terça-feira, 12 de abril de 2016

Manifesto Contra o Golpe




O Filho do Blues, em teoria, é apenas um blog de música; mas dissociar a música, especialmente músicas de resistências como o blues, o jazz e muito do rock (que são os gêneros mais comentados por aqui), do mundo da política, do ativismo político, é totalmente impossível para mim. No próximo domingo, dia 17 de abril, o Brasil estará passando por um momento histórico muito sério, que poderá ter consequências profundas no desenvolvimento e na qualidade da democracia brasileira. No domingo, dia 17, estará sendo votado na Câmara dos Deputados o processo de impeachment da Presidente da República, Dilma Rousseff. Diante disso, o Filho do Blues assume claramente a posição contrário ao impeachment, que ao meu ver é um Golpe de Estado, por não estar caracterizado nenhum crime de responsabilidade cometido diretamente pela pessoa da Presidente da República; vejo o processo com profunda preocupação para a estabilidade da democracia brasileira, pois um precedente como esse (um impeachment sem crime) é perigoso e não oferece a segurança institucional que a democracia precisa para florescer e melhorar; vejo, ainda, o processo como um movimento oportunista da oposição que não aceitou o resultado das urnas das eleições de 2014 e, aliado aos setores da mídia, passaram ao “tudo ou nada” para voltar ao poder sem ser pelas vias do sufrágio universal; vejo um movimento de golpistas, aproveitadores e corruptos que, organizados corporativamente, buscam salvar as próprias peles e impedir o combate à corrupção que tem acontecido no país nos últimos anos; vejo, por fim, esse movimento ilegítimo como uma ameaça aos direitos e conquistas sociais alcançados nos últimos 13 anos, pois representam a visão de mundo retrógrada, conservadora, mesquinha e cerceadora de direitos, bem como a concepção de Estado, que sempre buscou a liquidação do patrimônio nacional para interesses estrangeiros, que sempre buscou enxugar o Estado a um mínimo possível, deixando as pessoas menos favorecidas à sua própria sorte. Atesto minha posição nesse momento único da história brasileira como forma de dizer para o futuro que não me abstive, não fiquei em cima do muro, não fugi ao debate, não cedi aos discursos de ódio, bem como não me entreguei ao radicalismo burro de acusações infrutíferas para o lado contrário, considerando as pessoas que pensam diferente de mim como “inimigos” que devem ser eliminados. Dificilmente, independente do resultado da votação no próximo domingo, dia 17, o Brasil sairá desse processo sem profundas cicatrizes. E todos nós, sem exceção, somos os responsáveis pelo que vier.