A
ascensão de uma jovem estrela para brilhar no mundo da música é difícil, dura e
cheia de batalhas travadas no anonimato do dia a dia. Dificilmente é algo que
acontece da noite para o dia. Para o artista comum que está batalhando, a
escada para o sucesso é feita de etapas. Ao menos esse deve ser o que anda
pensando o jovem guitarrista Castro Coleman, conhecido apenas como Mr. Sipp
(abreviação com referência ao rio Mississippi). Nos últimos três anos, Mr. Sipp
completou etapas fundamentais para alcançar o seu objetivo. Em 2013, foi o
finalista do IBC - International Blues Challenge, mas acabou perdendo. Ainda
assim, lançou, de maneira independente, seu primeiro disco, chamado
It’s My Guitar. Já cheio de moral, tentou novamente e foi mais uma vez finalista
do Desafio Internacional do Blues, do qual saiu finalmente como vencedor. Mais
ainda: ganhou o prêmio da Gibson como melhor guitarrista do ano. Para coroar as
conquistas- e provavelmente pensando alto -,
em 2015, Mr. Sipp lança seu segundo disco, chamado de The Mississippi
Blues Child.
O álbum
apresenta um Mr. Sipp bem mais versátil, talvez tentando tornar seu som mais
acessível ao grande público. O Mr. Sipp vencedor do IBC, ou seja, o seu lado do
blues mais vigoroso, com a guitarra gritando alto está travando uma luta
constante com o Mr. Sipp mais ambicioso e comercial. E é exatamente esse
caráter dúbio que faz com que The Mississippi Blues Child perca um pouco de
toda sua potencialidade. Afinal, essa batalha ele já ganhou ao se sagrar
vencedor do IBC com um blues poderoso, performático e enérgico.
Os
destaques do disco estão mesmo mais para o blues e concentram-se na primeira
metade do disco, embora o lado mais soul e pop de Mr. Sipp não seja totalmente
descartável. A faixa de
abertura, “Tmbc” é o acrônimo para The Mississippi Blues Child e conta de forma
autobiográfica sua relação pessoal com o blues, ouvindo comentários de
pastores, como: “They say Mr. Sipp you’re gonna burn in Hell for playing that
blues style / but instead I played all over the world and I’m known by the name
of The Mississippi Blues Child”. Já a faixa seguinte é uma das melhores
músicas do disco, “Jump The Broom”, com um riff de guitarra forte e solos
sensacionais de Mr. Sipp. A letra é bem interessante, dizendo para abraçar o
novo e se casar com ele. “In The Fire” mostra uma melodia bem desenhada e se
alterna em momentos mais intensos, com riffs e solos na guitarra e momentos
mais leves e melódicos. A mistura é um dos exemplos quando o equilíbrio
funciona muito bem.
“Say
The Word” é mais um dos destaques que mostram toda a potencialidade de Mr. Sipp.
Um blues lento e leve, cheio de solos que remetem ao o melhor estilo de B. B.
King e T-Bone Walker. Evidencia ainda outro elemento que até então havia ficado
nas sombras: Mr. Sipp mostra um amplo domínio sobre sua potente voz. “Slipp
Slide” é divertida e feita para dançar nos shows ao vivo. Mr. Sipp até faz brincadeiras
com o público, as palmas e as respostas do público dão a impressão da gravação
ser ao vivo.
No limbo estão
as canções que não são nem destaques, mas que também não se enquadram como
fracassos, como “Hole In My Heart”, “Nobody’s Bisness” e “What Is Love”. Mas há
aquelas que soam totalmente forçadas, exatamente para tentar dar uma
versatilidade sonora que, na verdade, não estava fazendo falta, como “Jackpot”,
“V.I.P”, “Tonight”.
The
Mississippi Blues Child aparece como uma balança na qual Mr. Sipp ainda não
está totalmente certo para qual lado pender e busca manter-se equilibrado entre
um e outro. É mais uma etapa que o jovem Mr. Sipp terá que ultrapassar. Mas a verdade é simples: o lado bluesman e guitar hero lhe cai bem
melhor. Mr. Sipp é um músico, jovem, cheio de energia e com sonhos de tornar-se
relevante.
Abaixo, segue o vídeo de sua apresentação de 2014 que saiu vencedora do International Blues Challenge:
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