domingo, 29 de dezembro de 2013

Melhores Álbuns de 2013 - Parte IV



Começo a escrever esta postagem com uma solenidade quase religiosa. Desde que, por pura paixão, comecei com o Filho do Blues, havia uma satisfação imensurável a cada resenha que escrevia. Mas, da mesma forma, havia sempre tristeza proporcional. Toda vez que conseguia pescar uma preciosidade, ao mesmo tempo que eu comemorava, vibrava e me arrepiava, vinha uma consciência severa que lamentava profundamente: “mas você nunca escreverá uma resenha para um álbum inédito de David Bowie”. E assim eu seguia em frente. Desde que The Next Day foi anunciado, ele guarda a sua posição em primeiro lugar na lista e hoje é finalmente coroado com tal posto, fazendo de Bowie também a personalidade do ano, já que toda promoção do disco foi feita sem entrevista, sem show, sem aparição em programas de TV.




The Next Day tem recebido fantásticas resenhas, dizendo inclusive que era o melhor álbum de retorno da história do rock. Pessoalmente, mesmo com todo entusiasmo que eu estava por ouvir o álbum, eu não esperava que ele seria assim. Bowie escolheu se resumir artisticamente no decorrer de quatorze faixas – sem contar com as três músicas bônus que ainda não saíram – o que, naturalmente, produz um álbum cuja riqueza é sem igual. Ninguém mais, só David Bowie seria capaz de compor um trabalho dessa magnitude.








Reflektor é mais uma obra prima de Arcade Fire e os coloca de vez como a melhor banda da última década. Mesmo ganhando o prémio máximo da música no trabalho anterior, não hesitaram em dar uma mudança de direção forte, mas mesmo assim sem uma ruptura total, o que foi mais ou menos sugerido que seria com algumas entrevistas que a banda concedeu. Enfim, tudo em Reflektor é grandioso, bem pensado e articulado, mais vasto do que os demais, tanto na riqueza musical – que já era imensa – quanto na temática. É um álbum ambicioso e muito bem sucedido, confeccionado por uma banda excepcional. Um novo clássico.










É o melhor trabalho de Queens of The Stone Age? Não, mas também é muito difícil igualar o nível de álbuns como Songs for The Deaf e Rated R. No entanto, em Like Clockworks mostra exatamente o quão grande e competente a banda é, mesclando momentos de sucesso certo, para ampliar o status de banda de festival, e outros nos quais arrisca novos sons e estilos sem se sentir ameaçada.





4. Pearl Jam - Lightning Bolt





Lightning Bolt é, por fim, mais um grande registro de uma ótima banda que já superou essa polêmica de tentar fazer um novo Ten ou Vs. É notório que eles estão preocupados apenas em se divertir uns com os outros e criar novos sons para comunicar sentimentos. E esse é o espírito da coisa. Ao não tentar mudar e abalar as estruturas do mundo mais uma vez, eles contentam-se em fazer parte dele. Uma parte importante inclusive.








Modern Vampires of The City é praticamente perfeito. É um álbum irretocável, a começar pela capa, uma imagem aérea, tirada pelo fotógrafo do New York Times, Neal Boenzi, olhando para o sul do Empire State Building, em preto e branco de Nova Iorque quase pós-apocalíptica, poética e sombria. Inspiradora.  Modern Vampires of The City apresenta uma banda totalmente regulada em seu pico criativo, embora atuando em um espaço sonoro talvez mais limitado que os dois trabalhos anteriores, o que, de forma alguma, tira a genialidade, apenas modifica sua forma, produzindo músicas mais concisas.









AM pode dividir opiniões entre aqueles que foi um fracasso e a morte de uma banda enérgica do rock’n roll, e outros irão celebrá-los como uma obra de uma banda que livrou-se de um rótulo para entrar no território indefinido, onde está com segurança e à vontade de arriscar o que for. Condição que poucos tem no mundo da música, que vive de rótulos. Eu estou com o segundo grupo.









O melhor álbum de blues do ano vai para Corey Harris. Fulton Blues é um maravilhoso álbum de um artista genioso e sincero para com as suas raízes, que usa uma trágica história como plano de fundo para dar margem à sua música se desenvolver. Corey Harris é, definitivamente, um dos nomes mais fortes na cena blues, tendo construído uma carreira sólida e versátil, a qual é enriquecida por mais este lançamento.





8. Mundo Livre & Nação Zumbi - Mundo Livre vs Nação Zumbi






O melhor álbum nacional do ano fica com os pernambucanos do Mundo Livre S.A e Nação Zumbi na concepção e realização dessa ideia genial. Esta série de “Embate do Século” ganha não somente mais um capítulo, mas também contribuiu para produzir um dos registros mais interessantes da música brasileira recente. Mesmo que sejam regravações de clássicas músicas, o nível de ineditismo aqui é de surpreender e de agradar. E muito.











Nobody Knows é, finalmente, um trunfo para Willis Earl Beal, que conseguiu perceber as fragilidades do seu som, intencionais ou não, e melhorá-lo para um formato mais acessível, porém, não menos interessante. Enquanto que Acosumatic Sorcery obteve resenhas misturadas, Nobody Knows a crítica está bem mais unânime quanto a sua genialidade. A cada novo passo, Willis Earl Beal se encaminha para ser – se ainda não for – um dos nomes mais originais da música.









Rhythm & Blues é um álbum de um grande artista, guitarrista e músico do blues. Acontece algo curioso; para Buddy Guy, um dos últimos sobreviventes da era de ouro do blues, que teve seus grandes momentos na década de 60 e 70 (Hoodoo Man Blues [1965], I Left My Blues in San Francisco [1967], A Man and The Blues [1968] e I Was Walking Through The Woods [1974] são ótimos exemplos dessa fase), quanto mais velho melhor. As últimas duas décadas de sua carreira contou com lançamentos incríveis, sobretudo a partir de Damn Right, I’ve Got The Blues, de 1991, passando por ótimos álbuns, como Sweet Tea, de 2001 e Living Proof, de 2010. Lista que recebe mais um título agora, Rhythm & Blues.





MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - PARTE III - DO 20 ATÉ O 11
MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - PARTE II - DO 30 ATÉ O 21
MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - PARTE I - DO 40 ATÉ O 31
MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - MENÇÕES HONROSAS.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Melhores Álbuns de 2013 - Parte III



O grande desafio de bandas do tamanho de Black Sabbath voltarem a lançar material novo é se será realmente relevante para a carreira de uma banda com tamanho legado, ou seja, acrescentou algo ou apenas se repetiu e não fez a mínima diferença ter voltado ou não? Várias bandas contemporâneas de Black Sabbath nos anos 60 e 70 tentaram e falharam. Nesse sentido, 13 é um grande sucesso. Mesmo sem alcançar as glórias dos primeiros quatro discos, a banda consegue criar um conjunto de músicas que com certeza permanecerá como um registro relevante na carreira de Black Sabbath, carreira esta que é tão forte e influente, que chegou a influenciar os seus criadores mesmo quarenta anos depois.







Depois da agradável viagem no decorrer de Ghost on Ghost, podemos finalmente dar essa resposta: o gênio de Sam Beam foi capaz de, além de manter-se no topo com um grande álbum, ainda desenvolver-se ainda mais como cantor e compositor, mergulhando mais no mundo do pop, ou melhor, da música mais acessível ao público em geral, ao mesmo tempo em que inseria no seu som mais influências de outros estilos, como o soul, funk e jazz.








Muchacho é a completa realização de um grande compositor que finalmente se encontrou e amadureceu. Belíssimas, completas e complexas composições fazem desse um álbum irresistível, do início ao final, tornando-se artífice no que se refere ao trabalho de compositor.









O trunfo de Apanhador Só é que eles vão além do que as bandas brasileiras do estilo foram até o momento. Eles pegam o momento que Los Hermanos deixou e dão sequência, através de um experimentalismo muito interessante, bem pensado e criativo, utilizando-se de arranjos não convencionais, objetos, entre outros. Atualmente, é a melhor banda nacional na ativa e Antes que Tu Conte Outra comprova isso a cada segundo. 







Last Night On Earth é mais um trabalho grandioso que se acrescenta a seu riquíssimo legado que, sempre é bom lembrar, engloba toda a gloriosa carreira de Sonic Youth, sempre compondo ótimos clássicos. Last Night On Earth é, por fim, uma extensão de um guitarrista que sabe dobrar seu instrumento de trabalho como poucos. E é exatamente isso que transborda durante uma hora e quatro minutos, mesmo nos momentos menos empolgantes.






16. James Cotton - Cotton Mouth Man




Com a voz completamente acabada e pela carreira e legado que tem nas costas, James Cotton não tinha obrigação nenhuma de provar nada. Mesmo assim, aos 78 anos, esse grande gaitista, juntamente com uma grande equipe de convidados, prova que ainda tem muito a oferecer, tocando não só com a boca, mas com o coração.









Apesar do maior tempo de separação entre os álbuns de Deerhunter, Monomania é, por fim, um grande álbum de uma banda que já estava e se mantém no pico de sua produção criativa, que pode encarnar novos personagens em novos campos de exploração e, ainda assim, soar tão confortável e seguro quanto antes.





18. Nuno Mindelis - Angels & Clowns






A cena blues brasileira também está com tudo! Um dos maiores guitarristas do Brasil, Nuno Mindelis, veio com mais um ótimo álbum, Angels & Clowns, apresentando um estilo mais clássico de rock\blues, às vezes lembrando até mesmo Eric Clapton. Um grande disco, a despeito da capa horrível!





19. Manic Street Preachers - Rewind The Film




Rewind The Filme é realmente localizada na meia idade do Manic Street Preachers, que como a própria banda definiu em “Builder of Routines”: “in between acceptance and rage”. As duas facetas da banda. Em Rewind The Film eles resolveram aceitar esse lado mais sociável e adulto de suas composições, mesmo sem perder a revolta e a densidade na carga de suas letras, em detrimento do som mais cru e enérgico dos trabalhos anteriores, dos quais a banda é internacionalmente reconhecida. Pode não ser o melhor trabalho da banda, mas certamente há momentos aqui que fazem essa experiência ter valido muito a pena, além de abrir mais ainda um caminho sonoro para a banda.





20. Of Montreal - Lousy With Sylvianbriar



Lousy With Sylvianbriar é o álbum que Kevin Barnes finalmente conseguiu fazer para colocar Of Montreal no melhor estilo da banda, depois de alguns álbuns confusos e desconexos. 






MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - PARTE II - DO 30 ATÉ O 21
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MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - MENÇÕES HONROSAS

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Melhores Álbuns de 2013 - Parte II





O caldeirão de Bull Goose Rooster é extenso e rico, com uma intensidade de fazer inveja a qualquer senhor de sessenta e quatro anos. Ninguém melhor do que o próprio Slim para opinar sobre o assunto: “eu posso ser um velho bluesman sem dentes de sessenta e quatro anos, mas eu faço um show do caralho!”. Esse pode certamente ser o resumo em linhas gerais de Bull Goose Rooster.










Disco é a congregação, enfim em um único disco, de todo o universo que Arnaldo Antunes explorou em sua riquíssima carreira. E finca ainda mais o nome de Arnaldo Antunes como o grande e, talvez, o maior e melhor compositor ainda em atividade na música brasileira.





23.Mudhoney - Vanishing Point




Vanishing Point chega ao fim com a missão cumprida. Afinal, a intenção era mostrar uma banda honesta, íntegra, com consciência de si própria, em relação a seu papel e sua posição. É uma velha banda rejuvenescida, como se tocar fosse uma máquina do tempo que a transportasse para vinte anos atrás, tocando essas mesmas músicas.







Volume 3 é um belo, gostoso e divertido álbum, que nos faz viajar por momentos e sensações diversas pelo tempo. Um moderno álbum celebrando o passado, ou mantendo-o vivo e em funcionamento, através de belas canções com toda capacidade de entrar nas paradas, tanto agora quanto no seu tempo, seja lá que tempo for esse.





25. Paul McCartney – New



Sir Paul McCartney retorna com um álbum completo de inéditas desde Memory Almost Full, de 2007, com a proposta de mesclar o clássico do ex-beatle com um som mais moderno, por vezes eletrônico, até flertando um pouco com o hip hop. Embora nem todos os resultados tenham sido satisfatórios em comparação à qualidade de Macca, New ainda nos revela grandes momentos, como a faixa que dá título ao álbum e “Early Days”, para citar apenas duas.





26. Lurrie Bell - Blues in My Soul




O Chicago Blues está presente na lista de 2013 em vários momentos, e Blues In My Soul, de Lurrie Bell, certamente é um dos mais agradáveis. Com um blues puro e perfeitamente executado, faz literalmente com que o blues impregne totalmente sua alma.










Trouble Will Find Me é um grande álbum, mas com um potencial de poder ter sido bem melhor. Mesmo assim, em várias músicas eles se apresentam em grande nível, tornando-se, se não um clássico álbum na carreira de The National, pelo menos mais um bom e interessante trabalho da banda.





28. Kings of Leon - Mechanical Bull



Kings of Leon escrevem mais um capítulo para fincar seu nome no hall de grandes bandas de arena rock e de healines de festivais, com músicas como “Supersoaker”, “Rock City”, “Beautiful War”, dentre outras.






29. Beth Hart & Joe Bonamassa – Seesaw



Mais uma voz ponderosa do cenário blues, Beth Hart forma uma equipe com Joe Bonamassa e fazem um ótimo disco de covers, mostrando várias facetas da banda, passando ainda por soul e jazz. Um ótimo trabalho que vale a pena conferir!







Bloodsports é um sucesso inesperado de uma banda que se julgava acabada e sem força criativa de se destacar mais uma vez nesse cenário que ela chegou a conquistar há vinte anos. Assim como nesses vinte anos a indústria também se transformou e não se pode imaginar por quanto tempo ainda Suede se manterá nessa posição. Mas não são coisas que valem a pena perder tempo pensando agora. A verdade é que eles voltaram com força para, pelo menos, igualar os seus melhores e gloriosos dias passados. E isso para eles já é o bastante.





MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - PARTE I - DO 40 ATÉ O 31
MELHORES ÁLBUNS DE 2013 - MENÇÕES HONROSAS

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Melhores Álbuns de 2013 - Parte I



31. Seasick Steve - Hubcap Music


Através de vários estilos tradicionais da música norte-americana, sendo o Blues tomando o papel principal aqui, Hubcap Music é uma viagem pelo universo ruralista em detrimento da vida exageradamente moderna que vivemos. É quase como uma rotina diária de um trabalhador rural, tem um dos momentos de trabalho braçal, assim como pegar um violão e sentar-se na varanda da casa grande e tocar diante de uma imensidão silenciosa, atenta a seus acordes




32. Ben Harper & Charlie Musselwhite - Get Up!




Get Up! É o resultado da junção colaborativa entre dois grandes e veteranos compositores que compartilham de uma paixão em comum: o blues. E essa paixão é facilmente estendida aos ouvintes pela maestria e sinceridade em cada música do álbum.






Ao final, Push The Sky Away é inconfundivelmente um álbum que Nick Cave & The Bad Seeds faria. Sombrio, imprevisível e incrivelmente composto por mãos hábeis, que sabem o que fazem







Imitations é, por fim, um tributo que Lanegan faz às suas inspirações, uma viagem direto para suas raízes musicais, tal como Sir Paul McCartney fez no ano passado, com Kisses On The Bottom. Ao final de Imitations, portanto, o ouvinte termina por entender um pouco mais desse espírito aventureiro e do quebra-cabeça que já caracteriza Mark Lanegan e seus trabalhos.








Specter At The Feast é um álbum muito carregado emocionalmente, que reflete a exata imagem de um espectro em um banquete fúnebre. O fato é que existem formas e formas de se lidar com o luto. O que é certo é que a forma que Black Rebel Motorcycle Club escolheu para lidar com o dele, rendeu no melhor disco da carreira da banda até hoje.










Foxygen aparece mais uma vez com canções muito trabalhadas e ecléticas, que vão desde o psicodélico sessentista, passando pelo rock clássico até um soul moderno. O conjunto dessas canções vai gerar o álbum com o belo título We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic. é uma bela coleção de músicas onde se pode encontrar riqueza na junção de estilos diversos numa única e cativante obra.









Lysandre acaba por ser um registro interessante de Christopher Owens, eclético e cheio de músicas boas, mas com poucas ótimas, o que era sua especialidade. Podemos tirar pelo seu trabalho anterior com Girls que ele pode fazer muito mais, no entanto, ainda assim, é apenas a porta inicial para uma carreira solo de um grande compositor.






38. Placebo - Loud Like Love


Placebo retorna após quatro anos para apresentar um dos seus trabalhos mais interessantes dos últimos anos, como o prova a faixa título. Não se compara com os trabalhos do início da carreira, mas mostra que a banda ainda possui a competência de compor álbuns muito interessantes.





39. Yo La Tengo - Fade




Yo La Tengo dá continuidade à sua carreira de ícone do alternativo com Fade, um álbum digno do tamanho e qualidade da banda, como o prova algumas das faixas principais, como “Is That Enough” e “Ohm”









Comedown Machine, apesar dos altos e alguns baixos, pode ser sim denominado como um trabalho bem sucedido, afinal, atinge o objetivo da banda de renovar seu som e ela o faz de maneira equilibrada, sem comprometer a qualidade do resultado final, até porque mesmo nos momentos mais críticos, ainda restam momentos interessantes. The Strokes veio para mostrar se ainda eram relevantes. E a resposta é sim.






Melhores Álbuns de 2013 - Menções Honrosas

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Melhores Álbuns de 2013 - Menções Honrosas

Franz Ferdinand - Right Thoughts, Right Word, Right Action



A banda escocesa Franz Ferdinand está de volta depois de quatro anos. Embora a expectativa fosse de um álbum ainda melhor, Right Thoughts, Right Word, Right Action ainda tem momentos que guardam o melhor da banda, outros nem tanto. Mas é um álbum que dá para colocar para tocar e se divertir bastante com ele.


 


Tedeschi Trucks Band - Made Up Mind




Um álbum bem consistente de blues rock. Talvez merecesse uma posição no top 40, mas não consegui encaixá-lo mais em cima. Errado seria deixar passar um lançamento desse tipo, que coloca Tedeschi Trucks Band como uma banda para se ficar atento nos próximos anos.



 


David Lynch - The Big Dream




David Lynch nos apresenta um som muito interessante, baseado num blues mecânico, eletrônico, quase robótico, que gera algumas músicas especiais, como “Cold Wind Blow”, e a cover de Bob Dylan “The Ballad of Hollis Brown”.




Stone Gossard – Moonlander


Um álbum que surpreendeu bastante. É o que se pode dizer de Moonlander, que gera um resultado inesperado no ouvinte, principalmente se este já acompanha a longa e bem sucedida carreira do guitarrista Stone Gossard. O resultado pode ser bem diferente, no entanto, para um leigo, que não sabe quem Stone Gossard é. Mas, sinceramente, desconfio que alguém percorra esse caminho sem conhecer a história de Stone, a qual, com certeza, ficou ainda mais interessante depois de Moonlander. Duas faixas aqui são maravilhosas e levam o disco para outro nível, “Both Live” e “Your Flames”.


 


Islands - Ski Mask





Ski Mask é uma junção de todas as facetas da banda Islands. Sendo a sequência do ótimo e direto A Sleep & A Forgeting, do ano passado, perde um pouco o brilho. Mas ainda assim, é um bom álbum, marcado por algumas músicas bem interessantes, como “Wave Forms”.





Jim James - Regions Of Light and Sound of God




Regions of Light and Sound of God é um álbum para se escutar descansando, de olhos fechados, quase em estado meditativo, relaxando e pensando na vida. Musicalmente, Jim James alcança novos horizontes que não seriam possível com o seu trabalho com My Morning Jacket.





The Flaming Lips - The Terror




The Terror é, por fim, sinistro. Tanto pelo seu conceito quanto pela sua execução. Numa análise musical, lendo a música como uma forma de entretenimento, é um álbum horrível. No entanto, num sentido mais nobre e amplo, elevando da música seu papel artístico, The Terror é uma obra prima. É a execução máxima de um projeto ambicioso, que chega a sacrificar a si mesmo em virtude da representação exata de um sentimento horrendo. E, diante do recentíssimo atentado terrorista na Maratona de Boston que aconteceu hoje, o desespero, o medo, enfim, o terror é o que está representado nessas faixas. Um álbum que somente The Flaming Lips seria capaz de fazer. 


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Novo clipe de Apanhador Só, "Mordido"


Um dos grandes destaques do ano no cenário nacional, a banda gaúcha Apanhador Só, acaba de lançar seu segundo clipe para o ótimo disco Antes Que Tu Conte Outra, lançado neste ano. A faixa escolhida é “Mordido”, que abre o álbum. O clipe é uma apresentação ao vivo no Teatro São Pedro, em Porto Alegre, durante o show de lançamento de Antes Que Tu Conte Outra. 



sábado, 7 de dezembro de 2013

Resenha de Mundo Livre S.A & Nação Zumbi - Mundo Livre vs Nação Zumbi


Ótimas ideias geralmente já são garantias de um grande disco, sobretudo quando vem acompanhado de uma produção bem feita e uma execução impecável. É a combinação perfeita. Some-se a isso a união de forças de duas das maiores bandas do último movimento musical genuinamente brasileiro, o Manguebeat. Essa é a ideia por trás do disco Mundo Livre vs Nação Zumbi, segunda edição da série "Embate do Século", promovido pela gravadora Deskdisc e que, a despeito do título sugerir uma rivalidade inexistente, o trabalho soa mais como uma colaboração pensada nos mínimos detalhes, cada um com o intuito de produzir o melhor para destacar o trabalho da banda colega. 

O disco é composto por quatorze faixas, das quais sete são originalmente de Mundo Livre S.A e as sete restantes ficam a cargo de Nação Zumbi. Naturalmente, as faixas escolhidas são as que mais definiram a história da banda, as de maiores sucesso e representatividade de suas carreiras. Mas o negócio fica realmente interessante quando Nação Zumbi toca as músicas de Mundo Livre S.A e vice-versa. E é esse exatamente o grande trunfo do disco, pois é empolgante ver as músicas com uma nova roupagem, cada uma com as características principais de cada uma das bandas. Isso gera uma experiência completamente nova e inesperada na audição de músicas que estamos acostumados a ouvir inúmeras vezes no decorrer dos anos. 





Dito isto, vamos nos deter nas execuções que mais encarnaram esse princípio da maneira mais bem sucedida. O disco é virtualmente dividido em duas metades, a primeira sendo conduzida por Fred 04 e companhia, com o Mundo Livre S.A. Logo de início, na faixa de abertura, um dos ícones do movimento Mangue, "A Cidade", Fred 04 relembra e homenageia o homem-carangueiro, Francisco França, vulgo Chico Science. "No início dos anos 90, Francisco França falou..." e começa com seu cavaquinho e vocal característico. "A Praieira" foi totalmente reformulada, num sambinha bossa nova que fica quase irreconhecível da original, com o furor e a excitação dando lugar a uma calma e bucólica faixa. Quase como se a original fosse feito num domingo de sol em Boa Viagem, com a praia lotada, enquanto que agora Fred 04 foi para alguma praia deserta no litoral pernambucano, tomando uma cerveja antes do almoço, debaixo de uma palhoça, pois "há fronteiras nos jardins da razão". Genial. "Etnia" é outra icônica do movimento e Fred 04 volta ao samba. "Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada" é um dos destaques máximo do disco. A original, de Nação Zumbi, já é incrível e essa versão é tão boa e intrigante que não se sabe realmente qual é a melhor. Com o peso sendo acrescentado por uma voz quase robótica. Do repertório de Mundo Livre, ainda destacam-se obviavelmente, "Rios, Pontes e Overdrives", um intenso samba\punk e "Samba Makossa", sempre com a irreverência típica de Fred 04 e sei jeito de cantar. 

 Esse comércio de competências e habilidades somente é completo quando Nação Zumbi entra em jogada, que assume também a partir de uma das icônicas faixas de Mundo Livre, "Livre Iniciativa". A partir de então, os batuques, guitarras com efeitos e arranjos psicodélicos e a seriedade do vocal de Jorde Du Peixe tomam conta. Essa química entre as características das bandas dão o charme e a genialidade dos discos. Ambas as bandas conhecem-se perfeitamente e só a partir disso que se é capaz de mergulhar por territórios diferentes para recriar a música. “Musa da Ilha Grande” também é outro grande destaque, seguida de “Bolo de Ameixa”, com um grande riff de guitarra, somado ao peso dos tambores. Dizer que a performance de um é melhor do que o outro seria injustiça certa para uma das partes. Enquanto que a tracklist de Nação está mais coesa e unida, Mundo Livre S.A preferiu a diversidade musical, ou seja, ambos ganham. 





“Girando em Torno do Sol” ganha uma roupagem de balada, sem as guitarras distorcidas da original. Depois de “Pastilhas Coloridas”, as duas faixas finais se sobressaem, deixando-nos no mesmo dilema, sem saber qual seria a melhor, a original ou a nova versão. “Seu Suor É o Melhor de Você” destaca-se na discografia de Mundo Livre como uma das melhores de sua carreira, o que torna a responsabilidade de Nação Zumbi em regravá-la ainda maior. Mas diante da obrigação, eles se saem muito melhor do que o esperado. Colocam uma tensão nos novos arranjos. Por fim, o frevinho genial de “O Velho James Browse Já Dizia”, que é digna de ser tocada inúmeras vezes no carnaval de Olinda. 

Esta série de “Embate do Século” ganha não somente mais um capítulo, mas também contribuiu para produzir um dos registros mais interessantes da música brasileira recente. Mesmo que sejam regravações de clássicas músicas, o nível de ineditismo aqui é de surpreender e de agradar. E muito.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Assista ao clipe de "I'd Rather Be High (Venetian Mix)", de David Bowie



Saiu mais um vídeo oficial de David Bowie para o Venetian Mix, de “I’d Rather Be High”, que está presente na versão extra do álbum The Next Day. O vídeo se encaixa com imagens de guerra e de momentos de diversão dos soldados, dançando em bailes na época, enquanto Bowie canta numa imagem distorcida. O vídeo foi dirigido por Tom Hingston. Confira: