O show do dia 04 de novembro foi uma jornada épica desde cedo. Como pegamos um lugar não muito bom no primeiro show, queríamos ficar bem na frente dessa vez. Para isso, fomos ao Morumbi de uma da tarde e já tinha uma fila imensa aguardando a abertura dos portões. O frio de antes foi substituído por um sol que, se não muito forte, pelo menos insistente e chato. Os portões abriram perto de quatro horas e quando entramos, já tinha um monte de gente que praticamente montou acampamento na frente do palco. A cada minuto que passava o espaço diminuía e ficava difícil se movimentar. Já nessa hora deu uma impressão de que conseguir água naquele lugar seria complicado. Conseguimos ainda assim três águas, duas nós tomamos na hora e a outra guardamos para depois do show de X. Achávamos que era o bastante.
Mas enfim, após horas em pé olhando para o palco vazio, sem movimentação alguma e com as pernas doloridas, o show de X foi um bálsamo. Pelo menos o tempo corria mais rápido ao som de guitarras e podíamos balançar um pouco a cabeça. Também as pessoas sem noção que fizeram o piso do Morumbi de cama foram obrigadas a se levantarem. De todo o set do X a única que realmente me agrada foi “The Hungry Wolf”, muito boa. Mas o principalmente mesmo estava ainda para começar. Enquanto Pearl Jam não subia ao palco, um roadie idêntico a Eddie Vedder desfilava pelo palco, ajeitando um instrumento aqui, outro ali, levando curiosidade e distração ao público. Enquanto tudo isso, o Morumbi ia enchendo cada vez mais, até quando olhei pra trás e vi os anéis do Estádio totalmente tomados pelo público, bem diferente da noite anterior, pelo menos nas arquibancadas. Foi mais ou menos na hora em que com um leve atraso Pearl Jam pintou no palco.
E foi direto ao assunto. “Go” fez o estádio inteiro pular, quer você queira ou não. Quando olhei pro lado já estava sozinho de novo. Bem difícil assistir show de Pearl Jam em grupo. Como se não bastasse, “Do The Evolution” apareceu bem cedo no set, para sugar ainda mais a energia do público que cantava cada verso. “Severed Hand” foi uma ótima surpresa e então “Hail Hail”,finalmente. Estava louco para ouvi-la. A intensidade desse começo de show foi absurda, ainda mais quando ele completou com “Got Some”. Só então a banda deu uns segundos para o público respirar um pouco. Num momento bem engraçado, Eddie Vedder pediu para aumentarem as luzes para olhar para o público e faz uma expressão do tipo “ahh, olha vocês ai”, direcionada para a arquibancada. “Small Town” é tocada novamente, mas nunca cansa cantar junto essa daí. Depois veio outra sensacional, “Given To Fly”, estava ansioso também por ouvi-la e é incrível ao vivo. O público também a cantou do início ao fim. Antes desse show eu não dava muito valor a participação do público num show, parecia ser bem mais sobre a música que a banda está tocando e tudo mais. Mas depois desse show meu conceito foi por água abaixo. Quando o público e a banda estão em sintonia, é um espetáculo. As músicas com essa característica de cantar junto simplesmente arrasou as versões da noite anterior, um exemplo é em “Even Flow”, que num dado momento Eddie Vedder para de cantar e somente o público carrega o refrão. Estou ansioso para ouvir essa hora no Boot oficial do show. “Wishlist” também foi uma surpresa muito agradável, mesmo com Eddie errando um pouco a letra, pra variar. “Amongst the Waves”, que para mim juntamente com “Unthought Known”, que também foi tocada, formam os novos clássicos de Pearl Jam. Perfeita essa música e é maravilhoso ver elas sendo cantada com a mesma emoção dos clássicos dos anos 90. Eddie Vedder anuncia que vão tocar agora uma do Into the Wilde e segue com “Setting Forth”. “Not For You” tenho para mim que foi a melhor versão que já ouvi, com Stone dando uma esticada nos solos e Eddie Vedder cantando Modern Girl, do Sleater Kinney, como tag. “Once” começou sem Mike, que sumiu do palco, só com a guitarra de Stone. Após alguns instantes Mike volta com a sua guitarra e completa a música. E para fechar o primeiro set, uma versão antológica de “Black”, talvez a melhor de todas.
Momento super engraçado na volta do primeiro encore. Eddie tenta falar em português, mas acaba desistindo, pedindo desculpas por fim pelo “português de mierda”. Depois, em inglês, ele agradece pela recepção do público à banda de abertura X e conta uma história de quando era menor de idade e conseguia carteira de identidade falsa para poder entrar em bares. Num desses bares, a banda X estava tocando e Exene, a vocalista, direcionou uma cerveja para ele segurar enquanto cantava. Ele jurou que não tomou a cerveja, e o público jurou que acreditou. Depois da história eles tocam “Just Breathe” e então para talvez um dos pontos mais altos desses dois shows. Eu vi que esse momento estava chegando quando Mike entrou no palco com a guitarra de dois braços. Imediatamente eu gritei “Inside Job”. Perfeita. Uma das melhores músicas de Pearl Jam. Antes de tocá-la, Eddie diz que a música é composição de Mike e que a primeira vez que tocou para ele foi em 2005, num quarto de hotel em São Paulo. Substituiu a ausência de “In My Tree”. Logo em seguida teve “State of Love And Trust” para delírio geral. Depois de “Olé” e“Why Go”, remanescentes da noite anterior, a banda solta “Jeremy” e o estádio vai a loucura.
A volta do segundo encore também ficou bem legal. Enquanto a banda estava ausente, o público ficou repetindo o canto do final de “Jeremy”, e uma troca de “olé olé Brazil” com “ole olé Pearl Jam”. Depois teve “Last Kiss”, talvez desnecessária ali junto daquelas músicas incríveis, mas o fato da banda ter errado a música e quase parado de tocá-la (o público continuou cantando e a banda seguiu) fez com que ficasse engraçado. Seguindo o momento romântico do show foi“Betterman”, numa versão sensacional, principalmente no final com a tag de “Save it For Later”.Mas então eles voltaram com tudo com “Spin The Black Circle”, com Mike correndo ensandecido pelo palco inteiro. Depois de mais uma ótima versão de “Alive”, que serviu mais para eu conseguir comprar duas águas para não desmaiar de desidratação, duas mataram tudo no final. Uma que eu estava torcendo desesperadamente para ouvir, a melhor cover de Pearl Jam, “Baba O’Riley”, do The Who. Perfeito, incrível. O público arrasou também cantado. E o momento triste do adeus de “Yellow Ledbetter”, com todas as luzes acesas e uma visão panorâmica de todo o estádio lotado. Belíssimo.
E por fim três dias após o show ainda estou aqui impressionado, querendo ir para todos os shows seguintes da turnê, acompanhando as setlists e pensando a cada música que eles não tocaram em São Paulo: eu deveria estar lá também.
Devia coisa nenhuma...
ResponderExcluirhaha, ir atrás? Sério?
Só viúvo!
:P
Te amo! ♥
AWE!
ResponderExcluirPelo relato deve ter sido fodest ever.
Só estou lendo seu post agora; casualmente estou tentando ler alguma reportagem sobre a passagem do PJ na escandinávia e me deparei com seu blog; fui ao show deles aqui na apoteose, em 06/11/11: excepcional! não os tinha visto em 2005, então foi minha estréia! esta sensação de conjunto, extase , sublimação e alegria a cada musica tocada por eles e cantadas por todos é sensacional ; fui agora aos 2 shows em Amsterdam (26 e 27/6/12) e ao show em Arras(parte do main square festival ) e a sensação é a mesma, seja com holandeses cantando, seja entre franceses, belgas e ingleses; impressionante o que o grupo consegui e consegue manter show após show; e como você, fiquei desejando meu próximo encontro com eles,pensando em quais das minhas músicas preferidas ainda não ouvi ; este é o Pearl Jam!!
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