segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
PJ Harvey - Let England Shake
A cantora inglesa PJ Harvey voltou no início deste ano com o álbum inédito Let England Shake, seguindo A Woman A Man Walked By, de 2009. A seu catálogo fala por si só e atesta a capacidade de PJ de buscar sempre novos caminhos, novas formas de encaixar sua música e sua poesia. Em Let England Shake, PJ Harvey, através de um som com tímidos instrumentos percussivos, criou um som com trabalhos muito interessantes de guitarra e outros arranjos musicais, com letras fortes, estranhas, sobre guerras e sua relação com o mundo e, sobretudo, a Inglaterra, que aqui se apresenta mais como uma personagem, interagindo e tendo papel fundamental nas letras, muito interessantes e poéticas, sempre um dos pontos fortes de PJ.
O álbum começa com a faixa título “Let England Shake”, um som bem gostoso, com pianos delicados contornando a música e a voz quase pueril de PJ Harvey, que vai crescendo com a música. “The Last Living Rose”, soa como um apelo de volta à “beautiful England”. “The Glorious Land” tem um divertido metal estilo militar nos arranjos, sendo a coisa mais interessante dessa faixa. “The Words That Maketh Murder” é uma forte música, com uma pesada letra de coisas vistas num campo de guerra, como um trauma forte de um ex-combatente, “i’ve seen and done things i want to forget”. “All and Everyone” é certamente uma das melhores do álbum, bela música, com ótima base de guitarra e letra sombria e a voz magníficia de PJ Harvey nos conduzindo pelas nuances da música.
“On The Battleship Hill” PJ Harvey soa quase como Enya, num vocal bem agudo, quase uma canção religiosa. Depois o violão fica mais rápido, vem as raízes mais folks, e PJ Harvey divide o vocal com uma voz masculina. “England” é uma melancólica balada romântica para o país, daquelas de separação ou briga conjugal, quando ela fala "you leave a taste, a bitter one". Bem interessante esse personagem criado para a Inglaterra, que permeia todo o álbum.
“In The Dark Places” e “Bitter Branches”, ambas sombrias, também apresentam interessantes letras e bases de guitarra. “Hanging In The Wire” é uma bela música, acompanhada ao piano e por um delicado backing vocal, com uma melodia muito bonita. Várias músicas são bem curtas, e nessas horas a gente bem que gostaria que ela tivesse esticado um pouco mais. “Written On The Forehead” é até engraçada, começa bem sombria, ai no refrão entra um ritmo bem reagge, inclusive no fundo sendo cantada alguma frase assim. “The Colour of The Earth” apresenta um dueto bem legal com Mick Harvey, integrante da banda. E se despede do álbum com “The Big Guns Called Me Back Again”.
Let England Shake mostra um trabalho quase conceitual, muito bem pensado nos detalhes e inclusive na sua aparente simplicidade. Um álbum que enriquece ainda mais a carreira dessa grande compositora inglesa.
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