A coleção Blue Guitars, de 2005, do
guitarrista britânico Chris Rea, é o projeto mais ambicioso do Blues: 11 discos
conceituais, mais de 130 músicas inéditas contando a trajetória do blues desde
a África até os dias de hoje. Ele dividiu o blues em etapas conceituais e, para
cada uma delas, compôs músicas que se encaixam no estilo, tanto temático como
sonoro. Os discos são: Beginnings (1), Country Blues (2), Louisiana and New Orleans (3),
Electric Memphis Blues (4), Texas Blues (5), Chicago Blues (6), Blues Ballads
(7), Gospel Soul Blues and Motown (8), Celtic and Irish Blues (9); Latin Blues
(10) and 60′s and 70′s (11).
Chris Rea, para quem não conhece, é um grande
compositor britânico que começou sua carreira no final da década de 70, mas só
estourou mesmo com os hits da década de 80, tais como “On The Beach”, “The Road
To Hell”, “Fool (If You Think It’s Over)”, dentre outras. Porém, Rea passou por
um drama na sua vida pessoal no início dos anos 2000, chegando à beira da
morte, devido a sérios problemas no estômago, sendo diagnosticado com
pancreatites e passando por inúmeras e perigosas cirurgias (ele perdeu o
pâncreas em 2001). Por fim Rea venceu a doença, mesmo que ela o tenha legado
com vários problemas de saúde que o irão acompanhar o restante de sua vida. Na
recuperação, prometeu que iria dar uma guinada radical em sua vida, escolhendo
um caminho independente da sua gravadora e passou a focar em projetos próprios,
sobretudo no desenvolvimento de suas raízes musicais, com ênfase para o blues.
No decorrer da década de 2000, ele lançou vários álbuns de blues e culminou no
ponto máximo de sua carreira: a coleção Blue Guitars, de 2005, com 11 discos e
um DVD (pensada originalmente como o último trabalho com o seu nome, mas que
posteriormente a história provaria que ele estava enganado). Vale a pena falar aqui também o modus operandi do projeto. Enquanto vários artistas demoram anos e anos entre um disco e outro, a coleção Blue Guitars foi o resultado de um notável processo que durou 18 meses de trabalho pesado, doze horas por dia, sete dias da semana, ou seja, um baita workaholic.
Ao contrário de fazer um projeto somente de resgate,
regravando clássicos do blues, Rea optou por um trabalho totalmente original e
autoral, misturando elementos musicais, instrumentais, compondo um conjunto
incrível, não apenas se limitando ao território sonoro do blues, mas também
utilizando de outras linguagens musicais para transmitir o sentimento que é a
essência do blues, utilizando-se de sua voz grave (às vezes bem próxima de Mark
Lanegan) e suas espetaculares habilidades na guitarra, principalmente no Slide.
Não dá para fazer uma simples
resenha, tratando Blue Guitars de forma generalizada. Seu conteúdo é deveras
rico para ser tratado dessa forma. Então irei fazer uma sequência de resenhas, para cada um dos 11 discos de Blue Guitars, observando, analisando e vibrando
com cada um dos seus triunfos. As postagens farão parte do Especial Chris Rea: Where The Blues Come From.
Chris Rea é simplesmente genial!
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