Mostrando postagens com marcador John Long. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador John Long. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A Blues Foundation anuncia os indicados ao 38th Blues Music Awards

A Blues Foundation acaba de anunciar os indicados para o maior prêmio do blues: o Blues Music Awards, que está na sua 38º edição. A maioria dos indicados passaram por aqui pelo Filho do Blues em diversos momentos no decorrer de 2016. A cerimônia irá ocorrer em 11 de maio de 2017, em Memphis. Sugar Ray Norcia e sua banda, The Bluetones, receberem, individualmente e coletivamente, a maior quantidade de indicações pelo álbum Seeing Is Believing. No total foram sete, mas se incluídas as nomeações por outros integrantes da banda esse número chega a dez. Confira os indicados (e em negrito a escolha pessoal do Filho do Blues):

38th Blues Music Award Nominees

Acoustic Album
Doug MacLeod – Live in Europe
Eric Bibb – The Happiest Man in the World
Fiona Boyes – Professin’ the Blues
Jimmy “Duck” Holmes – Live at Briggs Farm
John Long – Stand Your Ground
Luther Dickinson – Blues and Ballads (A Folksinger’s Songbook) Vol I and II

Acoustic Artist
Doug MacLeod
Eric Bibb
Fiona Boyes
Jimmy “Duck” Holmes
Luther Dickinson

Album
Bobby Rush – Porcupine Meat
Kenny Neal – Bloodline
Nick Moss Band – From the Root to the Fruit
Sugar Ray & the Bluetones – Seeing is Believing
Toronzo Cannon – The Chicago Way
William Bell – This Is Where I Live

Band
Golden State Lone Star Blues Revue
Lil’ Ed & The Blues Imperials
Nick Moss Band
Sugar Ray and the Bluetones
Tedeschi Trucks Band

B.B. King Entertainer
Joe Bonamassa
John Nemeth
Lil’ Ed Williams
Sugar Ray Norcia
Sugaray Rayford

Best Emerging Artist Album
Corey Dennison Band – Corey Dennison Band
Guy King – Truth
Jonn Del Toro Richardson – Tengo Blues
Terrie Odabi – My Blue Soul
Thornetta Davis – Honest Woman

Contemporary Blues Album
Al Basile – Mid Century Modern
Kenny Neal – Bloodline
Nick Moss Band – From the Root to the Fruit
The Record Company – Give It Back To You
Toronzo Cannon – The Chicago Way

Contemporary Blues Female Artist
Alexis P Suter
Ana Popovic
Janiva Magness
Shemekia Copeland
Susan Tedeschi

Contemporary Blues Male Artist
Albert Castiglia
Kenny Neal
Mike Zito
Sugaray Rayford
Toronzo Cannon

Historical Album
Arthur “Big Boy” Crudup, A Music Man Like Nobody Ever Saw, Bear Family Records
B.B. King, More B.B. King: Here’s One You Haven’t Heard, Ace Records
Bobby Rush, Chicken Heads: A 50-Year History of Bobby Rush, Omnivore Recordings
Michael Burks, I’m A Bluesman, Iron Man Records
Pinetop Perkins & Jimmy Rogers, Genuine Blues Legends, Elrob Records

Instrumentalist-Bass
Biscuit Miller
Bob Stroger
Michael “Mudcat” Ward
Patrick Rynn
R W Grigsby

Instrumentalist-Drums
Cedric Burnside
Jimi Bott
June Core
Tom Hambridge
Tony Braunagel

Instrumentalist-Guitar
Bob Margolin
Joe Bonamassa
Kid Andersen
Monster Mike Welch
Ronnie Earl

Instrumentalist-Harmonica
Dennis Gruenling
Jason Ricci
Kim Wilson
Mark Hummel
Sugar Ray Norcia

Instrumentalist-Horn
Al Basile
Nancy Wright
Sax Gordon Beadle
Terry Hanck
Vanessa Collier

Koko Taylor Award (Traditional Blues Female Artist)
Annika Chambers
Diunna Greenleaf
Inetta Visor
Shaun Murphy
Trudy Lynn

Pinetop Perkins Piano Player
Anthony Geraci
Barrelhouse Chuck
Henry Gray
Jim Pugh
Victor Wainwright

Rock Blues Album
Albert Castiglia – Big Dog
Mike Zito – Keep Coming Back
Moreland & Arbuckle – Promised Land or Bust
Tedeschi Trucks Band – Let Me Get By
Walter Trout – Alive in Amsterdam

Song
“Blues Immigrant” written by Matthew Skoller & Vincent Bucher and performed by Matthew Skoller on Blues Immigrant
“I Gotta Sang The Blues” written and performed by Thornetta Davis on Honest Woman
“Seeing Is Believing” written by Ray Norcia and performed by Sugar Ray & The Bluetones on Seeing Is Believing
“Walk A Mile In My Blues” written by David Duncan, Curtis Salgado & Mike Finigan and performed by Curtis Salgado on The Beautiful Lowdown
“Walk it Off” written and performed by Toronzo Cannon on The Chicago Way

Soul Blues Album
Bobby Rush – Porcupine Meat
Curtis Salgado – The Beautiful Lowdown
Johnny Rawls – Tiger in a Cage
Wee Willie Walker – Live! Notodden Blues Festival
William Bell – This Is Where I Live

Soul Blues Female Artist
Bettye Lavette
Lara Price
Mavis Staples
Terrie Odabi
Vaneese Thomas

Soul Blues Male Artist
Bobby Rush
Curtis Salgado
Johnny Rawls
Wee Willie Walker
William Bell

Traditional Blues Album
Big Jon Atkinson & Bob Corritore – House Party at Big Jon’s
Bob Margolin – My Road
Golden State Lone Star Blues Revue – Golden State Lone Star Blues Revue
Lurrie Bell – Can’t Shake This Feeling
Sugar Ray & the Bluetones – Seeing is Believing

Traditional Blues Male Artist
Bob Margolin
John Primer
Lil’ Ed Williams
Lurrie Bell

Sugar Ray Norcia

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Playlist Filho do Blues-2016: os primeiros seis meses





Os seis primeiros meses de 2016 chegam ao fim no dia de hoje. Muita coisa boa já rolou até aqui e muito mais nos é prometido para os seis meses finais. Como uma retrospectiva parcial, o Filho do Blues criou uma playlist no Spotify para selecionar as melhores músicas que apareceram até agora. Foram escolhidas 53 faixas nos primeiros seis meses do ano. Nos meses restantes, nós continuaremos incluindo novas músicas à playlist, por isso, siga-nos e fique por dentro das novidades. 




Dessa primeira metade do ano, o maior destaque, positivo e negativo, não poderia ser outro senão David Bowie. O lançamento de Blackstar seguido por sua repentina e surpreendente morte certamente foi o evento que já nos primeiros dias de janeiro marcou todo o ano de 2016. Foram escolhidas quatro músicas de Blackstar, além da faixa título, também escolhemos para integrar a lista “’Tis a Pity She Was a Whore”, “Dollar Days” e, claro, “Lazarus”. O colaborador e amigo de longa data de Bowie, Iggy Pop, também deu as caras e lançou um grande álbum em colaboração com Josh Homme, do QOTSA, do qual “Gardenia” e “Break Into Your Heart”. PJ Harvey, em seu novo disco The Hope Six Demolition Project, nos surpreendeu com as faixas “The Wheel”, sobre a crise dos refugiados, e “The Ministry Of Social Affairs”. Outros álbuns do rock surgiram, como novos lançamentos de Weezer (White Album), Tindersticks (The Waiting Room) e Suede (Night Thoughts), dos quais escolhermos, respectivamente, “King of The World”, “Hey Lucinda” e “I Can’t Give Her What She Wants”. Confesso, no entanto, que na esfera de música nacional não chegamos a ouvir muita coisa nova e legal, restringindo ao novo álbum de Clarice Falcão, Problema Meu, do qual selecionamos duas faixas, “Marta” e “Banho de Piscina”
selecionamos
 

No campo do blues/jazz/gospel é que boa parte do ano foi reservada e os destaques são muitos, a começar pelo álbum My Road, de Bob Margolin, do qual tivemos muita dificuldade em selecionar apenas três, que foram “Bye Bye Baby”, “My Whole Life” e “Heaven Mississippi”. A mesma dificuldade foi sentida em outros discos, como Let Me Get By, de Tedeschi Trucks Band, tendo escolhido “Let Me Get By” e “Right On Time”, mas podendo ter escolhido do mesmo álbum várias outras. Mais um grande destaque foi o disco de John Long, Stand Your Ground, do qual não tivemos outra opção senão selecionarmos três faixas: “Climbing High Mountains (Trying to Get Home)”, “Red Hawk” e “No Flowers For Me”. O novo álbum de Eric Clapton, I Still Do, “Spiral”, “Somebody’s Knockin’” e “Alabama Woman Blues”. Também fui obrigado a escolher três faixas de All For Loving You, novo álbum da The Alexis P. Suter Band, “Can’t Find a Reason”, “Don’t Ya’ Tell Me” e a versão mais incrível de “Let It Be” que você pode ouvir (sem contar com a original). Tivemos também mais um grande lançamento de Mavis Staples, do qual selecionamos a incrível “History, Now” e “Action”. A velha guarda de Dion está representada pelas faixas “Ride With You” e "Can’t Go Back to Memphis”, do seu novo álbum New York Is My Home. Um dos maiores guitarrista do blues rock também está presente, claro, com Joe Bonamassa mandando “This Train” e “You Left Me Nothing But the Bills and The Blues”. O blues progressista do professor Big Harp George, em Wash My Horse In Champagne, está garantido com “My Bright Future” e “I Ain’t The Judge of You”. Lucky Peterson, devido a seu disco Long Nights, conseguiu seu lugar com “Earline” e
Waiting On You”, bem como a dupla poderosa composta por Big Jon Atkinson e Bob Corritore, com a clássica cover de Lightnin’ Hopkins, “Mojo Hand” e a incrível “Somebody Done Changed The Lock on My Door”, ambas do álbum House Party At Big Jon’s. O blues potente de Alabama Mike garantiu presença com Upset The Status Quo, faixa título de seu novo álbum, e “Fight for Your Love”. O blues-rock de Moreland & Arbuckle, com o álbum Promised Land or Bust, ficou com “Mean And Evil” e “Woman Down In Arkansas”. O sofisticado jazz de Gregory Porter teve lugar com “Take Me To The Alley” e “In Fashion”, ambas do seu novo e belo álbum Take Me To The Alley. A coletânea God Don't Never Change: The Songs of Blind Willie Johnson teve três representantes, "Mother's Children Have a Hard Time", executada por The Blind Boys of Alabama, "Trouble Will Soon Be Over", por Sinéad O'Connor, e "Jesus is Coming Soon", por Cowbow Junkies.


 Outros álbuns também chamaram atenção, mas ficaram com apenas uma faixa representante. É o caso de RB Stone, com a ótima música “Some Call It Freedom”, do álbum Some Call It Freedom (Some Call It The Blues); Boo Boo Davis, “The Snake”, de seu disco One Chord Blues; Toronzo Canon, o guitarrista de blues de Chicago, com a faixa “Walk It Off”; e Kenny “Blues Boss” Wayne, com “Blackmail Blues”, do seu novo álbum Jumpin’ & Boppin’. A banda Dinosaur Jr só aparece com “Tiny” porque o restante do álbum ainda não foi lançado, chamado Give a Glimpse Of What Yer Not, que com certeza terá alguma outra faixa em breve. 
 

Acho que é isso, pessoal. Sintam-se convidados a seguir a playlist e ficar acompanhando as novidades. Sintam-se à vontade também em dar sugestões nos comentários. Muitos desses álbuns ainda não tiveram resenhas publicadas no site, alguns ainda terão, outros, infelizmente, não. Quisera eu ter tempo de escrever todas elas! 

E que venham os seis meses restantes de 2016!



terça-feira, 28 de junho de 2016

Resenha de John Long - Stand Your Ground



John Long toca o blues daquele jeito que você esperava ouvir lá na década de 40 ou 50. É o blues ainda tradicional vivo, respirando e pulsando. No blues de John Long você sente a cada nota o espírito do Delta blues, de Son House, Bukka White e Robert Johnson, e o Chicago Blues de mestres como Muddy Waters e Sonny Boy Williamson.  Nascido em 1950, em St. Louis, no Missouri, John Long teve a oportunidade de ter convivido com alguns desses mestres nos seus anos formativos, na década de 70, mudando para Chicago; um deles, um tal de Muddy Waters, chegou a falar de John Long nos seguintes termos: “John Long is one of the best young country blues artists today”; outro, chamado de Homesick James, tido por Long como seu pai adotivo, foi o seu grande mentor e amigo. Apesar de tão gabaritado, a carreira em estúdio de John Long é pequena: em 2006, a gravadora Delta Groove Music lançou seu primeiro disco de alcance nacional, Lost and Found, que atraiu grande atenção e sucesso de crítica. Apesar de bem sucedido, levou nada menos que dez anos para Jonh Long dar sequência a sua carreira, lançando em maio Stand Your Ground, pela mesma Delta Groove Music, conseguindo ainda superar a qualidade que havia deixado no seu primeiro registro.  Através de oito músicas autorais e cinco covers, John Long vai muito além de apenas gravar um álbum de blues tradicional, mas seu estilo lírico e abordagem vocal toca muito profundamente regiões da nossa alma. 

O álbum começa com “Baby Please Set A Date”, com acompanhamento de bateria, piano e cheio de slides no violão amplificado, bem característico de seu estilo. “Red Hawk” já é uma dos destaques do disco, principalmente a voz e o estilo Delta de John Long. A letra também é bastante interessante, que fala sobre o falcão vermelho, em extinção, símbolo bastante forte no xamanismo da população nativa da América, vítima de caçadores. John Long apela para a permanência do espírito do Falcão Vermelho, para continuar voando com todo seu poder místico. A faixa seguinte, “Things Can’t Be Down Aways”, com Long liderando na gaita, diz que temos que parar de ficar por aí pra baixo e mudar, tomarmos alguma posição, porque em algum momento as coisas melhoram, dias melhores acabam aparecendo. Puro blues: vamos tentando que algum dia a gente para de se dar mal. “Stand Your Ground”, faixa que dá título ao trabalho, segue nessa linha e diz para nos impormos, não aceitarmos as pessoas nos dizendo o que fazer e tomarmos cuidado com os diabos vestidos de ovelha “when the Devil comes ’round in sheep’s clothing / Stand Your Ground, stand your ground / don’t you let nobody push you around”. 

Em “Welcome Mat”, mais uma enraizada no mais puro Delta blues que você encontra por aí hoje, alerta pra aquelas que tiram vantagem do companheiro(a), mas caminham em gelo fino. A seguinte, “No Flowers For Me” é de arrepiar; a letra fala do narrador enfrentando a morte e pedido que seus filhos que ao invés de comprar flores para ele doem a dinheiro para algum fundo de pesquisa para curar a doença de Parkinson. Cada estrofe de despedida é um aperto no coração. Belíssima. “Well, I’ve been shaking, i’ve been hurting, and someday soon my body will be set free”. O nível continua altíssimo com “One Earth, Many Colors”, mais rítmica, que é uma grande conclamação para o respeito e a celebração da diversidade da espécie humana em suas mais diferentes formas: “open your heart and mind / one earth, many colors, for one human kind”. Mensagem muito necessária nesses dias de hoje, cheio de fronteiras ideológicas, de raça, religiosas e sociais, que parecem ultimamente caminhar de volta ao passado, aumentando o abismo entre as diferenças. “Healin’ Touch”, que já estava presente no seu disco Lost And Found, de 2006, recebe uma abordagem ainda mais minimalista. 

A parte final do disco guarda ainda duas belas covers tradicionais do gospel, “I Know His Blood Can Make Me Whole” e “Precious Lord, Take My Hand”, e que recebem um tratamento especial por John Long e ainda uma dos maiores destaques do disco que até aqui já havia sido de grande qualidade, “Climbing High Mountains”; esta última, que contém basicamente John Long na gaita e o pé ditando o ritmo, é sobre a luta diária, a batalha para escalar uma montanha a cada dia para voltar pra casa, chamando palavrões, tomado de frustração. Mais uma belíssima.  

O que John Long nos mostra em Stand Your Ground é que o blues não tem tempo, pois um blues cujos mestres remetem às fases pré-guerra ainda soa tão atual e ambientado aos novos tempos, com nossos sentimentos, nossas preocupações com a morte, nossas batalhas diárias pela sobrevivência. Sem dúvida, até este momento, ocupa confortavelmente a posição de melhor álbum de blues do ano.