Começo a escrever
esta postagem com uma solenidade quase religiosa. Desde que, por pura paixão,
comecei com o Filho do Blues, havia uma satisfação imensurável a cada resenha
que escrevia. Mas, da mesma forma, havia sempre tristeza proporcional. Toda vez
que conseguia pescar uma preciosidade, ao mesmo tempo que eu comemorava,
vibrava e me arrepiava, vinha uma consciência severa que lamentava
profundamente: “mas você nunca escreverá uma resenha para um álbum inédito de
David Bowie”. E assim eu seguia em frente. Desde que The Next Day foi
anunciado, ele guarda a sua posição em primeiro lugar na lista e hoje é
finalmente coroado com tal posto, fazendo de Bowie também a personalidade do
ano, já que toda promoção do disco foi feita sem entrevista, sem show, sem
aparição em programas de TV.
The Next Day tem
recebido fantásticas resenhas, dizendo inclusive que era o melhor álbum de
retorno da história do rock. Pessoalmente, mesmo com todo entusiasmo que eu
estava por ouvir o álbum, eu não esperava que ele seria assim. Bowie escolheu
se resumir artisticamente no decorrer de quatorze faixas – sem contar com as
três músicas bônus que ainda não saíram – o que, naturalmente, produz um álbum
cuja riqueza é sem igual. Ninguém mais, só David Bowie seria capaz de compor um
trabalho dessa magnitude.
Reflektor é mais uma
obra prima de Arcade Fire e os coloca de vez como a melhor banda da última década.
Mesmo ganhando o prémio máximo da música no trabalho anterior, não hesitaram em
dar uma mudança de direção forte, mas mesmo assim sem uma ruptura total, o que
foi mais ou menos sugerido que seria com algumas entrevistas que a banda
concedeu. Enfim, tudo em Reflektor é grandioso, bem pensado e articulado, mais
vasto do que os demais, tanto na riqueza musical – que já era imensa – quanto
na temática. É um álbum ambicioso e muito bem sucedido, confeccionado por uma
banda excepcional. Um novo clássico.
É o melhor trabalho
de Queens of The Stone Age? Não, mas também é muito difícil igualar o nível de
álbuns como Songs for The Deaf e Rated R. No entanto, em Like Clockworks mostra
exatamente o quão grande e competente a banda é, mesclando momentos de sucesso
certo, para ampliar o status de banda de festival, e outros nos quais arrisca novos
sons e estilos sem se sentir ameaçada.
4. Pearl Jam - Lightning Bolt
Lightning Bolt é, por
fim, mais um grande registro de uma ótima banda que já superou essa polêmica de
tentar fazer um novo Ten ou Vs. É notório que eles estão preocupados apenas em
se divertir uns com os outros e criar novos sons para comunicar sentimentos. E
esse é o espírito da coisa. Ao não tentar mudar e abalar as estruturas do mundo
mais uma vez, eles contentam-se em fazer parte dele. Uma parte importante inclusive.
Modern Vampires of
The City é praticamente perfeito. É um álbum irretocável, a começar pela capa,
uma imagem aérea, tirada pelo fotógrafo do New York Times, Neal Boenzi, olhando
para o sul do Empire State Building, em preto e branco de Nova Iorque quase pós-apocalíptica,
poética e sombria. Inspiradora. Modern
Vampires of The City apresenta uma banda totalmente regulada em seu pico
criativo, embora atuando em um espaço sonoro talvez mais limitado que os dois
trabalhos anteriores, o que, de forma alguma, tira a genialidade, apenas
modifica sua forma, produzindo músicas mais concisas.
AM pode dividir
opiniões entre aqueles que foi um fracasso e a morte de uma banda enérgica do
rock’n roll, e outros irão celebrá-los como uma obra de uma banda que livrou-se
de um rótulo para entrar no território indefinido, onde está com segurança e à
vontade de arriscar o que for. Condição que poucos tem no mundo da música, que
vive de rótulos. Eu estou com o segundo grupo.
O melhor álbum de blues do ano vai para Corey Harris. Fulton Blues é um maravilhoso álbum de um artista genioso e sincero para
com as suas raízes, que usa uma trágica história como plano de fundo para dar
margem à sua música se desenvolver. Corey Harris é, definitivamente, um dos
nomes mais fortes na cena blues, tendo construído uma carreira sólida e
versátil, a qual é enriquecida por mais este lançamento.
8. Mundo Livre & Nação Zumbi - Mundo Livre vs Nação Zumbi
O melhor álbum nacional do ano fica com os pernambucanos do Mundo Livre S.A e Nação Zumbi na concepção e realização dessa ideia genial. Esta série de “Embate
do Século” ganha não somente mais um capítulo, mas também contribuiu para
produzir um dos registros mais interessantes da música brasileira recente.
Mesmo que sejam regravações de clássicas músicas, o nível de ineditismo aqui é
de surpreender e de agradar. E muito.
Nobody Knows é,
finalmente, um trunfo para Willis Earl Beal, que conseguiu perceber as
fragilidades do seu som, intencionais ou não, e melhorá-lo para um formato mais
acessível, porém, não menos interessante. Enquanto que Acosumatic Sorcery
obteve resenhas misturadas, Nobody Knows a crítica está bem mais unânime quanto
a sua genialidade. A cada novo passo, Willis Earl Beal se encaminha para ser –
se ainda não for – um dos nomes mais originais da música.
Rhythm &
Blues é um álbum de um grande artista, guitarrista e músico do blues. Acontece
algo curioso; para Buddy Guy, um dos últimos sobreviventes da era de ouro do
blues, que teve seus grandes momentos na década de 60 e 70 (Hoodoo Man Blues
[1965], I Left My Blues in San Francisco [1967], A Man and The Blues [1968] e I
Was Walking Through The Woods [1974] são ótimos exemplos dessa fase), quanto
mais velho melhor. As últimas duas décadas de sua carreira contou com
lançamentos incríveis, sobretudo a partir de Damn Right, I’ve Got The Blues, de
1991, passando por ótimos álbuns, como Sweet Tea, de 2001 e Living Proof, de
2010. Lista que recebe mais um título agora, Rhythm & Blues.
MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - PARTE III - DO 20 ATÉ O 11
MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - PARTE II - DO 30 ATÉ O 21
MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - PARTE I - DO 40 ATÉ O 31
MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - MENÇÕES HONROSAS.