O Filho do
Blues, em teoria, é apenas um blog de música; mas dissociar a música,
especialmente músicas de resistências como o blues, o jazz e muito do rock (que
são os gêneros mais comentados por aqui), do mundo da política, do ativismo
político, é totalmente impossível para mim. No próximo domingo, dia 17 de
abril, o Brasil estará passando por um momento histórico muito sério, que
poderá ter consequências profundas no desenvolvimento e na qualidade da
democracia brasileira. No domingo, dia 17, estará sendo votado na Câmara dos
Deputados o processo de impeachment da Presidente da República, Dilma Rousseff.
Diante disso, o Filho do Blues assume claramente a posição contrário ao
impeachment, que ao meu ver é um Golpe de Estado, por não estar caracterizado
nenhum crime de responsabilidade cometido diretamente pela pessoa da Presidente
da República; vejo o processo com profunda preocupação para a estabilidade da
democracia brasileira, pois um precedente como esse (um impeachment sem crime)
é perigoso e não oferece a segurança institucional que a democracia precisa
para florescer e melhorar; vejo, ainda, o processo como um movimento
oportunista da oposição que não aceitou o resultado das urnas das eleições de
2014 e, aliado aos setores da mídia, passaram ao “tudo ou nada” para voltar ao
poder sem ser pelas vias do sufrágio universal; vejo um movimento de golpistas,
aproveitadores e corruptos que, organizados corporativamente, buscam salvar as
próprias peles e impedir o combate à corrupção que tem acontecido no país nos
últimos anos; vejo, por fim, esse movimento ilegítimo como uma ameaça aos
direitos e conquistas sociais alcançados nos últimos 13 anos, pois representam
a visão de mundo retrógrada, conservadora, mesquinha e cerceadora de direitos,
bem como a concepção de Estado, que sempre buscou a liquidação do patrimônio
nacional para interesses estrangeiros, que sempre buscou enxugar o Estado a um
mínimo possível, deixando as pessoas menos favorecidas à sua própria sorte.
Atesto minha posição nesse momento único da história brasileira como forma de
dizer para o futuro que não me abstive, não fiquei em cima do muro, não fugi ao
debate, não cedi aos discursos de ódio, bem como não me entreguei ao
radicalismo burro de acusações infrutíferas para o lado contrário, considerando
as pessoas que pensam diferente de mim como “inimigos” que devem ser
eliminados. Dificilmente, independente do resultado da votação no próximo
domingo, dia 17, o Brasil sairá desse processo sem profundas cicatrizes. E
todos nós, sem exceção, somos os responsáveis pelo que vier.