sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Resenha de Mr. Sipp - The Mississippi Blues Child



         A ascensão de uma jovem estrela para brilhar no mundo da música é difícil, dura e cheia de batalhas travadas no anonimato do dia a dia. Dificilmente é algo que acontece da noite para o dia. Para o artista comum que está batalhando, a escada para o sucesso é feita de etapas. Ao menos esse deve ser o que anda pensando o jovem guitarrista Castro Coleman, conhecido apenas como Mr. Sipp (abreviação com referência ao rio Mississippi). Nos últimos três anos, Mr. Sipp completou etapas fundamentais para alcançar o seu objetivo. Em 2013, foi o finalista do IBC - International Blues Challenge, mas acabou perdendo. Ainda assim, lançou, de maneira independente, seu primeiro disco, chamado It’s My Guitar. Já cheio de moral, tentou novamente e foi mais uma vez finalista do Desafio Internacional do Blues, do qual saiu finalmente como vencedor. Mais ainda: ganhou o prêmio da Gibson como melhor guitarrista do ano. Para coroar as conquistas- e provavelmente pensando alto -,  em 2015, Mr. Sipp lança seu segundo disco, chamado de The Mississippi Blues Child.

O álbum apresenta um Mr. Sipp bem mais versátil, talvez tentando tornar seu som mais acessível ao grande público. O Mr. Sipp vencedor do IBC, ou seja, o seu lado do blues mais vigoroso, com a guitarra gritando alto está travando uma luta constante com o Mr. Sipp mais ambicioso e comercial. E é exatamente esse caráter dúbio que faz com que The Mississippi Blues Child perca um pouco de toda sua potencialidade. Afinal, essa batalha ele já ganhou ao se sagrar vencedor do IBC com um blues poderoso, performático e enérgico.

                Os destaques do disco estão mesmo mais para o blues e concentram-se na primeira metade do disco, embora o lado mais soul e pop de Mr. Sipp não seja totalmente descartável. A faixa de abertura, “Tmbc” é o acrônimo para The Mississippi Blues Child e conta de forma autobiográfica sua relação pessoal com o blues, ouvindo comentários de pastores, como: “They say Mr. Sipp you’re gonna burn in Hell for playing that blues style / but instead I played all over the world and I’m known by the name of The Mississippi Blues Child”. Já a faixa seguinte é uma das melhores músicas do disco, “Jump The Broom”, com um riff de guitarra forte e solos sensacionais de Mr. Sipp. A letra é bem interessante, dizendo para abraçar o novo e se casar com ele. “In The Fire” mostra uma melodia bem desenhada e se alterna em momentos mais intensos, com riffs e solos na guitarra e momentos mais leves e melódicos. A mistura é um dos exemplos quando o equilíbrio funciona muito bem. 

          “Say The Word” é mais um dos destaques que mostram toda a potencialidade de Mr. Sipp. Um blues lento e leve, cheio de solos que remetem ao o melhor estilo de B. B. King e T-Bone Walker. Evidencia ainda outro elemento que até então havia ficado nas sombras: Mr. Sipp mostra um amplo domínio sobre sua potente voz. “Slipp Slide” é divertida e feita para dançar nos shows ao vivo. Mr. Sipp até faz brincadeiras com o público, as palmas e as respostas do público dão a impressão da gravação ser ao vivo.  

No limbo estão as canções que não são nem destaques, mas que também não se enquadram como fracassos, como “Hole In My Heart”, “Nobody’s Bisness” e “What Is Love”. Mas há aquelas que soam totalmente forçadas, exatamente para tentar dar uma versatilidade sonora que, na verdade, não estava fazendo falta, como “Jackpot”, “V.I.P”, “Tonight”.

The Mississippi Blues Child aparece como uma balança na qual Mr. Sipp ainda não está totalmente certo para qual lado pender e busca manter-se equilibrado entre um e outro. É mais uma etapa que o jovem Mr. Sipp terá que ultrapassar. Mas a verdade é simples: o lado bluesman e guitar hero lhe cai bem melhor. Mr. Sipp é um músico, jovem, cheio de energia e com sonhos de tornar-se relevante. 

Abaixo, segue o vídeo de sua apresentação de 2014 que saiu vencedora do International Blues Challenge:


Nenhum comentário:

Postar um comentário