Um dos artistas mais
irreverentes, inventivos e originais dos Estados Unidos, Beck, está de volta
após longos seis anos de relativa ausência. A ausência de fato nunca foi
completa. Beck manteve-se ocupado no showbizz em diversas atividades, as mais
interessantes sem dúvida foram as produções de alguns ótimos álbuns, como
Mirror Traffic, de Stephen Malkmus, e Demolished Thoughts, de Thurston Moore,
do Sonic Youth. Em 2014, Beck lança o primeiro disco inédito depois de Modern
Guilty, de 2008, com o discurso de ser mais focado num único estilo, algo como
o sucessor de sua obra prima de 2002, Sea Change, ou seja, um som mais
acústico, folk californiano. Na verdade, Morning Phase é um dos álbuns que Beck
tem pronto. O segundo tem outro enfoque, outra pegada. Beck sempre foi o tipo
de artista que valoriza bastante o formato de álbum, tentando manter uma
proposta inicial, algo desde efusões experimentais, como é o caso de alguns dos
seus trabalhos mais aclamados, como Mellow Gold, de 1994 e Odelay, de 1996, ou
algo mais tradicional, como meu favorito já mencionado Sea Change. E é assim
que Morning Phase foi concebido.
No entanto, pode-se perceber
algumas diferenças importantes em Morning Phase. De acordo com o próprio Beck,
Morning Phase é emocionalmente mais leve que o seu antecessor, bem mais
melancólico e pesado. Embora ainda possa ser encontrados aqui vestígios de
pensamentos e emoções sombrias, como em “Wave”, o tom que guia o trabalho é
algo mais reflexivo, até mesmo mais otimista. A faixa de abertura, “Morning”,
já é uma agradável brisa soprando na face sonolenta, que abre a janela para ver
como está o dia lá fora, às vezes com uma esperança no recomeço, outras vezes
com um pingo de tristeza nostálgica. “Looked up this morning, saw the roses full of thorns”. A
esperança e a satisfação de se está vivo pode ser evidenciada por “Heart Is A
Drum”, mostrando uma atitude amadurecida para lidar com a dor e as frustrações
da vida.
Em “Say Goodbye” é cheia de
imagens de rompimentos e adeuses. 'Cause these are words we use to say goodbye”. No entanto, o
narrador parece um pouco distante do personagem. Não soa tão sentido, tão
absorvido pela dor como nos grandes momentos de Sea Change, por exemplo. A
música, com uns solos de banjo, não soa tão pra baixo assim. Provavelmente foi
por causa dessa dissonância que em Morning Phase, apesar de ser um álbum muito
bom, não chega a deslumbrar como Sea Change. A sequência continua com a
ensolarada “Blue Moon”, antes de entrar nos momentos mais sombrios, com os dois
números “Unforgiven”, sem dúvida uma das mais tocantes, exatamente porque há
essa união, e “Wave”, um pouco mórbida demais.
Exatamente surgindo depois de
pensamentos sombrios, na bela “Don’t Let It Go” a autoconfiança e esperança
retornam. É a força que se tem que tirar de si mesmo para continuar, não perder
o rumo, o controle. “Backbird Chain” continua o clima confortável, romântico e
ensolarado. Em “Turn Away” dá para sentir uma pontinha de Bon Iver no estilo de
Beck cantar a melodia, acompanhada no violão, muito bonita. “Country Down” tem um
ritmo delicioso e com um solo irresistível de gaita. Morning Phase se despede
com a grandiosa “Waking Light”, que resume toda essa viagem de emoções diárias.
Algo como recepcionar a noite ainda com o dia na cabeça. “When the morning comes to meet you Open your
eyes with waking light”.
Analisando friamente e sendo bastante injusto, Morning Phase é um sucessor que não supera o seu antecessor. No entanto, essa constatação está longe de tirar todo o brilho de Morning Phase, que flui fácil, confortável, e que possui algumas belíssimas canções. Um bom exercício para compreendê-lo melhor é ouvi-lo exatamente após Sea Change. Aí sim visualizamos o teor dos pensamentos da noite, representados por Sea Change, e, em contraponto, o alívio com a chegada da manhã.
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