sábado, 31 de março de 2012
Willis Earl Beal - Acousmatic Sorcery
Willis Earl Beal a cada dia vem ganhando uma notoriedade na cena alternativa americana ainda maior. De cantor de rua, ele passou a ser uma das atrações mais esperadas do ano. Tudo isso por que mesmo tendo ouvido poucas músicas, já se percebe que ele tem uma personalidade muito interessante. Beal é artista em várias áreas, além da música, ele desenha e escreve poesia e ficção. E sempre desesperado por mostrar sua arte. Dispõe seu endereço “write to me and i will make you a drawning” e número de telefone no seu site oficial, que diz “call me and i will sing you a song”, onde as pessoas podem se conectar pelo skype ou até mesmo fazer uma ligação. Várias pessoas dizem ter falado com o próprio, pedido para cantar uma música e ele de fato cantou. Mas enfim, um artista novo que consegue causar tanta curiosidade em torno de si, já é um mérito considerável. Apesar de nunca ter oficialmente lançado nenhuma música, foi aparecendo na rede algumas B-sides de suas músicas em alguns blogs, mostrando um estilo eclético e excêntrico, num estilo que a crítica está chamando de antifolk. Assim ele foi ficando conhecido, até que assinou um contrato para o lançamento de seu primeiro álbum, Acousmatic Sorcery, que é o ponto onde nos encontramos agora, e é onde finalmente podemos conhecê-lo por completo, ou pelo menos o início de um “todo” ainda desconhecido de Willis Earls Beal.
Beal começa a pôr em choque paradigmas como achar que um álbum gravado por apenas uma pessoa seria chato e repetitivo. Acousmatic Sorcery pode ser tudo, menos isso. Você pode odiá-lo, nunca mais querer ouvi-lo, mas cada música é uma descoberta diferente, como andar por território desconhecido. Afinal, é um álbum quase inacessível. Há muito não se tem algo assim na música, muitas vezes demasiado previsível. E muito disso tem haver com a idolatria que Beal nutre por uma personalidade da música: Tom Waits. Waits, durante sua carreira inteira, cantou e conviveu com o grotesco e o belo lado a lado. “eu gosto de uma música bonita que lhe conta coisas terríveis. Todos nós gostamos de notícias ruins vindas de belas bocas”, disse Waits em uma ocasião. Às vezes também pode funcionar o contrário.
Mas, enfim, vamos ao prato principal. “Nepeneoyka” é mais uma brincadeira, somente para criar um clima de espera e, estranheza, presente praticamente por todo o disco. “Take Me Away” é onde começa de verdade, com um blues forte, rasgado, lembrando na voz de bluesman uma fúria sinistra. Pense numa voz! Bem percussiva, é uma das que lembra muito bem Tom Waits. De tão seca, a batida parece ser em algum plástico ou algo assim. Em “Cosmic Queries”, nos seus mais de cinco minutos, nós vamos caminhando cuidadosamente pelos caminhos que Beal nos conduz, tentando entender suas variações, sua melodia. Em menos da metade, já estamos hipnotizados por ela e, por incrível que pareça, sem desvendar absolutamente nada. A voz dele, mesmo em seus momentos mais suaves, é forte e cativante. No final tem a parte profética recitada, que chega a arrepiar.
“Evening’s Kiss”, já conhecida, é aquela balada tocante de chorar, somente no violão. Solidão total. Nela, Beal mostra o quanto pode ser irresistível, se for essa sua intenção. É a música mais pop do álbum, não surpreende ser o single, não imaginaria outra que poderia ser lançada em seu lugar como faixa de divulgação. Mas Beal não quer ser convencional. Quanto mais underground para ele, melhor, que quer ser um tipo ícone do underground. “Sambo Joe From The Rainbow” é sombria, melódica e bela. Beal mostra que mesmo sozinho ainda consegue desenhar simples e significantes arranjos. Estranhas e sinistras faixas seguem agora, com “Ghost Robot” na qual Beal já muda totalmente o estilo, vai novamente bater numa lata e cantando em um ritmo quase de um heavy rap. “Swing On Low” parece que ele está com várias facas tocando em garrafas de coca cola, continuando o ritmo mais acelerado de hip hop. No final da música, meu irmão chegou aqui no quarto e exclamou “que porra é essa?”. Eu ri. Ia responder: “é Willis Earl Beal”, mas preferir somente rir.
“Monotony” é outra de fazer chorar. Difícil imaginar uma simples canção tocada assim no violão pudesse dar vazão à várias melodias e tons que Beal cria nessa faixa. “Bright Copper Noon” começa com algo como vários sinos e é somente o que tem de “instrumento” na música. O resto é a grande voz de Beal, como que isento de todo o noise provado pelos sinos. “Away My Silent Lover” Beal volta a empunhar o violão e soltar belas melodias.
Mas a cereja do bolo realmente é a faixa de encerramento, a incrível “Angel Chorus” e seus oito minutos de duração. Começa só com sons estranhos, mas que não são de fato parte da música. Quando a música marca dois minutos a música começa de fato, sendo recitada à lá Tom Waits com acompanhamento de batidas de violão e assovios. A intensidade vai aumentando mais e mais, até quando tudo parece insano, a voz, o barulho, os assovios. Por fim, uma risada gutural anuncia que a experiência quase surreal de Acousmatic Sorcery chegou ao fim.
Então ainda ficamos uns segundos parados tentando assimilar novamente toda a jornada, até que apertamos o play novamente. Caso não aperte ou não consiga nem chegar ao final, tudo bem, mas uma coisa é certa, não há ninguém por ai como esse negro de Chicago chamado Willies Earl Beal, que finalmente saiu do anonimato, por merecimento. Mas provavelmente nunca deixará de ser um “outsider”. Muito menos deseja sê-lo.
Pois é, agora estou rindo igual ao final de “Angel Chorus”.
A piada mesmo é Acousmatic Sorcery ser lançada pela mesma gravadora de, digamos, Adele.
De qualquer forma, o telefone dele está ai:
quinta-feira, 29 de março de 2012
The Walkmen anuncia novo álbum, Heaven
A banda indie de New York The Walkmen anunciou o lançamento do seu sétimo disco, intitulado Heaven, sucessor de Lisbon, de 2010. O álbum será lançado no dia 5 de junho e foi produzido por Phil Ek, que já trabalhou com grandes nomes do indie, como The Shins, Modest Mouse e Fleet Foxes. Inclusive o líder do Fleet Foxes participa do álbum cantando a faixa “No One Ever Sleeps”. Outros títulos divulgados foram “We Can’t Be Beat”, “Song for Leigh”, “Love is Luck” e “Heartbreaker”.
Sobre o álbum, Hamilton Leithauser disse “o mecanismo que se pode sentir nos álbuns anteriores sumiu. Nós sentimos que era a hora de atingir um relato maior e mais generoso”.
Saiu um teaser sobre Heaven, com diversas imagens da banda em estúdio. Veja abaixo, junto com a clássica “Angela Surf City”, de Lisbon.
segunda-feira, 26 de março de 2012
The Shins - Port of Morrow
The Shins estreou em 2001 com seu ótimo álbum Oh, Inverted World. O mundo viu em James Mercer um grande compositor e The Shins acabou se transformando numa promessa de super-banda, status que ganhou mais força após o lançamento do segundo álbum da banda, o também muito bom Chutes Too Narrow, em 2003. Levou quatro anos para The Shins lançarem o terceiro álbum, Wincing The Night Away, que, apesar do sucesso comercial, demonstrou uma banda mais frágil que os antecessores. Agora a espera foi ainda maior, entre os projetos paralelos de James Mercer e problemas internos da banda, que foi totalmente reformulada, sendo Mercer o único integrante original, fazendo The Shins a banda de James Mercer. Cinco anos se passaram e finalmente podemos ouvir Port Of Morrow, quarto álbum de uma banda no décimo primeiro aniversário do trabalho de estréia.
E o que James Mercer prova agora é que não importa os longos cinco anos de hiato, nem um grupo de músicos novos. The Shins parece totalmente renovado, com um som ao mesmo tempo clássico e moderno, fazendo Port of Morrow o álbum mais forte do The Shins desde Chutes Too Narrow. É como se Mercer tivesse decidido em tomar as rédeas novamente do futuro de uma banda muito promissora, que por algum tempo ficou perdida entre o espaço e o tempo.
Port of Morrow é divertido e gostoso de ouvir, mas em momento algum simples, como se poderia supor ao se deparar com o título do primeiro single e uma das melhores faixas do disco “Simple Song”. Praticamente todas as músicas são cheias de arranjos e detalhes coloridos escondido sobre as estruturas tradicionais do pop, como, por exemplo, a própria “Simple Song”, uma das melhores. Quanto aos destaques, estes são muitos e nos mais variados estilos.
Começa com “The Rifle’s Spiral”, com um ritmo bem legal e animado, mas é com a sequência a partir da segunda faixa é que o negócio começa mesmo. “Simple Song” é grandiosa e conquista desde a primeira audição. Aqui já se pode perceber os detalhes nos arranjos, em pequenos solos de teclado ou efeitos tímidos, mas que fazem a diferença no conjunto. Segue com uma balada muito bonita “It’s Only Life”, bem melódica que se potencializa com os tons da voz de Mercer. “I've been down the very road you're walking now, It doesn't have to be so dark and lonesome”. Com “Bait and Switch” volta a ficar mais animado, com os arranjos voltando a se destacar.
“September” é simplesmente irresistível, em todos os sentidos. A música é suave e gostosa, dá até para fechar os olhos e ouvir com o sorriso no rosto. A melodia é bela e a letra é talvez a melhor do disco que vale a pena colocar o refrão: “I've been selfish and full of pride And she knows deep down there's a little child But I've got a good side to me as wellAnd it's that she loves in spite of everything else”
O restante do álbum não consegue manter o mesmo nível de qualidade, mesmo que as outras faixas ainda tenham os seus méritos, como “No Way Down”, mesmo com a viagem new wave, tem um refrão muito bom. “For A Fool”, no estilo baladinha com um refrão com letra inusitada “taken for a fool, Yes i was, because i was a fool”. E “40 Mark Strasse”. A última faixa realmente interessante é “Port of Morrow”, com um clima psicodélico e onírico que encaixou muito bem com a voz de Mercer, que de fato nem sei se é ele mesmo cantando nas estrofes, parece uma voz feminina.
Port of Morrow é por fim um álbum digno de The Shins. James Mercer está focado e se divertindo como nunca. Só dá um pouco de raiva dele por ele ter demorado cinco anos para nos entregar essas músicas.
sábado, 24 de março de 2012
É verdade! Paul McCartney no Recife!
Em dez anos muita coisa muda e permanece a mesma no cenário de produção de shows em Recife. Lembro dos meus sonhos em ver grandes artistas ao vivo, sentindo a emoção de estar presente e cantar em uníssono aqueles clássicos que marcaram época. Era tudo muito distante. Grande parte das bandas já não existiam mais e outras era simplesmente uma ilusão imaginar que um dia poderia pintar por essas terras. O Brasil não tinha tradição em grandes shows internacionais, muito menos Recife. Nossos momentos eram shows perdidos e inesperados aqui e ali de nomes indie, como Stephen Malkmus, em 2002 e Placebo, em 2005, no Abril pro Rock, Teenage Fanclub e Dinosaur Jr no Coquetel Molotov em 2004 e 2010. Mas de uns anos para cá, o Brasil tem trazido grandes shows e festivais, apesar de se limitarem a Rio-São Paulo e poucas outras cidades. Essa tendência não se estendeu à Pernambuco ou qualquer outro Estado do Nordeste, que se contenta em trazer vinte vezes por ano Chiclete Com Banana e outras atrações de rentabilidade assegurada.
De repente surge uma luz no fim do túnel com o anúncio do grande show do ex-beatle Paul McCartney no Recife. Isso mesmo, apesar de todos os rumores, que começaram desde 2010 com a vinda de Paul para o Brasil e continuaram em 2011, eu, como um descrente dos produtores de shows de Pernambuco, nunca dei muito valor a esses rumores. Eis que finalmente, em 2012, Recife se rendeu à grande oportunidade e mesmo com um pouco de falta de organização (não sei de quem é a culpa) Paul McCartney anunciou que fará um show na cidade em 21 de abril no Estádio do Arruda, com 60 mil ingressos disponibilizados para a venda e com possibilidade de acrescentar mais uma data, caso a procura seja grande e se esgote os ingressos rapidamente. Normalmente, shows desse tamanho são anunciados com meses de antecedência, mas enfim.
Além de vibrar como um pernambucano fã de música e dos Beatles, acho que essa é a grande oportunidade para provar, principalmente aos próprios empresários do ramo, que em Pernambuco (Nordeste) tem um público extenso e ávido por consumir, e, por conseguinte, shows internacionais e de rock são muito rentáveis. E nada melhor do que provar seu valor diante de concorrentes como o Abril Pro Rock (a volta de Los Hermanos) e Chico Buarque. Os ingressos começam a ser vendidos neste domingo (25/03) neste link ou na bilheteria do Chevrolet Hall. Clique aqui para maiores informações também.
Que este seja o primeiro passo de muitos outros.
E, convenhamos, que primeiro passo!
terça-feira, 20 de março de 2012
Detalhes sobre o projeto colaborativo de Flaming Lips
2011 foi um ano bem insano para a banda The Flaming Lips, lançando música de 24 horas de duração e uma caveira de goma de mascar dentre outras viagens de Wayne e seus companheiros. Uma das poucas notícias com noção foi o trabalho em um disco colaborativo com diversos artistas dos mais variados estilos. Pouco a pouco foi saindo nomes como Neon Indian, Nick Cave, Bon Iver, Yoko Ono, dentre outros, alguns parece até estranhos, como Ke$ha, mas é assim mesmo, nada é completamente normal quando se trata de Wayne.
Pois bem, hoje saiu mais detalhes sobre o projeto colaborativo, que se chamará The Flaming Lips and Heady Fwends. “Esta série de sessões únicas e experimentais”, como diz a matéria de lançamento, vai ser lançada em números limitados e em edição única. O disco terá quatro “lados”, aparentemente cada um prezando por um tipo diferente de experimentação, supondo de acordo com as participações em cada faixa. Segue abaixo o tracklist completo:
(Como um projeto com participações tão diversificadas assim, natural que não seja totalmente equilibrado, mas estou aguardando ansiosamente pelo resultado das participações de Bon Iver, Jim James, do My Morning Jacket, Nick Cave e Chris Martin, do Coldplay).
The Flaming Lips and Heady Fwends:
Side 1:
01 2012 (featuring Ke$ha and Biz Markie)
02 Ashes in the Air (featuring Bon Iver)
03 Helping the Retarded to Know God (featuring Edward Sharpe and the Magnetic Zeros)
Side 2:
04 Supermoon Made Me Want To Pee (featuring Prefuse 73)
05 Children of the Moon (featuring Tame Impala)
06 That Ain't My Trip (featuring Jim James of My Morning Jacket)
07 You, Man? Human? (featuring Nick Cave)
Side 3:
08 I'm Working at NASA On Acid (featuring Lightning Bolt)
09 Do It! (featuring Yoko Ono)
10 Is David Bowie Dying? (featuring Neon Indian)
Side 4:
11 The First Time Ever I Saw Your Face (featuring Erykah Badu)
12 Thunder Drops (featuring New Fumes)
13 I Don't Want You to Die (featuring Chris Martin of Coldplay)
O disco será lançado no Record Store Day (Dia das Lojas de Disco), em 21 de abril.
segunda-feira, 19 de março de 2012
Novo Clipe de Spiritualized, "Hey Jane"
Mais uma novidade para quem está ansioso pelo novo álbum do Spiritualized, Sweet Heart Sweet Light. A banda lançou um vídeo para a primeira música de trabalho do disco, “Hey Jane”. O clipe, dirigido por AG Rojas, é um filme da vida diária de uma drag queen prostituta, que nos seus mais de dez minutos corre por imagens fortes, bizarras e violentas. Combina perfeitamente com atmosfera da música, toda a tensão e o drama. E o final é surpreendente. Confira mais esse trabalho de qualidade:
sexta-feira, 16 de março de 2012
Lee Ranaldo - Between The Times & The Tides
Com a indefinição do futuro de Sonic Youth, Lee Ranaldo, um dos fundadores e compositor da banda, decidiu juntar umas músicas e lançar um álbum solo. Between The Times and The Tides é o ótimo resultado dessa compilação, o que já se era de esperar, tendo como base que Lee Ranaldo é provavelmente o melhor compositor de Sonic Youth, apesar de de infelizmente ter poucas canções por álbum, pois, na maioria das vezes, as faixas mais interessantes são suas (vide “Wish Fulfillment” e “Mote”). Enquanto Thurston Moore e Kim Gordon prezam mais para um som de longos improvisos e experimentações com efeitos de guitarra, as composições de Ranaldo são mais focadas e concentradas, por vezes em uma sobriedade ébria, com um vocal mais melódico e também com muita guitarra. Pois é exatamente isso, sempre na medida certa, que se encontra em Between the Times and the Tides.
Lee Ranaldo também contou com uma bela equipe. O álbum tem participação de Alan Licht e Nels Cline, do Wilco, além de Steve Shelley, que não se contentou com o ingresso no Disappears, e também deu umas boas palhinhas aqui. E Ranaldo dá os créditos e importância para a equipe colaboradora “Canções podem ser de um milhão de maneiras diferentes. Graças a alguns amigos incríveis que pararam para tocar e cantar, este grupo de canções foram a lugares maravilhosos.”
E Between The Times and The Tides já começa de forma impressionante. Alias, as três primeiras faixas é o suficiente para derrubar qualquer um. “Waiting On a Dream” começa com uma guitarra bem no estilo Sonic Youth, e já apresenta bem como vai ser o álbum, o som direto, com guitarras altas e vocais melódicos, seis minutos se passam que nem se sente. Algo, principalmente no refrão, remete aos anos 60. Depois segue a já conhecida e aprovada “Off The Wall”. Se acha que não dá pra melhorar, você está muito enganado. “Xtina As I Knew Her” pode ser considerada a obra prima de Between The Times and The Tides. Durante seus épicos sete minutos, não há enrolação nenhuma, é direta e intensa, com diversas variações no decorrer da música. Belíssimas partes de guitarra por toda a música dão o charme e clima onírico extra à faixa.
“Angles”, a faixa seguinte, também é interessante, mas a sensação é que ainda se está entorpecido com a anterior. Com seguidas audições, vai percebendo mais ela e seus detalhes, com mais um solo sensacional. “Hammer Blows” é um dos poucos momentos que ele deixa a guitarra de lado e empunha o violão, ainda assim vai aparecendo uns efeitos e microfonias aos poucos aqui e ali. Melodia muito bonita. “Fire Island (Phases)” já começa com um solo incrível de guitarra que deixa de boca aberta, depois ela diminui o ritmo e tem umas variações muito interessantes, chegando próximo até de um country. Quando a gente pensa que é capaz de entrar um solinho de gaita, a música explode em guitarra ensurdecedora. Essa faixa mostra a maturidade de Lee como compositor, transitando de um estilo para outro com uma facilidade incrível, parecendo sempre natural e simples.
“Lost (Plane T Nice)” mantém a qualidade e lembra a pegada de algumas músicas de Lee Ranaldo com o Sonic Youth. “Shouts” é mais calminha e tem uma parte da letra falada pela esposa de Ranaldo, debaixo de muita guitarra. “Stranded” é mais uma bela faixa acústica e arranjos muito bonitos. A música que fecha o álbum não poderia ser melhor, “Tomorrow Never Comes” em alguns momentos chega a me lembrar “Tomorrow Never Knows”, dos Beatles. Há algo bem psicodélico nessas guitarras e na batida.
Depois de tudo, há a sensação de prazer em cada uma das músicas. Aos 56 anos, Lee Ranaldo não precisa fazer mais trabalhos de vanguarda. Seu papel na revolução já foi feito com Sonic Youth. Between The Times and The Tides é um grande álbum para os apreciadores do gênero, que por sinal está sendo bem servido nesses últimos anos, após lançamentos de Yuck, no ano passado, e do mais recente álbum do Disappears, Pre Language.
Ouça o stream do novo álbum completo aqui
quinta-feira, 15 de março de 2012
Damien Jurado Live @ Bing Lounge
Já considerado um dos destaques do ano com seu belíssimo álbum Maraqopa. Ele inclusive foi o convidado para o Bing Lounge, numa performance acústica e tocou quatro faixas. “Working Titles”, “Maraqopa”, Museum of Flight” e “So On Nevada”. A apresentação acústica tira um pouco o brilho dos arranjos muito bem elaborados de suas versões em estúdio, que foi inclusive um dos maiores triunfos em Maraqopa. Ainda assim, vale muito a pena. Confira:
terça-feira, 13 de março de 2012
The Shins no Saturday Night Live
A banda The Shins foi a convidada para o Saturday Night Live desta semana e tocou duas faixas do muito esperado Port Of Morrow. A primeira, “Simple Song” já conhecida por ser o primeiro single do novo trabalho e a segunda, “It’s Only Life”, no estilo balada, até então inédita. Cada coisinha que sai de Port Of Morrow faz aumentar ainda mais a expectativa. Já dá pra perceber que vem um mais um trabalho bem promissor do The Shins.
Por falar no The Shins, hoje o site oficial da banda anunciou o stream completo de Port Of Morrow pelo Itunes.
segunda-feira, 12 de março de 2012
The Decemberists - We All Raise Our Voices To The Ar
Não é muito comum falar aqui no blog sobre álbuns ao vivo, salvo raras exceções. We All Raise Our Voices to The Air, do The Demberists é uma delas. Marcando o aniversário de dez anos do primeiro lançamento da banda Castaways and Cutouts, o registro é um álbum duplo que passa por toda a interessantíssima carreira da banda, por todos seus principais estilos, desde o épico, ao folk, trazendo um equilíbrio ideal ao disco, assim como os trabalhos de estúdio.
Mesclando, principalmente, as faixas mais antigas com as do último lançamento da banda, The King Is Dead, do ano passado. Das 20 músicas, 12 são pré Hazards Of Love, que foi inclusive o álbum menos usado, só sendo tocada “The Rake’s Song”.
São vários os pontos altos do álbum, a começar pela faixa de abertura “The Infanta”, da qual o título do álbum foi tirado de um trecho da letra. As músicas mais épicas sempre foram minhas preferidas, e aqui, em seu registro ao vivo, ficam igualmente ótimas. “The Soldering Life” tem uma força ainda maior do que a versão do estúdio, com a voz aguda de Colin Meloy. “We Both Go Down Together” é uma das clássicas. Várias músicas do The King Is Dead já podem ser postas lado a lado com as clássicas e se impor. É o caso de “Rise To Me”, “Calamity Song” e “All Arise!”. Ao mesmo tempo, algumas não chegam a empolgar, como “Oceanside” e “Grace Cathedral Hill”.
Outros destaques ficam para as versões épicas de das três “The Crane Wife”, com seis dezesseis minutos, a que fecha o álbum, “I Was Meant For The Stage”, dez minutos e a clássica e obra prima “The Mariner’s Revenge Song”, contando com uma divertida conversa de Meloy com o público, que pede para fazerem o som da baleia, 12 minutos.
Como todo álbum ao vivo de uma boa banda, nunca dá para ter todas as músicas que deveria ter. Muitas ficaram de fora, mas no geral We All Raise Our Voices To The Air é o retrato de um gostoso e divertido show de uma grande banda.
sexta-feira, 9 de março de 2012
Lee Ranaldo + 1 - Pitchfork.tv
Lee Ranaldo está prestes a lançar seu álbum Between The Times And Tides, e foi o convidado especial para a série +1, da Pitchfork.tv. No episódio Lee fala sobre várias coisas, sobre o novo disco, claro, bem como a situação em que se encontra a sua banda principal, Sonic Youth, que vem tendo rumores sobre a separação definitiva da banda, devido ao divórcio de Thurston Moore e Kim Gordon.
A primeira parte do episódio é uma entrevista com Lee Ranaldo,e ele diz que tinha várias músicas antigas que nunca foram finalizadas, ou demos acústicas, e então passaram para o estúdio e começaram a trabalhar essas músicas. Sobre Sonic Youth, Ranaldo diz que eles não estão falando sobre o que espera o futuro para a banda, estão dando uma folga, que tem muita coisa e muitos problemas a se resolver, e que eles preferiram simplesmente se afastar um pouco e deixar acontecer naturalmente, assim, não tem nenhum plano definido no momento, nem estão acabando e nem estão se reunindo no dia seguinte no estúdio, e que foram para a America do Sul para alguns shows (inclusive o SWU) e que apesar de certas situações, correu tudo muito bem. Ele não consegue imaginar o fim de tudo, mas, enfim, tem que esperar e ver o que acontece.
Depois ele fala sobre algumas parcerias em Between The Times and Tides e depois começam a tocar a primeira música de trabalho do álbum, a ótima “Off The Wall”. Confira:
quinta-feira, 8 de março de 2012
Clipe de "My Ma", do Girls
segunda-feira, 5 de março de 2012
Perfume Genius - Put Your Back N 2 It
Perfume Genius é o nome escolhido por Mike Hadreas para lançar suas músicas. Hadreas é um jovem de Seattle que começou compondo isoladamente no piano para colocar na sua página do MySpace. Muitos consideram a música diversão, brincadeira. Essa visão não é compartilhada por Hadreas, que realmente não brinca em serviço. Desde o álbum de estréia, Learning, de 2010, ele trata de assuntos pesados e fortes, como molestações, violência, suicídio, pedofilia, amor homossexual e a luta pela sua aceitação. Mike Hadreas é gay e muito de sua música está relacionada a isso, como uma forma de lidar com seus traumas pessoais e situações vividas. É dessa forma que chega o seu segundo álbum, Put Your Back N 2 It, carregado de tensões, que são potencializadas pelo ambiente criado por Hadreas e seu piano/teclado.
E a faixa de abertura, “Awol Marine”, já mostra bem isso, com um solo de piano simplesmente divino. Ao mesmo tempo em que a voz de Hadreas é leve, ela parece prestes a desabar, como no limiar de um abismo. “Normal Song” também é outra bela canção, dessa vez com uma letra mais otimista, “No memory No matter how sad And no violence No matter how bad Can darken the heart Or tear it apart”. “No Tear” mantém a esperança através da força para reagir em situações adversas, quando diz “i will carry on with grace”. A música é delicada e há um contraste muito interessante numa voz gutural no “i’ll shed no tear”. Já “Take Me Home” é um dos pontos altos de Put Your Back N 2 It, com a banda completa.
“All Waters” é um dos momentos mais fortes do álbum devido a sua letra, um apelo pessimista sobre a aceitação de Hadreas e seu namorado, Alan Wyffels, andar de mãos dadas pela rua sem hesitação. O pessimismo está quando Hadreas diz que isso irá acontecer, “quando todas as águas estiverem paradas, as flores cobrirem a terra, as árvores não tremerem mais". “Hood” também é muito boa, começa calma no piano, mas depois se juntam a banda toda e é uma das mais animadas do álbum, pena que é bem curtinha.
O ponto negativo de Put Your Back N 2 It é a oscilação, pois ao mesmo tempo em que há grandes e belíssimas canções, há algumas que não tem tanta força e impacto, em alguns momentos muito monótonas, ou até mesmo chatas, como a faixa título “Put Your Back N 2 It”, “Floating Spit” e “Dark Parts”.
Put Your Back N 2 It é no geral um álbum muito bom e, mais importante ainda, relevante, com músicas curtas e com altas cargas emocionais, que em alguns momentos até nos fazem refletir um pouco na forma do mundo e em seus valores de decência.
domingo, 4 de março de 2012
Jack White no Saturday Night Live
Está chegando o dia do lançamento do primeiro álbum solo de Jack White. Por isso, ele está bastante ocupado. Foi o convidado do último Saturday Night Live e tocou duas faixas do novo disco. A primeira já conhecida do público, foi “Love Interruption”, além do backing vocals, com apoio de uma banda inteira feminina. A segunda foi “Sixteen Saltines”, dessa vez com uma banda toda masculina, bem pesada e com aqueles riffs típicos de White Stripes. Confiram:
sexta-feira, 2 de março de 2012
Arcade Fire e The Decemberists na Trilha Sonora de Hunger Games
Arcade Fire participou com duas faixas para a trilha sonora do filme Hunger Games (Jogos Vorazes, título brasileiro), que também conta com nomes como The Decemberists, Maron 5, dentre outros. O disco só será lançado no dia 20 de abril, mas o site Entertainment Weekly libertou a faixa principal do filme “Abraham’s Daughter”, do Arcade Fire. A outra contribuição da banda é “Horn of Plenty”.
Em entrevista para o Entertainment Weekly, Win Butler contou como foi a experiência. Ele disse que se inspirou no filme, que há um hino nacional para o fascista Capitol, e que eles tiraram como base e tentaram escrever algo assim. Butler também afirma que não é uma música pop, mas que estava mais para ser usada em eventos esportivos. Bem, música pop ou não, eu gostei. “Abraham’s Daughter” é uma marcha militar com a bela voz de Régine.
Também saiu a ótima participação de The Decemberists, com a faixa “One Engine”, no melhor estilo da banda.
Confira abaixo “Abraham’s Daughter” e “One Engine”, além do trailer do filme, que também parece ser muito bom:
“Abraham’s Daughter”
“One Engine”
Trailer
quinta-feira, 1 de março de 2012
Novo Clipe de Beirut, "Vagabond"
Na resenha de The Rip Tide, último álbum da banda Beirut, eu fiz uma analogia à sensação que o disco dá, de ser numa taverna perdida em alguma estrada na Idade Média, todos bêbados, dançando e tudo mais. Bem, o novo clipe promocional prova que eu não estava tão errado, afinal, o vídeo da faixa “Vagabond” é todo em preto e branco, remetendo aos filmes da década de 40. Nele, um grupo de soldados encontra-se com várias garotas, enfermeiras e mulheres locais, algumas inclusive grávidas, e começam a farra. Muita cachaça, risos, cigarros, dança, confusão. Pelo visto, só errei a o tempo ocorrido tal evento. Confira:
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