As
últimas semanas têm sido agitadas em termos de lançamentos. São vários e gostaria de ter tempo pra fazer
uma resenha de cada um, mas há aqueles que não podemos deixar passar e
registrar aqui no blog, pois são imensas as chances de figurarem nas principais
listas de fim de ano. O primeiro deles é o disco Daydreams In Blue, do grande pianista Anthony
Geraci, colecionador de vários prêmios do Blues Music Awards, dessa vez em colaboração
com Dennis Brennan, que canta em várias faixas. Como é de costume, Anthony
Geraci lança mão de um ótimo conjunto de instrumentistas, o que torna a banda
completa e equilibrada, com cada um com espaço para mostrar seu respectivo
talento. A banda tem uma ótima seção de instrumentos de sopro e a parte da guitarra
fica a cargo de nada menos que Walter Trout e Monster Mike Welch. Tudo isso
articulado pelo genial trabalho do próprio Geraci no piano e também canta em
algumas músicas.
Originalmente
integrante de grandes bandas no blues, como Sugar Ray & The Bluetones e
Ronnie Earl and the Broadcasters, Anthony Geraci construiu para si uma poderosa
carreira solo. Ele tem sido nomeado para o prestigioso prêmio Pinetop Perkins,
para os pianistas, e seu último trabalho, Why Did You Have to Go, foi nomado
também para várias categorias da maior premiação do mundo do blues. E na sua
bagagem tem ainda experiências iniqualável de ter tocado com gente como Muddy
Waters, B.B. King, Otis Rush, Chuck Berry, Big Mama Thornton, Big Joe Turner e
Jimmy Rodgers.
Todas as faixas tem seu brilho próprio, são dinâmicas, exaltando uma diversidade que faz com que o ouvinte não se canse nem se sinta entediado em nenhum momento do disco. A dobradinha inicial “Love Changes Everything” e “Tomorrow Never Comes” é de tirar o fôlego, você só fica sem saber no que celebrar mais, a guitarra, o teclado ou os instrumentos de sopro, sensação completada ainda com “No One Hears My Prayers”, com Trout fazendo um trabalho à parte na guitarra. A surpresa fica evidente porque elas nem são exatamente as melhores faixas do disco. Depois da dançante faixa que dá título ao álbum, começa uma sequência que conta com faixas focadas no Chicago Blues, como “Mister”, com um ótimo trabalho no piano e na gaita, no rock dos anos cinquenta que não deixa você parado, como em “Tutti Frutti Booty”, com uma velocidade incrível de Geraci no piano, e “Jelly, Jelly”, um blues quase jazz, lento e gostoso de ouvir, cheio de pequenos solos de piano.
O
álbum continua com “Dead Man’s Shoes” e “Hard to Say I Love You”, com um pé no
jazz de New Orleans. Encaminhando para o final do disco ainda dá tempo de
surpreender ainda com o blues tradicional de “Crazy Blues- Mississippi Woman”.
O
mercado não está entupido de grandes pianistas de blues tanto quanto grandes
guitarristas e até mesmos gaitistas. Então, um disco tão completo e autêntico
de piano blues como Daydreams In Blue é sempre uma delícia para se aproveitar
sem moderação.
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