quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Buddy Guy receberá o prêmio Academy’s Lifetime Achievement no Grammy Awards 2015


A edição do Grammy Awards de 2015 será bastante especial para os admiradores do blues. Foi anunciado que o lendário guitarrista de blues, Buddy Guy, receberá a honra da Recording Academy’s Lifetime Achievement, durante a semana do Grammy, no sábado, dia 7 de fevereiro. Este prêmio, como o nome explicita, é dado aos artistas que fizeram grandiosas contribuições para a música. É um grande reconhecimento para um artista que vem tocando o blues desde a década de 1950, sendo contemporâneo de outras lendas do estilo, como Muddy Waters, Willie Dixon, Junior Wells, dentre outros. Quanto ao tamanho de sua contribuição para o mundo da música, acho que basta dizer que, dentre os artistas que o consideram um grande ídolo estão nomes como Eric Clapton, Jeff Beck, Jimmy Page, Jimi Hendrix, que o consideravam como ídolo, cuja influência foi determinante na carreira e no estilo de tocar guitarra dessas pessoas.




Buddy Guy, que já coleciona seis prêmios do Grammy por melhor álbum de Blues, inovou a forma de tocar guitarra no blues desde os anos 50, com um estilo mais agressivo de tocar do que seus contemporâneos, o que o legou alguns anos de ostracismo, já que as gravadoras, especialmente a Chess Records, não deram oportunidade para Guy gravar como artista solo, utilizando-o como músico de sessão, por gravação de outros artistas. Nos anos 60 a oportunidade chegou e Buddy Guy não deixou passar, alcançando a fama e notoriedade por sua performance ao vivo e por ótimos álbuns como Hoodoo Man Blues,  de 1965, com Junior Wells, Left My Blues In San Francisco (1967), A Man And The Blues (1968) e I Was Walking Through The Woods (1974). Tendo sofrido com a queda da popularidade do blues depois da ascensão do funk na década de 70, Buddy Guy reconquistou o sucesso e a fama principalmente na década de 1990 e 2000, como os ganhadores de Grammy  Damn Right, I've Got The Blues (1991), Living Proof (2010) e Sweet Tea (2001). Até hoje, aos 78 anos, Buddy Guy continua levando a tradição do blues onde quer que ele vá, constituindo-se, sem dúvida, em uma das maiores referências ainda vivas do blues, junto com B.B. King.




Quanto ao Grammy Awards, saiu também os indicados para receberem o prêmio de melhor álbum de blues do ano:

  •  Dave Alvin & Phil Alvin – Common Ground: Dave Alvin & Phil Alvin Play and Sing the Songs of Big Bill Broonzy
  • Ruthie Foster — Promise of a Brand New Day
  • Charlie Musselwhite – Juke Joint Chapel
  • Bobby Rush with Blinddog Smokin' – Decisions
  • Johnny Winter – Step Back
Com certeza o favoritismo recai para Johnny Winter, que além de contar com um poderoso e ótimo álbum, veio a falecer inesperadamente no ano passado, poucas semanas ante do lançamento de Step Back. É uma forma de prestar homenagem póstuma a esse outro grande nome do blues. 


       

sábado, 24 de janeiro de 2015

Resenha de Sleater-Kinney - No Cities To Love



Sleater-Kinney, formada pelo powertrio feminino, encabeçado por Carrie Brownstein, Corin Tucker e Janet Weiss, é uma das referências para o rock alternativo do final da década de 90 e da primeira metade da primeira década dos anos 2000, lançando discos impressivos como Dig Me Out, de 1997, All Hand On The Bad One, em 2000 e The Woods, em 2005, tendo se separado no auge de sua popularidade na cena punk/indie norte americana. Cada uma das três trilharam caminhos diferentes, trabalhando em variados projetos, dentre os quais o principal foi a banda Wild Flag (com Carrie e Janet juntas) e a carreira solo de Corin Tucker, além da colaboração da baterista Janet Weiss com Stephen Malkmus, na banda The Jicks. Desde 2013 que rumores sobre uma possível volta rondava as integrantes, que nem confirmavam nem negavam. Dez longos anos depois, o trio lança neste mês o novo álbum, chamado No Cities To Love, que mostra exatamente porque uma banda como Sleater-Kinney fez tanta falta para a música durante esse tempo que ficaram separadas.

A faixa de abertura, "Price Tag", é verdadeiramente um prelúdio, uma nota de abertura, (já que Corin anuncia "It's 9am We must clock in / The system waits for us") para o que está por vir: uma representação da sociedade em que vivemos, seu consumismo exacerbado, suas contrações, seus valores, sua energia, sua decadência. "I was blind by the money / I was numb from the greed / I'll take God when I'm ready / I'll choose sin till I leave". É imediatamente seguida por "Fangless", que conta a independência e a força da mulher diante de um coração partido, diante de um homem que não a tratou como deveria, e agora, depois de ter ficado devastada, levanta-se ainda mais autoconfiante.





"Surface Envy", sem dúvida umas das melhores faixas do disco, tem tanta energia revigoradora que parece um grito de libertação, cheio de fúria, liberdade, tensão, prestes a explodir, como no refrão: “We win, we lose, only together do we break the rules”. "No Cities To Love" celebra exatamente a falta de raiz diante de um mundo fluido, solto e louco, inconstante e vazio. Então para elas não tem nada disso de bairrismo. “It's not the city, it's the weather we love! It's not the weather, it's the nothing we love!”


O álbum continua com "No Anthems", com um ritmo maravilhoso desaguando num refrão melódico e poderoso, novamente com a letra fazendo ligações interessantes e inusitadas. Em "Bury Our Friends" um verso resume a grande contradição da vida nesses dias em que vivemos: "This dark world is precious to me". Uma relação concomitante entre amor e ódio, vergonha e orgulho, desprezo e admiração. No Cities To Love vai chegando ao final, mas não perde a força. "Hey Darling" sem dúvidas é uma das mais poderosas músicas do álbum e também um dos seus destaques, com o seu refrão pesado, furioso e brutal.  "Fade" é, por fim, a luta da consciência sobre o papel que desempenhamos no palco do mundo. "Oh what a price that we paid / My dearest nightmare, my conscience, the end".

É impressionante como, depois de dez anos estando separada, com suas integrantes experimentando novos caminhos e novos sons, uma banda volte em tão grande estilo como Sleater-Kinney voltou em No Cities To Love. Sem dúvida, é algo a celebrar. Não é todo mundo que consegue captar o zeitgeist do seu tempo e desenvolver suas manifestações culturais de uma forma tão crua, direta e ainda assim, tão natural, tão simples. 






quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Belle & Sebastian visita o Conan e toca "Nobody's Empire"


Como disse no post passado, essa semana foi movimentada em termos de lançamentos. Esse movimento todo naturalmente foi traduzido nos programas de TV. No dia seguinte à apresentação de Sleater-Kinney no Conan, foi a vez de Belle & Sebastian ser o convidado e tocar “Nobody’s Empire”, exatamente a melhor faixa do seu novo e interessantíssimo álbum, Girls In Peacetime Want To Dance. Confira:


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Sleater-Kinney toca "Surface Envy" no Conan




Disputando com Belle & Sebastian, The Decemberists, Marilyn Manson o lançamento da semana, Sleater-Kinney continua seu trabalho de divulgação pelos programas de TV dos Estados Unidos. Depois de ter feito uma visita no David Letterman, tocando “A New Wave”, foi a vez da banda fazer sua apresentação no programa Conan, agora tocando a faixa “Surface Envy”. 



terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Abença Pai: Hugh Laurie celebra o jazz e o blues no documentário Let Them Talk - A Celebration of New Orleans Blues


Johnny Depp é um dos atores mais celebrados do mundo inteiro, fazendo papéis consagrados que vão desde o mainstream de Hollywood ao cult, mas que, dada sua presença, já garante o alcance do grande público. Depp também tem uma relação muito estreita com a música, fazendo com frequência inúmeras participações em shows de grandes artistas, como Eddie Vedder, Aerosmith, Keith Richards e inúmeros outros. Em entrevista à revista Rolling Stone, o entusiasmo pela música, no entanto, não apenas não seduz o ator a seguir a carreira na música, mas o faz sente nojo por atores que seguem a carreira musical em paralelo com a de ator. Segundo ele, tentam se aproveitar da fama para conseguir público na carreira musical. Muita calma nessa hora, Johnny. Pode ser verdade, pode não ser. Ou melhor, não concordo com a generalização. Certamente tem atores que podem tentar se aproveitar desse capital humano, dessa audiência. Mas ao mesmo tempo tem gente que pode estar fazendo um grande serviço à música, levando-a para um público que nunca teria acesso a determinado tipo de música de outra forma, a não ser guiada pelo sucesso de um ator do qual gosta.

É exatamente esse o caso de Hugh Laurie, ator consagrado pela série Dr. House, no qual atuou de 2004 até 2012, encarnando o nada simpático médico Gregory House, especialista em diagnosticar casos médicos difíceis e misteriosos. Durante as oito temporadas, podíamos notar que o personagem de Laurie, House, possuía um grande interesse relacionado à música; várias cenas surgem em que ele está tocando piano ou guitarra; ou de repente, no meio do brainstorm de algum caso quase perdido, ele faz alguma referência a um artista, praticamente desconhecido. Agora sabemos que essas inserções demonstram um gosto particular pela música do ator principal, o próprio Hugh Laurie, grande entusiasta do jazz e do Blues e um estudioso pela rica história desses dois estilos musicais que não fazem parte dos estilos mais tocados do momento.

Já consagrado, portanto, com a série Dr. House, Hugh Laurie resolveu dar um passo ousado e iniciar sua carreira musical, para festejar exatamente estes dois grandes estilos, o blues e o jazz, especialmente o New Orleans Blues, lançando, em 2011, seu primeiro disco solo, chamado Let Them Talk. Dois anos depois, em 2013, lançou o segundo, Didin’t It Rain. Duas obras interessantíssimas que fazem um rico resgate de clássicos do jazz e do blues, tocado por um amante da música, um entusiasta, um apaixonado que teve coragem de tocar o que ama não se importando com a possível avalanche de críticas, diretas ou indiretas, como essa de Johnny Depp. Certamente vários fãs da série de televisão, curiosos como o amargo médico poderia engatar uma carreira musical, entraram em contato com essas músicas pela primeira vez, muitos dos quais possivelmente nem haviam ouvido falar do blues, do jazz, enfim, pois de outro modo nunca teriam tido a chance de ouvir nenhum dos dois estilos. Podem ter gostado, podem não ter gostado, mas isso realmente não importa. Só em fazer essa intermediação, esse contato entre gerações, fazer o grande público ouvir “St James Infirmary”, “Six Cold Feet”, “John Henry”, “The Whale Has Swallowed Me”, “They’re Red Hot”, entre inúmeras outras que não podem ser consideradas como itens de colecionador, de pesquisador ou especialista.

Para celebrar esse trabalho de Hugh Laurie, deixo vocês com o maravilhoso vídeo/documentário celebrando exatamente essa tradição do jazz e do blues. O nome do documentário diz tudo: Let Them Talk – A Celebration of New Orleans Blues, que conta ainda com participações especiais e algumas excursões para resgatar a história de New Orleans na música. Assista e você entenderá o que eu quero dizer.






Modest Mouse divulga vídeo da música "Coyotes"



Quem trabalha com arte sabe que o inusitado é bastante inspirador, sendo capaz de produzir obras muito interessantes. Na música também vemos casos assim. No inverno de 2002, a linha de trem de Portland recebeu um visitante inusitado: um coiote. Ele simplesmente entrou no trem, que seguiu viagem. Muito calmamente, o coiote achou um lugar nos assentos e ficou esperando a próxima estação. O fato em si é simplesmente curioso, dado a sua dificuldade de acontecer, a sua raridade. Mesmo assim, foi o bastante para inspirar uma música da banda Sleater-Kinney, “Light Rail Coyote”, em 2002, no álbum One Beat. Agora é a vez de Modest Mouse, que está retornando com um novo álbum em março, chamado Strangers To Ourselves, depois de 8 anos do último trabalho, We Were Dead Before the Ship Even Sank.


A banda divulgou um novo vídeo, “Coyotes”, que foi inspirado pelo evento inusitado que aconteceu em Portland, em 2002. Confira


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Sleater-Kinney convida vários amigos para cantarem "No Cities To Love"


10 anos. Não, não é mais um post sobre o período que David Bowie ficou sem lançar nada até The Next Day, em 2013. A banda de rock alternativo norte americana Sleater-Kinney tinha se separado após o álbum The Woods, lançado em 2005. Mas, dez anos depois, a banda se reuniu novamente e acaba de lançar No Cities To Love, oitavo disco da banda, seguindo a mesma linha que os anteriores, mas mostrando uma pegada ainda mais intensa, como se os dez anos tiveram o efeito de incrementar o desejo de tocarem juntas novamente. Para divulgar o disco, lançaram um vídeo com a faixa que dá título ao álbum, “No Cities To Love”, que conta com diversas participações ilustres do mundo da música alternativa, como J Mascis, do Dinosaur Jr e muitos outros, além, claro, das próprias integrantes da banda. Confira: 



quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Father John Misty toca "Bored In The USA" no Letterman


O ano de 2015 começou com algumas novidades bem interessantes. A primeira delas é Father John Misty, projeto de Josh Tillman, conhecido por seu trabalho na banda Fleet Foxes, que lançou seu segundo trabalho, chamado I Love You, Honeybear. Tillman apresentou-se no David Letterman para promover seu novo álbum, com a música “Bored In The USA”, que mostra seu humor cínico, numa clara referência ao clássico de Springsteen, “Born In The USA”.