Nesta
quinta feira, dia 13, o cantor e compositor Bob Dylan ganhou o Prêmio Nobel de
Literatura de 2016. A academia disse que o prêmio era destinado a Dylan por “criar
novas expressões poéticas dentro da grande tradição da música americana”.
Comparou-o ainda a poetas da antiguidade, como Homero e Safo, que originalmente
eram textos poéticos para serem tocados e acompanhados com instrumentos
musicais. Só chegamos a conhecer os seus textos poéticos, infelizmente, a
música não. Com Dylan nós tivemos a felicidade de podermos aproveitar ambos os
atributos.
Enfim, o mundo
se rende ao talento e ao valor histórico e cultural da carreira de Bob Dylan. O
mérito é inquestionável, afinal, o mundo já havia se rendido a Bob Dylan faz
tempo. Doze Grammys, um Oscar, um Globo de Ouro, um Pulitzer e um Príncipe das
Astúrias das Artes são provas disso. O acréscimo do novo prêmio – o Nobel de
Literatura – à lista vem acompanhado de uma polêmica – irrelevante, na verdade.
O que se está debatendo é se um músico pode ganhar um prêmio de literatura,
especialmente o maior prêmio da literatura do mundo. Ouvir Bob Dylan é muito
mais do que ouvir música; não se pode limitar Bob Dylan a um “músico”. Ele é
simplesmente o maior poeta e o maior literato do mundo da música, seguido de
Leonard Cohen. O impacto de Dylan para a cultura popular, através de suas
letras, ou melhor, através de suas poesias, é o suficiente para receber o
Prêmio Nobel de Literatura. Músicas como “Hurricane”, “The Times They Are A’Changing”,
“Like a Rolling Stone”, “Blowin’ In The
Wind”, “Masters Of War”, dentre inúmeras e inúmeras outras, são provas irrefutáveis
do merecimento do prêmio; o fato de vir acompanhado de instrumentos musicais é
um aperitivo. É justo, simples assim; não vai fazer Bob Dylan maior do que já
é; ele podia muito bem passar sem o prêmio. O que vale aqui é o mundo se render
a um talento extraordinário que não cabe nos limites impostos pelas
classificações tradicionais entre literatura e música. Nisso, o Prêmio Nobel de
Literatura seguiu o seu premiado e ampliou seus limites. Os demais que
continuem tentando; e eles preferirem, que musiquem suas obras para ver se tem
mais chance assim.
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