quinta-feira, 3 de março de 2016

Resenha: Dion - New York Is My Home




                O guitarrista Dion está na ativa há quase tanto tempo quanto o Rock n’ Roll. Iniciando a carreira no final dos anos 50, Dion foi um dos maiores representantes do chamado doo wop de Nova York. Desde então, o guitarrista, natural do Bronx, flertou com o pop, o blues e o R&B, numa carreira de mais de cinquenta anos, naturalmente cheia de altos e baixos. Atualmente, no entanto, Dion está nas alturas, embalado por uma sequência de mais de dez anos de ótimos lançamentos, todos eles com um elemento em comum: o blues e o folk-rock. Desde de Bronx in Blue, de 2005, Dion já brilhou novamente com Son of Skip James, de 2007, Tank Full Of Blues, de 2012 e agora, aos 76 anos, presta uma singela homenagem à sua cidade natal com o disco New York Is My Home.

                O disco começa com o rock da divertida “Aces Up Your Sleeves”, que já mostra que Dion está com a voz melódica e firme e os solos de guitarra em ótima forma. Já com “Can’t Go Back To Memphis”, um blues clássico sulista, Dion encarna um personagem endiabrado que não pode voltar para sua cidade porque todos os policiais e padres sabem o seu nome e por isso ele tem que ficar por aí rodando. Blues puro. A faixa que dá título ao álbum, a folk “New York Is My Home”, a mais calma do disco, é um belo dueto com outro cantor bastante ligado à “cidade que nunca dorme”, Paul Simon. Uma bela homenagem à frenética cidade. Em “The Apollo King” a festa volta com tudo, lembrando o rock dos anos 50 de Chuck Berry; a letra celebra a vida do saxofonista de R&B, Big Al Sears, membro da banda da lenda Duke Ellington.




                “Katie Mae”, uma das duas covers do álbum, e também uma das melhores faixas do álbum, Dion revisita o clássico de Lightnin’ Hopkins, criando uma versão que sem dúvida possui vida própria. Depois de “I’m Your Gangster Of Love”, vem mais uma original de Dion que é puro blues. “Ride With Me” é uma das mais intensas do álbum, como já sugere os primeiros segundos da música, o motor de uma moto sendo ligado e dando partida. Durante todo o tempo a música é só movimento, ação, força, ou seja, toda a jovialidade do velhinho de 76 anos. A vitalidade continua presente na faixa seguinte, “I’m All Rocked Up”. O disco caminha para o final com mais uma homenagem; em “Visionary Heart”, que lembra um pouco algumas baladas de Bruce Springsteen, Dion imagina uma carta para Buddy Holly (eles estavam juntos em turnê quando Buddy Holly, The Big Bopper e Ritchie Valens morreram no acidente de avião em 1959). Dion se refere a esse triste episódio na letra, “the day the music died”. Para finalizar, uma versão de “I Ain’t For It”, originalmente por Tampa Red.

                New York IsMy Home é um tipo de consagração para Dion, que ultimamente tem se dedicado a fazer um blues “made in Bronx”. Além disso, é um lembrete de alguém cuja presença nem sempre foi tão marcante como deveria, mas que nunca se retirou de cena em mais de cinquenta anos de carreira. Dion está na ativa, felizes aqueles que se dão conta de sua presença e se dispõem a ouvi-lo.




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