. É para reafirmar ainda mais essa máxima que Neil Young se reúne com a banda de apoio mais relevante, Crazy Horse, após 16 anos, para o lançamento do álbum Americana, onde Neil e seus companheiros rearranjam músicas tradicionais e folclóricas da cultura norte-americana. Por isso, várias das canções presentes no tracklist não são cantadas há décadas e sua relevância na cultura pop contemporânea é praticamente nula, mas não se pode falar o mesmo de Americana, que certamente não figurará entre os álbuns mais marcantes do dinossauro canadense, afinal, é sempre muito bom sentir novamente a sinergia entre Neil e a Crazy Horse, evidenciada em algumas grandes canções aqui. A grande maioria das músicas em Americana passa da faixa dos cinco minutos, ou seja, muitos solos e jams de guitarra a nossa espera.
É o que mostra logo a ótima faixa inicial, “Oh Susannah”, escrita originalmente em 1847, uma das melhores, com um ritmo dançante (cheio de oh susannah’s) e guitarras cruas típicas de Neil Young. O disco segue no ritmo com a também muito boa “Clementine”, que, segundo o próprio Neil, “Esta canção conta a história tanto do luto de um amante, que chora a perda de seu amor, quanto de um pai que sente a falta de uma filha desaparecida. Em ambos os casos, uma mulher se afoga em um acidente de carro. A música é famosa hoje como uma canção infantil americana. O verso sobre a irmã de Clementine foi omitido da maioria das versões para crianças. Este verso tem significados diferentes dependendo do ponto de vista do cantor, se ele se refere ao amante ou ao pai”.
A morte, inclusive, é um tema recorrente em Americana, seja por fatos trágicos ou homicídio. É o caso de “Tom Dooley” e seus oito minutos, que conta o assassinato de uma mulher chamada Laura Foster, esfaqueada em Carolina do Norte em 1866. Seu amante, o ex-soldado confederado Tom Dooley, foi considerado culpado e enforcado em 1868, supostamente inocente. Já a dançante “Gallows Pole”, de origem provavelmente finlandesa, trata de uma mulher condenada à morte dizendo à seu carrasco para aguardar, pois alguém está resgatá-la com dinheiro ou informações sobre sua inocência. “Get A Job” é talvez a mais fraca do álbum e fala sobre um homem incapaz de conseguir trabalho.
Assim como a primeira parte de Americana tem algumas ótimas canções, a segunda parte também nos reserva momentos muito agradáveis. “Travel On”, é uma das mais clássicas dentre o tracklist e também das mais recentes, no caso da versão utilizada, data de 1958. Bons trabalhos de guitarra do Uncle Neil nessa. “She’ll Be Comin ‘Round The Mountain”, que tem a data de origem mais antiga, é um dos pontos altos do disco, motivado muito por todo a ampla simbologia da letra. Segundo comentários do próprio Neil: “Escrita em 1800, com base em um velho ritual Negro, esta canção refere-se à segunda vinda de Jesus, e “ela” é a carruagem que o transporta. Alguns interpretam isso como o fim do mundo. Outros afirmam que “ela” refere-se ao organizador matrimonial Mary Harris “Mother” Jones, que vai promover a formação de sindicatos de trabalhadores nos campos de mineração de carvão dos Apalaches”.
A seqüência final segue com versões para “This Land is Your Land”, composta por um dos pais do folk, Woodie Guthrie, em 1940, “Wayfarin' Stranger”, única inteiramente acústica, mais uma canção clássica folk interpretada por inúmeros nomes, tais como Johnny Cash e, mais recentemente, Jack White, fechando com uma interessante versão para o hino britânico “God Save The Queen”.
A falta de critérios claros para as escolhas, exceto simplesmente “estas são as que Neil Young ficou com vontade de tocar”, deu um toque meio inconstante no álbum, algumas não são tão boas quanto outras. Mas mesmo assim em Americana há algumas interpretações que vale muito a pena.
O dinossauro do rock Neil Young está se juntando novamente com a banda de apoio mais clássica de sua extensa carreira, Crazy Horse. A última reunião havia sido em 1996, com o álbum Broken Arrow. Dessa vez, o resultado dessa união é o álbum Americana, que conta com clássicos do folk americano, que será lançado no dia 4 de junho. Talvez a estranheza ao ouvir a música divulgada do álbum, o hino nacional da Inglaterra “God Save The Queen” (não aquela do Sex Pistols). Neil respondeu sobre o porque da escolha do hino inglês, já que o disco é intitulado Americana. “Composta no século XVIII, com possíveis raízes melódicas no século XVII, este hino foi cantado por toda Commonwealth Britânica e pode ter sido cantada na América do Norte antes da Revolução Americana e na Declaração de Independência em 1776, que rejeitou a soberania britânica.
Fora a história, musicalmente ficou muito empolgante, bem a cara dos trabalhos de Neil Young com Crazy Horse. Nem estava tão ansioso por este álbum... até ouvir esta primeira amostra. Confira!
Quando voltei dos shows de Pearl Jam fiquei com vontade de fazer uma compilação com os melhores vídeos do youtube e fazer meu próprio DVD. Claro, esbarrei nas minhas limitações tecnológicas e preguiçosas, mas sempre imaginei que iria ficar perfeito. Até que um cara com iniciativa pegou nada menos que “Rockin’ In The Free World” e fez uma compilação das melhores partes dos vídeos da música. Não foi do show de São Paulo, melhor ainda, foi de Toronto, na turnê canadense do PJ20, onde Neil Young se juntou a Pearl Jam e tocaram simplesmente a melhor versão de “Rockin’ In The Free World” de todos os tempos.
Primeiro pela qualidade do vídeo. Com certeza foi um trabalhão para editar tudo sincronizado com o áudio do bootleg oficial, mas ficou tudo certinho. E depois é a a exibição em si, de tirar o fôlego de qualquer um, menos dos quarentões do Pearl Jam e do “Uncle” Neil, que tocaram por doze minutos com uma intensidade impressionante, isso porque era a última música do show. Começa como uma performance normal da música relativamente comum em shows de Pearl Jam, até que Neil Young entra no palco e o público vai ao delírio. A edição pegou bem esse momento. Eles ficam tocando por lá, Mike fica por uns momentos sem guitarra, perambulando pelo palco, até darem outra pra ele. A partir daí é histórico. A jam no final da música se estende cada vez mais e com o pai de direito da música, Neil Young, o resultado não poderia ser diferente. Mas não adianta falar. Aperta play ai embaixo e veja você mesmo.
Além da participação no set de Eddie Vedder, cantando “Sleepless Nights”, quem também tocou no Bridge School Benefit Concert 2011 na noite, na verdade tarde, de sábado foi Beck, que fez sua terceira aparição no festival. E o melhor de tudo: sua apresentação foi totalmente baseada no seu melhor álbum da carreira, a obra prima do folk melancólico Sea Change, cuja beleza chega a doer. Aproveitando a ocasião de o show ser acústico, assim como o álbum, Beck aproveitou para tocá-lo mais confortavelmente. Era ainda claro quando Beck começou a tocar bela “The Golden Age”. É uma pena não ver os assentos totalmente tomados pelo público, ainda chegando timidamente no Shoreline Amphitheatre, em Montain View, California, onde todos os anos acontece o Bridge School. Como grande parte dos shows estão interligados a Neil Young, após “Dead Melodies”, Beck começa a tocar “Pocahontas”, do Neil. Enquanto estava no solo, Neil Young simplesmente entra no palco e começa a cantar a segunda parte com Beck, não segurando a expressão de surpresa e prazer “what a nice surprise”, ele diz ao final. Engraçado ver os filhos de Beck no palco, sorrindo e acenando, enquanto Beck começa a melancólica “Guess I’m Doing Fine”, antes de começar numa sequência irretocável com “Already Dead” e “Lost Cause”, ele explica que estão tocando muitas músicas de Sea Change, lançado há quase dez anos e que foi gravado com a banda que ele está tocando e que é um momento especial, tocar estas canções que há quase dez anos não eram tocadas. Depois de “Jack Ass” Beck finaliza a apresentação com “Sunday Sun”. Das oito músicas do setlist, cinco foram de Sea Change e uma de Neil Young, já é o bastante para ser um belo show.
Subiu ao palco também nesta mesma noite, 22 de outubro, os também canadenses do Arcade Fire, para a sua estréia no Bridge School Benefit e começou com a incrível “The Suburbs”, que logo após esta, Win Butler paga o tributo a Neil Young e diz que eles não estariam ali se não fosse por ele. Depois segue com uma versão muito melhor do que a gravada no estúdio de “Empty Room”, absolutamente perfeita. Retirou a pressa e a pegada da original transformando-a numa tocante balada com uma pegada blues. Depois de grandes performances de “Month of May” colada com “Rebellion (Lies)”, começa outra sequência de pontos altos. Após “Rebellion (Lies)”, Butler pede desculpas se estiverem tocando muito alto, não são muito acostumados a tocar no formato acústico. E com uma leve indireta ao governo, ele manda uma versão arrasadora de “Invervention”, provavelmente pensada para este formato. É impossível não ter sempre a impressão de que Arcade Fire melhora a cada apresentação, sempre acrescenta um detalhe aqui e ali, que deixa a pessoa anestesiada. É o máximo que uma banda pode alcançar hoje em dia, nenhuma supera Arcade Fire nisso. Para tornar a coisa mais insuperável, Neil Young entra andando no palco enquanto a banda começa a tocar “Helpless”, com Butler cantando uma estrofe e Neil outra. E então eles fecham a apresentação com a já clássica “Wake Up”. Aproximadamente 40 minutos da melhor banda da atualidade.
Neil Young é uma das figuras vivas mais respeitada na música, devido a uma carreira riquíssima que ajudou construir os pilares da música alternativa tal qual conhecemos hoje. Mas não é apenas na cena musical que Neil faz um ótimo trabalho, mas também na área social. Desde 1986, Neil Young organiza, juntamente com sua esposa, um festival anual, Bridge School Benefit Concert, na California, para arrecadar fundos para assistir crianças com deficiência física ou de comunicação (o filho do casal, Ben, tem paralisia cerebral). No decorrer dos 25 anos de festival, a lista é extensa dos grandes nomes que subiram ao palco, o próprio Neil Young toca todos os anos, Pearl Jam tem oito participações, Dave Matthews Band outras tantas, Ben Harper, Foo Fighters, Sonic Youth, Lou Reed, Metallica, Elton John, Bruce Springsteen, Tom Petty, R.E.M., The Who, Wilco e outros inúmeros artistas e bandas. Em 2011, o festival anunciou atrações como Eddie Vedder (sua terceira aparição solo), Arcade Fire e Foo Fighters, dentre outras e o próprio Neil, claro. Graças novamente à tecnologia e ao youtube, temos acesso aos shows na íntegra de Eddie Vedder e Arcade Fire.
O show de Eddie Vedder, do dia 22 de outubro, começou com um deslize, mas no geral foi muito bonito. Tentou iniciar com uma cover de Neil Young “Don’t Cry No Tears”, mas por algum problema técnico, foi obrigado a pulá-la e tocar a cover dos Beatles “You’ve Got to Hide Your Love Away”, para então tentar novamente, com sucesso, a de Neil. Baseado principalmente em músicas do seu primeiro álbum solo, Ukulele Songs, Eddie variou tocando “Rise”, da trilha sonora de Into The Wilde, e ótimas versões de “Just Breathe” e “Porch” do catálogo de Pearl Jam. Outros momentos notáveis foram as participações de Regine Chassagne, do Arcade Fire e Beck, cantaram com Eddie “Tonight You Belong to Me” e “Sleepless Nights”, respectivamente, ambas do Ukulele Songs. Outro momento emocionante foi quando Eddie Vedder dedicou “Without You”, originalmente composta para sua esposa, a Maricor, uma amiga que possui a doença e que tem dois graus a mais de faculdade que o próprio Eddie. Termina dizendo “She’s my hero”, depois olha para o restante dos alunos, e completa “or one of them". Show muito legal de Eddie Vedder solo, as músicas no ukulele ficam realmente muito bonitas.
O ano era o agora longínquo 2001 e o país estava em polvorosa pela volta do maior festival de música do Brasil, o Rock in Rio, na sua terceira edição. As outras duas históricas edições aconteceram em 1985 e 1991. Na primeira, atrações internacionais como Queen, Iron Maiden, AC/DC, Ozzy Osbourne e nacionais como Ney Matogrosso, Paralamas do Sucesso no auge do sucesso e o pernambucano Alceu Valença. Já em 1991, o festival também foi um sucesso de público, com Guns N’ Roses, Faith No More, Sepultura, Megadeth e outros. E então, mesmo com o bom retorno comercial, o festival ficou apenas nas lembranças dos mais velhos.
Após muitos anos de hiato, foi anunciado que em 2001 o festival retornaria e a ansiedade era imensa. Com a tecnologia dando seu boom no início do novo milênio, o festival seria transmitido na íntegra pelo canal Multishow. Como não poderia ir ao festival, fiquei radiante. As atrações eram Sting, R.E.M, Foo Fighters, Guns n’ Roses, com Axel forçando um retorno, Iron Maiden, novamente, Red Hot Chili Peppers, Silverchair e ele, NEIL YOUNG, o dinossauro do rock tímido ali entre tantas estrelas e bandas de imenso sucesso comercial e seus mega shows.
Os dias foram passando com bons shows de R.E.M e Foo Fighters, o fiasco de Guns n Roses, o malfadado dia das boybands, (‘N Sync, Britney Spears , Five) todas no auge, e o dia do Metal, que teve show histórico de Queens of The Stone Age no início de carreira, com Nick Oliveri nuzão tocando seu baixo loucamente e Iron Maiden pra delírio dos seus hardcore fãs.
Até que chegou o dia provavelmente menos esperado do festival, porém, pra mim, o mais marcante. Após shows de Dave Mattheus Band e Sheryl Crow, ele entrou no palco para delírio do curiosamente menor público do festival, 125 mil pessoas.
O show de Neil Young foi incrível. O velhinho só soltou os clássicos, com seu show simples e sem frescuras, com a guitarras distorcidas ecoando pela tal Cidade do Rock. O setlist foi pequeno, 11 músicas no total, mas impecável. Impossível tocar todos os clássicos de sua carreira, mas a seleção que Neil Young fez certamente foi para deixar o público arrepiado. Hey, Hey, My, My, Cortez The Killer, Like a Hurricane, Rockin’ in The Free World, Powderfinger e Down by the River (fuck yea!) foram umas delas.
Após o show os anos foram se passando e eu sempre ficava procurando e vasculhando as profundezas da internet atrás do vídeo desse show na íntegra, sem nunca consegui-lo. Até que um dia quis somente matar a saudade no youtube, assistindo qualquer uma dessas e ai que teve a surpresa. O show estava inteirinho no youtube, dividido em cinco partes! Holy Shit! Finalmente assisti ele todinho, relembrando e vibrando novamente, como há dez anos, no melhor show do Rock in Rio.