quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Abença Pai: Ben Harper & Charlie Musselwhite - Get Up!


Ao se deparar, mesmo que de relance, na carreira do guitarrista Ben Harper, pode-se ter aquela impressão de que não é uma única pessoa. Harper, que é conhecido por se aprofundar as músicas de raízes americana, que além de passar pelo pop, com Diamond On The Inside, de 2003, facilmente seu disco de maior sucesso, pelo reagge e ainda se aventura também pelo blues e também pelo gospel, como, por exemplo, seu trabalho em colaboração com a banda gospel The Blind Boys of Alabama. Ao mesmo tempo que Harper pode soltar vários solos no estilo Hendrix, ele também aparece com belas baladas sentimentais. Para Get Up, seu novo álbum, Ben Harper decidiu mergulhar de vez no blues de raiz e, para isso, nada melhor do que uma colaboração de quem já trilha esse caminho. É com esse pensamento que Harper junta-se em equipe com o experiente bluesman de 68 anos, Charlie Musselwhite, um grande mestre tocador de gaita..

E é a química entre os dois que faz de Get Up mais do que especial. É com um prazer indescritível que se pega hoje, em pleno ano de 2013, na era digital, um álbum com dez músicas de blues, totalmente autoral. Claro que é sempre maravilhoso revisitar os grandes clássicos do blues, dos quais existem vários. Mas ouvir algo completamente novo de pessoas comprometidas em revitalizar o estilo e gritar em plenos pulmões: “eu amo o blues e ele ainda é relevante e maravilhoso de se fazer”. É exatamente isso que Ben Harper e Charlie Musselwhite fazem em Get Up. O embrião dessa colaboração, inclusive, começou há bastante tempo. Data do ano de 1997, quando os dois se juntaram para gravar “Burnin’ Hell” com o amigo de longa data de Musselwhite, ninguém menos que John Lee Hooker. A própria lenda afirmou que ficou impressionado com a química entre os dois e os encorajou a continuarem trabalhando juntos.



Após as delineações preliminares, vamos agora ao que interessa. Não fosse pela qualidade da gravação, poder-se-ia facilmente considerar a faixa de abertura “Don’t Look Twice” um delta blues perdido e revitalizado de Skip James. Começa apenas com o violão e a voz lamuriosa de Harper cantando “don’t look twice, be glad your worries ain’t like mine”. Quando pensamos que a música vai seguir nessa linha, após a segunda estrofe a banda completa entra no refrão. Muito bom. Vale a penar ressaltar aqui, como em outros vários momentos, o diálogo da gaita de Musselwhite com a bela voz melódica de Harper, por vezes se juntando e formando uma coisa só, como é bem claro na quinta faixa, o belíssimo blues acústico “You Found Another Lover (I Lost Another Friend)”. Na segunda música, “I’m In I’m Out and I’m Gone”, blues de primeira, a voz e Harper já aparece com mais vigor e firmeza que o próprio teor da música pede, com um solo sensacional de gaita de Musselwhite, com a banda só acompanhando e deixando-o brilhar, como você pode conferir por si só nesse clipe de versão estendida, para WSJ, de tirar o fôlego. “We Can’t End This Way” a dupla deixa transparecer a influência gospel no blues, com as palmas ditando o ritmo e backing vocals femininos no refrão. “I Don’t Believe a Word You Say” é um rock bem furioso de um enamorado traído. Dessa vez é hora da guitarra de Ben Harper gritar, mesmo com o acompanhamento sempre presente da gaita.



A metade final começa com “I Ride At Dawn”, na qual quem brilha é Harper e seus solos de slide. Destaca-se também a letra, com interessantes imagens poéticas. A guitarra volta a aumentar o volume na pancada de “Blood Side Out”, com uma gaita constante e a voz furiosa de Harper separando alguns solos sujos de guitarra, além de um solo de gaita inspirador no final. É de longe a mais pesada e agressiva do álbum. A faixa título, “Get Up”, é também a mais longa, passando dos seis minutos. É uma das melhores. A letra deixa transparecer a veia mais política de Harper. O tempo maior dá margem para diálogos interessantes entre as duas estrelas do álbum, com jams interessantes, sempre entrecortando um verso ou outro.

Em “She Got Kick”, Ben Harper e Charlie Musselwhite mostram que também sabem se divertir, com um ritmo bem dançante e até sexy. Para finalizar o disco, a dupla escolheu “All That Matters Now”, um Delta Blues bem dolorido, mas, ainda assim, com uma mensagem positiva: “it's been a long hard day, and a long hard night, been a hard year, Its been a hard life, but we're together, and that's all that matters now”.

E assim Get Up! chega ao fim com gostinho de quero mais. É o resultado da junção colaborativa entre dois grandes e veteranos compositores que compartilham de uma paixão em comum: o blues. E essa paixão é facilmente estendida aos ouvintes pela maestria e sinceridade em cada música do álbum.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Duas novas músicas do novo álbum de Iron & Wine


O novo disco de Iron &Wine, Ghost on Ghost, só será lançado em abril, mas aos poucos Sam Beam vai soltando as novas músicas do álbum. E a cada novidade fica a certeza que será um ótimo trabalho, pois duas faixas já haviam sido conhecidas, a ótima “Lover’s Revolution” e “Caught in the Briars”, música de abertura do álbum e que foi tocada em uma sessão para a estação de rádio de Austin, KUT. Agora é a vez do belo título “Grace for Saints and Ramblers”. Kiss Each Other Clean foi o álbum mais bem sucedido na carreira de Iron & Wine, exatamente quando ele mostrou essa evolução estética no seu estilo. De acordo com essas primeiras amostras, fica a pergunta, será que Sam Beam irá se superar em Ghost on Ghost? Aguardemos os próximos capítulos.

Confira abaixo, juntamente com “Caught in The Briars”, que não fiz um post para ela quando do lançamento.





terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Nova música e vídeo de David Bowie, "The Stars (Are Out Tonight)"


Ao raiar do novo dia as promessas se cumprem! É assim que acordo hoje, dia 26 de fevereiro, para ouvir a mais nova música do disco The Next Day, de David Bowie. Melhor ainda, não saiu apenas a música, mas também um vídeo-filme da faixa “The Stars (Are Out Tonight)”, que, ao contrário do primeiro single, a calma balada “Where Are We Now”, é um rock agitado, de acordo com as palavras do produtor Tony Visconti.

O vídeo-filme é um show à parte. Ele foi dirigido por Floria Sigismondi, que já trabalhou com David Bowie nos vídeos de Little Wonder (1996) e Dead Man Walking (1997) e estrela o próprio Bowie juntamente com a atriz famosa Tilda Swinton, que fez Crônicas de Nárnia, o Curioso Caso de Benjamin Button, dentre outros. Inclusive, tem um blog (Tilda Stardust) que faz a brincadeira de que Bowie e Swinton são a mesma pessoa, comparando fotos. Bem, dessa vez, os dois juntos no mesmo clipe, pegou o blog desprevenido  A história se passa na vida de um casal de celebridades – Bowie e Swinton – e seus problemas para lidar com isso, entre os paparazzi e os exageros da imprensa e até mesmo dos fãs. Talvez se refira ao tempo que Bowie passou recluso e querendo privacidade.

A página oficial do Facebook divulgou a lista do elenco, juntamente com imagens das letras de “The Stars (Are Out Tonight)”: 

The Stars (Are Out Tonight) - Cast List

David Bowie - Husband
Tilde Swinton - Wife
Saskia De Brauw – Celebrity 2
Andrej Pejic – Celebrity 1
Iselin Steiro - Vocalist
Yves Berlin -Guitar Folake
Olowofoyeku - Bass
Randy Michael – Drums







segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Mike McCready conta detalhes sobre o novo álbum de Pearl Jam



Olhando o cenário atual dos integrantes de Pearl Jam, é difícil supor que venha algum álbum novo ainda por um bom tempo. Matt Cameron está curtindo o retorno tão esperado de Soundgarden, com o disco King Animal, do ano passado, assim como Stone Gossard, com o lançamento do novo de Brad. Eddie e Mike McCready também andam fazendo um projeto aqui, outro ali e com isso não se imagina tempo para conseguir ainda gravar o álbum sucessor a Backspacer, de 2009.

Mas algumas vezes as aparências enganam e quem o diz é o próprio Mike McCready a uma entrevista para a Rolling Stone. Enquanto se prepara para correr na meia maratona Rock’n Roll de New Orleans, Mike conversou um pouco com a revista sobre o novo álbum de Pearl Jam, ao que Mike respondeu que “sairá este ano, com certeza”. Ele explicou e deu mais algumas informações sobre o processo de gravação, afirmando que os integrantes da banda estão trabalhando agora mesmo em algumas demos e que estarão gravando em breve. 

Sobre em que etapa do processo de gravação eles se encontram, Mike respondeu: “O que todos dizem é que está a meio caminho andado, eu acho que é verdade. Nós tempos sete músicas que estão relativamente completas. Mas então nós ainda temos um adicional de quinze prontas para irem pra qualquer lado que Eddie queira levá-las, então nós também iremos trabalhar em cima delas”. 

Mike não se sente ainda muito seguro sobre o que esperar do álbum quando estiver pronto, ou como irá soar, “porque o que eu posso dizer não irá fazer sentido até você ouvi-lo”. Mesmo assim, ele contou alguns detalhes gerais sobre o trabalho: “Eu diria e soaria como uma resposta clichê de que ele é uma extensão lógica de Backspacer. Mas eu acho que há um pouco mais de material experimental nele. Há um clima de Pink Floyd em alguma coisa nele, e há também um pouco de punk rock em outras." O novo disco será também a quinta vez que Pearl Jam irá se juntar com o produtor Brendan O’Brien. E Mike falou também um pouco sobre isso: “Nós estamos empolgados para concluirmos isso, porque nós estamos esperando por dois anos para fazermos isso”.

Enquanto ele ainda não chega, vamos relembrar um pouco de Backspacer, último disco de Pearl Jam, lançado em 2009:


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Nick Cave & The Bad Seeds Live @ Los Angeles


Você sabe que o álbum está tendo muita publicidade se enquanto você estiver navegando por um site qualquer se deparar com um anúncio desse álbum, que não tem nada a ver com o site em questão. É exatamente isso que tem acontecido com o novo disco de Nick Cave & The Bad Seeds, Push The Sky Away. E para aprimorar ainda mais toda essa promoção, Nick e sua banda fizeram um show ontem, dia 21, apresentado pela Rockfeedback, RFB, no Fonde Theatre, em Los Angeles, que foi transmitido via internet ao vivo. Para quem perdeu, o canal da Rockfeedback estará retransmitindo o show por todo o dia de hoje. Não sei se a apresentação ficará ainda disponível depois das 24 horas de reprise, então para quem se interessar, dá para usar o programa aTube Catcher para baixar o show.

No primeiro set, Nick Cave tocou na íntegra o novo disco, Push The Sky Away. Já no segundo set, foi a vez dos clássicos aparecerem, tais como “O Children” e “The Mercy Seat”. Confira o set list abaixo:

Push the Sky Away

We No Who U R
Wide Lovely Eyes
Water's Edge
Jubilee Street
Mermaids
We Real Cool
Finishing Jubilee Street
Higgs Boson Blues
Push the Sky Away

Set 2

From Her to Eternity
O Children
The Ship Song
Jack the Ripper
Red Right Hand
Deanna
Love Letter
The Mercy Seat

Encore:

Stagger Lee




terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Mad Season irá relançar álbum com participação de Mark Lanegan


Mad Season foi uma superbanda que surgiu da junção de alguns integrantes de Pearl Jam (Mike McCready), Alice In Chains (Layne Staley), Barrett Martin (Screaming Trees) e John Baker Saunders (Walkabouts). Além dessa linha de frente, Mark Lanegan ocasionamente dava uma canja com o grupo. A banda foi formada em 1994, praticamente no auge do grunge, e lançou apenas um disco, Above, de 1995. Durante a última metade da década de noventa, houve tentativas de gravar um segundo álbum, mas a prematura e triste morte de Layne Staley por overdose tratou de pôr um fim nisso, além de muitas outras coisas. Portanto, Mad Season seria uma daquelas bandas que certamente ficariam intactas na história, já que seu cantor, e é uma das maiores referências da banda, estava morto, certo?

Errado. Isso porque a banda irá relançar Above com músicas inéditas, na época que estavam tentando gravar o segundo disco. Os integrantes Mike McCready e Barrett Martin convidaram o vocalista Mark Lanegan para ajudar a finalizar o disco e acabou ajudando a compor e a cantar três faixas. Uma dessas músicas já saiu. Chama-se “Locomotive”, cantada por Lanegan e que foi composta especialmente para este segundo álbum. A música tem a mesma pegada grunge da década dos anos 90, cheia de guitarras sujas e a voz cortante de Lanegan. Confira:

Agradecimento especial à minha amiga Camila pela indicação!


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Nova música de David Bowie a ser lançada dia 26/02/13



Cada dia fica mais próximo para o lançamento de The Next Day, que a esta altura nem preciso dizer que é o novo álbum de David Bowie, depois de quase uma década de hiato. É natural, então, que aos poucos vá aparecendo mais uma música aqui, outra ali. É o que indica o a postagem na página do Facebook oficial de Bowie, que colocou essa imagem acima, com o título de uma das músicas que aparecem no tracklist de The Next Day, “The Stars (Are Out Tonight)”, cuja descrição “02.26.13” infere que seja lançada nesse dia

Enquanto ainda não chega o dia 26, ficaremos um pouco mais com “Where Are We Now?”, primeiro single do disco, que, como lembrete, será lançado na semana do dia 12 de Março. Confira também, mais uma vez, a tracklist de The Next Day, contando com as faixas bônus:

The Next Day:

01 The Next Day
02 Dirty Boys
03 The Stars (Are Out Tonight)
04 Love is Lost
05 Where Are We Now?
06 Valentine's Day
07 If You Can See Me
08 I'd Rather Be High
09 Boss of Me
10 Dancing Out in Space
11 How Does the Grass Grow?
12 (You Will) Set the World on Fire
13 You Feel So Lonely You Could Die
14 Heat
15 So She [Bonus]
16 I’ll Take You There [Bonus]
17 Plan [Bonus]



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Documentário sobre vida e carreira de David Bowie a ser lançado em Maio



Agora que David Bowie saiu das sombras de quase dez anos de anonimato, vai saindo as notícias do que Bowie esteve fazendo durante todo esse tempo. Além, claro, do prato principal, ou seja, o novo disco The Next Day, que marcará seu retorno em março, após todo esse tempo sem material inédito, Bowie anunciou hoje que lançará em maio, através do canal BBC 2, um documentário oficial sobre sua carreira e vida chamado David Bowie – Five Years.

O documentário terá várias filmagens de arquivo e diversas entrevistas com os colaboradores que Bowie teve durante os anos de carreira. O documentário também cobrirá esse seu recente retorno, bem como cinco anos cruciais para sua carreira (por isso a referência no título do documentário – five years) 1971, 1975, 1977, 1980 e 1983.

O diretor do trabalho, Francis Whatley disse à NME que o documentário esteve sendo feito durante dez anos. A NME ainda falou que existe um filme, que ainda está em progresso, que cobrirá os melhores momentos dos anos de colaboração de David Bowie e Iggy Pop. Esse novo documentário se chamará Lust For Life.

Enfim, após dez anos de espera, teremos material de Bowie ainda para receber! E eu continue vindo mais!


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Nick Cave & The Bad Seeds - Push The Sky Away

                                 

Nick Cave está de volta reunido com sua banda, The Bad Seeds, para nos entregar seu décimo quinto álbum de estúdio, chamado Push The Sky Away, com essa bela e sugestiva capa. Apesar do longo período sem um lançamento inédito, Dig, Lazarus, Dig, foi lançado em 2008 e no ano passado teve um coletânea de B-Sides, Nick Cave não ficou sem produzir, já que participou de trilhas sonoras e lançou o segundo disco de sua banda paralela, Grinderman. Todas essas experiências fazem de Nick Cave um artista eclético e diferenciado, sendo natural uma expectativa maior em relação à sua escolha por qual caminho trilhar. Push The Sky Away é, portanto, a faceta sombria e mórbida de Cave, utilizando-se sempre de sua voz grave e belos recursos poéticos e melódicos, elevando algumas faixas do disco a um padrão de beleza acima da média.

Musicalmente, Push The Sky Away não chega a ser um grande destaque. As faixas seguem um ritmo constante, com uma instrumentalização limitada, cujo objetivo claramente é dar destaque à forma quase narrativa que Cave as conduz. A já conhecida faixa de abertura é um ótimo exemplo. “We No Who U R” é uma bela canção, onde a voz de Cave desenha belas e inesperadas imagens. Uma delas fica especialmente bela quando ligada ao contexto da seca no Sertão: “the trees will stand like pleading hands”. Parece que Cave fez uma visita recente ao Nordeste brasileiro e resolveu retratá-lo nesse verso. Na faixa seguinte, “Wide Lovely Eyes”, talvez a mais melodicamente bela do disco, a linha entre a beleza e a estranheza é tênue, como se uma não pudesse existir sem a outra, durante seus quase quatro minutos, ambas coexistem. Algum efeito estranho condiz a canção enquanto Nick Cave solta a melodia que sem dúvida é a mais bela do disco.




O problema em Push The Sky Away é que essa equação é extremamente arriscada e Nick Cave mostra que está pronto para correr esse risco com personalidade. Se em “Wide Lovely Eyes” o tempero foi na medida certa, a coisa não funciona com o mesmo sucesso em algumas faixas, como em “Water’s Edge”, que a inconsistência musical, com instrumentos tocando quase de forma aleatória, é acompanhada pela melódica, e a música termina por não ter uma unidade bem definida. Já “Jubilee Street”, uma balada mais convencional, os instrumentos entram em sinergia novamente, inclusive com um belo arranjo de violino.





Os arranjos continuam em evidência enquanto Nick Cave narra a captura de uma sereia, em “Mermaids”. Destaca-se o clima sombrio e misterioso, principalmente quando o arranjo soa como um canto de sereia levando-o ao fundo do mar. Ela também tem o melhor refrão do álbum, na forma mais tradicional. Já “We Real Cool” padece do mesmo mal que “Water’s Edge”, demora para pegar e meio que perde o interesse rapidamente. A sequência final, por sua vez, brilha por si só, começando com “Finishing Jubilee Street”, que abre caminho para a ótima e sombria “Higgs Boson Blues", a mais longa do álbum, beirando os oito minutos, com um ritmo bem interessante com a voz de Nick Cave se arrastando pela música. A letra, estranha, cheia de referências à lenda do blues Robert Johnson e de seu encontro com o cabra ruim e imagens inusitadas. Em alguns momentos chega a lembrar de “The End”, do The Doors. O disco termina por cima com a faixa-título “Push the Sky Away”, construída mais uma vez por uma belíssima melodia.

No final, Push The Sky Away é inconfundivelmente um álbum que Nick Cave & The Bad Seeds faria. Sombrio, imprevisível e incrivelmente composto por mãos hábeis, que sabem o que fazem.



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Versão de Beck para "Sound and Vision", de David Bowie


A ideia de reinterpretar os clássicos da música não é nova. E para celebrar isso, a empresa de carro Lincoln inaugurou uma campanha chamada “Hello, Again”, onde diversos artistas serão chamados para reinterpretar músicas clássicas. E para dar início a essa campanha, a empresa convidou Beck que, com a ajuda de uma enorme orquestra, tocou “Sound and Vision”, de David Bowie, do clássico álbum Low.

O vídeo, feito em colaboração com o diretor Chris Milk, foi gravado no começo da semana passada, nos estúdios da Fox, em Los Angeles. Beck reuniu uma imensa orquestra, contando com mais de 160 músicos, de tudo o que você imaginar. Várias orquestras de cordas, imensos corais, guitarras, percussões, tudo isso conduzido pelo pai de Beck, David Campbell.

Confira abaixo como ficou a versão de “Sound And Vision”, de David Bowie, por Beck.



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Jim James - Regions of Light and Sound of God


My Morning Jacket vem no decorrer dos anos se consolidando como uma grande banda do cenário alternativo, sobretudo ao vivo, onde as guitarras e especialmente a voz de Jim James ganham um espaço mais do que especial. O estilo de cantar de Jim James, inclusive, tem se tornado uma das referências do trabalho da banda. E é com essa voz que Jim James lança seu primeiro registro solo, Regions of Light and Sound of God. O álbum começou a ser pensado em 2008, quando James sofreu um sério acidente no palco. Durante sua recuperação, James se identificou bastante com o livro God’s Man, de Lynd Ward, de 1929. Segundo James, é uma crônica da luta de um artista contra a tentação e corrupção, junto com a busca de seu verdadeiro amor”. Ele continua: “Algumas coisas que aconteciam no livro estavam acontecendo comigo na vida real, de um jeito bem estranho, doloroso e, ainda assim, bonito”.

Ao contrário de My Morning Jacket, onde a química entre os integrantes da banda é latente, em Regions of Light Jim James escolhe um caminho, embora em alguns momentos se assemelhe com seu trabalho na banda, muito mais meditativo, a começar pela forma que foi gravado e composto, basicamente por Jim James sozinho, no seu estúdio caseiro em Louisville. A sua voz está ainda mais limpa, angelical, quase vinda de algum sonho nebuloso do paraíso. Grande parte do álbum é construído com base nos pianos, teclados e sintetizadores, colocando de lado a guitarra. Isso já se deixa claro a partir da primeira faixa, inclusive uma das melhores, “State of the Art (A.E.I.O.U)”. Na letra, Jim James declara seu manifesto: “i use my state of the art technology, now don’t you forget it: it ain’t usin’ me”. E é exatamente o que acontece, já que James não se deixa dominar pela presença exagerada da tecnologia. Ele a usa somente para dar a profundidade que quer na música. Mas o questionamento não chega somente na questão musical, mas também em como vivemos hoje. “i used the state of art technology supposed to make for better living are we better human being?”


“Know Til Now” não parece a melhor escolha para um single, por ser um pouco desestruturada e inconstante, mas também tem seus momentos. Mais uma vez, a letra é bem introspectiva, o que é uma marca de Regions of Light. “Dear One” parece uma balada romântica do futuro. A guitarra finalmente dá as caras com alguns riffs delicados. “A New Life” é facilmente outro ponto máximo do disco, talvez a melhor. Uma bela, delicada e agradável música folk com traços de glam. A voz de Jim James mais uma vez é um espetáculo, puxando nas partes mais melódicas, tornando-a ainda mais bela. “Exploding” é uma curta música instrumental que é impossível ouvi-la e não imaginar que é uma canção natalina.

“Actress” trata de uma coisa muito comum com as celebridades hoje em dia, no sentido do mito e a lenda tornarem-se maior do que a realidade. “All Is Forgiven” é quase como uma libertação, com arranjos muito legais e surreais, enquanto a voz de Jim James soa mais solta que nunca, enquanto ele torce para que realmente tudo seja perdoável.

Regions of Light and Sound of God é um álbum para se escutar descansando, de olhos fechados, quase em estado meditativo, relaxando e pensando na vida. Musicalmente, Jim James alcança novos horizontes que não seriam possível com o seu trabalho com My Morning Jacket.