Se há um personagem que marcará o ano de 2013, sem dúvidas trata-se de David Bowie, o grande coringa do ano, a começar pela imprevisibilidade e o ataque em frentes não convencionais. Como todos certamente já sabem, David Bowie retornou ao estúdio com o álbum de inéditas quase dez anos após o seu último registro, Reality, de 2003, este seguido por uma extensa turnê mundial que acabou ocasionando um princípio de enfarto em Bowie no meio do show. Esse foi o alerta para que Bowie se auto exilasse, passando a viver com sua família no – quase – anonimato em Nova Iorque. Nas surdinas, Bowie juntou sua banda e começou a gravar o que viria a ser The Next Day em absoluto segredo. Não havia nenhuma palavra, muito menos a mínima sombra de especulação sobre algo assim quando Bowie anunciou o lançamento para março deste ano, pegando o mundo de surpresa.
Apoiado simplesmente na lenda de seu nome como estratégia de lançamento, Bowie não concedeu nenhuma entrevista sequer. Apenas alguns integrantes da banda e o produtor Tony Visconti falaram com algumas mídias específicas, nas quais foi dito que Bowie tinha muito mais músicas do que as que compunham a tracklist original de The Next Day. Mas foi só. Também não houve nenhum sinal de que Bowie sairia em turnê para promover seu novo álbum. Ou seja, The Next Day foi um sucesso sem a utilização de duas das principais estratégias do mundo do entretenimento. Por outro lado, Bowie decidiu ampliar seu legado videográfico, com o lançamento de grandes e belos clipes, tais como “Where Are We Now?”, “The Star (Are Out Tonight)”, “The Next Day”, dentre outros.
Por fim, já com o ano caminhando para o final, David Bowie dá mais uma cartada, anunciando uma versão extra com três discos de The Next Day, contendo, no primeiro, o original do álbum, no segundo todas as B-Sides, das quais cinco músicas até então inéditas (sem contar as que saíram na versão Deluxe) e um terceiro disco-DVD com todos os vídeos lançados para promover o trabalho. Como já fiz a resenha do maravilhoso The Next Day, me aterei ao segundo disco, que é onde tem mais doses do trabalho incrível desse artista, músico e compositor que é David Bowie.
O álbum já começa com a poderosa “Atomica”, um clássico rock, com uma bateria bem forte, e Bowie brincando com a esperança de seus fãs, “Let’s get this show on the road, let’s get atomica”. Normalmente, olha-se com desconfiança para as versões remixadas. Mas aqui deve-se fazer justiça ao trabalho de James Murphy em “Love Is Lost”, que deu outra cara – muito melhor por sinal – com seus mais de dez minutos de música, contando com toda riqueza resulta do encontro de duas grandes mentes criativas, cada uma dominando completamente sua especialidade – no caso de Murphy, os arranjos dance e eletrônicos, no de Bowie... bem, Bowie é Bowie. “Plan”, por sua vez, é a pequena jam já conhecida do prelúdio do clipe de “The Star (Are Out Tonight)”. Outra totalmente inédita, e uma das melhores desse novo conjunto, é “The Informer”, com um dos vocais mais expressivos de Bowie. Vários canais de vocal também enriquecem ainda mais a música. “I’d Rather Be High (Venetian Remix)” não se separa tanto da original quanto aconteceu com “Lost Is Love” de James Murphy e talvez por isso ela passe um pouco despercebida aqui.
“Like A Rocket Man” imediatamente remete a “Rocket Man” de Elton John, mas a semelhança está apenas no título mesmo. O rocket man de Bowie está mais para um viciado que “have no shape nor colour, I'm God's lonely man”. “Born In The UFO” começa tipo a de Bruce Springsteen, mas Bowie deixa claro que a localidade aqui é lá pelo espaço. Música vigorosa e com belos trabalhos de guitarra e com um refrão bem pesado. Por fim, as três últimas músicas, “I’ll Take You There”, mantendo o ritmo nas guitarras, sobretudo no refrão, “God Bless The Girl”, com destaque para a letra, e a gentil e bela “So She” já haviam saído na versão Deluxe.
Possivelmente é The Next Day Extra que finaliza a nova geração de músicas de David Bowie após o grande retorno. A esperança agora é que ele pelo menos não demore tanto para aparecer em mais um disco inédito. Estamos no aguardo! Qualquer movimento pode acontecer, já que se trata de David Bowie, inclusive, uma inesperada turnê mundial. Sonho!
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