Quando você muda o curso de algo significante no mundo, como
você deve estar na hora de partir? Quando você nasce como um "zé
ninguém", invisível socialmente, numa plantação de algodão no extremamente
violento e segregado sul dos Estados Unidos, regido pela lei do Jim Crow,
colhendo algodão dia a dia para sustentar a si e a sua família e morre, 89 anos
depois, como o "Rei do Blues", conhecido mundialmente? Você vai
querer largar o osso? Ninguém vai. Por isso que o rei fazia questão de estar em
cima de um palco enquanto tivesse saúde para isso. Infelizmente, não tem mais.
E a tristeza de hoje é por isso. Não pela limitação da alma humana em toda sua
magnitude. Mas pela limitação física e corporal, que fez deixar esse plano um dos
últimos remanescentes da segunda geração legendária do blues.
B.B. King nos deixa o legado não só de sua música em quase
60 anos de carreira, seu estilo de tocar a sua guitarra Lucille, mas de sua própria
vida. Dono de 16 Grammy’s, mais de 50 discos e clássicos que moldaram o rumo do
blues e do rock, B. B. King parte hoje para ver sua obra sob um novo plano, uma
nova perspectiva. E com certeza, onde quer que esteja, ele está observando sentado em cima de um palco, com vários convidados especiais ao seu lado, Lucille nos braços, e sorrindo. Orgulhoso.
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