O projeto de Sam Beam intitulado Iron & Wine foi um dos destaques de 2011 com o lançamento do ótimo Kiss Each Other Clean, que deu continuidade ao desenvolvimento do som da banda. Essa evolução será testada mais uma vez, pois hoje Sam Beam anunciou a sequência de Kiss Each Other Clean, chamado Ghost on Ghost, que será lançado no dia 14 de abril. Pegando o embalo do anúncio, Beam liberou também uma faixa do disco para audição. “Lover’s Revolution” é tudo o que queríamos para nos empolgarmos e esperarmos ansiosamente pelo seu lançamento, cheio de misturas de instrumentos de sopro, inclusive com um pequeno improviso de jazz. Ela começa quase se arrastando e depois vai tomando fôlego e acaba com uma mistura de vários ritmos e arranjos. Muito interessante. Como sempre, é daquela que a cada ouvida, você descobre tesouros escondidos.
Ghost On Ghost foi produzido por Brian Deck, que já trabalhou com Iron & Wine. Trabalharam na gravação do disco diversos músicas, de estilos diferentes, do jazz ao folk, com pintadas de indie. Essas misturas são exatamente o que tem tornado Iron & Wine tão interessante nos últimos anos. Sam Beam falou que nos dois últimos álbuns havia um certo tipo de “tensão ansiosa” e ele quis escapar desse clima nesse trabalho. “Este álbum é como um prêmio para mim, depois do caminho que tomei com os últimos dois”.
Segue abaixo o tracklist do álbum, junto com “Lover’s Revolution”.
Ghost on Ghost:
01 Caught in the Briars
02 The Desert Babbler
03 Joy
04 Low Light Buddy of Mine
05 Graces for Saints and Ramblers
06 Grass Windows
07 Singers and the Endless Song
08 Sundown (Back in the Briars)
09 Winter Prayers
10 New Mexico's No Breeze
11 Lovers' Revolution
12 Baby Center Stage
Como grande fã de David Bowie, a obrigação máxima do ano para o Filho do Blues é a cobertura completa de todo o lançamento do tão aguardado novo disco, The Next Day, o primeiro em uma década. Toda novidade em relação ao álbum com certeza estará aqui no blog. Após as considerações de Tony Visconti sobre The Next Day, foi a vez do guitarrista e também colaborador de longa data de Bowie, Earl Slick, dar suas palavras sobre o processo de gravação e de como soam algumas das músicas.
Primeiro algumas palavras sobre Earl Slick e sua relação na carreira de Bowie. Dentre muitos outros guitarristas que já trabalharam com David Bowie, Earl Slick foi chamado pela primeira vez no disco Diamond Dogs, de 1974. Depois, Slick participou ainda dos dois clássicos álbuns, Young Americans e Station to Station. Passado vários anos, Earl Slick voltou a tocar com Bowie nos álbuns Heathen e Reality e em suas respectivas turnês. Por fim, Earl Slick foi convidado por Bowie para trabalhar no seu disco de retorno e foi proibido completamente de dar uma palavra sobre o assunto. Até agora. Na entrevista para o site Rolling Stones, Earl Slick falou sobre as novas músicas e da possibilidade de turnê, além das memórias das insanas sessões de gravação de Station to Station. Tradução na íntegra:
Há poucos anos, você começou a achar que Bowie nunca gravaria novamente?
Minha mente iria para frente e para trás, em ambas direções. Uma coisa que eu sei é que uma vez que você é um artista, você é um artista até o dia em que você morre. A urgência sempre estará lá. Eu nunca acreditei na idéia de que ele estava acabado. Nunca.
Como você ouviu pela primeira vez sobre o projeto?
Eu ouvi sobre isso diretamente de David no último mês de Maio. Nós estávamos falando ao telefone, e ele disse: ‘Como está sua agenda?’. Eu disse: ‘estou disponível. O que você tem em mente?’ Uma conversa direcionou a outra e nós programamos para ir ao estúdio em Julho.
Como a primeira sessão começou?
Ele já estava trabalhando nisso, desconhecidamente para mim. Ele já tinha algumas faixas. No meu primeiro dia foi eu, David, Tony Visconti e o baterista Sterling Campbell. Nós tocamos algumas das novas. Quando terminamos elas, David me contou algumas coisas sobre o resto do álbum. Ele disse: ‘Oh, o que você acha disso ou daquilo?’ Nós então escolhemos algumas músicas para eu tocar.
A coisa toda foi muito casual e foi tudo um esforço do grupo. Nós nos sentávamos e ele tocava uma música e eu diria se eu tinha alguma parte na minha mente. Foi muito dar-e-levar, uma forma de trabalhar muito casual. Algumas vezes, ele toca para mim algum pedaço na guitarra e diz: ‘Essa é a idéia. Agora a leve para onde você quiser ir’.
Por quantos dias você esteve lá?
Eu só estive lá por uma semana. Eu fiz todo meu trabalho em uma semana.
Quando foi?
Última semana de Julho, ou alguma coisa assim. Tudo o que sei é que estava quente pra caramba do lado de fora.
Tony diz que o single “Where Are We Now?” soa radicalmente diferente do restante do álbum.
Eu não sei qual é o resultado final do álbum, mas eu sei que muitas das coisas que eu toquei eram muito diferentes do single.
Elas são similares às músicas em Heathen e Reality? Como você descreveria o som das músicas?
Oh deus, eu não sei se esse cara já fez um álbum na sua vida que soasse igual ao último que ele fez. Pense sobre isso. Você faz Young Americans e menos de um ano depois, você faz Station to Station. Você está falando de duas coisas completamente diferentes. Esses álbuns, eles nem mesmo... É uma coisa bem típica de Bowie. É, sem enganos, David Bowie, como sempre. Obviamente, há de tudo. Você pode pensar: ‘oh, isso soa como Station to Station e essa soa um pouco como Low.’ Mas não há um som único, além de dizer que é mais um álbum de David Bowie que soa diferente que o último.
Você sabe dizer em quantas músicas ele o usou?
Eu não ouvi o álbum ainda, mas irei chutar que eu estou em cinco ou sete das músicas. Eu vi os títulos nos últimos dias, mas eles não significam nada para mim. Todas elas tinham títulos provisórios quando eu estava lá.
Você pode descrever o som das músicas um pouco mais?
Duas das músicas soam um pouco como Stones do mesmo jeito que a faixa título de Diamond Dogs tinha muito do som dos Stones, especialmente quando se toca ao vivo. Não é nenhum segredo que eu sou um grande fã de Keith Richards, então eu tenho muito dele na minha forma de tocar. Eu fiz alguns ritmos de algumas faixas que eram muito remanescentes a esse som.
Quanto ao resto do álbum, é o toque de Bowie sobre tudo. Há algumas bem rock lá. Eu provavelmente ouvi algumas que não fizeram o álbum, mas tem uma com um meio tempo, quase como um clima R&B. Eu não consigo nem descrevê-la, mas era muito legal. Era quase o mesmo tempo que “Wild Is The Wind”. Eu toquei guitarra nela.
Você trabalhou com Bowie por muitos anos. O processo desse foi alguma coisa diferente dos outros álbuns?
Não mudou nada em 40 anos. Eu trabalhei com muitas pessoas, e ele é sempre o mais fácil. Ele não vem colocando limites, tipo: ‘isso é o que é e você deve tocar essas notas exatas dessa forma’. Alguns artistas fazem isso e é o porque eu raramente faço sessões. Eu sou muito brigão.
Há uma certa mágica quando eu sento na sala com David. É o porque você verá diferentes guitarristas tocando com ele. Ele não espera que eu faça o que Adrian Belew faz. Ele não espera Adrian fazer o que faço, ou Gerry Leonard, ou vice-versa. Quando estou lá, ele precisa que eu faça o que faço de melhor. ‘esses são os guias básicos. Quais são as notas? Oh, eu acho que o tom é G. Certo, ótimo’. Então nós sentamos, nós tocamos violão e depois apenas conversamos por alguns minutos. Depois, eu coloco minha guitarra e toco até nós dois estivermos felizes com isso.
A grande pergunta: Alguma chance de vocês tocarem ao vivo?
Eu sabia que essa era a próxima pergunta. Esse é outro mistério. Quer dizer, a banda adoraria fazer isso. É óbvio que gostaríamos de sair e fazer alguns shows. Com David, e esse é sempre o caso, ele faz o que ele vai fazer e quando ele quer fazer. Muitas das vezes apenas vem do nada. Eu digo, eu não estava terrivelmente surpreso quando conversei com ele para fazer outro álbum. Eu não ficaria surpreso se ele marcasse alguns shows, assim como não seria surpresa se eu não recebesse a ligação. Eu posso lhe dizer que agora não há planos para turnê, que eu tenha ouvido.
Não muitas pessoas apreciaram isso na época, mas aquela última turnê foi muito especial.
De todas as turnês que fiz na vida – e nisso inclui David e minhas próprias turnês – aquela, sem dúvida, foi a mais divertida que já tive. Foi a melhor reunião de pessoas que nós já tivemos.
Se ele ligasse para você amanhã e dissesse: ‘Ei, eu quero ir em uma longa turnê de dezoito meses’, o que você diz?
O que você acha?
Eu presumo que você iria.
(Risos) Claro.
Só uma pergunta automática. Eu li tanto sobre como Station to Station foi feito no decorrer dos anos – todas as drogas e sessões pela noite toda e a loucura geral – há alguma verdade nisso?
Não, não é um mito de forma alguma.
Qual sua memória do momento mais estranho?
Aquela coisa toda foi muito estranha! Eu digo, naquela época parecia muito normal para mim. Mas recordando.... Eu lembro uma noite onde nós não tínhamos nem mesmo o estúdio agendado. Quantos anos eu tinha? Cristo, eu tinha 24 anos. Era em LA, e nós estávamos saindo e curtindo toda noite, tendo explosões. Eu estava no bar Rainbow and Grill. Como costumávamos dizer, eu estava ‘no clima’. De repente, um dos roadies entraram. Eles procuram por todo o local e me acham numa mesa escura. Ele diz: ‘Hora de ir trabalhar’. Eu digo: ‘é uma da manhã e eu estou bêbado’. Ele diz, ‘Tá certo, David está no estúdio, há um carro lá fora.’ Então paguei minha conta, pulei no carro e trabalhei a noite toda. Quer dizer, aquilo não era uma coisa fora do normal de acontecer.
David diz que não consegue lembrar a maioria disso.
Acredite em mim, há vários espaços em branco em mim também. Eu estava vivendo no Sunset Marquis e seria dia quando eu voltei. E eu estaria sentado no meu balcão bebendo cerveja às dez da manhã, apenas voltando do trabalho.
Roy Bittan da E Street Band estava nos teclados, certo?
Sim
Ele sempre pareceu tão reto e profissional para mim. Eu não consigo imaginar no meio de toda essa loucura.
Você sabe porque? Ele é um garoto de Nova Iorque, esse é o porquê. Ele está acostumado a estar em meio àquilo. A primeira vez que conheci Roy foi em Nova Iorque quando eu estava trabalhando numa banda chamada Tracks ou algo assim. Eu conheci Roy e nos tornamos rapidamente amigos. Nós estávamos fazendo Station e surgiu que precisávamos de um pianista. David perguntou a todos na banda e eu disse, ‘sabe o que? Bruce Springsteen e os caras estão ficando no meu hotel. Meu amigo Roy está na banda. Por que não chama ele?’ Isso foi o que aconteceu com Roy.
Eu sempre imaginei como aquilo funcionou para ele. Aquilo foi diretamente no meio da turnê de Born to Run. Como ele teve tempo?
Eu não posso jurar quanto a isso porque eu tenho muitos brancos, mas eu acho que foi quando Springsteen tinha duas noites no Roxy. Foi na mesma época que ele estava na capa da Time ou Newsweek. Ele estava explodindo e ele estava em LA por pouco tempo. Nós estávamos todos no mesmo hotel. Novamente, tem vários espaços em branco e eu não sei se Roy esteve no estúdio por um dia ou dois.
É bem incrível que o álbum acabou saindo tão perfeito.
Eu tenho que lhe dizer, de todos os álbuns em que eu toquei, e eu toquei em alguns álbuns, esse ainda é um dos meus favoritos. Tão louco como foi, e eu não posso lembrar especialmente de muita coisa, as memórias que eu tenho são boas (risos) Me faz ter boas lembranças do álbum, então deve ter sido divertido.
O post anterior dizia que no dia 29 de janeiro Flaming Lips iria lançar a faixa “Sun Blows Up Today”, que será incluída como bônus track para as pré-vendas do novo álbum, The Terror. Além disso ainda fará parte de um comercial de carro. Isso mesmo, “Sun Blows Up Today” aparecerá no comercial do Sante Fe SUV, da Hyundai, durante o grande Super Bowl. O comercial será de sessenta segundos. Wayne sempre aparecendo com coisas surreais. Para se ter uma idéia da dimensão da coisa, segundo a Billboard, os anunciantes estão pagando mais de 3,7 milhões de dólares para um lugarzinho durante o grande jogo. Steve Shannon, do marketing da Hyundai, tentou explicar a escolha de Flaming Lips para o comercial, que veio de uma pequena lista de possíveis bandas. O nome de Flaming Lips, que já estava nessa lista, cresceu no momento que a banda disse que estavam organizando o lançamento de um novo disco. “Os Flaming Lips são bem parecidos com a Hyundai, eles são um pouco fora do tempo. Eles estão na ativa por muito tempo e continuam se reinventando”, disse Shannon. Bem, isso é verdade.
Enfim, mesmo programada para o dia 29, a banda lançou pelo seu canal do youtube um vídeo com a letra de “Sun Blows Up Today”. A música é bem agitada e inconstante e dá para imaginar que é o primeiro minuto que será utilizado para o comercial, a tirar pela letra. O vídeo é bem psicodelicamente colorido, como era de se esperar. De acordo com as palavras de Wayne, as músicas de The Terror devem ser com um clima bem diferente. Confira abaixo o vídeo de “Sun Blows Up Today”.
À título de curiosidade, Flaming Lips já fez um comercial para carros antes, em 2004, quando usaram “Do You Realize?” para a campanha comercial da Mitsubishi.
Apesar de Flaming Lips se manterem muito ativos durante os últimos anos, já que Wayne & Cia gostam de fazer todas as maluquices que pintam na cabeça, a banda não lança de fato um álbum no sentido tradicional da palavra desde 2009, com Embryonic. Mas a espera por um material inédito vai acabar em 1º de Abril, se isso não for mais uma das pegadinhas de Wayne. Segundo anuncio feito hoje, The Flaming Lips irá lançar em abril o álbum The Terror. O disco terá nove músicas e foi descrito por Wayne Coyne como “um registro sombrio e preocupante”. Wayne continuou dizendo: “Porque iríamos fazer música como em The Terror, este álbum sombrio e preocupante?” “Eu realmente não quero saber a resposta que eu acho que está vindo: que nós estamos sem esperança, que nós estamos perturbados e, eu acho, aceitando que algumas coisas são sem esperança, ou deixando a esperança em uma área morrer então a esperança poderia começar a viver em outro lugar? Talvez esta seja a o começo de uma resposta.”
Que resposta, hein? E não foi só isso. Wayne filosofou ainda mais: “nós queremos, ou quisemos, acreditar que sem amor nós iríamos desaparecer, que o amor, de alguma forma, nos salvaria, sim, se nós temos amor, darmos amor e conhecermos o amor, nós estamos verdadeiramente vivos e se não há amor, não haveria vida. O Terror é, nós sabemos agora, que mesmo sem amor, a vida continua, nós apenas continuamos...”
Bem, após uma explicação sombria, preocupante e pessimista, sabemos o porque do The Terror. Pelo visto vem algo bem contemplativo e introspectivo por ai.
Que venha O Terror! No sentido musical da palavra.
Segue abaixo a capa de The Terror, juntamente com a tracklist. No final de janeiro, dia 29, será lançada a faixa “Sun Blows Up Today”, que não aparecerá no álbum, pela pré-venda de The Terror.
Deixamos vocês com “Evil”, do último álbum do Flaming Lips, que se encaixa nesse clima sombrio e pessimista do mundo.
Foxygen é a primeira descoberta do ano. Essa banda, de Los Angeles, foi formada em 2005 pela dupla de multi instrumentistas Sam France e Jonathan Rado, apaixonados pelas bandas clássicas dos anos 60 e 70, que na época ainda se encontravam no Ensino Médio. Após anos tocando juntos, redefinindo o som e muitas gravações caseiras, a banda estreou em 2012 com o EP Take The Kids Off Broadway pela poderosa gravadora indie Jagjaguwar, recebendo críticas positivas de diversos sites especializados. Após apenas alguns meses, Foxygen aparece mais uma vez com canções muito trabalhadas e ecléticas, que vão desde o psicodélico sessentista, passando pelo rock clássico até um soul moderno. O conjunto dessas canções vai gerar o álbum com o belo título We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic, que dá para ver que a influência dos anos 60, especialmente The Kinks, vai além do som, já que o título acaba sendo uma referência à obra prima We Are The Village Green Preservation Society.
We Are... é curto, com apenas trinta e seis minutos de música rolando, através de nove faixas. Mas uma coisa é certa: durante esse tempo, a viagem musical será riquíssima! E esse fato já se evidencia na faixa de abertura “In The Darkness”, a menor do disco, com exceção da instrumental “Bowling Throphies”. A primeira parte do disco é claramente focada nas influências psicodélicas, como Pink Floyd e também da Invasão Britânica dos anos 60, como The Rolling Stones e The Kinks, sobretudo. “No Destruction” é uma das melhores do álbum, com o vocal de France suave e melódica, como que deslizando pela música, indo de Ray Davies e Mick Jagger na mesma estrofe, junto com arranjos muito interessantes por toda a música. “On Blue Moutain”, a mais longa do disco, mantém a qualidade num ótimo nível, começa lentamente e tem uma mudança de súbito, com um ritmo bem Stones. Quando pensamos que a canção se estabilizou, de repente ocorre outra mudança de ritmo, dessa vez arrastado no blues, com France brincando com seu vocal, para então retornar com grande energia. O interessante é que mesmo com todas as mudanças de rumo, em nenhum momento ela faz a canção soar solta, dispersa.
A adorável e ensolarada “San Francisco” segue o clima lúdico, com o recurso de chamada e resposta no refrão. A instrumental “Blowing Trophies” é o divisor de We Are... A partir dela, Foxygen entra num clima neo-soul, com recursos mais eletrônicos. “Shuggie” é um bom exemplo dessa mudança, caminho seguido também na faixa seguinte, “Oh Yeah”, apesar do ótimo refrão, é a mais fraca do disco. Mesmo assim, é incrível ver que essa banda é a mesma que estava tocando há menos de dez minutos. A faixa que dá título ao álbum parece uma brincadeira, com um riff na guiterra tipo anos 50, 60. É a mais rápida e louca do disco, com a voz de France se rasgando.
We Are The 21st Ambassadors Of Peace & Magic termina em grande estilo, com “Oh No 2”.
We Are The 21st Ambassadors Of Peace & Magic é uma bela coleção de músicas onde se pode encontrar riqueza na junção de estilos diversos numa única e cativante obra.
No final de 2011, Girls era uma das bandas mais interessantes da cena indie americana, com o lançamento do maravilhoso Father, Son, Holy Ghost. Com uma carreira ascendente, todos os olhos estavam voltados para a dupla Christopher Owens e JR White. Então imagine a surpresa geral quando Christopher Owens anunciou em meados de 2012 que Girls estava acabada, em pleno auge. JR White dedicou-se então à produção e, poucos meses depois, Owens anunciou que lançaria no início de 2013 o seu primeiro trabalho solo, Lysandre. Antes de falar do álbum em si, vale a pena abrir um espaço para descrever Owens como compositor e mesmo como pessoa. Tanto em Girls quanto em entrevistas, Owens não vê problema em se abrir e falar de tudo de forma muito honesta, sincera e emocional. Não tem como ele não se por completamente nas suas composições, então tudo acaba sendo muito autobiográfico. Eis que chegamos a Lysandre. O álbum inteiro, praticamente conceitual, trata da primeira turnê com Girls e se apaixona por uma garota chamada Lysandre. O disco conta a história do romance deles. Musicalmente o disco parece uma peça única, com praticamente todas as faixas sendo ligadas uma à outra através de um tema, chamada de “Lysandre Theme”, que aparece na maioria das músicas às vezes usando um instrumento ou outro. É exatamente na instrumentalização que Owens escolhe a forma para se distanciar mais do seu trabalho com Girls. Em Lysandre, Owens experimenta diversas vezes com instrumentos de sopros, tais como sax, flautas e gaita como em “New York City”, “Riviera Rock”, “Lysandre” e “Here We Go Again”, tendo seus momentos divertidos e chegando a ser dançante.
Mas são nos momentos em que Owens se reconecta consigo mesmo e nos entrega aquelas composições maravilhosas que estamos acostumados pelos seus trabalhos anteriores. A maior prova disso é “A Broken Heart”, sem dúvida, o ponto máximo do disco. A música é simplesmente linda e delicada, com a voz de Owens quase sangrando. A letra também é linda, poderia muito bem encaixar-se em Father, Son, Holy Ghost, por exemplo, daí dá pra perceber o quanto ela é boa. Outros destaques são “Here We Go”, música que começa a narrar a jornada romântica, com um belo solo de guitarra e “Everywhere You Knew”, igualmente bela.
Lysandre acaba por ser um registro interessante de Christopher Owens, eclético e cheio de músicas boas, mas com poucas ótimas, o que era sua especialidade. Podemos tirar pelo seu trabalho anterior com Girls que ele pode fazer muito mais, no entanto, ainda assim, é apenas a porta inicial para uma carreira solo de um grande compositor.
Aos poucos, Push The Sky Away, novo álbum do Nick Cave & The Bad Seeds, vai se revelando. Após ouvir e ver o clipe de “We No Who U R?”, é a vez de aproveitar um vídeo com a letra de “Jubilee Street”. A música segue a linha sombria da anterior, com forte destaque, claro, para a voz de Nick Cave, além de muito bem orquestrada. Confira:
Agora que David Bowie anunciou seu retorno ao estúdio com o lançamento de The Next Day, programado para março deste ano, dá para imaginar que a ansiedade de todos os fãs e da crítica em geral está imensa. Como ainda não houve uma palavra ou entrevista oficial do próprio Bowie sobre o lançamento, qualquer notícia que seja já é o suficiente para despertar ainda mais o interesse, principalmente após as empolgantes primeiras declarações para a BBC News, do produtor de The Next Day, o conhecidíssimo Tony Visconti. Segundo Visconti, The Next Day é um “álbum bem rock”, com um misto do “Bowie clássico” e do “Bowie inovador”. Ele ainda revelou que o trabalho foi gravado no decorrer dos últimos dois anos, em completo segredo.
Ainda segundo a entrevista, Visconti ficou surpreso ao ver que o primeiro single seria a lenta e melancólica “Where Are We Now?”. “É provavelmente a única faixa no álbum que vai tão introspectivo assim. É um álbum bem rock, o resto das músicas. Eu pensei comigo mesmo: porque David Bowie está voltando com essa balada muito lenta, embora linda? Porque ele está fazendo isso? Ele deveria estar saindo com um estrondo. Mas ele é o mestre de sua própria vida. Eu acho que esse foi uma decisão muito sábia, conectar o passado com o futuro. Eu acho que a próxima coisa que você ouvir dele será bem diferente.”
Visconti ainda falou sobre o comportamento de Bowie durante a gravação, dizendo que ele estava “sorrindo o tempo todo, feliz de estar de volta ao estúdio”.
Ele também garantiu que a saúde de David Bowie está perfeita. É isso ai, Bowie.
Mas nisso tudo tem uma notícia ruim: Visconti também garantiu que David Bowie não pensa em sair em turnê para The Next Day ou até mesmo nunca mais se apresentar ao vivo. Mas tudo bem, se ele continuar gravando coisas novas já está bom o bastante! Ele nunca viria pro Nordeste mesmo.
Chegou a hora de conhecer na íntegra o primeiro trabalho solo de Christopher Owens, da extinta banda Girls, um dos grandes destaques da cena indie dos últimos anos, sobretudo em 2011, com o maravilhoso Father, Son, Holy Ghost. Mas todo esse sucesso alcançado pela dupla não foi o suficiente para mantê-los juntos. JR White foi focar suas atividades em produção e Christopher Owens deu o pontapé inicial para sua carreira solo, que tem tudo para ter o mesmo sucesso.
Enfim, o álbum Lysandre pode ser ouvido na íntegra neste link. Destaque especialmente para “A Broken Heart” e alguns arranjos com instrumentos de sopros bem interessantes, como em “New York City”. Confira.
Hoje, historicamente, é um dia especial. Foi em 8 de janeiro de 1947 que nasceu a lenda David Robert Jones, futuramente conhecido como David Bowie. Porém, este post não é unicamente motivado pela data comemorativa. A comemoração aqui ainda se refere a David Bowie, mas é sobre algo completamente inesperado e incrível. No dia do próprio aniversário, Bowie decidiu dar-se de aniversário a todos os fãs ao redor do mundo inteiro.
Explica-se: O último trabalho inédito de David Bowie, Reality, foi lançado há quase uma década, em 2003, seguido por uma turnê mundial, na qual Bowie sofreu problemas sérios de saúde, que o levaram a cancelar o restante da turnê e entrar em um completo ostracismo. Na época, Bowie alegou que iria dedicar-se à vida em família, na cidade de Nova Iorque. Desde então, sua outrora agitada vida criativa entrou em completo silêncio, quebrado por pouquíssimas, especiais e preciosas oportunidades, como a participação com Arcade Fire e David Gilmor. Fora isso, não havia, não acontecia e não se sabia de nada relativo a David Bowie. A maioria dos críticos musicais e fãs já haviam decretado o fim da sua carreira musical, deixando um legado inigualável para a história da música. Eu, como grande fã, pensava nisso com amargura, por não poder desfrutar em vida mais de um talento tão incrível como o dele. Mas no fundo, tinha imagens de um casarão em Nova Iorque e Bowie sentado no piano, escrevendo alguma nota em um caderno, ou até mesmo fazendo alguma pintura, que é outra expressão artística que o atrai. O que eu achava difícil acreditar é que uma mente como a de David Bowie, por tantas décadas vivendo em grande atividade produtiva, de repente parasse de funcionar da mesma forma e passar o dia a dia comum de todos nós. Algo parecia inverossímil. Mas após anos e anos sem um rumor sequer, essa esperança foi minguando, até que...
David Bowie anuncia hoje, no dia de seu aniversário de 66 anos, o lançamento de seu trigésimo álbum, chamado The Next Day, no dia 11 de março. Como se não bastasse a surpresa da notícia em si, vejo que já foi divulgado o primeiro single, juntamente com o vídeo clipe. O estranho vídeo de “Where Are We Now?” foi dirigido por Tony Oursler e mostra, assim como a letra, referências do tempo que Bowie passou em Berlim, no final da década de 70. E tem mais: foi divulgada a capa e a tracklist de The Next Day:
1. The Next Day
2. Dirty Boys
3. The Stars (Are Out Tonight)
4. Love is Lost
5. Where Are We Now?
6. Valentine's Day
7. If You Can See Me
8. I'd Rather Be High
9. Boss of Me
10. Dancing Out in Space
11. How Does the Grass Grow?
12. (You Will) Set the World on Fire
13. You Feel So Lonely You Could Die
14. Heat
Bonus tracks:
15. So She
16. I’ll Take You There
17. Plan
Parece, pela capa e pelo vídeo, que a época de Berlim é o período para o qual Bowie se volta agora. E especificamente em relação a capa, o grupo de Design Barnbrook respondeu algumas perguntas em um post no blog deles. Resumindo: “a capa não é de uma nova imagem porque eles queriam fazer algo diferente, e isso é bem difícil em um ramo onde tudo já foi feito antes. Normalmente, usar uma imagem do passado significa reciclagem ou greatest hits, mas aqui nós estamos nos referindo ao título ‘The Next Day’. A capa de Heroes sobreposta por um quadrado branco é sobre o espírito da grande pop e rock, que, no momento, está esquecendo ou fazendo desaparecer o passado.” Sobre a escolha de ser a capa de Heroes, eles responderam que “se for para subverter o sentido de um álbum de David Bowie, melhor ser o mais clássico. Além disso, o novo álbum é muito contemplativo e Heroes tem um pouco desse clima. A música "Where Are We Now?" É uma comparação sobre Berlim na época do Muro e após a queda do Muro.” Mais sobre as perguntas e respostas podem ser vistos nesse link.
“Where Are We Now?” se encaixa musicalmente nos últimos trabalhos de Bowie, sobretudo Heathen. The Next Day foi produzido pelo colaborador de longa jornada Tony Visconti. Não há planos para turnês ou entrevistas, pelo menos por hora. Confira abaixo o vídeo de “Where Are We Now?”, primeiro single de The Next Day, novo álbum de David Bowie. É tão bom dizer isso!
Por sinal, parabéns Bowie! E obrigado pelo presente!
A vida continua para o Filho do Blues em 2013. Nada melhor que começar com o primeiro clipe do novo álbum, o décimo quinto trabalho de Nick Cave & The Bad Seeds, chamado Push The Sky Away, que será lançado no dia 18 de fevereiro. A música “We No Who U R”, já conhecida desde a primeira metade de dezembro passado, vem acompanhada agora de um vídeo clipe bem sombrio, dirigido por Gaspar Noé. No vídeo, uma sombra vai se arrastando por meio de uma floresta à noite. Confira abaixo: