terça-feira, 18 de outubro de 2011

Beirut - The Rip Tide


A banda Beirut é um dos casos mais curiosos do indie. É difícil imaginar que a sua estréia, em 2006, com o álbum Gulag Orkestar, fosse fazer algum sucesso. Mas fez e deu à banda um espaço bem considerável no cenário cult. O álbum é uma miscigenação de música européia cigana, psicodelismo e indie-folk tipo The Decemberists. Tudo numa banda só. E para causar ainda mais estranheza, todo esse som experimental foi concebido pela mente de um adolescente multi instrumentista, Zach Condon, que abandonou a faculdade aos 16 anos e viajou pela Europa, onde absorveu muito da música cigana. Depois ele voltou para os Estados Unidos para a sua cidade natal, Alburquerque, juntou uns amigos e gravou o que viria a ser Gulag Orkestar. Cheio de acordeões, percussões, instrumentos de sopro e tudo mais. O álbum pegou o mundo de surpresa e, certamente por méritos da originalidade, acabou tendo sucesso suficiente para o mundo acompanhar os passos desse jovem prodígio.
A banda ainda lançou mais um álbum e um EP. Este último, chamado Long Island veio em 2007 e contém talvez a mais conhecida de suas músicas “Elephant Gun”. No mesmo ano eles lançam o álbum The Flying Club Cup. Através destes dois lançamentos e devido à introdução ao som da banda com o Gulag Orkestar, Condon conseguiu fechar o ciclo. A estranheza das músicas é o seu charme. The Flying Club Cup conquistou tanto público quanto crítica, recebendo calorosas resenhas. As músicas passaram a ter suas estruturas mais reconhecíveis. Após anos de silêncio, Beirut lança em 2011 o álbum The Rip Tide e acrescenta suas viagens sonoras ao palco.


Irei usar uma imagem para falar sobre The Rip Tide. Quando aperta o play, você é imediatamente transportado para alguma taberna sinistra no meio de uma estrada de terra, na Europa medieval. O local está cheio de gente, gritando, xingando uns aos outros, com cerveja vazando pelo lado da boca, enquanto ali no canto da parede tem uma banda que alheia à tudo isso, toca seu som de maneira sublime. Os bêbados dançam, brigam, gritam e a banda permanece tocando como se nada estivesse acontecendo.
A festa na taberna começa com uma ótima canção. “Candle’s Fire”. As letras estão mais melódicas, simples e grudentas do que jamais estiveram. “Santa Fe” é bem animada, dançante, marcada pelo teclado. Aqui é onde os bêbados se levantam e começam a dançar com as prostitutas. O álbum não tem nenhum tipo de enrolação, músicas grandes com partes repetidas à exaustão, instrumentais para ocupar espaço, ou qualquer outra. Aqui as músicas são todas diretas.
“Goshen” é a melhor do álbum. Melodia linda que vai crescendo com a música. Começa só com Condon e o piano, depois vai entrando gradativamente os instrumentos, a bateria, o acordeão, o saxofone. A letra também é um dos destaques, bem pessoal, coisa não muito comum nas composições anteriores de Condon, que acontece em várias músicas em The Rip Tide. Perfeita. Aqueles bêbados chorões certamente se desabariam em lágrimas. A faixa que dá título ao álbum “The Rip Tide”, também é majestosa. Somente com quatro versos, Condon consegue transformar a música em grandiosa. Novamente a letra, bem simples, é destaque. “Vagabond” é outra ótima música, parece ser cantada por um bardo viajante da idade média.
The Rip Tide é o álbum mais conciso da carreira de Beirut. Um álbum simples, direto e épico.

2 comentários:

  1. Muito boa essa banda, sou fã deles. Alto nível.

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  2. Eu simplesmente adoro esta banda. Verdade seja dita, mal os conheço ainda, mas cada melodia deles tem o poder de entrar na minha alma e despertar todo tipo de lembrança. Linda demais.

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