Ontem, 19 de fevereiro, foi noite
de gala para a música britânica, com a cerimônia do Brit Awards, destinada,
especialmente, aos artistas que mais fizeram sucesso em solo britânico no ano
passado. A cerimônia foi marcada pela apresentação ao vivo da banda Arctic
Monkeys, que levou pra casa o prêmio de melhor álbum do ano, com AM, tocando “R
U Mine”, presente no disco premiado. Como não podia ser diferente, David Bowie
também chamou atenção ao ser premiado como o melhor artista solo masculino,
como já era de se esperar, levando em consideração o ano de 2013 e de ser um
prêmio britânico. Mas o que realmente chamou a atenção foi o recebimento do
Brit, que foi entregue a Kate Moss, vestida com a roupa original vestida por
Ziggy, já que Bowie não estava presente na cerimônia. Mas no discurso de
agradecimento enviado por Bowie e lido por Kate Moss, houve uma polêmica que
ainda está rendendo nas redes sociais. Tudo isso porque, ao final do discurso,
Bowie faz um pedido: “Scotland, please stay with us”. Contextualizando, essa
frase vem num momento bastante decisivo na corrida para o plebiscito, marcado
para o segundo semestre do ano, que irá decidir o destino da Escócia, ou seja,
se permanece com o Reino Unido ou se conquista a independência total. Foi o
bastante para surgir uma enxurrada de críticas, algumas bem duras, sobre a
frase de Bowie, afirmando que ele não tinha o direito de se meter nesse
assunto, já que é morador de Nova Iorque e não paga impostos na Escócia. Alguns
até disseram: “fuck off back to Mars”. Quando
o assunto é política, pode ser a celebridade que for, é melhor ficar de fora.
Ou não.
Polêmicas à parte, fique com a
apresentação de “R U Mine”, de Arctic Monkeys.
Confira a lista dos vencedores da noite:
Vencedores:
Melhor artista solo masculino internacional: Bruno Mars Melhor artista solo feminino: Ellie Goulding Revelação: Bastille Melhor grupo: Arctic Monkeys Sucesso global (prêmio especial): One Direction Melhor single: Rudimental e Ella Eyre - “Waiting all night” Melhor artista solo masculino: David Bowie Melhor vídeo: One Direction - “Best Song Ever” Melhor álbum do ano: Arctic Monkeys - “AM” Melhor artista solo feminino internacional: Lorde Melhor grupo internacional: Daft Punk
Saiu mais um vídeo oficial de David Bowie para o Venetian Mix, de “I’d Rather Be High”, que está presente na versão extra do álbum The Next Day. O vídeo se encaixa com imagens de guerra e de momentos de diversão dos soldados, dançando em bailes na época, enquanto Bowie canta numa imagem distorcida. O vídeo foi dirigido por Tom Hingston. Confira:
Se há um personagem que marcará o ano de 2013, sem dúvidas trata-se de David Bowie, o grande coringa do ano, a começar pela imprevisibilidade e o ataque em frentes não convencionais. Como todos certamente já sabem, David Bowie retornou ao estúdio com o álbum de inéditas quase dez anos após o seu último registro, Reality, de 2003, este seguido por uma extensa turnê mundial que acabou ocasionando um princípio de enfarto em Bowie no meio do show. Esse foi o alerta para que Bowie se auto exilasse, passando a viver com sua família no – quase – anonimato em Nova Iorque. Nas surdinas, Bowie juntou sua banda e começou a gravar o que viria a ser The Next Day em absoluto segredo. Não havia nenhuma palavra, muito menos a mínima sombra de especulação sobre algo assim quando Bowie anunciou o lançamento para março deste ano, pegando o mundo de surpresa.
Apoiado simplesmente na lenda de seu nome como estratégia de lançamento, Bowie não concedeu nenhuma entrevista sequer. Apenas alguns integrantes da banda e o produtor Tony Visconti falaram com algumas mídias específicas, nas quais foi dito que Bowie tinha muito mais músicas do que as que compunham a tracklist original de The Next Day. Mas foi só. Também não houve nenhum sinal de que Bowie sairia em turnê para promover seu novo álbum. Ou seja, The Next Day foi um sucesso sem a utilização de duas das principais estratégias do mundo do entretenimento. Por outro lado, Bowie decidiu ampliar seu legado videográfico, com o lançamento de grandes e belos clipes, tais como “Where Are We Now?”, “The Star (Are Out Tonight)”, “The Next Day”, dentre outros.
Por fim, já com o ano caminhando para o final, David Bowie dá mais uma cartada, anunciando uma versão extra com três discos de The Next Day, contendo, no primeiro, o original do álbum, no segundo todas as B-Sides, das quais cinco músicas até então inéditas (sem contar as que saíram na versão Deluxe) e um terceiro disco-DVD com todos os vídeos lançados para promover o trabalho. Como já fiz a resenha do maravilhoso The Next Day, me aterei ao segundo disco, que é onde tem mais doses do trabalho incrível desse artista, músico e compositor que é David Bowie.
O álbum já começa com a poderosa “Atomica”, um clássico rock, com uma bateria bem forte, e Bowie brincando com a esperança de seus fãs, “Let’s get this show on the road, let’s get atomica”. Normalmente, olha-se com desconfiança para as versões remixadas. Mas aqui deve-se fazer justiça ao trabalho de James Murphy em “Love Is Lost”, que deu outra cara – muito melhor por sinal – com seus mais de dez minutos de música, contando com toda riqueza resulta do encontro de duas grandes mentes criativas, cada uma dominando completamente sua especialidade – no caso de Murphy, os arranjos dance e eletrônicos, no de Bowie... bem, Bowie é Bowie. “Plan”, por sua vez, é a pequena jam já conhecida do prelúdio do clipe de “The Star (Are Out Tonight)”. Outra totalmente inédita, e uma das melhores desse novo conjunto, é “The Informer”, com um dos vocais mais expressivos de Bowie. Vários canais de vocal também enriquecem ainda mais a música. “I’d Rather Be High (Venetian Remix)” não se separa tanto da original quanto aconteceu com “Lost Is Love” de James Murphy e talvez por isso ela passe um pouco despercebida aqui.
“Like A Rocket Man” imediatamente remete a “Rocket Man” de Elton John, mas a semelhança está apenas no título mesmo. O rocket man de Bowie está mais para um viciado que “have no shape nor colour, I'm God's lonely man”. “Born In The UFO” começa tipo a de Bruce Springsteen, mas Bowie deixa claro que a localidade aqui é lá pelo espaço. Música vigorosa e com belos trabalhos de guitarra e com um refrão bem pesado. Por fim, as três últimas músicas, “I’ll Take You There”, mantendo o ritmo nas guitarras, sobretudo no refrão, “God Bless The Girl”, com destaque para a letra, e a gentil e bela “So She” já haviam saído na versão Deluxe.
Possivelmente é The Next Day Extra que finaliza a nova geração de músicas de David Bowie após o grande retorno. A esperança agora é que ele pelo menos não demore tanto para aparecer em mais um disco inédito. Estamos no aguardo! Qualquer movimento pode acontecer, já que se trata de David Bowie, inclusive, uma inesperada turnê mundial. Sonho!
Semana que vem David Bowie irá lançar a versão Extra para o seu mais novo álbum, The Next Day, que estremeceu as fundações do mundo da música no início do ano. Como já foi noticiado, a nova versão será composta por três discos, sendo o primeiro o The Next Day original, o segundo conterá oito músicas que ficaram de fora (contando com as que haviam sido lançadas na versão Deluxe de The Next Day e mais quatro inéditas) e dois remixes, um deles de James Murphy, "Lost Is Lost". O outro remix é de "I'd Rather Be High".
Para promover seu novo lançamento, Bowie lançou um teaser do Extra, desvendando a caixa na qual virá os três discos, com um trecho de uma das músicas inéditas, "Atomica". Confira a tracklist e o vídeo abaixo:
01. Atomica *
02. Love is Lost (Hello Steve Reich Mix by James Murphy) *
03. Plan
04. The Informer *
05. Like a Rocket Man *
06. Born in a UFO *
07. I’d Rather Be High (Venetian Mix) *
08. I’ll Take You There
09. God Bless the Girl *
10. So She
Preparando para o lançamento da versão especial de três discos The Next Day, contendo ainda quatro músicas inéditas, David Bowie aproveitou a comemoração do Halloween para lançar o vídeo de “Lost Is Love”, faixa original de The Next Day, que agora ganha uma versão remixada por James Murphy, que produziu Reflektor, de Arcade Fire, com dez minutos de duração. O vídeo, em versão reduzida, criado com o assistente de Bowie, Jimmy King, e seu amigo Coco Schwab, contém vários bonecos da coleção do próprio Bowie e utiliza o mesmo efeito de reprodução clipe de “Where Are We Now?”. Confira:
Calma, respire e prepare seu coração, até porque é exatamente isso que estou fazendo agora. Cada vez que reporto uma notícia sobre David Bowie, sempre falo: “se você achava que já era tudo, estava enganado”. Pois bem, se você achava que um súbito álbum inédito depois de quase dez anos, um documentário especial da BBC sobre cinco anos marcantes de sua carreira e a participação especial numa faixa no novo trabalho de Arcade Fire tinha esgotado todas as cartas que David Bowie tinha na manga, é com prazer que mais uma vez eu repito: tu – ele – nós – vós – eles – todos nos enganamos novamente.
David Bowie acaba de anunciar através de seu perfil oficial no facebook o lançamento de uma edição especial de The Next Day, com três discos. O primeiro é contém a tracklist original. O segundo disco contém várias faixas bônus, das quais quatro são totalmente inéditas, duas novas mixagens e as que já haviam sido bônus no primeiro lançamento de The Next Day. Essa nova versão de The Next Day está programada para sair em novembro. Confira a tracklist do disco extra:
01 Atomica
02 Love Is Lost (Hello Steve Reich Mix by James Murphy for The DFA)
03 Plan
04 The Informer
05 Like A Rocket Man
06 Born In A UFO
07 I’d Rather Be High (Venetian Mix)
08 I’ll Take You There
09 God Bless The Girl
10 So She
David Bowie não tem dado entrevistas, nem saiu com sua banda em turnê para promover The Next Day. Na verdade, ele não precisa de nenhuma dessas coisas. Ele tem usado sua própria música como meio de promove-la, além de utilizar-se também de vídeo clipes sempre bastante interessantes, começando com o estranho vídeo primeiro single, “Where Are We Now?”, passando pelos empolgantes vídeos conceituais de “The Stars (Are Out Tonight)”, com a participação super especial de Tilda Swinton e o polêmico “The Next Day”, dessa vez com Gary Oldman, que provocou, inclusive, a fúria e perseguição da Liga Católica. Bowie agora está se preparando para o lançamento do novo single, “Valentine’s Day”, que será lançado no dia 19 de agosto, com a instrumental “Plan” como lado B, e lançou hoje o novo clipe, dirigido por Markus and Idrani. Dessa vez, Bowie optou por um caminho mais simples, cantando e tocando num longo corredor meio medieval. Já que não tem esperança de shows, é a oportunidade que temos de matar um pouco a saudade de vê-lo cantando e tocando propriamente.
2013 é sem dúvida o ano perfeito
para os fãs de David Bowie. Enquanto estava-se comentando desesperadamente
sobre o anúncio do novo álbum The Next Day, junto com o primeiro clipe, “Where
Are We ?”, saiu também uma notícia que pode ter passado despercebido por muito,
diante de tanta empolgação com as novas músicas. Foi previsto para maio o
lançamento de um novo documentário sobre a vida e carreira de David Bowie,
chamado Five Years: The Making of an icon, produzido pelo canal BBC e dirigido
por Francis Whatley, que esteve trabalhando no filme por dez anos, quase o
mesmo tempo que Bowie levou entre Reality e The Next Day. Então o filme estreou no sábado, dia 25 de
maio, quando o canal BBC 2 transmitiu-o ao vivo pela primeira vez. O documentário
explora, através de gravações de bastidores, depoimentos, de amigos,
especialistas e colaboradores, além de entrevistas raras do próprio Bowie, os
cinco anos essenciais da carreira de David Bowie, anos chamados anos-chave,
respectivamente 1971, sobre o auge e a explosão de Ziggy Stardust , 1975 com a
drástica mudança da Era Ziggy para um novo Bowie, diferente de tudo o que todos
imaginavam, um Bowie-Soul, com Young Americans, junto com a aventura cinematográfica de The Man Who Fell To Earth e Station to Station, 1977 e a trilogia de Berlin,
1980, com Scary Monsters e 1983 com a nova mudança para o New Wave, sempre com depoimentos muito interessantes de pessoas que
participaram de cada uma desses grandes eventos na carreira de Bowie. Ainda sobra tempo para devanear sobre o próximo passo de David Bowie em The Next Day. Ou seja,
é um produto obrigatório para os fãs de David Bowie.
Ou seja, é um produto obrigatório para os fãs de David Bowie.
Por enquanto, ainda não está disponível o filme-documentário com legendas em português, mas para quem entende um pouco de Inglês e consegue acompanhar, segue abaixo o vídeo do documentário completo. Se você não sabe Inglês, não se preocupe, o Filho Do Blues estará atento para postar assim que estiver disponível com legendas em português.
Se o vídeo sair do ar, você pode baixar pelo torrent nesse link
ATUALIZAÇÃO: Quem estiver procurando o clipe no youtube, pode esquecer. O já polêmico vídeo de "The Next Day" foi excluído pelo canal mundial de vídeos por violação dos Termos de Serviço do YouTube. ATUALIZAÇÃO 2: O vídeo está de volta ao Youtube! Segundo a Billboard, um representante do Youtube falou para eles: "com o grande volume de vídeos no nosso site, às vezes nós erramos. Quando nos foi falado que o vídeo tinha sido excluído erroneamente, nós agimos rapidamente para reinstalá-lo.
David Bowie vem cumprindo a indicação de que ficaria em silêncio mesmo com toda a emoção e aclamação da crítica em relação ao seu álbum de retorno, The Next Day, dando sinais de que, infelizmente, não haverá turnê nem elaboradas entrevistas para matar um pouco nossa curiosidade em relação ao longo tempo parado e, claro, a esse disco tão esperado. Nessas últimas semanas, apenas duas notícias se relacionaram a Bowie e ambas cobertas de rumores e mistérios. A primeira foi uma entrevista de Noel Gallagher, ex-Oasis, na qual diz que, de acordo com algumas pessoas que ele conversou, mais de 29 músicas foram gravadas para The Next Day, o que, excetuando-se as que saíram na tracklist oficial e as faixas bônus, ainda sobram mais de 10 músicas inéditas que estariam guardadas para um possível novo álbum no horizonte.
A outra notícia foi digna de paparazzo, já que saiu uma foto no The Daily Mail, na qual aparece Bowie vestido de monge e, aparentemente, gravando em Nova Iorque um novo vídeo clipe para a faixa título “The Next Day”, juntamente com o ator britânico Gary Oldman vestido de padre.
Enquanto a primeira notícia ainda está no campo da especulação, a segunda mostrou-se factual.
Hoje, David Bowie divulgou o vídeo de “The Next Day”, de fato, estrelando Gary Oldman, além da atriz francesa Marion Cotillard, que fez Meia Noite em Paris, A Origem, dentre outros. Esta é a terceira vez que Bowie trabalha diretamente com Gary Goldman. As duas ocasiões anteriores foram no filme de 1996, Basquiat, e ambos contribuíram nos vocais do álbum The Sacred Squall of Now, de Reeves Gabrel, de 1995.
O clipe é mais uma vez dirigido por Floria Sigismondi (que já dirigiu “The Stars [Are Out Tonight]", do mesmo álbum) e escrito e concebido pelo próprio Bowie, que, utilizando-se da iconografia, trava uma épica batalha entre o sagrado e profano.
Como já era esperado, pela prévia das paradas no meio da semana, David Bowie emplacou o primeiro lugar no Reino Unido pela primeira vez desde 1993 com o álbum Black Tie White Noise, assim como é o dono da marca de álbum que vendeu mais rapidamente até agora em 2013.
Bowie alcança o feito pela nona vez na carreira. Segundo a Official Charts Company (Companhia oficial de Listas), The Next Day atingiu 94 mil cópias vendidas.
Parabéns a David Bowie pelo grande retorno ao seu devido lugar. É a coroação de um grande e marcante trabalho, com o selo Bowie de qualidade.
Essa semana, dia 11 para uns e 12 para os outros, foi o lançamento oficial do já clássico álbum The Next Day, de David Bowie. Já aclamado por imensa maioria da crítica especializada, é a vez do público em geral avaliar o trabalho e o interesse que David Bowie ainda desperta. E o resultado não poderia estar sendo melhor. Foi feita uma prévia das paradas da semana que aponta que The Next Day está se encaminhando para se tornar o álbum mais rapidamente vendido até agora no ano de 2013, além de praticamente assegurar o primeiro lugar nas paradas no domingo, dia que fecha a semana.
Segundo essas informações, somente nos dois primeiros dias, The Next Day, primeiro álbum de Bowie em quase uma década – o último havia sido Reality, de 2003 – havia vendido mais de 66 mil cópias, apenas 5.600 do álbum que vendeu mais rápido no ano até agora, que havia sido Opposites, de Biffy Clyro, que vendeu 71.600 cópias na primeira semana.
The Next Day também está dando um banho o álbum número dois, que é o novo de Bon Jovi, What About Now, vendendo mais em quase três cópias para um e está muito distante nas paradas britânicas.
Se tudo ocorrer como o esperado, David Bowie irá colocar o primeiro álbum em primeiro lugar em 20 anos. O último a chegar no topo das paradas foi Black Tie White Noise, de 1993.
Mais uma boa notícia para os fãs de David Bowie é que pode haver chances de uma turnê para The Next Day. Foi o que deu a entender a sua esposa, Iman Bowie, quando disse em entrevista: “Nós temos uma menina de doze anos na escola, então estamos presos, nós não podemos viajar. Nossa agenda é ao redor dela, então eu não sei. Nós teríamos que ir visitá-lo, mas nós não estaremos em turnê com ele, porque ela tem que estudar”. Bem, aí está uma dica.
Fique com o clipe já conhecido de “Stars (Are Out Tonigt)”:
Começo a escrever esta postagem com uma solenidade quase religiosa. Desde que, por pura paixão, comecei com o Filho do Blues, havia uma satisfação imensurável a cada resenha que escrevia. Mas, da mesma forma, havia sempre tristeza proporcional. Toda vez que conseguia pescar uma preciosidade, ao mesmo tempo que eu comemorava, vibrava e me arrepiava, vinha uma consciência severa que lamentava profundamente: “mas você nunca escreverá uma resenha para um álbum inédito de David Bowie”. E assim eu seguia em frente. Isso porque depois do lançamento, em 2003, do disco Reality, Bowie sofreu com um problema no coração na turnê mundial, em 2004, e, depois disso, simplesmente saiu dos holofotes. Disse que iria se afastar e viver uma vida normal, de marido e pai, com sua esposa, a modelo Iman, e a filha do casal, Alexandria. Não houve uma declaração oficial dizendo que estava se aposentando da música. No entanto, ano após ano, havia um silêncio mortal em relação a Bowie, com pouquíssimas aparições públicas. Isso, para um artista muito produtivo, era um anúncio do fim de um deus. Mas, quando se trata de David Bowie, nada pode ser premeditado. Nos últimos anos, ele e seu grande produtor Tony Visconti começaram o processo de gravação do que viria a ser o que ouvimos hoje, ou seja, o álbum The Next Day. Os dois e todos os participantes do projeto, trataram o retorno como um segredo do Vaticano. Nenhuma informação vazou e, no seu aniversário de 66 anos, David Bowie pregou uma peça em todo mundo e anunciou o novo disco e divulgou o primeiro single “Where Are We Now?”. Os fãs, a imprensa, os artistas, enfim, todos ficaram em polvorosa passando a supor o que Bowie estaria aprontando agora, quais os estilos ele iria adotar nesse novo trabalho, depois de um espaço inédito na sua carreira de dez anos sem novos lançamentos. Passado algumas semanas, no dia 26 de fevereiro, ele divulgou o clipe de “The Stars (Are Out Tonight)”, com a participação de Tilda Swinton. Alguns dias depois e, ontem, ele disponibilizou o stream grátis de The Next Day, que só será lançado oficialmente no dia 11 de março. E eis que estou agora realizando o sonho do Filho do Blues de escrever a resenha de The Next Day, que ainda por cima, acaba de ser o melhor trabalho que David Bowie lançou em 33 anos, ou seja, desde Scary Monsters, de 1980, considerado o último clássico bowiano. Eis agora mais um.
Vamos agora à difícil tarefa de tentar fazer jus à The Next Day, que começa com a faixa título. Bowie sabia que a ansiedade seria grande ao ouvir a música de abertura de um disco após tanto tempo. Por isso, ele tinha a consciência do que ela tinha que ser, o grande cartão de visita que tinha que dizer a que veio. E é exatamente isso que “The Next Day” é: um rock forte, agitado, furioso, mesclando o Bowie clássico ou o inovador, principalmente na forma que o vocal foi gravado, em dois canais e com tons diferentes, dando o tom de estranheza prazerosa que existe em David Bowie. No refrão, com uma voz vigorosa, Bowie faz questão de se reapresentar: “here i am, not quite dying”. “Diry Boys” é uma incógnita e, por isso mesmo, ela é maravilhosa, uma das melhores do álbum. É como entrando cautelosamente em território proibido, com os “garotos sujos”. Musicalmente ela é ainda mais incrível. Com um sax grosso e um riff que lembra “Fame”, não dá para defini-la claramente. É um meio caminho entre o soul de Young Americans, porém menos dançante, e a aspereza da era de Berlin.
Em “The Star (Are Out Tonight)” o ritmo volta a ficar intenso. Lembra a era de Ziggy, sobretudo “Watch That Man”. Dá para notar assim já nas primeiras músicas o quanto Bowie irá diversificar em The Next Day. Há um pouco de tudo e de novo também. Apenas pelo começo de “Love is Lost” já impressiona pela intensidade tensa com o baixo constante, tocado pela majestosa Gail Ann Dorsey, um órgão constante e tenebroso e a guitarra de Gerry Leonard furiosa. A já conhecida “Where Are We Now?” mostra o lado nostálgico de Bowie em relação aos anos conhecidos como “era de Berlin”, quando ele lançou Low, Heroes e Lodger e produziu os dois melhores trabalhos de Iggy Pop, Idiot e Lust for Life. “Valentine’s Day” é tem tudo o que uma bela canção romântica precisa, é doce, meiga e singela, lembrando, por sua vez, um pouco de “Everyone Says Hi”, de Heathen, de 2002, principalmente com os backing vocals, ao mesmo tempo que tem um ar do glam do próprio Bowie e T. Rex.
Mas se você pensa que só tem referências dos trabalhos de Bowie dos anos 70 está enganado. Tem também aquele polêmico e experimental. O Bowie que não é unânime, o Bowie, principalmente, dos anos 90. Embora o experimento não seja exatamente com técnicas eletrônicas, há muito caos em “If You Can See Me”. Sons estranhos e descoordenados. Mesmo uns gostando e outros não, é por essa que Bowie é o que é. Sempre fazendo aquilo que acha que deve, forçando a si mesmo a ir além. Em “I’d Rather be High” a coisa fica mais tradicional, se é que isso é possível. Tem tons psicodélicos com uma letra filosófica sobre a mortalidade, fazendo uso de uma bateria militar, tema sempre especial no mundo de Bowie. “I’d Rather be high, i’d rather be dead or out of my head”, ele canta. Em “Boss of Me” quem volta é o grave saxophone, baritone, com alguns efeitos eletrônicos.
As músicas são tão ricas que depois de tanta viagem e descobertas, chegamos na décima música. “Dancing Out In Space” faz jus ao nome, com uma batida pop e dançante. Bowie dos anos 80? Pelo menos aquela bateria irritante não está presente. É mais uma prova de que TODOS os Bowie’s estão presentes e lutando aqui. “How Does The Grass” os espasmos recomeçam. A música é genial, cheia de viradas e variações sensacionais. Você simplesmente não sabe para onde ela vai lhe levar, se é pros solos de guitarra, dos corais fazendo “yayaya”, pra dança, enfim, incrível. “(You Will) Set the World on Fire” é um poderoso hard rock, com uma bateria super pesada e um forme riff de guitarra. Grande solo de Earl Slick nessa. Bowie mostra que pode fazer de tudo com a mesma qualidade e genialidade.
“You Fell So Lonely You Could Die” é um balada acústica de fazer chorar. Tem todos os ingredientes necessários para uma grande música, uma orquestra linda, piano, belos backing vocals, uma melodia arrasadora e, claro, Bowie. No final ainda tem a batida clássica de "Five Years". Impossível dizer se intencional ou não. "Heat" fecha o álbum de forma tensa, do jeito que Bowie gosta de finalizar, vide "Bring Me The Disco King", de Reality, dentre outras. É mais uma faixa lenta, embora toca em outra parte da alma, muito mais densa e sombria. A letra conta a estória de um homem com medo do pai e que não tem muito senso do "eu". Um violino torna a coisa ainda mais nervosa. A música vai acabando quase como o fim de uma prece desesperada e desesperançada.
E é assim que o novo clássico de David Bowie chega ao fim. The Next Day tem recebido fantásticas resenhas, dizendo inclusive que era o melhor álbum de retorno da história do rock. Pessoalmente, mesmo com todo entusiasmo que eu estava por ouvir o álbum, eu não esperava que ele seria assim. Bowie escolheu se resumir artisticamente no decorrer de quatorze faixas – sem contar com as três músicas bônus que ainda não saíram – o que, naturalmente, produz um álbum cuja riqueza é sem igual. Ninguém mais, só David Bowie seria capaz de compor um trabalho dessa magnitude.
Vazou! Vazou! Finalmente chegou o grande dia de ouvir o novo álbum de David Bowie, depois de uma década de espera! Tudo começou, claro, com muito suspensa por parte de David Bowie e de sua página oficial no Facebook. No início da noite, eles postaram uma foto dizendo que mais tarde, mas não muito tarde, estariam com uma nova surpresa para os fãs. Ai começou as conjecturas: nova faixa do disco, novo vídeo, anúncio de turnê? Mas, não. Nada disso. Cumprindo mais uma vez a palavra, na mesma noite, em outro post, anunciaram que poderia ouvir na íntegra o disco The Next Day pelo iTunes até o dia do lançamento oficial no seu país, que é dia 12 de março. Algumas horas depois, já riparam e pronto, mesmo para que não tem conta no iTunes, já pode baixar por ai pela internet. Noite de sexta-feira já está definida, tomar uma cerveja e ouvir David Bowie!
Você pode ouvir o Stream gratuito de The Next Day aqui. Caso, como eu, não tenha conta no iTunes, pode baixar por aqui ou aqui. Aproveitem logo, antes que derrubem o link.
OBS: Não é costume do Filho do Blues colocar links para download, mas, que se dane, esse é uma ocasião mais do que especial! É o Retorno do Camaleão do Rock, de David Bowie!
Ao raiar do novo dia as promessas se cumprem! É assim que acordo hoje, dia 26 de fevereiro, para ouvir a mais nova música do disco The Next Day, de David Bowie. Melhor ainda, não saiu apenas a música, mas também um vídeo-filme da faixa “The Stars (Are Out Tonight)”, que, ao contrário do primeiro single, a calma balada “Where Are We Now”, é um rock agitado, de acordo com as palavras do produtor Tony Visconti.
O vídeo-filme é um show à parte. Ele foi dirigido por Floria Sigismondi, que já trabalhou com David Bowie nos vídeos de Little Wonder (1996) e Dead Man Walking (1997) e estrela o próprio Bowie juntamente com a atriz famosa Tilda Swinton, que fez Crônicas de Nárnia, o Curioso Caso de Benjamin Button, dentre outros. Inclusive, tem um blog (Tilda Stardust) que faz a brincadeira de que Bowie e Swinton são a mesma pessoa, comparando fotos. Bem, dessa vez, os dois juntos no mesmo clipe, pegou o blog desprevenido A história se passa na vida de um casal de celebridades – Bowie e Swinton – e seus problemas para lidar com isso, entre os paparazzi e os exageros da imprensa e até mesmo dos fãs. Talvez se refira ao tempo que Bowie passou recluso e querendo privacidade.
A página oficial do Facebook divulgou a lista do elenco, juntamente com imagens das letras de “The Stars (Are Out Tonight)”:
The Stars (Are Out Tonight) - Cast List
David Bowie - Husband
Tilde Swinton - Wife
Saskia De Brauw – Celebrity 2
Andrej Pejic – Celebrity 1
Iselin Steiro - Vocalist
Yves Berlin -Guitar
Folake
Olowofoyeku - Bass
Randy Michael – Drums
Cada dia fica mais próximo para o lançamento de The Next Day, que a esta altura nem preciso dizer que é o novo álbum de David Bowie, depois de quase uma década de hiato. É natural, então, que aos poucos vá aparecendo mais uma música aqui, outra ali. É o que indica o a postagem na página do Facebook oficial de Bowie, que colocou essa imagem acima, com o título de uma das músicas que aparecem no tracklist de The Next Day, “The Stars (Are Out Tonight)”, cuja descrição “02.26.13” infere que seja lançada nesse dia
Enquanto ainda não chega o dia 26, ficaremos um pouco mais com “Where Are We Now?”, primeiro single do disco, que, como lembrete, será lançado na semana do dia 12 de Março. Confira também, mais uma vez, a tracklist de The Next Day, contando com as faixas bônus:
The Next Day:
01 The Next Day
02 Dirty Boys
03 The Stars (Are Out Tonight)
04 Love is Lost
05 Where Are We Now?
06 Valentine's Day
07 If You Can See Me
08 I'd Rather Be High
09 Boss of Me
10 Dancing Out in Space
11 How Does the Grass Grow?
12 (You Will) Set the World on Fire
13 You Feel So Lonely You Could Die
14 Heat
15 So She [Bonus]
16 I’ll Take You There [Bonus]
17 Plan [Bonus]
Agora que David Bowie saiu das sombras de quase dez anos de anonimato, vai saindo as notícias do que Bowie esteve fazendo durante todo esse tempo. Além, claro, do prato principal, ou seja, o novo disco The Next Day, que marcará seu retorno em março, após todo esse tempo sem material inédito, Bowie anunciou hoje que lançará em maio, através do canal BBC 2, um documentário oficial sobre sua carreira e vida chamado David Bowie – Five Years.
O documentário terá várias filmagens de arquivo e diversas entrevistas com os colaboradores que Bowie teve durante os anos de carreira. O documentário também cobrirá esse seu recente retorno, bem como cinco anos cruciais para sua carreira (por isso a referência no título do documentário – five years) 1971, 1975, 1977, 1980 e 1983.
O diretor do trabalho, Francis Whatley disse à NME que o documentário esteve sendo feito durante dez anos. A NME ainda falou que existe um filme, que ainda está em progresso, que cobrirá os melhores momentos dos anos de colaboração de David Bowie e Iggy Pop. Esse novo documentário se chamará Lust For Life.
Enfim, após dez anos de espera, teremos material de Bowie ainda para receber! E eu continue vindo mais!
A ideia de reinterpretar os clássicos da música não é nova.
E para celebrar isso, a empresa de carro Lincoln inaugurou uma campanha chamada
“Hello, Again”, onde diversos artistas serão chamados para reinterpretar
músicas clássicas. E para dar início a essa campanha, a empresa convidou Beck que,
com a ajuda de uma enorme orquestra, tocou “Sound and Vision”, de David Bowie,
do clássico álbum Low.
O vídeo, feito em colaboração com o diretor Chris Milk, foi
gravado no começo da semana passada, nos estúdios da Fox, em Los Angeles. Beck
reuniu uma imensa orquestra, contando com mais de 160 músicos, de tudo o que
você imaginar. Várias orquestras de cordas, imensos corais, guitarras, percussões,
tudo isso conduzido pelo pai de Beck, David Campbell.
Confira abaixo como ficou a versão de “Sound And Vision”, de
David Bowie, por Beck.
Como grande fã de David Bowie, a obrigação máxima do ano para o Filho do Blues é a cobertura completa de todo o lançamento do tão aguardado novo disco, The Next Day, o primeiro em uma década. Toda novidade em relação ao álbum com certeza estará aqui no blog. Após as considerações de Tony Visconti sobre The Next Day, foi a vez do guitarrista e também colaborador de longa data de Bowie, Earl Slick, dar suas palavras sobre o processo de gravação e de como soam algumas das músicas.
Primeiro algumas palavras sobre Earl Slick e sua relação na carreira de Bowie. Dentre muitos outros guitarristas que já trabalharam com David Bowie, Earl Slick foi chamado pela primeira vez no disco Diamond Dogs, de 1974. Depois, Slick participou ainda dos dois clássicos álbuns, Young Americans e Station to Station. Passado vários anos, Earl Slick voltou a tocar com Bowie nos álbuns Heathen e Reality e em suas respectivas turnês. Por fim, Earl Slick foi convidado por Bowie para trabalhar no seu disco de retorno e foi proibido completamente de dar uma palavra sobre o assunto. Até agora. Na entrevista para o site Rolling Stones, Earl Slick falou sobre as novas músicas e da possibilidade de turnê, além das memórias das insanas sessões de gravação de Station to Station. Tradução na íntegra:
Há poucos anos, você começou a achar que Bowie nunca gravaria novamente?
Minha mente iria para frente e para trás, em ambas direções. Uma coisa que eu sei é que uma vez que você é um artista, você é um artista até o dia em que você morre. A urgência sempre estará lá. Eu nunca acreditei na idéia de que ele estava acabado. Nunca.
Como você ouviu pela primeira vez sobre o projeto?
Eu ouvi sobre isso diretamente de David no último mês de Maio. Nós estávamos falando ao telefone, e ele disse: ‘Como está sua agenda?’. Eu disse: ‘estou disponível. O que você tem em mente?’ Uma conversa direcionou a outra e nós programamos para ir ao estúdio em Julho.
Como a primeira sessão começou?
Ele já estava trabalhando nisso, desconhecidamente para mim. Ele já tinha algumas faixas. No meu primeiro dia foi eu, David, Tony Visconti e o baterista Sterling Campbell. Nós tocamos algumas das novas. Quando terminamos elas, David me contou algumas coisas sobre o resto do álbum. Ele disse: ‘Oh, o que você acha disso ou daquilo?’ Nós então escolhemos algumas músicas para eu tocar.
A coisa toda foi muito casual e foi tudo um esforço do grupo. Nós nos sentávamos e ele tocava uma música e eu diria se eu tinha alguma parte na minha mente. Foi muito dar-e-levar, uma forma de trabalhar muito casual. Algumas vezes, ele toca para mim algum pedaço na guitarra e diz: ‘Essa é a idéia. Agora a leve para onde você quiser ir’.
Por quantos dias você esteve lá?
Eu só estive lá por uma semana. Eu fiz todo meu trabalho em uma semana.
Quando foi?
Última semana de Julho, ou alguma coisa assim. Tudo o que sei é que estava quente pra caramba do lado de fora.
Tony diz que o single “Where Are We Now?” soa radicalmente diferente do restante do álbum.
Eu não sei qual é o resultado final do álbum, mas eu sei que muitas das coisas que eu toquei eram muito diferentes do single.
Elas são similares às músicas em Heathen e Reality? Como você descreveria o som das músicas?
Oh deus, eu não sei se esse cara já fez um álbum na sua vida que soasse igual ao último que ele fez. Pense sobre isso. Você faz Young Americans e menos de um ano depois, você faz Station to Station. Você está falando de duas coisas completamente diferentes. Esses álbuns, eles nem mesmo... É uma coisa bem típica de Bowie. É, sem enganos, David Bowie, como sempre. Obviamente, há de tudo. Você pode pensar: ‘oh, isso soa como Station to Station e essa soa um pouco como Low.’ Mas não há um som único, além de dizer que é mais um álbum de David Bowie que soa diferente que o último.
Você sabe dizer em quantas músicas ele o usou?
Eu não ouvi o álbum ainda, mas irei chutar que eu estou em cinco ou sete das músicas. Eu vi os títulos nos últimos dias, mas eles não significam nada para mim. Todas elas tinham títulos provisórios quando eu estava lá.
Você pode descrever o som das músicas um pouco mais?
Duas das músicas soam um pouco como Stones do mesmo jeito que a faixa título de Diamond Dogs tinha muito do som dos Stones, especialmente quando se toca ao vivo. Não é nenhum segredo que eu sou um grande fã de Keith Richards, então eu tenho muito dele na minha forma de tocar. Eu fiz alguns ritmos de algumas faixas que eram muito remanescentes a esse som.
Quanto ao resto do álbum, é o toque de Bowie sobre tudo. Há algumas bem rock lá. Eu provavelmente ouvi algumas que não fizeram o álbum, mas tem uma com um meio tempo, quase como um clima R&B. Eu não consigo nem descrevê-la, mas era muito legal. Era quase o mesmo tempo que “Wild Is The Wind”. Eu toquei guitarra nela.
Você trabalhou com Bowie por muitos anos. O processo desse foi alguma coisa diferente dos outros álbuns?
Não mudou nada em 40 anos. Eu trabalhei com muitas pessoas, e ele é sempre o mais fácil. Ele não vem colocando limites, tipo: ‘isso é o que é e você deve tocar essas notas exatas dessa forma’. Alguns artistas fazem isso e é o porque eu raramente faço sessões. Eu sou muito brigão.
Há uma certa mágica quando eu sento na sala com David. É o porque você verá diferentes guitarristas tocando com ele. Ele não espera que eu faça o que Adrian Belew faz. Ele não espera Adrian fazer o que faço, ou Gerry Leonard, ou vice-versa. Quando estou lá, ele precisa que eu faça o que faço de melhor. ‘esses são os guias básicos. Quais são as notas? Oh, eu acho que o tom é G. Certo, ótimo’. Então nós sentamos, nós tocamos violão e depois apenas conversamos por alguns minutos. Depois, eu coloco minha guitarra e toco até nós dois estivermos felizes com isso.
A grande pergunta: Alguma chance de vocês tocarem ao vivo?
Eu sabia que essa era a próxima pergunta. Esse é outro mistério. Quer dizer, a banda adoraria fazer isso. É óbvio que gostaríamos de sair e fazer alguns shows. Com David, e esse é sempre o caso, ele faz o que ele vai fazer e quando ele quer fazer. Muitas das vezes apenas vem do nada. Eu digo, eu não estava terrivelmente surpreso quando conversei com ele para fazer outro álbum. Eu não ficaria surpreso se ele marcasse alguns shows, assim como não seria surpresa se eu não recebesse a ligação. Eu posso lhe dizer que agora não há planos para turnê, que eu tenha ouvido.
Não muitas pessoas apreciaram isso na época, mas aquela última turnê foi muito especial.
De todas as turnês que fiz na vida – e nisso inclui David e minhas próprias turnês – aquela, sem dúvida, foi a mais divertida que já tive. Foi a melhor reunião de pessoas que nós já tivemos.
Se ele ligasse para você amanhã e dissesse: ‘Ei, eu quero ir em uma longa turnê de dezoito meses’, o que você diz?
O que você acha?
Eu presumo que você iria.
(Risos) Claro.
Só uma pergunta automática. Eu li tanto sobre como Station to Station foi feito no decorrer dos anos – todas as drogas e sessões pela noite toda e a loucura geral – há alguma verdade nisso?
Não, não é um mito de forma alguma.
Qual sua memória do momento mais estranho?
Aquela coisa toda foi muito estranha! Eu digo, naquela época parecia muito normal para mim. Mas recordando.... Eu lembro uma noite onde nós não tínhamos nem mesmo o estúdio agendado. Quantos anos eu tinha? Cristo, eu tinha 24 anos. Era em LA, e nós estávamos saindo e curtindo toda noite, tendo explosões. Eu estava no bar Rainbow and Grill. Como costumávamos dizer, eu estava ‘no clima’. De repente, um dos roadies entraram. Eles procuram por todo o local e me acham numa mesa escura. Ele diz: ‘Hora de ir trabalhar’. Eu digo: ‘é uma da manhã e eu estou bêbado’. Ele diz, ‘Tá certo, David está no estúdio, há um carro lá fora.’ Então paguei minha conta, pulei no carro e trabalhei a noite toda. Quer dizer, aquilo não era uma coisa fora do normal de acontecer.
David diz que não consegue lembrar a maioria disso.
Acredite em mim, há vários espaços em branco em mim também. Eu estava vivendo no Sunset Marquis e seria dia quando eu voltei. E eu estaria sentado no meu balcão bebendo cerveja às dez da manhã, apenas voltando do trabalho.
Roy Bittan da E Street Band estava nos teclados, certo?
Sim
Ele sempre pareceu tão reto e profissional para mim. Eu não consigo imaginar no meio de toda essa loucura.
Você sabe porque? Ele é um garoto de Nova Iorque, esse é o porquê. Ele está acostumado a estar em meio àquilo. A primeira vez que conheci Roy foi em Nova Iorque quando eu estava trabalhando numa banda chamada Tracks ou algo assim. Eu conheci Roy e nos tornamos rapidamente amigos. Nós estávamos fazendo Station e surgiu que precisávamos de um pianista. David perguntou a todos na banda e eu disse, ‘sabe o que? Bruce Springsteen e os caras estão ficando no meu hotel. Meu amigo Roy está na banda. Por que não chama ele?’ Isso foi o que aconteceu com Roy.
Eu sempre imaginei como aquilo funcionou para ele. Aquilo foi diretamente no meio da turnê de Born to Run. Como ele teve tempo?
Eu não posso jurar quanto a isso porque eu tenho muitos brancos, mas eu acho que foi quando Springsteen tinha duas noites no Roxy. Foi na mesma época que ele estava na capa da Time ou Newsweek. Ele estava explodindo e ele estava em LA por pouco tempo. Nós estávamos todos no mesmo hotel. Novamente, tem vários espaços em branco e eu não sei se Roy esteve no estúdio por um dia ou dois.
É bem incrível que o álbum acabou saindo tão perfeito.
Eu tenho que lhe dizer, de todos os álbuns em que eu toquei, e eu toquei em alguns álbuns, esse ainda é um dos meus favoritos. Tão louco como foi, e eu não posso lembrar especialmente de muita coisa, as memórias que eu tenho são boas (risos) Me faz ter boas lembranças do álbum, então deve ter sido divertido.
Agora que David Bowie anunciou seu retorno ao estúdio com o lançamento de The Next Day, programado para março deste ano, dá para imaginar que a ansiedade de todos os fãs e da crítica em geral está imensa. Como ainda não houve uma palavra ou entrevista oficial do próprio Bowie sobre o lançamento, qualquer notícia que seja já é o suficiente para despertar ainda mais o interesse, principalmente após as empolgantes primeiras declarações para a BBC News, do produtor de The Next Day, o conhecidíssimo Tony Visconti. Segundo Visconti, The Next Day é um “álbum bem rock”, com um misto do “Bowie clássico” e do “Bowie inovador”. Ele ainda revelou que o trabalho foi gravado no decorrer dos últimos dois anos, em completo segredo.
Ainda segundo a entrevista, Visconti ficou surpreso ao ver que o primeiro single seria a lenta e melancólica “Where Are We Now?”. “É provavelmente a única faixa no álbum que vai tão introspectivo assim. É um álbum bem rock, o resto das músicas. Eu pensei comigo mesmo: porque David Bowie está voltando com essa balada muito lenta, embora linda? Porque ele está fazendo isso? Ele deveria estar saindo com um estrondo. Mas ele é o mestre de sua própria vida. Eu acho que esse foi uma decisão muito sábia, conectar o passado com o futuro. Eu acho que a próxima coisa que você ouvir dele será bem diferente.”
Visconti ainda falou sobre o comportamento de Bowie durante a gravação, dizendo que ele estava “sorrindo o tempo todo, feliz de estar de volta ao estúdio”.
Ele também garantiu que a saúde de David Bowie está perfeita. É isso ai, Bowie.
Mas nisso tudo tem uma notícia ruim: Visconti também garantiu que David Bowie não pensa em sair em turnê para The Next Day ou até mesmo nunca mais se apresentar ao vivo. Mas tudo bem, se ele continuar gravando coisas novas já está bom o bastante! Ele nunca viria pro Nordeste mesmo.
Hoje, historicamente, é um dia especial. Foi em 8 de janeiro de 1947 que nasceu a lenda David Robert Jones, futuramente conhecido como David Bowie. Porém, este post não é unicamente motivado pela data comemorativa. A comemoração aqui ainda se refere a David Bowie, mas é sobre algo completamente inesperado e incrível. No dia do próprio aniversário, Bowie decidiu dar-se de aniversário a todos os fãs ao redor do mundo inteiro.
Explica-se: O último trabalho inédito de David Bowie, Reality, foi lançado há quase uma década, em 2003, seguido por uma turnê mundial, na qual Bowie sofreu problemas sérios de saúde, que o levaram a cancelar o restante da turnê e entrar em um completo ostracismo. Na época, Bowie alegou que iria dedicar-se à vida em família, na cidade de Nova Iorque. Desde então, sua outrora agitada vida criativa entrou em completo silêncio, quebrado por pouquíssimas, especiais e preciosas oportunidades, como a participação com Arcade Fire e David Gilmor. Fora isso, não havia, não acontecia e não se sabia de nada relativo a David Bowie. A maioria dos críticos musicais e fãs já haviam decretado o fim da sua carreira musical, deixando um legado inigualável para a história da música. Eu, como grande fã, pensava nisso com amargura, por não poder desfrutar em vida mais de um talento tão incrível como o dele. Mas no fundo, tinha imagens de um casarão em Nova Iorque e Bowie sentado no piano, escrevendo alguma nota em um caderno, ou até mesmo fazendo alguma pintura, que é outra expressão artística que o atrai. O que eu achava difícil acreditar é que uma mente como a de David Bowie, por tantas décadas vivendo em grande atividade produtiva, de repente parasse de funcionar da mesma forma e passar o dia a dia comum de todos nós. Algo parecia inverossímil. Mas após anos e anos sem um rumor sequer, essa esperança foi minguando, até que...
David Bowie anuncia hoje, no dia de seu aniversário de 66 anos, o lançamento de seu trigésimo álbum, chamado The Next Day, no dia 11 de março. Como se não bastasse a surpresa da notícia em si, vejo que já foi divulgado o primeiro single, juntamente com o vídeo clipe. O estranho vídeo de “Where Are We Now?” foi dirigido por Tony Oursler e mostra, assim como a letra, referências do tempo que Bowie passou em Berlim, no final da década de 70. E tem mais: foi divulgada a capa e a tracklist de The Next Day:
1. The Next Day
2. Dirty Boys
3. The Stars (Are Out Tonight)
4. Love is Lost
5. Where Are We Now?
6. Valentine's Day
7. If You Can See Me
8. I'd Rather Be High
9. Boss of Me
10. Dancing Out in Space
11. How Does the Grass Grow?
12. (You Will) Set the World on Fire
13. You Feel So Lonely You Could Die
14. Heat
Bonus tracks:
15. So She
16. I’ll Take You There
17. Plan
Parece, pela capa e pelo vídeo, que a época de Berlim é o período para o qual Bowie se volta agora. E especificamente em relação a capa, o grupo de Design Barnbrook respondeu algumas perguntas em um post no blog deles. Resumindo: “a capa não é de uma nova imagem porque eles queriam fazer algo diferente, e isso é bem difícil em um ramo onde tudo já foi feito antes. Normalmente, usar uma imagem do passado significa reciclagem ou greatest hits, mas aqui nós estamos nos referindo ao título ‘The Next Day’. A capa de Heroes sobreposta por um quadrado branco é sobre o espírito da grande pop e rock, que, no momento, está esquecendo ou fazendo desaparecer o passado.” Sobre a escolha de ser a capa de Heroes, eles responderam que “se for para subverter o sentido de um álbum de David Bowie, melhor ser o mais clássico. Além disso, o novo álbum é muito contemplativo e Heroes tem um pouco desse clima. A música "Where Are We Now?" É uma comparação sobre Berlim na época do Muro e após a queda do Muro.” Mais sobre as perguntas e respostas podem ser vistos nesse link.
“Where Are We Now?” se encaixa musicalmente nos últimos trabalhos de Bowie, sobretudo Heathen. The Next Day foi produzido pelo colaborador de longa jornada Tony Visconti. Não há planos para turnês ou entrevistas, pelo menos por hora. Confira abaixo o vídeo de “Where Are We Now?”, primeiro single de The Next Day, novo álbum de David Bowie. É tão bom dizer isso!
Por sinal, parabéns Bowie! E obrigado pelo presente!