Arcade Fire começou a turnê mundial pela Austrália. Ontem,
eles tocaram ao vivo na Rádio Triple J. Bem à vontade no estúdio, eles tocaram
três faixas, duas do novo álbum Reflektor, “Normal Person”, menos pesada, numa
versão acústica, bem como “Joan Of Arc”. A terceira faixa foi “My Body Is A
Cage”, do terceiro disco da banda, Neon Bible, versão reformulada, tocada,
digamos, na era reflexiva. Confira
abaixo:
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Ouça o álbum surpresa de Willis Earl Beal, A Place That Doesn't Exist
Situações inusitadas e problemas surgem na carreira de um
artista a todo momento e ele deve estar preparado para lidar com elas da forma
mais rápida e sincera possível para os fãs. A mais recente turnê europeia de
Willis Earl Beal foi cancelada por motivos desconhecidos, que Beal afirmou que
a decisão não partiu dele. Bem, então, como forma de fazer as pazes com o
público, Willis Earl Beal acaba de disponibilizar um álbum surpresa, chamado A
Place That Doesn’t Exist e que está disponível grátis para stream no
SoundCloud. Juntamente com as faixas, Beal publicou uma nota no qual explica a
situação e fala do novo conjunto de músicas, afirmando que o nome é bem
apropriado para ele, já que o atual lugar onde ele se encontra na cultura
popular e na música não existe e ainda afirma que nós ainda não ouvimos o final
ainda de Willis Earl Beal. Segue abaixo também a imagem da nota.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Resenha: Damien Jurado - Brothers and Sisters of the Eternal Son
Desde 2010, com o início da
parceria com o produtor Richard Swift (do The Shins), a carreira de Damien
Jurado deu um incontestável salto qualitativo, com o lançamento de dois álbuns
de qualidade excepcional, St. Barlett, de 2010 e o maravilhoso Maraqopa, de
2012, sobretudo quando colocados lado a lado com alguns de seus trabalhos
anteriores. Agora Jurado lança seu décimo primeiro trabalho de estúdio, chamado
Brothers and Sisters of the Eternal Son, trabalhando mais uma vez com Swift e
dando mais um capítulo a essa parceria que encaixou perfeitamente.
Para Brothers and Sisters of the
Eternal Son, Jurado e Swift criam atmosferas quase transcendentais, estendendo ainda
mais o campo sonoro de alcance que a dupla explorou nos trabalhos anteriores,
criando músicas com pitadas de psicodelismo, arranjos barrocos e espirituais,
produzindo talvez – não o melhor – mas o registro mais rico sonoramente. A
faixa inicial “Magic Number” de imediato já se destaca com a voz honesta e
características de Jurado, juntamente com arranjos muito interessantes,
arranjos estes que continuam expandindo na faixa seguinte, o primeiro single “Silver
Timothy” (uma das cinco que levam “Silver” no título, aparentemente sem nenhuma
ligação uma com a outra). Ela começa calma, apenas com Jurado, seu violão e uma
tímida batida, mas logo se transforma numa viagem transcendental de
sintetizadores. As letras colaboram ainda mais para uma imagem misteriosa e
sombria.
“Return To Maraqopa” parece, musicalmente, realmente um retorno ao disco anterior, que se encaixaria perfeitamente na sua tracklist, mas não apenas isso, já que ao mesmo tempo continua no escopo que Jurado quer explorar aqui. Um dos pontos fortes do disco, que é seguida imediatamente por outro, através da belíssima “Metallic Cloud”, digna de uma das melhores da carreira de Jurado, com uma crescente impressionante, chega a arrepiar.
“Jericho Road” mostra as fortes influências
bíblicas de Jurado, com um vocal distorcido e mais intenso que o normal. Essas
influências estão mais explícitas neste álbum, aparecendo em diversos momentos
nas letras. A partir daqui começa a maratona das “Silver” em sequência,
começando por “Silver Donna”, a mais longa do disco, um pouco mais de seis
minutos, com um ritmo de percussão meio latino, meio caribenho, dançante. É uma
das mais inesperadas e, ao mesmo tempo, interessantes, onde Jurado assume mais
riscos por andar em territórios desconhecidos. Não fica claro no disco se há
alguma correlação ou motivo específico pela escolha dos “Silver” e dos respectivos
nomes próprios.
A partir daí, o clima entra no folk, com as restantes “Silver”, Malcom, Katherine e Joy, respectivamente, um pouco menos memoráveis que as anteriores. Por fim, o disco se despede com uma agradável brisa de Beatles na faixa “Suns In Our Minds”. A parte final do disco é mais tranquila e pacífica do que primeira metade, cheia de viagens e tensões, sugerindo talvez que o protagonista chegou bem ao final da sua jornada espiritual. Para termos certeza, resta-nos esperar o próximo passo de Jurado, torcendo para que seja ainda com a mente alinhada com a de Richard Swift.
A partir daí, o clima entra no folk, com as restantes “Silver”, Malcom, Katherine e Joy, respectivamente, um pouco menos memoráveis que as anteriores. Por fim, o disco se despede com uma agradável brisa de Beatles na faixa “Suns In Our Minds”. A parte final do disco é mais tranquila e pacífica do que primeira metade, cheia de viagens e tensões, sugerindo talvez que o protagonista chegou bem ao final da sua jornada espiritual. Para termos certeza, resta-nos esperar o próximo passo de Jurado, torcendo para que seja ainda com a mente alinhada com a de Richard Swift.
Em poucas palavras, Brothers and
Sisters of The Eternal Son é o resultado natural de uma bem sucedida parceria, onde
a presença de um, no caso, Swift, aumenta a autoconfiança do outro, Jurado, em
potencializar, proporcionando os recursos necessários, e direcionar a sua
criatividade a caminhos cada vez mais profundos.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Neil Young anuncia novo álbum para Março: A Letter Home
É isso aí, Neil Young simplesmente não para. Segundo uma
entrevista da lenda canadense para a revista Rolling Stone, no caminho para o estúdio
de gravação Village, onde recebeu um prêmio do Grammy de Produtores e
Engenheiros de som, Neil Young estará lançando seu novo álbum, chamado A Letter
Home, em março. Segundo Neil, o álbum foi feito utilizando-se do mínimo de
tecnologia. Enquanto ainda não sai nenhuma amostra de A Letter Home, deixo
vocês com um pouco (quase meia hora) de Neil Young & Crazy Horse, do
maravilhoso álbum Psychedelic Pill, o último dos dois álbuns que ele lançou com
Crazy Horse em 2012. “Drifting Back”, que fala exatamente na experiência de
ouvir música no meio tecnológico de hoje:
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Assista ao clipe do novo disco solo de Damon Albarn, do Blur, "Everybody Robots"
Damon Albarn, do Blur e do Gorillaz, vai tentar mais uma vez
deslanchar sua carreira solo com o lançamento do álbum Everybody Robots, no dia
28 de abril, seu terceiro disco, se contar seu projeto de 2003, Democracy,
propriamente como um disco solo. Para Everybody Robots, Albarn anuncou que
contou com a participação de Brian Eno e Natasha Khan do Bat for Lashes e
produzido por Richard Russel, da XL Recordings. Em nota dirigida à imprensa,
Albarn descreve o trabalho assim: “Os temas das músicas é mais diretamente
pessoal que antes e são inspirados nas experiências de Albarn da sua infância
até agora, incluindo intrigas da nossa moderna existência, jogos de
computadores, telefones celulares e natureza versus tecnologia”. Para dar vida
a essa mistura, Albarn divulgou o vídeo do primeiro single, de mesmo nome do
álbum, “Everybody Robots”, que foi dirigido pelo artista Aitor Throup, que
recria digitalmente em 3D um retrato de Albarn. Confira abaixo:
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Assista ao teaser do novo álbum de Beck, Morning Phase, com trecho de nova música
Beck está preparando seu retorno com o lançamento de seu novo álbum, Morning Phase, cuja capa pode ser vista acima, a ser lançado em 25 de fevereiro, pela Capitol Records, depois de cinco anos do último registro de estúdio, Modern Guilt, de 2008. Ao contrário do que sempre se diz em se tratando de novos trabalhos de Beck, Morning Phase não está sendo retratado como uma tentativa de soar como sua primeira obra-prima, Odelay, de 1996, mas sim de outra, o acústico californiano do belíssimo álbum Sea Change, de 2002, que na minha opinião é o seu melhor trabalho, o que aumenta ainda mais a expectativa em torno de Morning Phase. Como teaser, ele postou um curto vídeo com um trecho de “Blue Moon”, que estará presente no disco. Confira:
Update: Confira a versão completa:
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Resenha: Leo Welch - Sabougla Voices
Já nos primeiros dias do ano, Leo “Bud” Welch apresenta-se para o mundo no auge dos seus 81 anos como um dos sérios candidatos à personalidade e à “revelação” do ano. Nascido e criado em Sabougla, uma pequena cidade na região montanhosa do Mississippi, em 1932, Welch não entrou para a história como um dos grandes bluesman da sua geração. Ele passou mais de trinta anos de sua vida trabalhando em madeireiras durante o dia, enquanto que à noite ele saía para tocar em pequenas festas, piqueniques, festas caseiras, desenvolvendo um estilo cru e direto de blues elétrico. Nos anos setenta, a quantidade de apresentações diminuiu e Leo Welch acabou sendo atraído para a Igreja, fato que possibilitou a perfeita fusão entre os dois estilos que encontramos no seu primeiro registro em estúdio: a apaixonada forma de cantar do gospel com a sujeira e dureza do blues elétrico do Mississippi. E assim Leo “Bud” Welch ia levando sua vida, até que na fase da vida em que a maioria das pessoas está fechando as portas, concluindo etapas, ele decidiu iniciar uma. Ligou para a Big Legal Mess Records e conseguiu uma audiência, após a qual assinou um contrato imediatamente, entrando no estúdio para finalmente gravar seu álbum de estreia, Sabougla Voices.
Nas suas origens, o blues e o gospel sempre foram ligados um ao outro, assim como, posteriormente, o rock n’ roll. Muitos desses ritmos surgiram no seio da Igreja, um dos locais de congregação entre os negros que trabalhavam nas plantações de algodão, e, naturalmente, o blues acabou absorvendo elementos característicos do gospel. Blind Lemon Jefferson, Leadbelly, Sister Rosetta Tharpe, Blind Willie Mctell, Mississippi Fred McDowell, e muitos outros são conhecidos nesse gênero do blues, tocando sua guitarra acústica e cantando hinos em glória a Deus. Aos poucos, devidos a mitos e ao estilo de vida geralmente duvidoso dos cantores de blues, o gênero acabou sendo associado a música do diabo. O encontro de Robert Johnson com o diabo na encruzilhada, por exemplo, é icônico. Mas, no fundo, eles nunca se separaram. E quem prova isso, da melhor forma imaginável, em pleno século XXI, é Leo Welch, que reconecta os elos que estavam perdidos do grande público há anos. Welch diz, sobre o porquê que, agarrando-se a um, nunca deixou o outro de lado: “I believe in the Lord, but the blues speaks to life, too. Blues has a feeling just like gospel; they just don’t have a book (a Bible).”
A intensidade de Leo Welch já impressiona na faixa de abertura, “Praise His Name”, mostrando vigor tanto na voz quanto na forma de tocar as variações do riff na sua guitarra. Os backing vocals, pela banda de apoio Sabougla Voices, estão presente em todo o álbum, numa interação constante com Welch, típico call-and-response do gospel. “You Can’t Hurry God” é ainda mais irresistível, com um piano sensacional. “Me And My Lord”, pelo contrário, é mais solta e no violão e os backing vocals dão um tom congregacional tão grande que parece que o mundo inteiro está cantando junto, sensação que continua com “Take Care of Me Lord”, mas agora com um destaque especial para a voz de Welch, com uma comoção sincera e intensa.
“Mother Loves Her Children” é outro ótimo blues acústico e mostra, liricamente, um dos seus melhores momentos, sobre o amor materno incondicional. “Praying Time” é, sem dúvida, um dos grandes destaques de Sabougla Voices e é impossível não se sentir transportado para uma Igreja, com todo mundo batendo palmas e dançando desesperadamente. Uma Igreja dessas com certeza eu frequentaria. Sensacional. “Somebody Touched Me” é mais ritmada, mas também muito dançante, possuindo também alguns tímidos, quase inaudíveis arranjos bem interessantes. Já “A Long Journey”, por sua vez, é um divino blues lento, onde Welch mostra um forte domínio vocal, no qual ele coloca toda sua alma. “His Holy Name” a Igreja volta a virar pista de dança para dar glória ao Seu santo nome e, por fim, Welch se despede solitariamente, no violão, com “The Lord Will Make A Way”, lembrando o blues-gospel mais tradicional dos seus antecessores.
Acesse este link para ouvir o stream de Sabougla Voices na íntegra.
A vantagem de lançar o álbum de estréia depois de décadas de atividade é que o artista já se apresenta no auge de sua forma, maduro, sabe exatamente o que fazer o porquê fazê-lo. Sabougla Voices é uma maravilha nos três sentidos, tanto na curiosa história do seu mentor, pela qualidade e honestidade das próprias músicas e pela fusão original e autêntica entre o melhor do blues e o melhor do gospel. Salve Leo “Bud” Welch! Que seja o primeiro de muitos ainda, com a graça do seu Deus!
sábado, 11 de janeiro de 2014
Assista ao novo clipe de Damien Jurado, "Silver Timothy"
Depois do maravilhoso sucesso de Maraqopa, de 2012, Damien
Jurado se prepara para dar continuidade à sua carreira, mantendo a parceria dos
últimos três álbuns com Richard Swift, lançando seu décimo primeiro álbum,
Brothers And Sisters of The Eternal Son (ótimo título) em 21 de janeiro. Ele
divulgou no final do ano passado o vídeo do primeiro single do trabalho, “Silver
Timothy”, uma das cinco faixas que tem no título a palavra "Silver". Confira abaixo:
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Resenha: Bruce Springsteen - High Hopes
Com High Hopes, novo álbum de Bruce Springsteen, é finalmente declarada aberta a temporada de álbuns de 2014. Dono de uma carreira irretocável, sendo um dos artistas mais icônicos do imaginário norte-americano, Bruce, ou “O Chefe (The Boss)”, como é conhecido pelos fãs, encontra-se em pleno vigor físico e criativo aos sessenta e quatro anos, como o demonstra a própria carreira, com belos trabalhos de estúdio, e as últimas turnês com sua banda de apoio, a clássica E Street Band, que percorre e anestesia o mundo (vide o show incrível no Rock in Rio no ano passado). Pois bem, mal finalizou uma extensa e bem sucedida turnê mundial, Bruce se enfiou no estúdio com sua banda para gravar um disco bem diferente e peculiar, a começar pelo convidado especial, Tom Morello, ex-Rage Against The Machine, que inclusive já havia participado na gravação de Wrecking Ball, último trabalho de Bruce Springsteen. High Hopes, 18º disco de estúdio, como o projeto ficou conhecido, traz uma reunião bem interessante e diversificada de sobras de estúdio, covers e regravações de músicas próprias.
“High Hopes” abre o disco, gravada inicialmente em 1995, com um ritmo contagiante e cheia de instrumentos. De cara, Tom Morello, em seus solos, já deixa claro que não vai se limitar a tocar o que lhe for dito, mas também irá acrescentar um pouco do seu próprio estilo de guitarrista, sobretudo em seus solos. “Harry’s Place” tem seus momentos, mas não chega a empolgar, até eclipsada pela faixa anterior, o que não acontece com “American Skin (41 Shots)”, com uma letra impactante no melhor estilo contador de estórias de Bruce. Ela foi escrita em 2000, inspirada no assassinato de Amadou Diallo pela polícia de Nova Iorque. Uma trecho da letra demonstra sua força: "On these streets, Charles / You've got to understand the rules / If an officer stops you, promise me you'll always be polite / And that you'll never ever run away / Promise Mama you'll keep your hands in sight”. Uma realidade bem atual, inclusive no Brasil. É o que faz Bruce Springsteen ser admirado mundo afora. Embora cantar especialmente sobre a “american skin”, ele na verdade acaba sendo bem universal.
“Just Like Fire Would”, a primeira cover de High Hopes, escrita por Chris Bailey, do The Saints, uma banda punk australiana, é o rock clássico de Bruce Springsteen e foi tocada em alguns momentos na turnê recém acabada de 2013. Nesse momento começa uma sequência que diminui um pouco o ritmo do disco até o momento, com “Down In A Hole”, a gospel “Heaven’s Wall”. Com “Frankie Fell In Love”, inicialmente leve e country, mas logo se tornando um rock potente, Bruce toma as rédeas mais uma vez. “This Is Your Sword”, tradicional, é a tentativa de gospel totalmente bem sucedida, com intensidade, sensibilidade, uma bela letra, e ainda com elementos da música Gálica, sem dúvida mais um dos pontos altos do álbum.
A balada “Hunter of Invisible Game”, com algumas referências bíblicas, mostra que o projeto de um álbum gospel de Bruce estava bem próximo. “The Ghost Of Tom Joad”, no entanto, é um dos melhores momentos de High Hopes, uma faixa épica, distribuindo intensidade durante seus sete minutos e meio, uma faixa bem conhecida de Tom Morello, a primeira que ele tocou com a banda, em 2008, e Bruce o presenteou com um digníssimo solo de guitarra um dueto, cantando em algumas estrofes. Tudo isso somado a uma letra forte, do melhor estilo de Bruce. Esse nível de qualidade só é atingida mais uma vez na faixa final do disco, “Dream Baby Dream”, cover da banda punk Suicide, com uma melodia de arrepiar e uma instrumentalização que beira o perfeito.
Embora High Hopes seja um álbum totalmente diferente da linha de Bruce Springsteen, que normalmente preza para criar discos cujas músicas estejam conectadas por um elo comum, sua falta de coesão não chega a ser exatamente um ponto fraco, já que dá a possibilidade de Bruce explorar diversos temas. Não chegará a se incorporar aos clássicos, mas certamente há aqui grandes momentos, nos quais pode ser encontrado o melhor de Bruce Springsteen.
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