terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Melhores Álbuns de 2014



Esse ano de 2014 foi bastante corrido para o Filho do Blues, o que acabou fazendo com que tivesse menos tempo disponível para me dedicar ao blog, com atualizações, notícias, vídeos e resenhas. No entanto, isso não quer dizer que eu parei de acompanhar as novidades do mundo da música. Muito pelo contrário: ainda que sem tempo, consegui manter o top 40 do ano e consegui expandir meus horizontes musicais e mergulhei ainda mais, sobretudo, no blues. Fato que é traduzido pela maior ocorrência de álbuns do gênero em relação ao ano passado. Em 2013, tivemos 8 destaques do blues nos melhores álbuns do ano (o maior deles, Corey Harris, com Fulton Blues). Já em 2014, esse número subiu para 12, com o destaque para Sugar Ray & The Bluetones, pelo álbum  Living Tear to Tear, que alcançou a segunda colocação no ranking. O top 10 conta com 4 ábuns de blues, o que é um feito significativo. (Além de Sugar Ray & The Bluetones, Billy Boy Arnold, ainda teve Johnny Winter, que faleceu ainda neste ano, antes do álbum ser lançado, e Joe Bonamassa).

Também chamo atenção para alguns lançamentos nacionais bastante interessantes em 2014, como o retorno da Nação Zumbi (5º), o gênio Tom Zé (7º), a parceria de Marcelo Camelo e Mallu Magalhães na Banda do Mar (13º), Erasmo Carlos (23º) e China (27º).

Em primeiro lugar ficou Jack White, com seu segundo disco solo, Lazaretto. No topo a disputa ficou menos acirrada do que em relação a 2013, que teve ao menos 4 grandiosos álbuns (Arcade Fire, David Bowie, QOTSA e Vampire Weekend). Mesmo assim, ainda podemos falar dos não menos notáveis novos lançamentos de Beck (Morning Phase, 3º), Damon Albarn, do Blur, (Everybody Robots, 18º), o mestre Leonard Cohen (Popular Problemas, 09º) e Foo Fighters (Sonic Highways, 10º).

O ano de 2014 teve de tudo. Contou com a volta de figuras carimbadas como Weezer, com um bom álbum (Everything Will Be Alright In The End, 16º), Stephen Malkmus (Wig Out at Jagbags, 40º) e Manic Street Preachers (Futurology, 24º), ao mesmo tempo em que reforçou ou apresentou novidades muito boas, como Perfume Genius (Too Bright, 14º), Sun Kil Moon (Benji, 19º) e Christopher Owens (A New Testment, 17º). E o que falar da maior novidade do ano, a maior revelação do ano, que lançou o seu primeiro disco no início desse ano aos 82 anos? Estou falando do bluesman Leo "Bud" Welch, com o maravilhoso álbum de blues-gospel Sabougla Voices (12º).

Enfim, nos despedimos de 2014 com essa lista de nomes que fizeram com que o ano ficasse melhor e mais gostoso. No mais, Feliz Natal e Feliz Ano Novo para os leitores do Filho do Blues e que 2015 seja repleto  de belíssimos lançamentos para que no próximo dezembro esta lista esteja ainda mais extensa!

Um grande abraço!

MELHORES ÁLBUNS DE 2014

01. Jack White - Lazaretto
02. Sugar Ray & The Bluetones - Living Tear to Tear
03. Beck - Morning Phase
04. Johnny Winter - Step Back
05. Nação Zumbi - Nação Zumbi
06. Billy Boy Arnold - The Blues Soul Of Billy Boy Arnold
07. Tom Zé - Vira Lata Na Via Lactea
08. Joe Bonamassa - Different Shades Of Blue
09. Leonard Cohen - Popular Problems
10. Foo Fighters - Sonic Highways
11. Gruff Rhys - American Interior
12. Leo Welch - Sabougla Voices
13. Banda do Mar - Banda do Mar
14. Perfume Genius - Too Bright
15. Dave Specter - Message In Blue
16. Weezer - Everything Will Be Alright In The End
17. Christopher Owens - A New Testament
18. Damon Albarn - Everyday Robots
19. Sun Kil Moon - Benji
20. TV On The Radio - Seeds
21. Damien Rice - My Favourite Faded Fantasy
22. John Mayall - A Special Life
23. Erasmo Carlos - Gigante Gentil
24. Manic Street Preachers - Futurology
25. Damien Jurado - Brothers And Sisters of the Eternal Son
26. Walter Trout - The Blues Came Callin'
27. China - Telemática
28. Lucky Peterson - The Son Of A Bluesman
29. The Robert Cray Band - In My Soul
30. Bruce Springsteen - High Hopes
31. Johnny Cash - Out Among The Stars
32. Cloud Nothings - Here And Nowhere Else
33. C.W. Stoneking - Gon Boogaloo
34. Mud Morganfield & Kim Wilson - For Pops Tribute To Muddy Waters
35. Tibério Azul - Bandarra
36. Hamilton Leithauser - Black Hours
37. The Black Keys - Turn Blue
38. Thiago Pethit - Rock'n'Roll Sugar Darling
39. Black Lips - Underneath the Rainbow
40. Stephen Malkmus & The Jicks - Wig Out at Jagbags
41. Eric Bibb - Blues People

Álbuns que não foram completamente inéditos, mas que de alguma forma merecem ser menciona

David Bowie - Nothing Has Changed
Wilco - What's Your 20 Essential Tracks 1994-2014
Caetano Veloso - Multishow Ao Vivo Abraçaço
Leonard Cohen - Live in Dublin
Nat King Cole - The Extraordinary
Gary Clark Jr. - Gary Clark Jr. Live







sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

As Melhores Músicas de 2014

O Filho do Blues está sumido mas não está morto! E para preparar vocês para a já tradicional lista de Melhores álbuns do ano - que sairá em breve - deixarei vocês curtindo por uns dias as dez melhores faixas do ano. Divirtam-se!

Jack White - Would You Fight for My Love?

Jack White dá a sequência a sua carreira solo com o disco Lazaretto. "Would You Fight For My Love?" reune tudo de melhor da sua carreira em uma única faixa.


 

David Bowie - Sue (Or in a Season of Crime)

A única faixa inédita da magnífica coletânea Nothing Has Changed é incrível e aponta para uma nova direção musical de Bowie em relação aos três últimos discos. Pena que só tem uma. 


 

Nação Zumbi - Foi de Amor

"Foi de Amor" traz todo o peso tradicional que conhecemos de Nação Zumbi, em meio a um álbum sonoramente bem mais acessível ao grande público, sem, no entanto, perder a identidade que faz de Nação a melhor banda nacional.

 

Perfume Genius - Queen

Qualquer música da banda Perfume Genius tem todos os ingredientes para sensibilizar o ouvinte. "Queen" apresenta tudo isso de forma potencializada, muito emotiva, tensa, que faz com que cada verso seja uma cicatriz sendo aberta e curada ao mesmo tempo. Perfeito.


 

Leo "Bud" Welch - Take Care of Me Lord

O estreante do ano, a revelação que tem 82 anos despejando agora para todo mundo ouvir a energia e o vigor do seu Blues-Gospel. Para lavar a alma e dançar. Desse jeito até eu iria para a Igreja.


 

Tom Zé - Esquerda, Grana e Direita

Tom Zé destila toda sua sagacidade e gênio nessa faixa que traduz o momento que a sociedade brasileira atravessa, sempre com a irreverência e brilho típico das obras desse genial artista brasileiro.


 

Damien Rice - It Takes A Lot To Know A Man

Melhor música de seu novo álbum, a épica "It Takes a Lot To Know A Man" faz uma viagem bastante sensível, com uma melodia cativante e uma viagem sonora para fazer você fechar os olhos e acompanhar. Lindo.


 


Johnny Winter - Death Letter

A lenda do blues Johnny Winter faleceu em 2014 um pouco antes de lançar seu novo disco, Step Back. Nada melhor do que homenageá-lo aqui com esse vídeo de "Death Letter", clássico de Son House, presente no disco. 


 

Christopher Owens - It Comes Back To You

Christopher Owens dá continuidade a sua carreira solo sem parar para respirar por muito tempo. E "It Comes Back To You" apresenta uma sonoridade mais próxima de seu trabalho com a banda Girls, que ainda é o auge de sua carreira. 


 

Joe Bonamassa - Living On The Moon

Muita energia e pegada marcam "Living On The Moon", do novo trabalho de Joe Bonamassa, com tudo o que você pode esperar desse grande guitarrista do blues rock.

sábado, 15 de novembro de 2014

Resenha de David Bowie - Nothing Has Changed


Depois de ter voltado ao cenário musical com o lançamento de The Next Day, em 2013, primeiro álbum inédito em dez anos, David Bowie se mantém ativo durante o ano de 2014 e acaba de lançar mais uma coletânea, Nothing Has Changed, que vem com uma música inédita, “Sue (Or In A Season of Crime)”(duas, se contar com a que acompanha o primeiro single, “Tis a Pity She Was a Whore”).

A coletânea difere das outras que tem o mesmo objetivo, ou seja, revisitar a carreira de um artista. Nesse sentido, Nothing Has Changed possui algumas peculiaridades que fazem com que seja recebido sem a indiferença que normalmente acompanha lançamentos desse tipo. Primeiro, claro, é por causa da faixa inédita, uma instigante faixa de sete minutos que evidencia que Bowie ainda continua se reinventando e vagando por entre estilos. Outra coisa curiosa é o nome Nothing Has Changed para um artista que nunca ficou por muito tempo em um único campo de atuação, que é conhecido mundialmente pela inovação, pela mudança, possuindo o apelido de camaleão. 

Pois bem, a própria estratégia e as escolhas das faixas mostram também a intenção de tornar a coletânea em algo mais. Normalmente, álbuns desse tipo seguem uma ordem cronológica, do início até o mais recentemente produzido. Bowie escolhe o caminho contrário. A faixa inicial é a inédita “Sue (Or In a Season of Crime)” e a última é exatamente o seu primeiro single lançado, “Liza Jane”. Entre esse percurso, estão as músicas que mais marcaram a trajetória desse gigante da música, sempre numa ordem do mais recente ao mais antigo. As escolhas também buscam mostrar o lado mais diferente, no caso de frequentes faixas remixadas ou editadas, bem como algumas faixas menos ortodoxas, ou seja, menos conhecidas, como sobras de estúdio da regravação de “Shadow Man”, “Let Me Sleep Beside You” e “You Turn To Drive”, para o álbum nunca lançado Toy, de 2001, o que mostra que, para Bowie, Toy ganha status de álbum, embora não conste formalmente na sua discografia. Como toda coletânea de um grande artista, ótimas músicas ficaram de fora e não seria diferente principalmente se tratando de Bowie.

Enfim, Nothing Has Changed não é, de forma alguma, uma coletânea definitiva de um artista que já produziu tudo o que tinha. Muito pelo contrário, Nothing Has Changed dá indícios de que Bowie está bastante ativo e atento a seus próximos passos.


domingo, 12 de outubro de 2014

David Bowie divulga nova música, "Sue (Or in a Session of Crime)"



David Bowie retorna com uma música nova, que irá sair no novo álbum que revisita sua carreira, Nothing Has Changed. “Sue (or in a session of crime)”, com mais de sete minutos e começa quase como um improviso de jazz, cheio de metais e assim vai no decorrer da música, enquanto Bowie canta cada vez mais intensamente e os metais gritando por trás. Uma miríade de sons, caos, totalmente diferente de qualquer música de Bowie das últimas décadas. Simplesmente incrível. Pena que só tem uma música inédita na compilação, que será lançada no dia 18. O tracklist segue abaixo:

DAVID BOWIE ‘NOTHING HAS CHANGED’ TRACKLIST

3CD DELUXE EDITION/DIGITAL DOWNLOAD

CD 1:
Sue (or In A Season Of Crime) (7.40)
Where Are We Now? (4.09)
Love Is Lost (Hello Steve Reich Mix by James Murphy for the DFA Edit) (4.07)
The Stars (Are Out Tonight) (3.57)
New Killer Star (radio edit) (3.42)
Everyone Says ‘Hi’ (edit) (3.29)
Slow Burn (radio edit) (3.55)
Let Me Sleep Beside You (3.14)
Your Turn To Drive (4.44)
Shadow Man (4.48)
Seven (Marius De Vries mix) (4.12)
Survive (Marius De Vries mix) (4.18)
Thursday’s Child (radio edit) (4.25)
I’m Afraid Of Americans (V1) (clean edit) (4.30)
Little Wonder (edit) (3.40)
Hallo Spaceboy (PSB Remix) (with The Pet Shop Boys) (4.23)
Heart’s Filthy Lesson (radio edit) (3.32)
Strangers When We Meet (single version) (4.21)

CD 2:
Buddha Of Suburbia (4.24)
Jump They Say (radio edit) (3.53)
Time Will Crawl (MM remix) (4.18)
Absolute Beginners (single version) (5.35)
Dancing In The Street (with Mick Jagger) (3.20)
Loving The Alien (single remix) (4.45)
This Is Not America (with The Pat Metheny Group) (3.51)
Blue Jean (3.11)
Modern Love (single version) (3.56)
China Girl (single version) (4.15)
Let's Dance (single version) (4.08)
Fashion (single version) (3.25)
Scary Monsters (And Super Creeps) (single version) (3.32)
Ashes To Ashes (single version) (3.35)
Under Pressure (with Queen) (3.56)
Boys Keep Swinging (3.17)
‘Heroes’ (single version) (3.35)
Sound And Vision (3.03)
Golden Years (single version) (3.27)
Wild Is The Wind (2010 Harry Maslin Mix) (5.58)

CD 3:
Fame (4.14)
Young Americans (2007 Tony Visconti mix single edit)  (3.13)
Diamond Dogs (5.56)
Rebel Rebel (4.28)
Sorrow (2.53)
Drive-In Saturday (4.29)
All The Young Dudes (3.08)
The Jean Genie (original single mix) (4.05)
Moonage Daydream (4.40)
Ziggy Stardust (3.12)
Starman (original single mix) (4.10)
Life On Mars? (2003 Ken Scott Mix) (3.49)
Oh! You Pretty Things (3.11)
Changes (3.33)
The Man Who Sold The World (3.56)
Space Oddity (5.12)
In The Heat Of The Morning (3.00)
Silly Boy Blue (3.54)
Can’t Help Thinking About Me (2.46)
You’ve Got A Habit Of Leaving (2.32)
Liza Jane (2.18)


quarta-feira, 16 de julho de 2014

"More Music Soon", diz David Bowie



O blog está ultimamente bastante parado, infelizmente, mas não é por falta de vontade, mas simplesmente por uma série de atribuições que tomam grande parte do tempo no dia a dia, o que vem deixando bem pouco para escrever para o blog. Durante esse tempo, voltarei para os grandes momentos, para registrá-los devidamente, dando o crédito que merecem.

Nada melhor do que falar que talvez não tenhamos de esperar quase uma década para ouvir algum álbum inédito de David Bowie. Segundo mensagens do próprio Bowie, enviadas a um evento beneficente em Londres, homenageando sua carreira, ouviremos coisa nova “em breve”.

“This city is even better than the one you were in last year, so remember to dance, dance, dance. And then sit down for a minute, knit something, then get up and run all over the place. Do it. Love on ya. More music soon. David”


Somente esse “More Music Soon” já é de arrepiar. Estaremos esperando!


sábado, 10 de maio de 2014

Resenha: Nação Zumbi - Nação Zumbi




Os críticos normalmente chegam ao consenso de que o ciclo do Manguebeat, movimento iniciado há 20 anos por Chico Science & Nação Zumbi, com o lançamento de Da Lama Ao Caos, em 1994, acabou. No entanto, nos últimos anos podemos perceber que seus principais expoentes ainda estão produzindo música de qualidade a cada ano. Nesse período, sobretudo de uns cinco anos para cá, a cena musical de Pernambuco sempre serviu para reafirmar a posição de originalidade frente a produção artística nacional, como comprova Otto (Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos, 2009, ou The Moon 1111, de 2012), ou Lirinha (que depois do fim do Cordel do Fogo Encantado lançou Lira, em 2011) e também Siba, com Avante, em 2012, e até mesmo os principais nomes do mangue, como Mundo Livre S\A, com Nova Lenda da Etnia Babaa, em 2011, ou até mesmo a colaboração com a Nação Zumbi, em 2013, que ficou genial. 

A empolgação definitiva veio quando foi anunciado que Nação Zumbi voltaria a lançar um álbum próprio, depois de tantos anos (o último havia sido em 2007, Fome de Tudo). Desde então, passou-se a imaginar como seria o som desse novo álbum, a partir do momento que liberaram "Cicatriz", primeira música e primeiro single do trabalho. Foi possível perceber, então, um trabalho peculiar de promoção, liberando primeiramente no Itunes e depois, naturalmente, dirigindo-se a outros tipos de mídias. Durante o processo, desde a sua concepção, foi percebido um lobby para a Nação voltar ao estúdio, uma pressão tanto dos fãs quanto da crítica. Havia, assim, certa ansiedade quanto ao novo trabalho. Então, consciente de sua posição, decidiu lançar novo álbum, por uma grande gravadora. O álbum foi chamado simplesmente como Nação Zumbi, um álbum homônimo (o segundo da carreira), que realmente pode ser caracterizado como um renascimento da banda.





Nação Zumbi é feito de extremos. É impossível julgá-lo e analisá-lo sem diferenciá-lo dessa forma. As primeiras faixas, "Cicatriz" e "Bala Perdida" tentam fazer um link ao passo da Nação ao mesmo tempo que mostra o caminho para o futuro. Um som mais limpo, enquanto também busca um aprofundamento sonoro, incorporando arranjos novos e detalhados. E é esse caminho que será trilhado em algumas das faixas seguintes. Nação Zumbi nunca foi pop, apesar do grande sucesso, sempre pareceu sisudo demais, sério demais. Jorge du Peixe tenta, assim, alcançar novos públicos com uma música mais acessível. Essa tentativa de som é perceptível quando é incorporado vários tipos de arranjos, que acabam prejudicando os tambores, grande ponto forte da banda. Na tentativa de alcançar um público mais universal, a banda acaba apostando em algo menos poderoso, mas que, ao mesmo tempo, serve aos seus intuitos, já que são músicas bastante interessantes. "A Melhor Hora da Praia", com a participação deliciosa de Marisa Monte, por exemplo, é uma das que seria inimaginável ser apresentada por uma banda como a Nação Zumbi. No entanto, é um dos tesouros mais claros do álbum. Também é perceptível o uso de backing vocals femininos, como em "O Que te Faz Rir".





Essa guinada para um som mais universal também é sentida liricamente. As letras da Nação Zumbi sempre foram um tanto mais difícil, seja por jogos rápidos de palavras, ou por referências bem específicas, normalmente utilizados para falar de temas sérios e gerais. No álbum há claramente uma tentativa de tornar o tema mais acessível a todos, algo meio que descompromissado, despretensioso. É o trabalho que mais fala de amor, como "Um Sonho", "Nunca Ti Vi". A própria capa do álbum demonstra uma abordagem mais intimista, com partes do corpo humano e o coração numa posição central.





O outro extremo é apresentado principalmente no final, quando nos é reservado as melhores faixas. "Foi de Amor" é uma das melhores faixas da Nação Zumbi, não apenas no álbum, mas da sua carreira. É exatamente o que havia faltado no restante do trabalho, peso, os tambores ressoando, guitarra, muita guitarra, enfim, muita energia e emoção na faixa. Sensacional. Será presença massiva no repertório dos shows, com certeza. Aqui a gente sente realmente a falta que fez uma percussão forte e alta, o que faltou em boa parte do álbum, em detrimento de um som mais compacto, valorizando a tradicional bateria clássica. "Cuidado", com sons de sirene, mantém essa energia, sobretudo no refrão. E finaliza o disco com o riff poderoso de "Pegando Fogo".

Nação Zumbi é o reflexo mais claro de uma banda que ainda tem muito a dar e que, consciente de sua colocação na música brasileira, e de sua história, parece agora querer ir mais além, transpor suas próprias fronteiras sonoras, mantendo sua identidade forte e sempre original.



segunda-feira, 28 de abril de 2014

Gruff Rhys, do Super Furry Animals, anuncia American Interior álbum sobre John Evans, explorador do século XVIII



O que acontece quando um relato histórico de viagens de exploração de território se une a um universo de sons psicodélicos? É isso que Gruff Rhys, do Super Furry Animals, pretende nos mostrar ao dedicar um álbum inteiro, chamado American Interior, que vai ser lançado no dia 5 de maio, a John Evans, um explorador do século XVIII, que viajou para a América em 1792 em uma missão de achar tribos nativas de língua galesa. Para completar essa figura, Rhys também vai lançar, em acompanhamento ao álbum, um documentário e um aplicativo para celular. A faixa título, “American Interior”, já tem um vídeo oficial, dirigido por Dylan Goch. Estava esperando algo novo do Super Furry Animals esse ano, mas parece que não. Tudo bem, não é a mesma coisa, mas Gruff Rhys com certeza dará conta do trabalho.



sábado, 12 de abril de 2014

Walter Trout anuncia novo álbum, The Blues Came Callin'


A agenda do blues para 2014 está ganhando contornos cada vez mais interessantes. Após o anúncio do retorno de John Mayall, o guitarrista de blues-rock Walter Trout, cria do próprio Mayall, resolveu que mesmo passando por um drama na sua vida pessoal, irá lançar um álbum novo para celebrar os 25 anos de sua carreira solo; The Blues Came Callin’, nome do novo trabalho, será lançando em 10 de junho e conta com doze faixas, celebrando a vida na luta contra a mortalidade, das quais dez são originais do próprio Trout, uma é cover de J.B. Lenoir e a outra é assinada pelo guitarrista britânico John Mayall, feita especialmente para o álbum.


Para Walter Trout, tudo agora parece ser uma luta contra o tempo, já que sofre de uma séria doença e precisa desesperadamente de um transplante de fígado, o que o fez perder bastante peso durante esse período. No vídeo divulgado sobre a gravação do disco, com depoimentos dos companheiros de banda e de John Mayall, dá para ver que Trout está bastante debilitado e abatido, mas não o suficiente para expulsar o blues de suas veias. Então, ele continua a sequência de álbuns lançados nos últimos anos, com os ótimos Blues For The Modern Daze, de 2012, e Luther’s Blues, de 2013. The Blues Came Callin’ foi gravado no decorrer de 2013 e promete ser um dos álbuns mais emocionantes do ano. A conferir. 


terça-feira, 1 de abril de 2014

Jack White anuncia novo álbum, Lazaretto, e divulga nova faixa "High Ball Steeper"



Já estava em tempo. Jack White irá lançar um novo álbum solo em 9/10 de junho, chamado Lazaretto, pela sua própria gravadora, Third Man Records. Lazaretto dá sequência à carreira solo de Jack White, depois do sucesso da estreia em 2012 com Blunderbuss. O anúncio, feito pelo site oficial, veio junto, como um aperitivo, o vídeo da faixa instrumental – e sensacional – “High Ball Stepper”, reforçando a alcunha de “guitar hero” carregada por White desde os tempos de White Stripes.  O primeiro single de fato só será lançado no final do mês, e leva o mesmo nome do disco, “Lazaretto”. Também será lançada uma edição especial e limitada, contendo um livro de 40 páginas com as letras das músicas, arte, um pôster e um disco com duas versões demo de faixas do álbum, como “Alone In My Home” e "Entitlement”.


Pelo visto abril será embalado pelas guitarras de Jack White. E depois... só ele sabe. Confira o vídeo de “High Ball Stepper”: 


Aquecimento Lollapalooza 2014: Arcade Fire, "The Suburbs", no Lollapalooza Chile




Nenhuma banda chega a essa edição do Lollapalooza no Brasil tão falada e atraindo tanta atenção quanto Arcade Fire, que desde 2010, com o álbum vencedor de Grammy, The Suburbs, vem cada vez mais angariando novos públicos em torno do mainstream, mas em momento algum perdendo a qualidade. A grande prova foi Reflektor, lançado no ano passado, que levou a banda a outro patamar no cenário pop, inclusive inovando nas campanhas de lançamento, cheias de mistérios e surpresas. O álbum foi um sucesso de crítica e público. E é nesse momento que Arcade Fire, headline do festival, desembarca no Brasil pela segunda vez (fizeram três datas em 2005) preparados para dominar o público no domingo, dia 6 de abril. 

Enquanto isso assista a uma pitada do show na edição chilena do Lollapalooza, com a faixa “The Suburbs”:



segunda-feira, 31 de março de 2014

Resenha: Johnny Cash - Out Among The Stars



Johnny Cash é um mito. A essa altura do campeonato, o que quer que for se falar de Cash há de se levar em consideração isso: o cara é um mito. Inclusive, a áurea lendária dele parece receber contornos sobrenaturais, já que continuam surgindo discos inéditos do cantor mesmo mais de dez anos após a sua morte, em 12 de setembro de 2003. Nesse mês de março, Johnny Cash lança seu terceiro álbum póstumo de inéditas, chamado Out Among The Stars, resgatado pelo filho do cantor, John Carter Cash (que garantiu que ainda há mais discos inéditos a ser lançados futuramente), gravado originalmente no período entre 1981 e 1984 (enquanto lutava contra a dependência de drogas), na década em que, digamos, não foi exatamente a década de ouro para Cash. Out Among The Stars foi recusado pela gravadora, que o arquivou. Uma pena; porque o disco tem ótimas canções, entre alguns baixos momentos, os quais encaramos com certa condescendência. 





Começamos com a faixa de abertura homônima “Out Among The Stars”, com Cash sendo o Cash de sempre, com um belo e cativante refrão, entrecortada por momentos de conversação, mostrando uma preocupação social com desemprego e violência. He can't find a job but Lord he's found a gun”. Em alguns trechos parece que Johnny Cash levantou-se do seu túmulo e veio falar sobre esse assunto tão atual, sobretudo na sociedade brasileira, onde a classe média com um ódio sedento dos “vagabundos de plantão”, em campanhas de violência gratuita. “He knows that when they're shooting at this loser They'll be aiming at the demons in their lives”.

“Baby Ride Easy”, um country bem veloz, é um dos dois duetos com a sua esposa June Carter (“Don’t You Think Our Time Will Come” é a outra). “She Used To Love Me a Lot”, de David Allen Coe, ganha nova vida aqui, coisa que o clipe representa muito bem através da síntese do sombrio e belo, a resistência nostálgica a deixar um amor ir embora, com a firmeza clássica do vocal de Cash, um dos pontos altos, sem dúvida. E a crueza da verdade: "Yes I'm in need of something But it's something you ain't got But I used to love you a lot”





“After All” é uma quieta balada, acompanhada no piano, com uma bonita melodia, mas não chega a ser marcante. “I’m Movin’ On” tem a participação de Waylon Jennings e parece ter sido gravada no estúdio ao vivo, entre conversas e risadas, dueto bem interessante e animado. “If I Told You Who It Was” leva um cômico Cash contando uma história para depois entrar num refrão bem rápido, uma mudança bem bolada e divertida, no melhor estilo contador de histórias, um encontro casual com alguma personalidade famosa. “Call Your Mother” é, por sua vez, uma tocante balada também com uma pontinha de humor, numa roupagem mais séria e trágica. “Gently break the news that you don't love me And give my best regards to your good old dad”

“I Drove Her Out Of My Mind” tem uma variação de ritmo bem interessante, aumentando e diminuindo a velocidade de acordo com a história narrada. A partir daí o disco vai perdendo força; “Tennessee” é suave e gostosa de se ouvir, mas passa longe de ser memorável, bem como “Rock And Roll Shoes”. “I Came To Believe”, apesar de muito boa, perde um pouco do ineditismo, já que saiu no álbum V: A Hundred Highways, de 2006.

Out Among The Stars é mais um álbum póstumo de Johnny Cash que nos ajuda a recolher os vestígios de sua arte pelo mundo. É um crime um disco como esse ter permanecido incógnito por tanto. Johnny Cash é um dos que merecem um registro completo de sua obra, entre erros e acertos. Out Among The Stars não chega a marcar a carreira dele, mas o seu valor histórico e artístico é inegável, tanto pelas músicas que aqui se encontram como pelo apelo por ser um álbum perdido de Johnny Cash. É muito mais um acerto do que um erro. Um erro – e este bem grave – foi terem-lhe engavetado.


Stream de Flaming Lips - Flaming Side of The Moon



Em 2009, The Flaming Lips lançou sua própria versão para o clássico The Dark Side of The Moon, do Pink Floyd. Agora, em mais uma jogada surreal da banda, que desde então vem se distanciando cada vez mais do convencional – isso contando que eles eram convencionais, o que eles nunca foram – a banda resolve lançar um acompanhamento para o disco, chamado Flaming Side of The Moon, que está em stream. Ele foi projetado para ser ouvindo simultaneamente com o Dark Side original, do Floyd, e, de acordo com a nota oficial, ele foi cuidadosamente desenhado para sincronizar com o filme The Wizard of Oz, de 1939. Para quem tiver a coragem de embarcar nessa, segue o stream:




terça-feira, 25 de março de 2014

Aquecimento Lollapalooza 2014: Vampire Weekend toca "Unbelievers" no Tonight Show With Jimmy Fallon



Falta pouco mais de uma semana para mais uma edição do festival Lollapalooza no Brasil, que acontecerá nos dias 5 e 6 de abril e contará com a participação dos grandes nomes da música de 2013, tais como Arcade Fire, Vampire Weekend, Muse, Nação Zumbi,Nine Inch Nails, Pixies, Apanhador Só, dentre muitos outros. Então, tiraremos alguns dias para fazer um aquecimento para o Lollapalooza 2014.

Ainda recebendo os louros por Modern Vampires of The City, Vampire Weekend foi o convidado musical da noite no programa The Tonight Show Starring Jimmy Fallon, e tocou a música “Unbelievers”, com uma cortina atrás da banda projetando imagens.

Vampire Weekend está escalado para tocar no domingo, dia 6 de abril.





Vampire Weekend performs ~ Jimmy Fallon's... por HumanSlinky

segunda-feira, 24 de março de 2014

Abença Pai: Blue Guitars, de Chris Rea - O Projeto de Blues mais ambicioso da história



A coleção Blue Guitars, de 2005, do guitarrista britânico Chris Rea, é o projeto mais ambicioso do Blues: 11 discos conceituais, mais de 130 músicas inéditas contando a trajetória do blues desde a África até os dias de hoje. Ele dividiu o blues em etapas conceituais e, para cada uma delas, compôs músicas que se encaixam no estilo, tanto temático como sonoro. Os discos são: Beginnings (1), Country Blues (2), Louisiana and New Orleans (3), Electric Memphis Blues (4), Texas Blues (5), Chicago Blues (6), Blues Ballads (7), Gospel Soul Blues and Motown (8), Celtic and Irish Blues (9); Latin Blues (10) and 60′s and 70′s (11).

Chris Rea, para quem não conhece, é um grande compositor britânico que começou sua carreira no final da década de 70, mas só estourou mesmo com os hits da década de 80, tais como “On The Beach”, “The Road To Hell”, “Fool (If You Think It’s Over)”, dentre outras. Porém, Rea passou por um drama na sua vida pessoal no início dos anos 2000, chegando à beira da morte, devido a sérios problemas no estômago, sendo diagnosticado com pancreatites e passando por inúmeras e perigosas cirurgias (ele perdeu o pâncreas em 2001). Por fim Rea venceu a doença, mesmo que ela o tenha legado com vários problemas de saúde que o irão acompanhar o restante de sua vida. Na recuperação, prometeu que iria dar uma guinada radical em sua vida, escolhendo um caminho independente da sua gravadora e passou a focar em projetos próprios, sobretudo no desenvolvimento de suas raízes musicais, com ênfase para o blues. No decorrer da década de 2000, ele lançou vários álbuns de blues e culminou no ponto máximo de sua carreira: a coleção Blue Guitars, de 2005, com 11 discos e um DVD (pensada originalmente como o último trabalho com o seu nome, mas que posteriormente a história provaria que ele estava enganado). Vale a pena falar aqui também o modus operandi do projeto. Enquanto vários artistas demoram anos e anos entre um disco e outro, a coleção Blue Guitars foi o resultado de um notável processo que durou 18 meses de trabalho pesado, doze horas por dia, sete dias da semana, ou seja, um baita workaholic. 




Ao contrário de fazer um projeto somente de resgate, regravando clássicos do blues, Rea optou por um trabalho totalmente original e autoral, misturando elementos musicais, instrumentais, compondo um conjunto incrível, não apenas se limitando ao território sonoro do blues, mas também utilizando de outras linguagens musicais para transmitir o sentimento que é a essência do blues, utilizando-se de sua voz grave (às vezes bem próxima de Mark Lanegan) e suas espetaculares habilidades na guitarra, principalmente no Slide.

Não dá para fazer uma simples resenha, tratando Blue Guitars de forma generalizada. Seu conteúdo é deveras rico para ser tratado dessa forma. Então irei fazer uma sequência de resenhas, para cada um dos 11 discos de Blue Guitars, observando, analisando e vibrando com cada um dos seus triunfos. As postagens farão parte do Especial Chris Rea: Where The Blues Come From.

Se você é fã de blues, é uma obrigação ter essa coleção e acompanhar as resenhas, comentando suas impressões e opiniões. Se você acha interessante, conhece os clássicos, mas ainda não aprofundamento histórico ou musical do estilo, essa é a sua grande oportunidade.



quinta-feira, 20 de março de 2014

Assista ao novo clipe de Black Lips, "Justice After All"




Black Lips lançou seu novo disco, Underneath the Rainbow, neste mês e acaba de divulgar o seu segundo vídeo clipe, dirigido mais uma vez por Andy Capper, que já trabalhou em outros quatro vídeos da banda. A faixa escolhida foi “Justice After All”, numa gravação em VHS bem rústica, da turnê do Black Lips com o Deerhunter, entrecortada pela banda tocando e cantando pela rua.  Confira:




quarta-feira, 19 de março de 2014

Weezer dá indícios de estar gravando novo álbum, em clipe de 20 segundos


Notícia maravilhosa para quem é fã da banda Weezer. Após anos e anos de espera e turnês transatlânticas, parece que a banda finalmente está de volta ao estúdio para gravar o sucessor de Hurley, último álbum da banda, lançado em 2010. Apesar da euforia, não há nada muito claro. Tudo isso foi devido a uma postagem da página oficial da banda no YouTube, um vídeo amador gravado numa qualidade VHS, de apenas vinte segundos, com um trecho de uma suposta música nova e uma mensagem escrita: “in the studio now”. No ano passado, Rivers Cuomo disse que a banda estava se reunindo com o produtor Ric Ocasek, que trabalhou com o Weezer no Blue Album, de 1994 e Green Album, de 2001. Até agora, nenhuma previsão do nome nem de quando o álbum será lançado. Ficaremos atentos.


Enquanto isso, fiquem com “Trainwrecks”, do disco Hurley. 



sábado, 15 de março de 2014

Johnny Winter anuncia sequência de Roots, com participações especiais de peso



O bluesman Johnny Winter lançou em 2011 um álbum muito bom de covers de blues clássicos chamado Roots, que era acompanhado por vários convidados especiais. Pelo visto, Winter planeja dar sequência a série e lançar uma segunda edição ainda neste ano com a participação de nomes importantes como Eric Clapton, Ben Harper, Joe Perry, Mark Knopfler, dentre outros. O disco, assim como o primeiro, conterá canções tradicionais do blues que fizeram parte desde cedo da formação de Johnny Winter, como Robert Johnson, Muddy Waters, Elmore James, a maioria dos anos 50.


Sua motivação: "It's just to bring it to the people of today who haven't listened to the old music. It's better than anything they hear today.” 


quinta-feira, 13 de março de 2014

Assista ao clipe de nova música de Johnny Cash, "She Used To Love Me A Lot"




Vem mais coisa inédita do clássico cantor folk norte-americano Johnny Cash. No dia 25 de março, será lançado mais um álbum póstumo, chamado Out Among The Stars, composto por canções até então perdidas, gravadas por Cash no início dos anos 80. A fim de preparar o terreno para o lançamento, foi divulgado um vídeo clipe da música “She Used To Love Me A Lot”, dirigido por John Hillcoat, filmado durante um mês de viagens pelo país, colecionando imagens de uma América mais desértica e dura.



quinta-feira, 6 de março de 2014

Resenha: Beck - Morning Phase


Um dos artistas mais irreverentes, inventivos e originais dos Estados Unidos, Beck, está de volta após longos seis anos de relativa ausência. A ausência de fato nunca foi completa. Beck manteve-se ocupado no showbizz em diversas atividades, as mais interessantes sem dúvida foram as produções de alguns ótimos álbuns, como Mirror Traffic, de Stephen Malkmus, e Demolished Thoughts, de Thurston Moore, do Sonic Youth. Em 2014, Beck lança o primeiro disco inédito depois de Modern Guilty, de 2008, com o discurso de ser mais focado num único estilo, algo como o sucessor de sua obra prima de 2002, Sea Change, ou seja, um som mais acústico, folk californiano. Na verdade, Morning Phase é um dos álbuns que Beck tem pronto. O segundo tem outro enfoque, outra pegada. Beck sempre foi o tipo de artista que valoriza bastante o formato de álbum, tentando manter uma proposta inicial, algo desde efusões experimentais, como é o caso de alguns dos seus trabalhos mais aclamados, como Mellow Gold, de 1994 e Odelay, de 1996, ou algo mais tradicional, como meu favorito já mencionado Sea Change. E é assim que Morning Phase foi concebido.



No entanto, pode-se perceber algumas diferenças importantes em Morning Phase. De acordo com o próprio Beck, Morning Phase é emocionalmente mais leve que o seu antecessor, bem mais melancólico e pesado. Embora ainda possa ser encontrados aqui vestígios de pensamentos e emoções sombrias, como em “Wave”, o tom que guia o trabalho é algo mais reflexivo, até mesmo mais otimista. A faixa de abertura, “Morning”, já é uma agradável brisa soprando na face sonolenta, que abre a janela para ver como está o dia lá fora, às vezes com uma esperança no recomeço, outras vezes com um pingo de tristeza nostálgica. “Looked up this morning, saw the roses full of thorns”. A esperança e a satisfação de se está vivo pode ser evidenciada por “Heart Is A Drum”, mostrando uma atitude amadurecida para lidar com a dor e as frustrações da vida.




Em “Say Goodbye” é cheia de imagens de rompimentos e adeuses. 'Cause these are words we use to say goodbye”. No entanto, o narrador parece um pouco distante do personagem. Não soa tão sentido, tão absorvido pela dor como nos grandes momentos de Sea Change, por exemplo. A música, com uns solos de banjo, não soa tão pra baixo assim. Provavelmente foi por causa dessa dissonância que em Morning Phase, apesar de ser um álbum muito bom, não chega a deslumbrar como Sea Change. A sequência continua com a ensolarada “Blue Moon”, antes de entrar nos momentos mais sombrios, com os dois números “Unforgiven”, sem dúvida uma das mais tocantes, exatamente porque há essa união, e “Wave”, um pouco mórbida demais.

Exatamente surgindo depois de pensamentos sombrios, na bela “Don’t Let It Go” a autoconfiança e esperança retornam. É a força que se tem que tirar de si mesmo para continuar, não perder o rumo, o controle. “Backbird Chain” continua o clima confortável, romântico e ensolarado. Em “Turn Away” dá para sentir uma pontinha de Bon Iver no estilo de Beck cantar a melodia, acompanhada no violão, muito bonita. “Country Down” tem um ritmo delicioso e com um solo irresistível de gaita. Morning Phase se despede com a grandiosa “Waking Light”, que resume toda essa viagem de emoções diárias. Algo como recepcionar a noite ainda com o dia na cabeça. “When the morning comes to meet you Open your eyes with waking light”.





Analisando friamente e sendo bastante injusto, Morning Phase é um sucessor que não supera o seu antecessor. No entanto, essa constatação está longe de tirar todo o brilho de Morning Phase, que flui fácil, confortável, e que possui algumas belíssimas canções. Um bom exercício para compreendê-lo melhor é ouvi-lo exatamente após Sea Change. Aí sim visualizamos o teor dos pensamentos da noite, representados por Sea Change, e, em contraponto, o alívio com a chegada da manhã. 



terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Assista ao clipe de "Midnight", nova música de Coldplay





Ao que tudo indica, a discografia de Coldplay irá aumentar em breve. Isso porque hoje a banda divulgou sua primeira música nova em três anos, já que o último disco de estúdio foi de 2011, Mylo Xyloto. O vídeo da nova música, chamada “Midnight”, foi dirigido por Mary Wigmore. Já relativo à sonoridade, nada daqueles sons coloridos e felizes. Parece que para bolar o som atmosférico de “Midnight” Chris Martin esteve flertando com Justin Vernon, do Bon Iver . Confira: 



sábado, 22 de fevereiro de 2014

Ouça o novo single da Nação Zumbi, "Cicatriz"



Nação Zumbi tinha prometido o tão esperado primeiro single do novo disco, programado para ser lançado em Abril e com o nome simplesmente de “Nação Zumbi”, para terça feira. No entanto, hoje saiu um vídeo da banda tocando “Cicatriz” pela MTV. E a espera valeu a pena. A música é tudo o que se esperava da banda, e ainda bem melhor. Uma Nação mais seca, direta e com muito batuque e guitarra. Manda ver, Nação! O vídeo é data de março de 2013, ou seja, ainda não se sabe se essa versão é a mesma que estará no álbum, mas já é algo para matarmos nossa curiosidade. 

Confira também a letra:


"Cicatriz" (Jorge Du Peixe/Dengue/Lúcio Maia/Pupillo)
Participação: Kassin (sinthy)

Quando fica a cicatriz
Fica difícil de esquecer

Visível marca de um riscado inesperado
pra lembrar o que lhe aconteceu
Visível marca de um riscado inesperado
pra lembrar e nunca mais esquecer

Fica bem desenhado só pra ser bem lembrado
risco do erro, mal visto, mal quisto e mal olhado
Quem vê vira logo a vista para o outro lado
(Não é sóu um sinal de quem passou por maus bocados)
Mas essa daqui, me traz uma boa lembrança
não preciso esconder
Mas essa daqui, me traz uma boa lembrança
não vou mais esquecer

Seja como for eu me lembrarei
Seja onde for não esquecerei

Cicatriz
quem vê nem diz
Que fizesse tudo isso por um triz
Cicatriz
Nem todo cuidado do mundo


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Arctic Monkeys e polêmica envolvendo David Bowie e a Escócia, tudo isso no Brit Awards



Ontem, 19 de fevereiro, foi noite de gala para a música britânica, com a cerimônia do Brit Awards, destinada, especialmente, aos artistas que mais fizeram sucesso em solo britânico no ano passado. A cerimônia foi marcada pela apresentação ao vivo da banda Arctic Monkeys, que levou pra casa o prêmio de melhor álbum do ano, com AM, tocando “R U Mine”, presente no disco premiado. Como não podia ser diferente, David Bowie também chamou atenção ao ser premiado como o melhor artista solo masculino, como já era de se esperar, levando em consideração o ano de 2013 e de ser um prêmio britânico. Mas o que realmente chamou a atenção foi o recebimento do Brit, que foi entregue a Kate Moss, vestida com a roupa original vestida por Ziggy, já que Bowie não estava presente na cerimônia. Mas no discurso de agradecimento enviado por Bowie e lido por Kate Moss, houve uma polêmica que ainda está rendendo nas redes sociais. Tudo isso porque, ao final do discurso, Bowie faz um pedido: “Scotland, please stay with us”. Contextualizando, essa frase vem num momento bastante decisivo na corrida para o plebiscito, marcado para o segundo semestre do ano, que irá decidir o destino da Escócia, ou seja, se permanece com o Reino Unido ou se conquista a independência total. Foi o bastante para surgir uma enxurrada de críticas, algumas bem duras, sobre a frase de Bowie, afirmando que ele não tinha o direito de se meter nesse assunto, já que é morador de Nova Iorque e não paga impostos na Escócia. Alguns até disseram: “fuck off back to Mars”. Quando o assunto é política, pode ser a celebridade que for, é melhor ficar de fora. Ou não.

Polêmicas à parte, fique com a apresentação de “R U Mine”, de Arctic Monkeys.  

Confira a lista dos vencedores da noite:

Vencedores:

Melhor artista solo masculino internacional: Bruno Mars
Melhor artista solo feminino: Ellie Goulding
Revelação: Bastille
Melhor grupo: Arctic Monkeys
Sucesso global (prêmio especial): One Direction
Melhor single: Rudimental e Ella Eyre - “Waiting all night”
Melhor artista solo masculino: David Bowie
Melhor vídeo: One Direction - “Best Song Ever”
Melhor álbum do ano: Arctic Monkeys - “AM”
Melhor artista solo feminino internacional: Lorde
Melhor grupo internacional: Daft Punk


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Eddie Vedder toca "Highway To Hell" com Bruce Springsteen, em Melbourne



A Austrália está passando nesses últimos meses por um momento bem agitado, recebendo shows de nomes como Arcade Fire, Pearl Jam, Bruce Springsteen, só para citar alguns. Pois bem, há pouco falamos da participação de Win Butler, do Arcade Fire, na música “Rockin’ In The Free World”, no show de Pearl Jam. Dessa vez, foi a vez de Eddie Vedder subiu ao palco de um dos seus mestres, Bruce Springsteen, para tocar a cover de AC/DC, em Melbourne. A prática de tocar em cada lugar uma música de algum artista local é bem característica de Bruce, que, vale sempre lembrar, abriu seus shows no ano passado aqui no Brasil com “Sociedade Alternativa”, do grande Raul. 



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Ouça o dueto de Karen O e Ezra Koenig, "The Moon Song", da Trilha Sonora de Her


Karen O, da banda Yeah Yeah Yeahs certamente é a personagem musical dessa semana, sendo uma das figuras centrais de dois dos duetos mais lindos dos últimos anos. O primeiro, objeto do post anterior, foi com o ex integrante da banda The Walkmen, Walter Martin, que fez o dueto “Sing To Me” com ela. Dessa vez, saiu uma versão de arrasar corações com a faixa da trilha sonora do belíssimo filme Her, de Spike Jonze, "The Moon Song", dessa vez tendo como parceiro musical Ezra Koenig, vocalista de Vampire Weekend. Confira e se emocione: 



Confira o dueto de Walter Martin, ex-Walkmen, e Karen O em "Sing To Me"



Quando a banda The Walkmen a banda estaria entrando em um hiato por um prazo indeterminado em novembro do ano passado, pouca gente imagina que seu desmembramento geraria algo tão frutífero quanto a própria banda. Mas, pelo menos segundo as primeiras estimativas, isso pode estar muito errado. O primeiro remanescente da banda já está pronto para lançar seu álbum solo e já deu uma pequena e grande amostra do trabalho. O multi instrumentista Walter Martin anunciou seu disco We’re All Together para o dia 13 de maio. Junto com a nota para a imprensa, ele ainda divulgou a faixa “Sing To Me”, um dueto com Karen O, da banda Yeah Yeah Yeahs. Sobre o disco, Martin falou na nota oficial que ele imaginou um disco que ele queria realmente ouvir, algo novo e original que capturasse a essência do rock antigo, “inocente, mas malicioso; romântico, mas divertido; e descaradamente doce”. E é tudo isso que “Sing To Me” aparenta ser. Uma surpresa agradabilíssima, que promete não ser a única, já que o líder do Walkmen, Leithauser está atualmente trabalhando no seu disco solo também, assim como Peter Matthew Bauer. Enquanto isso, aproveite a beleza de “Sing To Me”:




segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Resenha: Sun Kil Moon - Benji


Tem gente que possui um talento nato de transmitir algo profundo através da música. Sem dúvidas, uma dessas pessoas é Mark Kozelek, que atinge o pico em sua produção artística no sexto álbum sua banda Sun Kil Moon, chamado Benji. Kozelek já é um expoente importante do indie há mais de dez anos, inicialmente com sua banda Red House Painters, e sempre explorando o lado melancólico nas suas composições, umas basicamente acústicas, enquanto outras puxando mais pelo lado de Neil Young elétrico. Mas nada que se tente explicar aqui da trajetória de Mark Kozelek prepara o suficiente para o que é visto, ouvido e, principalmente, sentido, em Benji.  É um álbum que requer um alto nível de concentração, no qual para ser possível entrar completamente nele é preciso entender as letras e o que ele está falando. O resto, na maioria das vezes, é apenas o complemento servindo a um propósito maior.

Aos 47 anos, Kozelek entrou naquela fase da vida onde questionamos e filosofamos sobre a mortalidade, sobre nossa passagem por esse plano e, sobretudo, a fragilidade da nossa existência. No fundo, é disso que Benji trata, através de onze músicas onde praticamente em cada uma alguém morre. Com certeza Kozelek não foi o único que se debruçou sobre as visitas da morte, mas poucos dos que fizeram lograram de tanto êxito quanto Kozelek, com uma clareza de imagens, um distanciamento do mundo em sua voz, como um narrador totalmente impotente diante das perdas da vida, não importa se é algum parente próximo ou uma prima em segundo grau que não se conhecia direito, ou uma tragédia de grandes proporções; não importa. A morte sempre deixa um sentimento devastador por onde passa. A, então, mortalidade impregnada durante todo o álbum.




Benji inicia com “Carissa", da forma que irá continuar por algumas músicas, apenas Mozelek e seu violão, no maior estilo trovador. Mas, como em todas as faixas, o conteúdo é muito mais importante do que os arranjos e efeitos. Numa melodia linda, ele apresenta Carissa, prima em segundo grau, e evidencia a proximidade da morte mesmo no distanciamento familiar. Carissa morreu em um estranho acidente com fogo, diante de uma caixa de aerossol explodiu no lixo e já era. Daí Mozelek remete as imagens que tinha de Carissa, nas poucas vezes que a tinha visto, e começa vários e profundos questionamentos sobre as probabilidades e como a vida pode extinguir totalmente por um detalhe, por uma besteira, como, no caso, a pessoa ir tirar o lixo e explodir tudo. Por fim, Mozelek apenas quer dizer que mesmo sendo uma prima distante em segundo grau, não impede de fazer da vida dela poesia e ficar conhecida através dos mares. “She was only second cousin but that don't mean that I'm not here for her or that I wasn't meant to give her life poetry to make sure her name is known across every sea”. Lindo.

Como pode ser mais impactante do que isso? "I Can't Life Without My Mother’s Love" trata talvez do sentimento mais universal do mundo, o medo de viver num mundo onde não se encontra mais a mãe, o seu amor e o seu abraço. E a letra é simplesmente linda. Juntamente com um violão dedilhado, Mozelek imagina cenários dos mais absurdos e impossíveis e diz que antes viver assim do que viver sem o amor de sua mãe.  A morte continua presente em “Truck Driver”, dessa vez com o seu tio, morto pelo fogo no dia de seu aniversário.





Quando uma banda completa começa a tocar em "Dogs" é como uma chegada de alguém muito agradável, mas que estávamos tão atentos às histórias que estavam sendo contadas que acabamos esquecendo que não estava mais ali. Ela também introduz novos ares, menos emocionalmente carregadas, mas ainda com um tom confessional e até nostálgico de Mozelek, enquanto narra as suas primeiras mulheres, primeira namorada, primeiro amor, primeiro sexo. Desde Katy Kerlan, aos cinco anos, Patricia, e o presente Animals, do Pink Floyd, que os dois ficavam escutando “Dogs”. Entre todas as idas e vindas, encontros e desencontros, das mulheres em sua vida, Mozelek passa a filosofar de forma mais geral: “Get your own trash, the cycle's on and on. And nobody's right and nobody's wrong. All her shakes sometimes we were drawn. It's a complicated place, this planet we're on.”

Em “Pray for Newtown” a tragédia sai do plano individual e entra no coletivo, contanto a história de James Huberty que entrou no restaurante atirando em todo mundo, dentre várias outras, inclusive o caso do Batman no cinema e a tragédia do tiroteio em Newtown. When you're gonna get married and you're out shopping around, take a moment to think about the families that lost so much in Newtown."

Outro personagem é introduzido no universo de Mozelek, “Jim Wise”, um amigo de seu pai, mais um tocado pela tragédia em sua vida, enquanto está preso em regime domiciliar. A figura paterna é o principal no outro pronto alto de Benji, “I Love My Dad”, com a banda completa e mais animada que as outras, contando sobre as lições de vida do seu pai, às vezes duras demais, outras vezes fortes lições. “Life is short young man, get out there and make the best of it while you can”. As referências musicais, inclusive, estão por todo o álbum, como Pink Floyd, The Doors, Led Zeppelin, David Bowie, no meio das situações mais inusitadas, como na longa faixa “I Watched The Film The Song Remains The Same”, do Led, onde tocou mais neles as faixas mais calmas, como “The Rain Song”, “No Quarter”, e como era sua personalidade melancólica desde quando pequeno.  “I'll go to my grave with my melancholy and my ghost will echo my sentiments for all eternity”

A próxima faixa, “Richard Ramirez Died Today Of Natural Causes” meio que fala por si só, um assassino do sul da California, que viveu até os 83 anos. Mas o principal aqui é o achado de Mozelek de um recurso que chegará ao máximo na faixa final, um vocal sobreposto ao outro que fica muito interessante. “Micheline” é mais uma muito boa, contando histórias aparente independentes entre si, de Micheline, seu amigo Brett e a sua avó, mas conectadas pela linha trágica da morte.

Mas a cereja do bolo é, de fato, a faixa final, “Ben’s My Friend”, a mais diferente e destoante das demais, inclusive com uns arranjos maravilhosos de instrumentos de sopro e um ritmo meio hip hop. Aqui, aquele recurso de vozes sobrepostas se completa e fica um resultado magnífico. Enquanto o melhor das outras músicas eram as histórias e as letras, aqui é finalmente a sonoridade.

Benji é um álbum que faz você pensar na vida e na morte. Mozelek faz da sua viagem espiritual, sobre as pessoas que passaram pela sua vida, sobre suas experiências, uma jornada universal sobre uma das maiores angústias dos seres humanos: tentar racionalizar e compreender a morte, tentando lhe dar um significado. Ao fim, cada um decide se chegou a esse nível de compreensão ou não, mas esse não chega a ser o seu objetivo. Como disse em “Carisse”, ele só quer fazer disso um pouco de poesia e transmiti-la pelo mundo afora. Isso ele conseguiu. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Sean Lennon & Flaming Lips tocam "Lucy In The Sky With Diamons", no Letterman




O surrealismo natural de The Flaming Lips teve uma ajuda especial para levar ao palco de David Letterman a sua versão fantástica para “Lucy In The Sky With Diamons”,  em decorrência da "Beatles Week", em comemoração aos 50 anos da primeira aparição dos Beatles no Ed Sullivan. A ajuda veio de Sean Lennon, filho de John Lennon e Yoko Ono. Como era de se esperar vindo de Flaming Lips, uma apresentação cheia de luzes e efeitos especiais. Confira e viaje em mais um dos delírios de Wayne Coyne e companhia: 



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Win Butler se junta a Pearl Jam em "Rockin' In The Free World", na Austrália



Tanto Pearl Jam quanto Arcade Fire estão no momento em turnê pela Austrália pelo festival itinerante Big Day Out. A relação entre as bandas parece ter se estreitado. Recentemente, Win Butler se reuniu com Jeff Ament para uma partida de basquete. Como Pearl Jam adora levar ao palco artistas amigos para tocar alguma música juntos, não deu outra. Ontem, em Perth, na Austrália, Win Butler se juntou à banda para tocar a clássica cover do conterrâneo canadense Neil Young, “Rocking In The Free World”. Confira:


domingo, 2 de fevereiro de 2014

17 anos sem Chico Science



Em 2 de fevereiro de 1997, completando hoje dezessete anos, morria uma das maiores figuras da música brasileira, o pernambucano Francisco de Assis França, mais conhecido como Chico Sciense, o homem que revolucionou a música brasileira nos anos 90, liderando o último grande autêntico movimento musical, o Manguebeat. Para celebrarmos sua passagem e seu legado, deixo vocês com o show completo de Chico Sciense & Nação Zumbi no Cais da Alfândega, no Recife, em 1994, o ano no qual Pernambuco decolou de vez no mapa cultural não só do Brasil, mas do Mundo.

01 - Monólogo ao Pé do Ouvido
02 - Banditismo Por Uma Questão de Classe
03 - Antene-se
04 - Rios, Pontes e Overdrives
05 - Computadores Fazem Arte
06 - A Praieira
07 - Todos Estão Surdos
08 - Da Lama ao Caos
09 - Coco Dub (Afrociberdelia)
10 - A Cidade


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Arcade Fire Live @ Triple J Live Session



Arcade Fire começou a turnê mundial pela Austrália. Ontem, eles tocaram ao vivo na Rádio Triple J. Bem à vontade no estúdio, eles tocaram três faixas, duas do novo álbum Reflektor, “Normal Person”, menos pesada, numa versão acústica, bem como “Joan Of Arc”. A terceira faixa foi “My Body Is A Cage”, do terceiro disco da banda, Neon Bible, versão reformulada, tocada, digamos, na era reflexiva. Confira abaixo: 









quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Ouça o álbum surpresa de Willis Earl Beal, A Place That Doesn't Exist


Situações inusitadas e problemas surgem na carreira de um artista a todo momento e ele deve estar preparado para lidar com elas da forma mais rápida e sincera possível para os fãs. A mais recente turnê europeia de Willis Earl Beal foi cancelada por motivos desconhecidos, que Beal afirmou que a decisão não partiu dele. Bem, então, como forma de fazer as pazes com o público, Willis Earl Beal acaba de disponibilizar um álbum surpresa, chamado A Place That Doesn’t Exist e que está disponível grátis para stream no SoundCloud. Juntamente com as faixas, Beal publicou uma nota no qual explica a situação e fala do novo conjunto de músicas, afirmando que o nome é bem apropriado para ele, já que o atual lugar onde ele se encontra na cultura popular e na música não existe e ainda afirma que nós ainda não ouvimos o final ainda de Willis Earl Beal. Segue abaixo também a imagem da nota.






segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Resenha: Damien Jurado - Brothers and Sisters of the Eternal Son



Desde 2010, com o início da parceria com o produtor Richard Swift (do The Shins), a carreira de Damien Jurado deu um incontestável salto qualitativo, com o lançamento de dois álbuns de qualidade excepcional, St. Barlett, de 2010 e o maravilhoso Maraqopa, de 2012, sobretudo quando colocados lado a lado com alguns de seus trabalhos anteriores. Agora Jurado lança seu décimo primeiro trabalho de estúdio, chamado Brothers and Sisters of the Eternal Son, trabalhando mais uma vez com Swift e dando mais um capítulo a essa parceria que encaixou perfeitamente.

Para Brothers and Sisters of the Eternal Son, Jurado e Swift criam atmosferas quase transcendentais, estendendo ainda mais o campo sonoro de alcance que a dupla explorou nos trabalhos anteriores, criando músicas com pitadas de psicodelismo, arranjos barrocos e espirituais, produzindo talvez – não o melhor – mas o registro mais rico sonoramente. A faixa inicial “Magic Number” de imediato já se destaca com a voz honesta e características de Jurado, juntamente com arranjos muito interessantes, arranjos estes que continuam expandindo na faixa seguinte, o primeiro single “Silver Timothy” (uma das cinco que levam “Silver” no título, aparentemente sem nenhuma ligação uma com a outra). Ela começa calma, apenas com Jurado, seu violão e uma tímida batida, mas logo se transforma numa viagem transcendental de sintetizadores. As letras colaboram ainda mais para uma imagem misteriosa e sombria.





“Return To Maraqopa” parece, musicalmente, realmente um retorno ao disco anterior, que se encaixaria perfeitamente na sua tracklist, mas não apenas isso, já que ao mesmo tempo continua no escopo que Jurado quer explorar aqui. Um dos pontos fortes do disco, que é seguida imediatamente por outro, através da belíssima “Metallic Cloud”, digna de uma das melhores da carreira de Jurado, com uma crescente impressionante, chega a arrepiar.

“Jericho Road” mostra as fortes influências bíblicas de Jurado, com um vocal distorcido e mais intenso que o normal. Essas influências estão mais explícitas neste álbum, aparecendo em diversos momentos nas letras. A partir daqui começa a maratona das “Silver” em sequência, começando por “Silver Donna”, a mais longa do disco, um pouco mais de seis minutos, com um ritmo de percussão meio latino, meio caribenho, dançante. É uma das mais inesperadas e, ao mesmo tempo, interessantes, onde Jurado assume mais riscos por andar em territórios desconhecidos. Não fica claro no disco se há alguma correlação ou motivo específico pela escolha dos “Silver” e dos respectivos nomes próprios.




A partir daí, o clima entra no folk, com as restantes “Silver”, Malcom, Katherine e Joy, respectivamente, um pouco menos memoráveis que as anteriores.  Por fim, o disco se despede com uma agradável brisa de Beatles na faixa “Suns In Our Minds”. A parte final do disco é mais tranquila e pacífica do que primeira metade, cheia de viagens e tensões, sugerindo talvez que o protagonista chegou bem ao final da sua jornada espiritual. Para termos certeza, resta-nos esperar o próximo passo de Jurado, torcendo para que seja ainda com a mente alinhada com a de Richard Swift.

Em poucas palavras, Brothers and Sisters of The Eternal Son é o resultado natural de uma bem sucedida parceria, onde a presença de um, no caso, Swift, aumenta a autoconfiança do outro, Jurado, em potencializar, proporcionando os recursos necessários, e direcionar a sua criatividade a caminhos cada vez mais profundos.