Assim
como é impossível falar de Rock sem mencionar The Beatles e Rolling Stones, por
exemplo, é inconcebível alguém referir-se ao blues sem tocar nos nomes de Muddy
Waters e Howlin’ Wolf, provavelmente as duas maiores lendas do gênero musical. E
para ratificar esse status, o guitarrista Joe Bonamassa resolveu fazer uma
homenagem mais do que especial e merecida para os dois artistas que moldaram
não só o blues, mas o próprio rock, através dos já referidos Beatles e Stones, sem
falar em Eric Clapton, Led Zeppelin, e por aí vai.
Joe Bonamassa acaba de lançar em CD e DVD Muddy Wolf, resultado do show que ele fez no Red Rocks, em agosto de 2014, no qual ele tocou clássicos de ambos os músicos. Dividindo a apresentação em dois sets (o primeiro dedicado a Muddy Waters e o segundo a Howlin’ Wolf), Bonamassa utiliza de um recurso interessante no começo de cada um deles. Primeiro, depois de uma breve nota introdutória e histórica sobre a importância dos dois para o blues, coloca um áudio original de Muddy Waters falando um pouco sobre sua história; logo em seguida, o próprio Muddy inicia “Tiger In Your Tank”. É aí que Joe Bonamassa aproveita o gancho e começa a sua versão, com uma pegada incrível de sua banda. Bonamassa usa a mesma estratégia antes do set dedicado a Howlin’ Wolf, com o lendário discurso do “What is the blues?”, continuando com “How Many More Years”, uma das mais icônicas do lobo uivante.
É
complicado falar de um set que inclui as faixas mais clássicas tanto de Muddy
Waters quanto de Wolf, como “I Can’t Be Satisfied”, “Double Trouble”, “My Home
Is On The Delta”, “All Aboard”, por parte de Muddy Waters e “How Many More
Years”, “Shake For Me”, “Evil”, “Killing Floor”, por parte de Howlin’ Wolf. Com
certeza que ficou faltando alguma de um ou do outro, mas é bastante difícil a
escolha de uma tracklist como essa. O que mais deve ter influenciado a decisão
de Bonamassa foi a forma de execução de sua banda, escolhendo as faixas que
mais se encaixava no estilo e precisão que ele desejava. E sem dúvida ele
acerta em cheio. Todas as faixas estão executadas com uma maestria incrível,
várias delas ultrapassando a barreira dos seis minutos de pura energia e vigor,
com um impecável sincronismo entre os
solos dos diferentes instrumentos, além de, claro, muita emoção, caso contrário
não seria o bom e velho blues.
Ainda
existe uma terceira parte do show, quando Joe Bonamassa reserva algum tempo
para soltar algumas faixas de sua carreira, principalmente do seu último álbum,
Different Shades of Blue, de 2014, como “Hey Baby (New Rising Sun)” e “Love Ain’t
A Love Song”, bem como “The Ballad of John Henry”. É um bom complemento, mas
com certeza o que brilha mesmo no álbum são as faixas de Muddy Wolf, claro.
Muddy Wolf, além de ser, portanto, uma delícia para quem já é fã do blues, acaba caracterizando-se também como uma ótima entrada para quem deseja conhecer um pouco mais da obra desses dois maiores gênios do blues.