sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Melhores Álbuns de 2017 - Parte V



01. Guy Davis & Fabrizio Poggi - Sonny & Brownie's Last Train



 Guy Davis está entre os mais renomados cantores do blues da nova geração que surgiu para dar um novo fôlego ao gênero a partir da década de 90. Cantor versátil e bastante produtivo, Guy Davis conta com um respeitável catálogo, que abrange desde clássicos recentes, como You Don’t Know My Mind, de 1998, e Butt Naked Free, de 2000, até álbuns puramente conceituais, como o interessante The Adventures of Fishy Waters, de 2012. Para o seu novo projeto, Davis se juntou com o gaitista italiano Fabrizio Poggi, que tem também uma carreira tão longa quando a de Davis, no entanto não dispõe de tanta inserção no cenário mundial. Nesse projeto colaborativo, a dupla decide homenagear aqueles que provavelmente são a dupla mais lendária de toda a história do blues: Sonny Terry (1911-1986) e Brownie McGhee (1915-1996). Os dois se completavam de tal modo, Sonny na gaita e com seus “woooh” inconfundíveis, e Brownie com sua voz profunda e inabalável e a seu dedilhado no violão.  Essa dupla fez um dos sons mais incríveis do século XX, levando o blues rural e inclusive as técnicas do blues a novos patamares. Pois bem, é para homenagear esses dois grandes cantores da história do blues que juntou Guy Davis e Fabrizio Poggi no projeto intitulado Sonny & Brownie’s Last Train: A Look Back At Brownie McGhee and Sonny Terry, lançado esse no final de março. Ambos foram profundamente influenciados pelo estilo de gaita chamado Piedmont, do qual Sonny e Brownie foram precursores.

                Qualquer álbum que tem como intuito ser um tributo tem de enfrentar necessariamente dois dilemas: o primeiro se trata da escolha das faixas. O segundo dilema é como essas músicas vão ser executadas; se respeitando as versões originais ou reinventando-as e dando novas roupagens. Não existe uma fórmula pronta para álbuns assim, uns funcionam utilizando a primeira forma e outros funcionam melhor com a segunda abordagem.

No primeiro quesito, Sonny & Brownie’s Last Train é impecável. Sem dúvida, alcança as músicas mais famosas tocadas por Sonny e Brownie. É impossível ouvir em qualquer lugar faixas como “Louise, Louise”, “Hooray, These Women is Killing Me”, “Walk On”, por exemplo, e não lembrar deles. Todas estão lá, tocadas de forma emocionante. A gaita de Fabrizio dá acompanhamento incessante a todas as músicas, com texturas e técnicas sensacionais. Sonny ficaria orgulhoso. Junto com as clássicas da dupla, estão lá também versões de tradicionais do blues, que Sonny e Brownie também tocaram, como o hino “Take This Hammer”, e a icônica “Midnight Special”, ambas de uma das suas maiores inspirações, Ledbelly, e “Goin’ Down Slow” e “Baby, Please Don’t Go to New Orleans”, que qualquer bluesman que se preze em algum momento de sua carreira vai tocar essas músicas. Ainda sobre espaço para um música original de Guy Davis. A faixa que dá abertura ao disco é a original e Guy, “Sonny & Brownie’s Last Train”, que dá uma narração quase mítica à história de Sonny e Brownie, inclusive cheia dos whoops característicos de suas músicas. No final dessa faixa, uma mensagem de Guy e Fabrizio para a dupla: “Goodbye Sonny, Goodbye Brownie. See you on the other side”.

Bem, no caso de Sonny & Brownie’s Last Train, ouso dizer que só dá tão certo porque Guy Davis e Fabrizio Poggi gravam essas músicas de forma primitiva, crua, e, portanto, poderosa, da mesma forma que Sonny e Brownie fizeram no seu tempo. Até porque, segundo o próprio Guy, Brownie e Terry foram dois músicos cujo trabalho nunca será superado, muito menos melhorado”. Guy  encarna o papel de Brownie, enquanto Fabrizio se encarrega de representar a gaita de Sonny, o que não é uma tarefa nada fácil. O resultado do trabalho de Fabrizio sem dúvida é um dos pontos mais fortes do disco.

Pois bem, estamos em 2017. Nada mais vai alcançar a genialidade das gravações de Sonny Terry e Brownie McGhee do que esse projeto de Guy Davis e Fabrizio Poggi. O fato de ser um tributo sincero faz com que o álbum atinja todos os seus objetivos. É um álbum honesto, empolgante, histórico e apaixonante.






02. Walter Trout - We're All In This Together




We’re All In This Together torna-se assim, além de um favoritos para o melhor disco do ano, uma obra-prima do gênero blues-rock e coloca Walter Trout como seu maior representante e compositor. O mais legal é que essas posições de nada importam: ele consegue essa proeza num disco colaborativo em que os egos de cada um dos convidados – e o dele próprio – são deixados de lado e o que transparece é realmente a única coisa que importa de verdade: o amor pela música.






03. The Cash Box Kings - Royal Mint


Contando com regravações poderosíssimas e canções originais relevantes de quem vive o tempo presente, com críticas políticas e sociais, executadas por integrantes que conhecem profundamente os diferentes estilos do blues, The Cash Box Kings reafirmam a relevância do blues para a cena musical contemporânea. De fato, é como o próprio Oscar Wilson descreveu o disco: "um retorno à era dourada do blues.





04. Rev. Sekou - In Times Like These



In Times Like These é um álbum daqueles que realmente só podem ser feitos em tempos como estes. Cheio de tensão, revolta, paixão, dor, sentimento e, acima de tudo, esperança. Ainda de quebra, Rev. Sekou nos leva a uma visita à Igreja. Aqui cabe um adendo: independente da sua religião ou se não tem religião, mesmo assim, a música nos leva a significativas experiências espirituais. Rev. Sekou, apesar de pastor de uma Igreja pentecostal, sabe muito bem disso. Álbuns assim são os que curam a alma. Estamos precisando.






05. Mitch Woods - Friends Along The Way



Esse álbum é uma festa. Uma grande parte dos artistas que estão presentes nos 50 melhores discos do ano são amigos de Mitch Woods, o que os faz presente em Friends Along The Way. O nome não é lá muito original, mas funciona perfeitamente. Até quem já partiu se faz presente aqui, como John Lee Hooker e James Cotton. Mas a lista é bem mais extensa: Van Morrison, Charlie Musselwhite, Taj Mahal, Elvin Bishop, Joe Louis Walker, Maria Muldaur, Kenny Neal, John Hammond, dentre outros. Cada qual traz um pouco do seu estilo para somar ao piano de Mitch Woods, gerando um resultado sensacional. 






06. Van Morrison - Roll With The Punches



Van Morrison não é nenhum novato no mundo da música e já percorreu por vários caminhos da música americana, entre rock, folk, blues. Aos 72 anos, Morrison compôs mais cinco originais e gravou 10 covers para compor o ótimo Roll With The Punches focadas essencialmente no Chicago Blues, mas, pela sua trajetória, podemos perceber também nas músicas influências de diversos estilos, o que contribui ainda mais para o disco, sem perder a essência do blues. 






07. Eric Bibb - Migration Blues




É impossível não politizar um álbum que nos dias de hoje leve o nome de "Migration Blues". Eis o novo álbum do cantor e compositor Eric Bibb, que lança o novo disco em meio ao governo turbulento e xenófobo do novo presidente norte-americano, Donald Trump, com propostas cada vez mais mirabolantes para tratar da questão da imigração no país anglo-saxão, além do recrudescimento da tensão racial nos Estados Unidos e - por que não? - no mundo. "Migration Blues" é rico musicalmente, socialmente e politicamente. É, enfim, um grande registro de uma época confusa e tensa, que, no futuro, se constituirá num ótimo disco-manifesto dessa época.







08. Little Roger & The Houserockers - Good Rockin' House Party



Como o título sugere, é trilha sonora pra festa caseira, isso se você estiver interessado no blues clássico da década de 50, 60. Em Good Rockin' House Party, Little Roger e banda conseguem captar o espírito festivo do gênero, além de baladas para o momento da conversa ao pé do ouvido e de dançantes para se soltar no meio da sala. 







09. Kim Wilson - Blues and Boogie, Vol. 1



Kim Wilson é o líder da banda de blues The Fabulous Thunderbirds, mas agora saiu em um projeto solo de lançar volumes de clássicos de blues e boogie. Um projeto desse nas mãos de um dos grandes gaitistas de blues da atualidade não poderia dar errado. Uma ótima seleção de músicas, que passa por gênios da gaita como Little Walter, Sonny Boy Williamson e James Cotton, mas também abrange Elmore James, John Lee Hooker, dentre outros, faz com que a diversão seja garantida do início ao fim. 






10. Roger Waters - Is This the Life We Really Want?



Vários discos entre os dez melhores do ano são como manifestos políticos de seu tempo. E dentre todos, o primeiro disco de rock de Roger Waters em quase 25 anos é o mais amplo. Em Is This the Life We Really Want?, Roger Waters usa de toda sua acidez lírica para criticar o mundo contemporâneo, tanto nos seus aspectos políticos quanto sociais. O mundo distópico, em "Picture That", a separação forçada de pais e filhos, em "The Last Refugee", os drones como armas de guerra, em "Deja Vu", o sonho americano, em "Broken Bones", o terrorismo, em "Smell The Roses", dentre outras sacadas. É um álbum mordaz, profundo, cujas letras contém várias referências do mundo atual. Vale a pena construir este quebra-cabeça. 






Melhores Álbuns de 2017 - Menções Honrosas




Bem, a lista oficial de melhores do ano não integram coletâneas ou álbuns gravados ao vivo. Por isso, para fazer jus a dois lançamentos específicos, iremos falar de dois álbuns aqui que se não podiam ficar na lista, não deveriam igualmente ser dela excluídos.

Leo "Bud" Welch - Live at The Iridium




Como agravante, a notícia da morte de Leo Bud Welch. Aquele senhor de oitenta e cinco anos cheio de vigor, tocando ainda em shows com vinte músicas em média, não aguentou e partiu. Mas não antes de deixar registrado sua passagem por aqui, com dois discos de estúdio e um ao vivo, lançado nesse ano. Live at The Iridium mostra Welch tocando várias versões de clássicos do blues, além de suas próprias, gravadas no seu disco. Grande registro. Descanse em paz, Leo!




Chico César - Estado de Poesia (Ao Vivo)


O segundo disco que não poderia ficar de fora é o registro de Chico César, com o show especial focado no melhor disco de sua carreira, Estado de Poesia. O show e as músicas são tão belas que não poderiam ser deixadas de lado.


quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Melhores Álbuns de 2017 - Parte III



21. The Blind Boys of Alabama - Almost Home




O que falar de mais um grande disco da maior referência do gospel de todos os tempos? The Blind Boys of Alabama estão por aí por sete décadas. Foram testemunhas de grandes acontecimentos, passaram por grandes perdas, vivenciaram grandes transformações, tais como, por exemplo, A Grande Guerra Mundial, movimento pelos direitos civis, movimento hippie, Vietnã, a Queda do Muro de Berlin, a internet, dentre outros. Eles saíram do Instituto para os Negros Cegos, onde se conheceram ainda crianças, para tocar na Casa Branca. Agora eles sabem que estão quase em casa. É um disco de uma beleza indizível, desde as canções mais pessoais, que reconta momentos da trajetória de integrantes da banda, quanto nas mais gospeis mesmo. É a voz da sabedoria, da experiência, da fé. Enfim, um álbum impecável. 








22. John Mayall - Talk About That





O Godfather of the Blues não precisa fazer mais nada para ter seu nome cravado na história do rock e do blues. Mas não importa, continua lançando novos discos. Com Talk About That o britânico dá continuidade a sua sólida carreira.







23. David Bowie - No Plan






Navegando um pouco pelo blog não fica difícil notar que somos fãs desesperados de David Bowie. Bem, em questão de justiça para com os demais, não colocamos David Bowie em primeiro lugar, como ele devidamente mereceria. No Plan, na verdade, é um EP, com as sobras de estúdio do último disco da maior lenda da música, Blackstar. 





24. Little Willie Farmer - I'm coming back home




A capa já anuncia: I'm coming back home é um álbum puramente de country blues. E depois de ouvi-lo, podemos dizer que Little Willie Farmer, nascido em 1956, no Mississippi, sabe do que está fazendo e dizendo. Imperdível.






25.  Patrick Recob - Perpetual Luau



Patrick Recob é um baixista, mas isso não impede nada que ele entregue aqui, junto com a banda do gaitista James Harman, uma ótima seleção de blues da velha guarda, baladas, clásico Chicago Blues e muito mais. .








26. Peter Ward - Blues on My Shoulders




Ótima seleção de blues, que perpassa por vários estilos, Shuffle, Chicago Blues, Boogie, Slow Blues. Enfim, tem aqui blues para os vários gostos.



27. Brooks Williams - Brook's Blues




Brooks Williams tem uma grande carreira focada na música americana. Brook's Blues, como o nome já sugere, foca numa seleção de blues acústicos clássicos de primeira qualidade.






28. Billy Flynn - Lonesome Highway



O guitarrista de blues Billy Flyinn grava em Lonesome Highway um disco com 16 faixas que integram a essência do Chicago Blues. 




29. Elvin Bishop - Big Fun Trio



Elvin Bishop, com a ajuda da banda Big Fun Trio nos entrega uma bela lista de blues, contando com sete originais da banda, além de covers Lightnin' Hopkins, Fats Domino, Sunnyland Slim, dentre outros. Conta ainda com a participação do mestre da gaita, Charlie Musselwhite. 



30. Andy T Band - Double Strike



Mais um representante do Chicago Blues na lista. É a mistura da banda de Andy T com Mike Alabama e Nick Nixon nos vocais, cada qual cantando em seis faixas. Álbum bem dinâmico. Vale conferir. 

domingo, 24 de dezembro de 2017

Feliz Natal!



O Filho do Blues deseja a todos um Feliz Natal e que possamos tornar real o Natal da letra de "Someday At Christmas", de Stevie Wonder. Ainda falta muito para chegarmos lá.

Someday at Christmas men won't be boys
Playing with bombs like kids play with toys
One warm December our hearts will see
A world where men are free
 
Someday at Christmas there'll be no wars
When we have learned what Christmas is for
When we have found what life's really worth
There'll be peace on earth
 
Someday all our dreams will come to be
Someday in a world where men are free
Maybe not in time for you and me
But someday at Christmastime
 
Someday at Christmas we'll see a Man
No hungry children, no empty hand
One happy morning people will share
Our world where people care
 
Someday at Christmas there'll be no tears
All men are equal and no men have fears
One shinning moment my heart ran away
From our world today
 
Someday all our dreams will come to be
Someday in a world where men are free
Maybe not in time for you and me
But someday at Christmastime
 
Someday at Christmas man will not fail
Hate will be gone love will prevail
Someday a new world that we can start
With hope in every heart
Maybe not in time for you and me
But someday at Christmastime
Someday at Christmastime

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Melhores Álbuns de 2017 - Parte II






31. Jazzmeia Horn - A Social Call




Mais um grande álbum de jazz na lista. A bela  estreante Jazzmeia Horn é uma virtuosa no piano e que tem uma voz incrível. O estilo às vezes lembra Nina Sinome e você verá muita improvisação e vários estilos de jazz em A Social Call, não só com foco no piano, mas com solos de metais de tirar o fôlego. 









32. Adrianna Marie & her Roomful of All-Stars – Kingdom Of Swing





Um álbum para dançar do começo ao fim. Um jazz do estilo Swing maravilhoso das big bands das décadas de 40 e 50, cantado de forma belíssima pela cantora Adrianna Marie, que é acompanhada pela ótima banda Roomful of All-Stars. 





33. Big Al Dorn & The Blues Howlers - They Call Me Big Al




Disco de estreia de Big Al Dorn que traz um som muito enraizado no Chicago Blues. Entre os temas das músicas, os favoritos do blues, problemas de relacionamento, bebidas, festas e por aí vai.








34. Tiny Legs Tim - Melodium Rag



Tiny Legs Tim também faz um blues acústico de primeira qualidade, acrescentando ainda o acompanhamento da gaita e uma influência mais clara do Delta Blues, bem como Mississippi John Hurt e Sony Terry e Brownie McGhee.. São vários destaques aqui, desde a cover de "Death Letter", de Son House, passando pelas autorais "Evil" e a belíssima "Love is Worth a Fight". 







35. Bad Temper Joe - Solitary Mind



Agora as coisas se acalmam um pouco. Bad Temper Joe faz um blues acústico, só voz e violão, muito interessante em Solitary Mind, mostrando técnica belíssima no violão







36. Chris 'Bad News' Barnes - Hokum Blues



Hokum Blues é um subgênero do blues, popular nas décadas de 20 e 30, sobretudo na era da Proibição de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos, cujas letras falavam explicitamente sobre práticas sexuais, prostituição, bebidas, jogatinas, homossexualidade, ou piadas de conotações sexuais. Chris ‘Bad News’ Barnes, que apareceu em programas de TV como Saturday Night Live e Seinfeld, resgata esta tradição em um disco bem divertido. Pode ver pelo hilário clipe de “Let Me Play With Your Poodle”, clássica de Tampa Red. Ou então a mensagem direta para Donald Trump, “I’m Gonna Get High”: 







37. Chuck Berry – Chuck



A lenda Chuck Berry foi outro ícone que deixou este plano no ano de 2017, no dia 18 de março. Chuck foi anunciado no dia do aniversário de 90 anos do cantor, primeiro desde 1979, e já se anunciava como o canto do cisne. O valor histórico por si só já sustenta a presença na lista, mas Chuck também reserve seus momentos de diversão garantida. 





38. Lisa Biales - The Beat of My Heart



Mais uma representante feminina para a lista. No seu nono disco, Lisa Biales continua fazendo um trabalho diferenciado com uma voz impecável, doce e melódica, dando vida renovada a algumas músicas já conhecidas, como “Be My Husband”, de Nina Simone. É a mistura de blues, jazz, soul e gospel.  





39. RL Boyce - Roll and Tumble


RL Boyce é daqueles bluesman que carrega a história de descoberta tardia, mas que passou a vida toda tocando blues em festas caseiras ou bares ao redor do sul dos Estados Unidos. RL Boyce, como o nome sugere, carrega a tradição do Hill Country Blues de RL Burnside. Então, pode esperar acordes repetidos na guitarra crua e muita improvisação. Dá a sensação que RL Boyce poderia passar 24 horas improvisando numa única faixa. Roll and Tumble é, inclusive, um dos indicados para o Grammy de melhor álbum de blues. Trata-se do ressurgimento de um subgênero do blues que estava adormecido por vários anos. 





40. Hurricane Ruth - Ain't Ready for the Grave



Hurricane Ruth faz uma mistura muito interessante de blues rock, transitando entre faixas mais pesadas e rápidas e baladas de partir o coração. É como, por exemplo, “Barrehouse Joe” e “Far From The Grave”. Dois polos de ótima qualidade. 





PARTE I

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Leo "Bud" Welch morre aos 85 anos


A página do Facebook "Living Blues" cada de noticiar a morte de Leo Bud Welch. A nota do empresário Vincie Vernado diz que "é com o coração pesado e com profunda tristeza que eu anuncio a morte do grande Leo "Bud" Welch. Os preparativos para o funeral serão anunciados num futuro próximo. Suas preces são bem vindas".

Welch gravou pela primeira vez 2014, aos 82 anos. Em 2015 lançou o segundo trabalho, I Don't Prefer No Blues e nesse ano havia lançado um disco ao vivo.

Descanse em paz, Leo.

Melhores Álbuns de 2017: Parte I




41. Nação Zumbi - Radiola NZ, Vol. 1



Não tem como uma banda como Nação Zumbi fazer um álbum em que presta homenagem a suas influências e ser ruim. A surpresa (ótima surpresa) aqui é a versão de Nação para “Ashes to Ashes”, um dos clássicos de David Bowie. Pelo jeito podemos esperar pelo volume dois. 



42. Leo Maier - I Choose the Blues



O blues brasileiro está representado por Leo Maier. E, diga-se de passagem, muito bem representado. Disco de estreia, Leo Maier traz um álbum já com personalidade bem formada em que apresenta seu estilo virtuoso. Destaque para a divertida “You’ve Been Drinking Too Much” e a faixa título, “I Choose the Blues”. 






43. The Reverend Peyton's Big Damn Band - Front Porch Sessions



Não é só a figura do Reverend Peyton que chama a atenção aqui, mas sua voz também é bem potente. Focado principalmente num blues acústico e rural que, como sugere o disco, é ótimo para ouvir na varanda no sítio ou algo assim. Peyton sabe o que está fazendo, seu estilo evoca Charlie Patton, Bukka White, Blind Willie Johnson, David “Honeyboy” Edwards, dentre outros mestres do country blues do Mississippi. Olha a figura no clipe oficial de “We Deserve a Happy Ending”






44. Cesar Valdomir - Working for The Blues




Pois é, no blog também  tem lugar para blues argentino. Isso mesmo. Cesar Valdomir é um argentino tocando blues de primeira, mesclando algumas originais com a maioria de covers. Mas a presença dele na lista foi assegurada mesmo com as versões de “John The Revelator” e “Take the Bitter With The Sweet”. Vale a pena conferir. 




45. Samantha Fish - Chills & Fever



O R&B e o Soul de Samantha Fish foi um dos pontos altos do ano, chegando a lembrar um pouco de Amy Whinehouse em alguns momentos. Uma mistura com elementos de rock, soul e blues que resulta num som charmoso e sensual. 








Enfim, o disco Everyday Seem Like Murder Here é o resultado de três sessões que McMullan gravou com Wardlow entre 1967 e 1968, quase trinta anos depois que ele tinha parado de tocar. Dessas sessões, 31 faixas estão em qualidade boa para serem usadas no disco. O resultado é um autêntico registro do Delta Blues, entrecortadas por conversações. O estilo de McMullan não mudou nada: parece que está tocando diretamente dos anos 20, 30. Alguns dos destaques ficam com “Look-A Here Woman Blues”, “Goin’ Away Mama Blues”, “Goin’ Where The Chilly Winds Don’t Blow” e “Kansas City Blues”. Estamos diante de um registro histórico, que desenterra a memória de apenas um dos talentosos músicos de blues que infelizmente foram engolidos pela história.





47. Johnny Hooker – Coração



Johnny Hooker segue sua carreira com o seu segundo álbum, Coração. Apesar de não beirar a perfeição como o disco de estreia, Coração mantém o estilo provocativo, poético e lírico de Hooker, com algumas belas canções, mesmo com algumas escorregadas pontuais, como se aventurando pelo axé, por exemplo.







48. Taj Mahal & Keb' Mo' – TajMo



A reunião de dois grandes nomes do blues , Taj Mahal e Keb’ Mo’, para um álbum colaborativo foi uma grande novidade para 2017. Apesar de ter potencial para um álbum ainda melhor, a dupla entrega um álbum com belas músicas, numa corpagem mais comercial. 





49. Altered Five Blues Band - Charmed and Dangerous



A banda Altered Five Blues Band conduz um blues rock potente no seu quarto lançamento, Charmed and Dangerous. O entrosamento da banda transparece no seu som, que mistura influências do rock com o Delta blues. 





50. Harrison Kennedy – Who U Tellin’?



A voz poderosa e rouca de Harrison Kennedy, o som do blues rural e uma gaita intensa e raivosa acompanha todo o disco Who U Tellin’? 






domingo, 17 de dezembro de 2017

Playlist: OFilhoDoBlues-2017











Depois de um longo ostracismo, o blog está de volta! E a época de final de ano é bem sugestiva. Já retornamos com as listas de melhores músicas e álbuns de 2017. Nesse ano, a predominância do blues foi absoluta. A morte de David Bowie, em 2016 e a queda de bandas heroicas, como Queens of The Stone Age e Arcade Fire (que lançaram álbuns pífios em 2017) foram duros golpes no rock para mim. Enfim, razões à parte, vamos à lista.

A lista de músicas do ano selecionadas pelo Filho do Blues foi mais gorda do que a do ano passado: temos 130 músicas, escolhidas a partir dos melhores álbuns do ano, dos quais eram selecionadas duas ou três faixas por disco. (algumas músicas infelizmente não puderam fazer parte da lista, pois o Spotify  não disponibilizou o álbum na sua plataforma, como Guy Davis & Fabrizio Poggy, The Blind Boys of Alabama e Eric Bibb)


Então curta o que melhor rolou no ano: 



terça-feira, 12 de setembro de 2017

Resenha - Walter Trout - We're All In This Together



Depois da tempestade, a bonança. Essa frase não poderia ser melhor aplicada do que o caso do guitarrista de blues Walter Trout. A recuperação do corpo não é o bastante quando a ferida atinge o âmago mais escuro da alma. Totalmente recuperado fisicamente de um longo drama de saúde, Trout tratou de curar sua alma e exorcizou seus demônios com o emocionante – e sofrido – disco Battle Scars, de 2015. Agora, dois anos depois, com a vida salva, a carreira retomada e saindo em turnê novamente, Walter Trout está aproveitando cada segundo do tempo que conseguiu garantir. Quando estamos felizes, queremos compartilhar essa felicidade; chamamos os amigos e fazemos aquela festa. O seu novo disco,  We’re All In This Together, é exatamente essa festa que Trout andou preparando com seus amigos (baitas amigos!”). O álbum tem quatorze faixas, cada uma com um convidado especial acompanhando Trout, que compôs as faixas já pensando nos artistas que iriam acompanhá-lo. Assim, ele tomou o cuidado de chamar figuras versáteis dentro do universo do blues e do blues-rock, o que dá ao disco uma dinâmica bastante saudável.  Trout conseguiu capturar a alma e a essência tanto do estilo quanto do convidado. Mas, afinal, quem são esses convidados? Vejamos: Kenny Wayne Shepherd, Sonny Landreth, Charlie Musselwhite, Mike Zito, Robben Ford, Warren Haynes, Eric Gales, Edgar Winter, Joe Louis Walker, John Nemeth, Jon Trout (filho de Walter), Randy Bachman, John Mayall e Joe Bonamassa. Só isso, simplesmente os melhores do gênero blues-rock.

                Devido a isso, We’re In This Together tem de tudo, começando com aquelas clássicas dirigidas principalmente pela guitarra, como a faixa de abertura, “Gonna Hurt Like Hell”, com Kenny Wayne Shepherd, “Crash and Burn”, com Joe Louis Walker e “Got Nothin’ Left”, com Randy Machman, nas quais a aceleração é mantida sempre com ótimos solos de guitarra, além do mestre do slide zydeco, Sonny Landreth e a instrumental “Mr. Davis”, com Robben Ford. Mas também tem gaita suficiente aqui, como “The Other Side of The Pillow”, com o mestre da gaita Charlie Musselwhite, que também pega emprestado os vocais em um dueto trágico-cômico sobre mais uma das inúmeras histórias de traição no blues. John Mayall também traz sua gaita para a incrível “Blues For Jimmy T.”, um delta blues somente com Trout no violão e Mayall na gaita. Sensacional. Outra em que a gaita divide as atenções com a guitarra é “Too Much To Carry”, com John Nemeth, um Chicago blues empolgante.

                No disco também tem aquelas que transitam mais para o rock e pop, com um som mais acessível e radiofônico, como “She Listens to The Blackbird Sing”, com Mike Zito, ou “She Steals My Heart Away”, com um toque meio soul de Edgar Winter e um pouco do funky blues de Eric Gales em “Somebody Goin’ Down”. Diante de um time de joias como esse, Walter Trout faz anda o trabalho de casa, com seu filho Jon, na faixa “Do You Still See Me At All”, com um ritmo bem dançante. Como se não bastasse, tem uma versão incrível da clássica “The Sky Is Crying”, com Warren Haynes. Para terminar com chave de ouro, Water Trout se une a Joe Bonamassa, os dois maiores representantes do blues-rock na atualidade e nos entregam o suprassumo do estilo: a faixa que dá título ao álbum “We’re All In This Together”, quase oito minutos com o melhor que o gênero blues-rock tem a oferecer.

We’re All In This Together torna-se assim, além de um favoritos para o melhor disco do ano, uma obra-prima do gênero blues-rock e coloca Walter Trout como seu maior representante e compositor. O mais legal é que essas posições de nada importam: ele consegue essa proeza num disco colaborativo em que os egos de cada um dos convidados – e o dele próprio – são deixados de lado e o que transparece é realmente a única coisa que importa de verdade: o amor pela música.


quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Confira a resenha de The Cash Box Kings - Royal Mint





The Cash Box Kings é uma banda colaborativa por essência. Criada em 2001 pelo gaitista, cantor e compositor Joe Nosek, foi em 2007 que o grupo recebeu mais um membro fixo, o vocalista Oscar Wilson, que contribuiu para o salto de qualidade na sonoridade da banda. Os demais membros são flexíveis, dependendo do talento e da direção que aqueles que estão envolvidos queiram seguir. Para o novo trabalho da banda, Royal Mint, tantos talentos e experiências diferentes alcançaram uma ótima síntese do blues, resgatando elementos do Chicago blues de Muddy Waters, Jimmy Reed, principalmente, mas flertando em momentos diferentes com o Piedmont blues, country blues e Delta blues, transitando naturalmente do tradicional para o novo, e vice-versa.

Os destaques de Royal Mint são vários, começando pela própria regularidade durante todo o disco, mantendo a pegada sem cair no desinteresse, na mesmice ou com fusões sonoras confusas e desnecessárias para, a priori, alcançar um público maior. Sem dúvida, e sem desmerecer os demais, as faixas que contam com Wilson nos vocais se destacam pelo vigor que os cantores de blues normalmente tem. Depois de um início empolgante com os boogies “House Party”, de Amos Milburn, e o clássico “I’m Gonna Get My Baby”, de Jimmy Reed, Oscar Wilson capricha demais na versão de "Flood", de Muddy Waters. Na verdade, Wilson soa como uma encarnação de Waters. Um slow blues sensacional, mérito também de uma ótima banda de apoio. Mas não é somente nas regravações que The Cash Box Kings faz um grande trabalho. A faixa seguinte é a original "Build That Wall", na qual o grupo destila ironia sobre a decisão do governo Trump de construir o muro e fala umas verdades, digamos assim, incômodas. A letra diz: “Go on build that wall/ mistreat people with brown skin but most of all: you can ignore what Jesus said /you know the poor are better off dead. /come on now USA let's build that wall.”

A faixa seguinte, "Blues for Chi-Raq", em uma encarnação agora de Albert King, também aborda uma problemática atual: o aumento da violência, principalmente por armas de fogo, especificamente nos bairros em Chicago. Mais uma vez a banda faz um trabalho incrível na regravação do clássico de Robert Johnson, "Travelin' Riverside Blues". Em seguida, o grupo toca numa questão que com certeza já foi problema para muita gente nesse mundo de relações virtuais em que vivemos. "If You Got a Jealous Woman, Facebook Ain't Your Friend". O título é autoexplicativo. A parte final do disco nos reserva ainda ótimos momentos, além de mais regravações, como "Sugar Sweet" e "All Night Long", conta ainda com "I Come All The Way From Chi-Town", focado no estilo Piedmont blues de Sonny Terry e a divertida "Don't Let Life Tether You", com um dançante solo introdutório de gaita.

Contando com regravações poderosíssimas e canções originais relevantes de quem vive o tempo presente, executadas por integrantes que conhecem profundamente os diferentes estilos do blues, The Cash Box Kings reafirmam a relevância do blues para a cena musical contemporânea. De fato, é como o próprio Oscar Wilson descreveu o disco: "um retorno à era dourada do blues.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Confira o clipe-manifesto "Build That Wall" de The Cash Box Kings


A banda The Cash Box Kings lançou um novo disco, Royal Mint. Para promover o lançamento, a banda publicou no Youtube um clipe da música "Build That Wall", em que ataca as decisões políticas do governo de Donald Trump, especificamente a ideia de construir um muro para impedir a entrada de imigrantes e a falta de engajamento do governo dos Estados Unidos nos debates sobre as mudanças climáticas. No vídeo, o grupo também faz um manifesto político:

"Se você acha que racismo e a brutalidade policial contra negros não existiam 'até o presidente Obama ser eleito', então esta música é para você. (Faça um favor a você mesmo: vá ler qualquer livro de 5º ano de História da América, ou pesquise no google sobre comércio de escravos, Jim Crow, linchamentos, ...)

Se você acha que porque é branco ou tem um sobrenome 'não-étnico', você está de alguma forma mais aberto às oportunidades econômicas e direitos civis do que qualquer outro americano, então esta música é para você.

Se você acha que está tudo bem gozar, diminuir ou denegrir alguém por causa da cor da pele, do gênero, sua origem étnica, capacidade mental ou física, crenças religiosas ou preferência sexual,então esta música é para você.

Se você acha que está tudo bem agarrar uma mulher sem consentimento, ou assediar sexualmente, então está música é para você

Finalmente, se você testemunhou algum desses atos falados acima acontecer e não se sentiu disposto a falar contra eles, então está música é para você."

Abaixo segue a letra da música:

Build That Wall

WelI our faces aren't the same
and I can tell by your last name
this country means more to me than it does to you
We need to get back to that space
Where people knew their place
And when we're done with that let's go and build a wall

Build a wall go on build that wall mistreat people with brown skin but most of all:
you can ignore what Jesus said
you know the poor are better off dead.
come on now USA let's build that wall

You can grab her where you like there,
got no use for women's rights,
And if the girl complains she's probably just a dyke,
this PC thing’s a bunch of crap,
now we can mock the handicapped.
And when we're done with that we’ll go and build a wall.

Build that wall go on build that wall mistreat people with dark skin but most of all:
you can forget what Jesus said
ignore the sick they’ll soon be dead.
come on now USA let's build that wall

Take your science and your facts
you can blow them out your ass
'Cause the unexamined life is where it's at
Climate change ain't all that bad,
you know it's just a passing fad.
come on now USA let's build that wall

Build that wall go on build that wall mistreat people with black skin but most of all:
we’re gonna go and lead the fight to save the red, blue and white.