quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Muse - The 2nd Law


Já há alguns meses que eu estava bem receoso de ouvir The 2nd Law, sexto álbum do trio inglês Muse. Mas esse receio não apareceu do nada. Acompanho a banda desde meados de 2002 e sempre recebi os novos lançamentos com muita empolgação, fazendo com que se tornasse uma das minhas bandas favoritas. Em 2006, no ótimo Black Holes and Revelations, Matthew Bellamy, Chris Wolstenholme e Dominic Howard, começaram a apontar para uma tendência de renovação de seu som em busca de uma identidade, na tentativa de escapar de ser a sombra de Radiohead, que sempre acompanhou a banda a partir do sucesso de Showbiz, de 1999 e, principalmente, com a explosão do clássico Origin Of Symmetry. Essa mudança pode ser sentida em algumas músicas do Black Holes e do trabalho seguinte, The Resistance, como “Supermassive Black Hole” e “Undisclosed Desires”. No entanto, o restante dos álbuns ainda era bem fiel ao estilo que, aos poucos, eles foram criando para eles próprios, com autênticas e originais composições épicas e grandiosas, e até mesmo essas faixas não havia uma ruptura total, pois, de certo modo ainda poderiam ser identificadas como um carimbo Muse. Foi exatamente essa ruptura parcial que manteve Muse interessante. Foi essa ruptura parcial que Bellamy e companhia resolveram deixar de lado, resultando no desastre de The 2nd Law. Provavelmente é essa audácia e busca por novos horizontes, e mais uma ou duas músicas, onde reside o mérito, se é que há algum, de The 2nd Law.

Não sei nem se vale a pena me alongar no critério das músicas, mas acho que é necessário, caso contrário seria um julgamento vazio. The 2nd Law começa de forma até promissora, com “Supremacy”, que começa com um poderoso riff, mas o restante da música não acompanha a intensidade, destaque também para os agudos de Bellamy, que parece estar explorando ainda mais, principalmente depois de The Resistance. Depois passa para a primeira grande decepção do disco, a ridícula e inacreditável “Madness”. Loucura é ter sobrevivido o bastante para ter que ouvir Muse tocar algo assim, tão vazio, pobre e desprezível. Não consigo deixar de lembrar de Justin Biber nos “pa pa pa pa pa pa” dos backing vocals. É triste, realmente. Bem, mas com muita boa vontade, vamos continuar, pois, pode não parecer, mas isso aqui é Muse. O negócio consegue ficar tão ruim – não pior, por que acho que era impossível – com “Panic Station”, não só enraizada, mas parece vir dos fantasmas dos anos 80. A falta de noção se mostra com um pequeno prelúdio de quarenta segundos na quarta faixa do álbum. Mas ai temos “Survival”, a música dos jogos olímpicos de Londres de 2012 e o oásis de The 2nd Law, a única que remete aos bons momentos de Muse. Muito boa, cheia de elementos épicos, dramáticos, coisas que Muse faz melhor. Depois ainda tem várias músicas que não são nem dignas de nota, exceto talvez por “Explorers” e, negativamente, "Big Freeze", uma tentativa ridícula e desesperada de soar como U2.

Para piorar, The 2nd Law é grande, com seus cinqüenta e três minutos e treze faixas. Na sexta música tem-se a sensação de estar ali por horas. O ouvinte chega ao final, se é que chega ao final, com as duas chatíssimas “Unsustainable” e “Isolated System”, cansado e decepcionado e perguntando-se se ainda há esperanças para Bellamy e companhia. Meu coração de fã torce para que seja possível, mas minha razão tem sérias dúvidas, afinal, para desassociar de vez da sombra de Radiohead, Muse acabou por cair no desesperado e, quiçá, sem saída, buraco da síndrome de Radiohead. E para mim, pelo menos, isso não é nada bom.


Um comentário:

  1. :( decepcionante mesmo... Essa Panic Station, meu deus, oq vcs fizeram, Muse????
    Mas ainda dou crédito pra Liquid State e o resto pode ir pros confins da minha lixeira.

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