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terça-feira, 12 de setembro de 2017

Resenha - Walter Trout - We're All In This Together



Depois da tempestade, a bonança. Essa frase não poderia ser melhor aplicada do que o caso do guitarrista de blues Walter Trout. A recuperação do corpo não é o bastante quando a ferida atinge o âmago mais escuro da alma. Totalmente recuperado fisicamente de um longo drama de saúde, Trout tratou de curar sua alma e exorcizou seus demônios com o emocionante – e sofrido – disco Battle Scars, de 2015. Agora, dois anos depois, com a vida salva, a carreira retomada e saindo em turnê novamente, Walter Trout está aproveitando cada segundo do tempo que conseguiu garantir. Quando estamos felizes, queremos compartilhar essa felicidade; chamamos os amigos e fazemos aquela festa. O seu novo disco,  We’re All In This Together, é exatamente essa festa que Trout andou preparando com seus amigos (baitas amigos!”). O álbum tem quatorze faixas, cada uma com um convidado especial acompanhando Trout, que compôs as faixas já pensando nos artistas que iriam acompanhá-lo. Assim, ele tomou o cuidado de chamar figuras versáteis dentro do universo do blues e do blues-rock, o que dá ao disco uma dinâmica bastante saudável.  Trout conseguiu capturar a alma e a essência tanto do estilo quanto do convidado. Mas, afinal, quem são esses convidados? Vejamos: Kenny Wayne Shepherd, Sonny Landreth, Charlie Musselwhite, Mike Zito, Robben Ford, Warren Haynes, Eric Gales, Edgar Winter, Joe Louis Walker, John Nemeth, Jon Trout (filho de Walter), Randy Bachman, John Mayall e Joe Bonamassa. Só isso, simplesmente os melhores do gênero blues-rock.

                Devido a isso, We’re In This Together tem de tudo, começando com aquelas clássicas dirigidas principalmente pela guitarra, como a faixa de abertura, “Gonna Hurt Like Hell”, com Kenny Wayne Shepherd, “Crash and Burn”, com Joe Louis Walker e “Got Nothin’ Left”, com Randy Machman, nas quais a aceleração é mantida sempre com ótimos solos de guitarra, além do mestre do slide zydeco, Sonny Landreth e a instrumental “Mr. Davis”, com Robben Ford. Mas também tem gaita suficiente aqui, como “The Other Side of The Pillow”, com o mestre da gaita Charlie Musselwhite, que também pega emprestado os vocais em um dueto trágico-cômico sobre mais uma das inúmeras histórias de traição no blues. John Mayall também traz sua gaita para a incrível “Blues For Jimmy T.”, um delta blues somente com Trout no violão e Mayall na gaita. Sensacional. Outra em que a gaita divide as atenções com a guitarra é “Too Much To Carry”, com John Nemeth, um Chicago blues empolgante.

                No disco também tem aquelas que transitam mais para o rock e pop, com um som mais acessível e radiofônico, como “She Listens to The Blackbird Sing”, com Mike Zito, ou “She Steals My Heart Away”, com um toque meio soul de Edgar Winter e um pouco do funky blues de Eric Gales em “Somebody Goin’ Down”. Diante de um time de joias como esse, Walter Trout faz anda o trabalho de casa, com seu filho Jon, na faixa “Do You Still See Me At All”, com um ritmo bem dançante. Como se não bastasse, tem uma versão incrível da clássica “The Sky Is Crying”, com Warren Haynes. Para terminar com chave de ouro, Water Trout se une a Joe Bonamassa, os dois maiores representantes do blues-rock na atualidade e nos entregam o suprassumo do estilo: a faixa que dá título ao álbum “We’re All In This Together”, quase oito minutos com o melhor que o gênero blues-rock tem a oferecer.

We’re All In This Together torna-se assim, além de um favoritos para o melhor disco do ano, uma obra-prima do gênero blues-rock e coloca Walter Trout como seu maior representante e compositor. O mais legal é que essas posições de nada importam: ele consegue essa proeza num disco colaborativo em que os egos de cada um dos convidados – e o dele próprio – são deixados de lado e o que transparece é realmente a única coisa que importa de verdade: o amor pela música.


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Melhores Álbuns de 2016: Parte II





31. Lucky Peterson - Long Nights

Como a própria capa de Long Nights estampa: "Este é Lucky às três da manhã, aquele único estilo elétrico de guitarra é acrescentado por um trabalho acústico, de slide, bem como piano". Propaganda sincera, afinal, essa equação fica a cargo de Lucky Peterson que é um dos principais nomes do  blues contemporâneo. Então, pode ter certeza que vale a pena. E realmente, essa alternância entre os estilos do blues faz Long Nights ser um dos melhores discos da carreira de Peterson.





 32. Duke Robillard - Blues Full Circle
  
Duke Robillard, vencedor de seis Blues Award, já toca blues há muito tempo. Na década de 1970 ele era líder da banda Roomful of Blues. Então, como o título do álbum já entrega, Robillard quis completar o círculo do blues, mostrando desde composições novas às do início da sua carreira. O resultado, sobretudo quando acompanhado por convidados especiais como Jimmie Vaughan, Sugar Ray Norcia e Kelley Hunt, é ótimo. Como o próprio Robillard diz na nota de lançamento do disco: "just straightfoward small band, old school blues". Tá bom demais.









 33. Alabama Mike - Upset The Status Quo


Alabama Mike (nome artístico de Michael Benjamin) é mais um nome da cena do blues a lutar duro pra conquistar seu espaço. Até abraçar a carreira como músico, o então motorista de caminhão passou, em 1999, a ser um cantor de soul e blues, conseguindo abrir sua própria gravadora em 2009, a Jukehouse Records. Através dela, Alabama Mike lançou dois discos e agora chega ao terceiro, com Upset The Status Quo, que mostra um pouco das facetas de quem iniciou o contato com a música no coral de Igreja, em Talladega, Alabama. Além disso, a qualidade lírica e vocal que Alabama Mike impõe a algumas dessas faixas faz de Upset The Status Quo um lançamento bastante interessante e que vale a pena ser conferido. 









34. Moreland And Arbuckle - Promised Land Or Bust

Energia do início ao final. Moreland and Arbuckle fazem um blues-rock intenso. Sem enrolação ou enfeites, a banda parece tocar de sua própria garagem. Com certeza vale a pena conferir e balançar bastante a cabeça. Mas não se engane, Promised Land or Bust é um grande salto na carreira de Moreland And Arbuckle. Anote aí para ficar de olho.










35. Mike Zito - Make Blues Not War

Esse também é um álbum de blues-rock liderado por um ótimo guitarrista. Alguns solos são de tirar o fôlego, como "Bad News is Coming". Zito procura mesclar algumas faixas que são um blues-rock mais direto e tradicional com outras voltadas para um público mais amplo. As do primeiro tipo são as melhores, como é o exemplo da faixa título, "Make Blues Not War"






36. Hard Swimmin' Fish - True Believer

Podemos simplesmente que o blues de Hard Swimmin' Fish é um tanto diferente dos outros. A miscelânea de influências é tão grande que às vezes parece que estamos escutando alguma música perdida de Jimi Hendrix. Mescla blues clássico, blues-rock, rockabilly jazz e tudo mais. Mistura bem interessante.








37. Charles Bradley - Changes

No Brasil, a grande maioria só vai conhecer Charles Bradley pela trilha sonora da novela da globo, que fez a música "Changes" um hit nacional. Mas há muito mais no disco do que simplesmente um hit. O soul de Bradley é de extrema qualidade e a cada momento o alcance de sua voz surpreende. Maravilha.







38. Kenny "Big Boss" Wayne - Jumpin' & Boppin'

O pianista e vocalista Kenny "Big Boss" Wayne é um dos grandes nomes do boogie e do R&B. É o blues pra festejar. Com uma seleção de músicas originais, Big Boss Wayne homenageia as lendas do gênero, como Louis Jordan, Fats Domino e Ray Charles. Em Jumpin' & Boppin' o difícil é ficar parado. Não achei nada no youtube, mas confira no Spotify e especialmente "Blackmail Blues".




39. Dion - New York Is My Home


New York IsMy Home é um tipo de consagração para Dion, que ultimamente tem se dedicado a fazer um blues “made in Bronx”. Além disso, é um lembrete de alguém cuja presença nem sempre foi tão marcante como deveria, mas que nunca se retirou de cena em mais de cinquenta anos de carreira. Dion está na ativa, felizes aqueles que se dão conta de sua presença e se dispõem a ouvi-lo.








40. Mitch Kashmar - West Coast Toast

Mitch Kashmar é um dos grandes representantes do blues da costa oeste dos Estados Unidos. No seu terceiro pela Delta Groove (que tem o costume de lançar ótimos artistas), Kashmar mostra toda sua habilidade com a gaita, inclusive com direito a três instrumentais, nas quais ele detona nos solos e no ritmo.




Parte I (50 à 41)