terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Leonard Cohen - Old Ideas
Aos 77 anos, o gênio de Leonard Cohen permanece intacto. Pelo menos é o que prova Old Ideas, primeiro lançamento com faixas inéditas desde Dear Heather, de 2004. Old Ideas não fica devendo em nada aos grandes clássicos de Cohen da década de sessenta e setenta, como Songs Of Leonard Cohen, de 1968, Songs of Love And Hate, de 1971, ou New Skin for the Old Ceremony, de 1974. Aqui, as canções estão temperadas dos melhores ingredientes possíveis, exatamente na medida certa. Se são tão memoráveis quanto as presentes nos clássicos antigos, somente o tempo irá dizer.
Como já era de se esperar, a voz de Leonard Cohen e suas letras é que dão o charme principal ao trabalho, cada faixa mostrando um exímio trabalho de poeta e compositor. Tudo isso é claro no decorrer de todo o disco, mas o combo das quatro faixas iniciais é quase surreal, começando com “Going Home”, onde Cohen satiriza a si mesmo, falando na terceira pessoa, “I love to speak with Leonard, he's a sportsman and a shepherd, he's a lazy bastard, living in a suit”, ou então como ele trata a morte “going home to where is better than before, going home without the costumes that i wore”. No final ainda tem um belíssimo cântico feminino da Webb Sisters repetindo o refrão, recurso muito bem utilizado em Old Ideas.
“Amen” é outra obra de arte, digna de já figurar entre os seus clássicos. A voz de Cohen vai soando faixa a faixa cada vez melhor. Espiritualidade, amor, perda, mortalidade, são todos temas muitas vezes já abordados por Cohen, e, novamente, com muito destaque em Old Ideas, mas ele sempre vê uma nova perspectiva. “Tell me again When I’m clean and I’m sober When I’ve seen through the horror Tell me over and over Tell me that you love me then Amen…”, ou seja, a o amor e até mesmo o divino só pode ser aceito ou recebido depois de ter visto o pior, que ainda conta com belos arranjos e solos no decorrer dos seus mais de sete minutos.
“Show Me The Place” é quase uma prece sombria ao desconhecido e com o tom da voz de Cohen fica ainda mais latente. “Darkness”, por sua vez, é quase recitada, acompanhado por uma banda completa, tocando meio blues, com delicados solinhos de piano e teclado por trás, enquanto ele começa a narrar “I caught the darkness, It was drinking from your cup.I said is this contagious? You said just drink it up”.
Após essas músicas, já sabe que está se deparando com um trabalho muito especial e ele não baixa a guarda. “Anyhow”, meio jazz, chegamos a ter pena do narrador, com a voz mais depressiva e sem força possível de Cohen. “I know it really is a pity The way you treat me now I know you can’t forgive me But forgive me anyhow”. Se fosse para citar poderiar citar a letra toda aqui. “Crazy To Love You”, só Cohen e o violão, segue a veia romântica, apaixonando-se pela pessoa errada. “Come Healing” é a única que não tem a mesma força das outras, mesmo com seus belos momentos, entre os duetos de Cohen e Dana Glover.
“Banjo” pega mais um country blues estilo Hank Willams e novamente belos backing vocals femininos. “Lullaby” é outro pico do disco, com uma balada com solos de gaita e a letra com belíssimas imagens poéticas, “The wind in the trees Is talking in tongues”. E para fechar este trabalho “Different Sides” é outra belíssima canção, tomando como assunto as dualidades da vida, o certo e o errado, o espiritual e carnal.
É muito raro um artista e compositor manter um nível de qualidade por tantos anos, normalmente vai perdendo aos poucos o vigor, mas aqui Leonard Cohen parece mais renovado do que nunca, um ótimo álbum de um precioso gênio é o que sempre devemos esperar dele.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Jack White anuncia álbum solo - Escute primeiro single
Finalmente!!
É assim que começo esse post sobre o anúncio do primeiro álbum solo de Jack White, líder da banda White Stripes, uma das melhores da primeira década dos anos dois mil. Após a banda anunciar seu fim, em fevereiro de 2011, Jack White passou a fazer participações e parcerias com vários artistas e fundou tantas outras bandas, mais notáveis sendo The Dead Weather e The Racounters. Nenhum desses projetos chegou a empolgar muito ao mesmo tempo que White nunca tinha parado para se dedicar somente a ele mesmo, apesar de nunca ter ficado inativo criativamente.
E exatamente por causa dessa intensa atividade criativa, um álbum solo de Jack White parecia inevitável, desde 2011. Eis que ele acaba de anunciar o lançamento de Blunderbuss, seu primeiro álbum solo. Jack White justificou que Blunderbuss é um álbum que ele não poderia ter lançado, até agora. Ele diz que tinha desistido de colocar discos com o nome dele há algum tempo, mas que essas músicas só poderiam ser lançadas somente com o nome dele. Elas saíram dele mesmo e não tem a ver com nada ou ninguém, a não ser sua própria expressão.
O álbum será lançado no dia 24 de abril e foi liberado a música do primeiro single, "Love Interruption". A faixa é meio country, com alguma cantora ainda indefinida, acústica e hipnotizante Confira!
sábado, 28 de janeiro de 2012
Cloud Nothings - Attack On Memory
Cloud Nothings tem tudo para ser uma das revelações do ano, com o lançamento do seu terceiro álbum, Attack On Memory. O trabalho da banda, comandada por Dylan Baldi e que é a mente por trás do Cloud Nothings, tem chamado atenção pela intensidade e variedade, com um som forte, cru e ao mesmo tempo variado. Dylan Baldi começou gravando ele mesmo algumas músicas, as quais foram para o álbum de estréia Turning On, de 2009, no próprio computador em sua casa. Em 2010, lançou um álbum homônimo, Cloud Nothings, e agora eles, no plural, como uma banda, chegam com o terceiro com muita moral, com Attack On Memory, produzido por Steve Albini, que já trabalhou com Pixies, Nirvana, PJ Harvey, etc.
Attack On Memory é um álbum curto, com apenas oito músicas, em pouco mais de meia hora, por letras um tanto simples, mas todas envolvidas por um clima sombrio e depressivo. O próprio Dylan, em entrevista a Pitchfork, disse que não quis fazer um álbum maior, pois se não seria muita depressão em pouco tempo. Mas não é aquela depressão molenga não, é muita porrada, raiva, revolta. Nessa mesma entrevista ele explica o papel de Albini na produção do álbum. Ao contrário de Stephen Malkmus, que elogiou o papel ativo de Beck na produção de Mirror Traffic, Dylan falou que Albini simplesmente ligou os equipamentos e deixou a banda tocar, ficou o tempo inteiro jogando palavras cruzadas no Facebook e que se perguntassem a ele agora como era o som da banda, ele provavelmente não saberia. Mas isso não tira o mérito dele. Alguns produtores só precisam assinar sua marca registrada no trabalho. E Attack On Memory tem o mesmo ambiente que as produções anteriores de Albini, sobretudo In Utero, do Nirvana, como uma bateria mais limpa e clara, simplesmente colocar uma banda junta para tocar, e gravar.
E o álbum começa de forma magistral e de tirar o fôlego. Já dá a impressão de o que vier depois disso é lucro. “No FutureNo Past”, A letra simples, desesperançada, repetida várias vezes, vai começando lenta e vai aumentando gradativamente até explodir em desespero e barulho, e Dylan clamando o fim gritando sem futuro sem passado. Depois a coisa mantém nesse nível com “Wasted Days”, lembrando os tempos do grunge, só que ela chega quase aos nove minutos e na metade eles começam com uma Jam sensacional, quando achamos que vai ficar nisso até o final, a voz de Dylan Baldi aparece no limite estourando tudo ainda mais um pouco, gritando “i thought i would be more than this!”
Depois desse combo inicial, o álbum puxa mais para a veia punk, lembrando Male Bonding, porém sem o vocal melódico, com músicas curtas e de certa forma com estrutura mais pop, como são os casos de “Fall In” e “Stay Useless”.
“Separation” é uma faixa instrumental que abre caminho para o outro grande destaque do álbum, “No Sentiment”, com letra cética muito boa, voltando para o momento grunge, com muita guitarra e bateria muito pesada. “no nostalgia, no sentiment, we’re over it now, and we were over it then”. “Our Plans”, com um refrão muito bom e letra sobre um romance sem esperança e “Cut You”, puxando um pouco pro shoegaze/punk/pop e com letra bem interessante “i miss you cause i like damage, i need something i can hurt”, finalizam o álbum.
Attack On Memory pode ser ao mesmo tempo o terceiro ou o primeiro álbum de Cloud Nothings, você escolhe. Nos dois primeiros, era somente Dylan Baldi gravando umas músicas, colocando idéias aqui e ali. Dessa vez ele está com uma banda completa e melhor do que nunca. Attack On Memory é focado, é forte, é verdadeiro.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Wilco - Dawned On Me, estrelando Popai e Cia
Wilco lançou um vídeo para a música “Dawned On Me” do The Whole Love, lançado no ano passado. O clip é um desenho com a banda tocando e a eterna e divertidíssima disputa de Popai, Brutus e Olívia Palito. Até Jeff Tweedy entra na jogada, dançando com Olívia, que arrasa corações. Impagável. Não podia faltar a cena do espinafre, nessa ocasião especial da marca Wilco. Não vou contar, mas Popai se lasca no final. Confira abaixo o vídeo:
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Download Pearl Jam South America Tour 2011
Apesar de usar bastante, não sou muito de postar links para downloads aqui no blog, mas esses aqui merecem. Irei colocar links para baixar a turnê Sul Americana e da América Central de Pearl Jam de 2011. Ainda não tem todos disponíveis, mas de acordo com que for saindo irei colocando os links aqui.
11/03/11: Morumbi Stadium, São Paulo, Brazil
11/04/11: Morumbi Stadium, São Paulo, Brazil (Parte I & Parte II)
11/06/11: Apoteose, Rio De Janeiro, Brazil (Parte I & Parte II)
11/09/11: Estadio Parana do Clube, Curitiba, Brazil (Parte I & Parte II)
11/11/11: Zequinha, Porto Alegre, Brazil
11/13/11: Estadio Unico La Plata, Buenos Aires, Argentina (Parte I & Parte II)
11/16/11: Estadio Monumental, Santiago, Chile (Parte I & Parte II)
11/18/11: Estadio San Marcos, Lima, Peru
11/20/11: Estadio Nacional, San Jose, Costa Rica
11/24/11: Foro Sol, Mexico City, Mexico
Agora é só esperar pela próxima turnê!
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Abença Mãe: Adeus a Etta James
O mundo perde hoje uma das grandes Divas da música. Etta James, juntamente com Billie Holiday e Nina Sinome, levaram o blues e jazz a patamares divinos. E hoje, 20 de janeiro, Etta se juntará à companhia das últimas duas no além, aos 73 anos.
Etta James gravou dois grandes álbuns clássicos do jazz e do blues, At Last, o maior sucesso dela, de 1960, com músicas inesquecíveis, como “My Dearest Darling”, “Anything To Say You’re Mine”, “Sunday Kind Of Love”, “Trust In Me” e, claro, “At Last”.
Outro disco que cravou mais uma vez Etta James na história, foi Tell Mama, de 1968, que tem a faixa de mesmo nome e a também clássica “I’d Rather Go Blind”.
Após conquistar um sucesso inimaginável, ela sucumbiu ao vício em drogas, que quase acabou com sua carreira. Voltou aos palcos nos anos 80 e passou a ter problemas com o peso, tendo que fazer alguns shows em cadeira de rodas. Nos anos 2000, ela fez uma cirurgia que chegou a perder vários quilos.
Conseguiu conquistar sucesso ainda nos últimos anos de sua carreira, com os álbuns Let’s Roll, de 2003 e Blues to the Bone, de 2004. Sua despedida em forma de música faz pouco tempo, em 2011, com o lançamento de seu último álbum, The Dreamer, já com a saúde bem precária, principalmente decorrente do nível avançado de leucemia e problemas nos rins.
Resta-nos então o legado deixado por essa maravilhosa voz, que certamente permanecerá intocável nas páginas da história.
Guided By Voices - Let's Go Eat The Factory
Em 2004, o líder de Guided By Voices, Robert Pollard, anunciou a separação da banda, lançou o até então álbum o álbum definitivo, Half Smiles of the Decomposed, e fez a turnê de despedida. Nada como o episódio de 1996, quando ele despediu todos os integrantes da banda, a chamada formação clássica do Guided By Voices, entre 1993-96, já que nesses últimos anos a banda se resumia ao gênio de Pollard. Em 2010, essa formação se juntou novamente para um show em comemoração de aniversário da Matador Records, eles tomaram gosto e fizeram uma turnê. Como uma coisa leva a outra, eles começaram a gravar e trabalhar em novos materiais e aqui está Let’s Go Eat The Factory.
Muita guitarra como sempre nesse álbum novo de Guided By Voices. Mais uma vez a produção quase precária do quarto de gravação de Pollard e também mantém o estilo de músicas curtas e diretas e entre elas algumas experimentações, inclusive o fato que nunca me fez gostar tanto de Guided By Voices como eles mereciam. A primeira música “Laundry And Lasers” é muito boa e empolga logo de início. A maioria não chega nem na faixa dos dois minutos, o que faz com que em vários momentos, quando a música começa a crescer, ela acaba. Let’s Go Eat the Factory tem vinte e uma músicas, com duração de quarenta e um minutos e olhe que não é nem o mais curto da carreira da banda (Bee Thousend tem vinte faixas e trinta e seis minutos).
Mesmo assim o álbum tem destaques interessantes, como “Doughnut for a Snowman”, “Hang Mr. Kite” que tem um toque dos Beatles e até orquestrada. “Imperial Racehorsing” tem bons solos de guitarra e batida bem marcada, muito boa também. “Waves” lembra bastante Teenage Fanclub, com a guitarra alta e o vocal melódico. Despede-se do álbum com qualidade, “We Won't Apologize for the Human Race”.
Let’s Go Eat The Factory é mais um álbum para celebrar a volta de uma boa banda, fazendo uma seleção dos melhores momentos, dá músicas bem boas. E já que esses caras estão juntos, ainda tem muito mais pra sair deles.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Nada Surf - The Stars Are Indifferent to the Astronomy
Em 1996, Nada Surf estourou no mundo com o hit “Popular”, que marcou o início de carreira da banda. Até 2002, com o lançamento do álbum Let Go, Nada Surf muitas vezes foi tratada com suspeita e com a alcunha de “banda de um hit só”. Let Go acabou, um álbum de rock/pop muito bem feito e conciso, acabou com as desconfianças e fez a banda voltar às paradas. A partir de então, a carreira de Nada Surf manteve uma constância, com o lançamento de The Weight Is A Gift, em 2005 e Lucky, em 2008. Depois de quatro anos, a banda finalmente lança um material completo de músicas inéditas, o The Stars Are Indifferent to the Astronomy, já que If I Had a Hi-Fi, de 2010, foi um álbum todo de covers.
Em The Stars..., Nada Surf mantém o seu estilo e ainda o incrementa com uma pegada mais forte, como já fica claro na faixa de abertura “Clear Eye Clouded Mind”. Praticamente todo álbum do Nada Surf tem aquela música feita para ser o carro chefe, o sucesso. “Waiting For Something” faz esse papel muito bem feito, um rock/pop com um refrão fácil e pegajoso. “When I Was Young” é o ponto alto do disco, começa como uma balada no violão e cresce com um refrão bem interessante, quase como um trava língua.
O restante do álbum mantém um nível legal, com músicas fiéis ao seu estilo, como “Jules And Jim” e “The Moon Is Calling”, dentre outras. Mais algumas que chamam atenção como destaques são “Let the Fight Do the Fighting”, mais melódica e calma, com um refrão bem bonito e “No Snow on the Mountain”, uma pegada num ritmo mais diferente, bem empolgante.
The Stars Are Indifferent to the Astronomy é a prova de que nem tudo precisa abalar as estruturas da música para ser bom. Às vezes o simples e o pop também satisfazem.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Stream do novo álbum do Cloud Nothings, Attack on Memory
O novo álbum do Cloud Nothings, Attack on Memory, produzido por Steve Albini, famoso por trabalhar com lendas do rock como Pixies, Nirvana, PJ Harvey e Stooges, está sendo transmitido agora através do site Complex. A primeira impressão é muito boa, sobretudo para a faixa de abertura “No Future No Past”. As demais impressões eu deixarei na resenha do álbum, que até agora está com certeza merecendo. Muita lapada e muito barulho também. Confira abaixo o streaming:
Cloud Nothings - Attack On Memory by Carpark Records
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Arcade Fire Live @ Austin City Limits
Arcade Fire foi a banda convidada do episódio deste final de semana do Austin City Limits, que está sendo transmitido pela internet na íntegra até o dia 11 de fevereiro pelo site PBS. No final ainda tem uma pequena entrevista onde eles falam o que fazem para relaxar e seus hobbies preferidos, dentre cozinhar, jardinagem e basquete. Confira a apresentação até os vinte minutos abaixo, segue também o setlist completo (a apresentação completa no site da PBS, no link acima):
1. Ready To Start
2. Keep The Car Running
3. Haiti
4. Rococo
5. The Suburbs
6. Month Of May
7. Rebellion (Lies)
8. Wake Up
9. Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)
Watch Arcade Fire on PBS. See more from Austin City Limits.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Spiritualized - Live @ Other Voices
Comentei aqui que estava esperando ansiosamente o novo álbum do Spiritualized, Sweet Heart Sweet Light, que vai sair em março. No entanto, e para o meu deleite, fui procurar rapidamente no youtube, Pitchfork sobre notícias ou se tinha vazado alguma música, e me deparei com esse pequeno show do dia 04/12/11, onde eles apresentam pela primeira vez algumas das músicas que estão no tracklist do Sweet Heart Sweet Light.
São aproximadamente uma hora de pura beleza em música, típido de Spiritualized, o que solidifica ainda mais uma das bandas que mais gostaria de assistir ao vivo, juntamente com Arcade Fire, The Flaming Lips, Wilco e Super Furry Animals (Pearl Jam eu já assisti!).
E começa logo com uma inédita de tirar o fôlego. Foi a primeira música de 2012 que me deixou sem ar. “Hey Jane” tem tudo de incrível. Tem uma pegada firme e uma intensidade com o vocal de Jason Pierce, além de uns backing vocals bem gospel. A faixa tem dimensões épicas, beirando a casa dos dez minutos, assim como aparentemente várias desse novo trabalho, no melhor do estilo do Dream, Noise e Space Rock, com várias pitadas de psicodelia.
A segunda que eles tocaram foi a já conhecida “Cheapster”, do álbum Amazing Grace, de 2003, mostrando que a pessoa espiritualizada também tem seus momentos lapada. Depois ele mandaram outra inédita “Mary”, mais um belo tratado em forma de música, com seu começo calmo e solene, no piano, enquanto ela vai crescendo a cada minuto. O clímax é no refrão, onde a música ganha várias camadas, cada membro da banda trabalhando de forma diferente e solta, mas que, juntas, formam uma unidade incrível. Bem típico de Jason Pierce. No final, após uma viagem de num sei quantos mil anos luz, a música quebra igual ao seu começo, bem lentinha, como que pra colocar os nervos de volta ao lugar.
“Rated X”, também de Amazing Grace abre caminho para outra inédita “Little Girl”, talvez a mais convencional das novas músicas apresentadas. Concisa, “curta” e com suas partes bem definidas, o que faz de Spiritualized uma grande banda tanto nas mais pop quanto nas mais experimentais. “So Long You Pretty Things” é mais uma do Sweet Heart Sweet Light e mais uma incrível, também cheia de viagens e texturas.
Eles finalizam a pequena apresentação com “Take Me To The Other Side”. No final dá pra ter certeza que Sweet Heart Sweet Light terá uma viagem intensa e especial para cada uma das dez faixas.
“Hey Jane”
“Cheapster”
“Mary”
“Rated X”
“Little Girl”
“So Long You Pretty Things”
“Take Me To The Other Side”
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Ouça o Primeiro Single de The Shins
Quase cinco anos se passaram do último lançamento de The Shins, Wincing The Night Away, de 2007. Agora eles estão de volta com o álbum chamado Port Of Morrow. Nos tempos de hoje, principalmente na era da internet, cinco anos é suficiente para mudar muita coisa no cenário musical e muitas vezes uma banda que passa um hiato desses sem lançar nada novo, não consegue retomar o posto que antes detinha. Parece que isso não irá se aplicar com The Shins, pois o primeiro single de Port of Morrow, “Simple Song”, é muito bom! Muito bem produzida, a música é tudo, menos simples. Confira:
Port of Morrow será lançado em 20 de março.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Abença Pai: Paul McCartney - Kisses on The Bottom
O nome Paul McCartney está marcado na história da música como um dos membros do histórico grupo The Beatles, como todos já sabem. As suas composições e de John Lennon marcaram e continuam a marcar as gerações. Com o fim dos Beatles, em 1970, cada um foi para o seu lado e Paul McCartney acabou por ter a carreira solo mais longa e talvez mais bem sucedida dentre os Beatles, apesar de achar a de John Lennon mais rica, que infelizmente acabou interrompida tragicamente. De qualquer forma, é de sua carreira como artista solo que tem grandes álbuns como Ram, Band on The Run, e, para citar um mais recente, Chaos and Creation in the Backyard, de 2005.
Kisses on The Bottom, seu mais novo trabalho, soa como um disco dos anos cinqüenta e não de um dos maiores compositores de rock todos os tempos. Dá pra ouvir até uns chiados de disco antigo. Mas isso não é um fator negativo. O álbum, como disse o próprio Paul várias vezes, é muito pessoal, uma jornada através das músicas clássicas americanas, principalmente do jazz e alguns blues, que de alguma forma inspiraram Paul como compositor. Algumas delas ele ouvia enquanto criança, com seu pai tocando ao piano. Há apenas duas faixas de composição de Paul. É um álbum ousado e que várias pessoas mais conservadoras não irão curtir por não ser um “rock album”. Paul McCartney esteve pensando em fazer algo assim há mais de vinte anos e acabou por decidir que se não o fizesse agora, não o faria nunca.
O nome (Kisses on The Bottom) criou certa polêmica, por ser traduzido como “beijo no traseiro”, mas quando se vê a letra de “I'm Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter”, se vê que os beijos são no fundo da carta, como beijos de despedida. Ela, inclusive, interpretada por inúmeros nomes da música, dentre eles Frank Sinatra, é a típica faixa de abertura perfeita para um álbum assim. Jazz puro. Já apresenta o ouvinte ao clima suave e confortável que estará presente no decorrer de suas 14 faixas. Não há melhor descrição do que a do próprio Paul “É um álbum que você escuta em casa depois do trabalho, com uma taça de vinho ou uma xícara de chá“.
“Home (When Shadows Fall)” é uma bela balada, bem orquestrada e acompanhada toda no piano, junto com uns solos delicados no violão. O vocal de Paul McCartney está cada vez mais delicado, cada verso mais suave que o outro. Nem todas as músicas, porém, tem a mesma força das outras, até por ser um álbum relativamente com muitas músicas. Mas com certeza cada uma delas tem sua própria história com Paul e é por isso que estão lá, doa a quem doer. Mas todas tem sua parcela de prazer. “Its Only a Paper Moon” é bem mais simpática e alegre que as outras, com solos e assovios divertidos pela durante a faixa.
“The Glory of Love”, uma das mais clássicas do disco, tem sua dignidade preservada nessa versão. Começa só com o baixo, mas aos poucos vai entrando toda a banda. Todos os arranjos muito bem pensados e postos no momento certo. “Ac-Cent-Tchu-Ate the Positive” e “We Three (My Echo, My Shadow and Me)” são dois outros belos momentos de músicas muito bem tocadas e arranjadas.
“My Valentine”, composição do Paul McCartney e com participação de Eric Clapton, é simplesmente linda. A melodia é tocante, e os solos no violão fazem você fechar os olhos e viajar. “My Very Good Friend the Milkman “ também é bem animada e “Get Yourself a Better Fool”, blues com belos solos de guitarra. “The Inch Worm” tem a participação de Diana Krall e “Only Our Hearts” mostra uma parceria de Paul com Stevie Wonder.
Não é um álbum de rock, nem de jazz, nem de blues. É o álbum de um amante da música prestando homenagem aos seus mestres. É um testamento do passado, que, através de seu legado, transborda de cada uma das músicas. Belo e singelo. Boa jogada, Paul.
domingo, 8 de janeiro de 2012
Mitos: David Bowie - Heroes
Hoje, 8 de janeiro, marca o dia de aniversário do deus David Bowie. Em 1947, nascia David Robert Jones, em Brixton, Inglaterra, para mudar a face da música para sempre. Como ele já se encontra sentado no seu trono, no Panteão dos Deuses, minha homenagem pelo dia de hoje será contando um de seus inúmeros Mitos.
São tantas músicas clássicas, que fica difícil escolher apenas uma. Mas, como tem que escolher, falarei de “Heroes”, uma de suas mais conhecidas músicas. Composta em parceria com Brian Eno, ela faz parte do álbum de mesmo nome, o segundo da chamada trilogia de Berlin, um dos períodos mais produtivos de Bowie. A letra, emocionante, foi inspirada quando David Bowie viu Tony Visconti beijando Antonia Mass, uma vocalista alemã, “by the wall”. Bowie havia dito que teria sido inspirada por um casal anônimo, mas o próprio Tony, anos depois, disse que ele falou isso para protege-lo, pois na época era casado com Mary Hopkin.
A música é incrível. Tem todo um clima de tensão e a forma como David Bowie canta é de arrepiar, principalmente pela letra, como um casal separados pelo Muro de Berlin, sendo um da Alemanha Ocidental, outro da Oriental. Um solo de guitarra simples acompanha em diversos momentos da música. E no final quando Bowie de fato solta toda sua voz é coisa pouco vista no mundo da música.
“Heroes” então se tornou uma das canções mais características da carreira de David Bowie, sendo a segunda de suas músicas que tem mais versões tocadas por outras pessoas.
Heroes Lyrics
I
I will be king
And you
You will be queen
Though nothing will
Drive them away
We can beat them
Just for one day
We can be Heroes
Just for one day
And you
You can be mean
And I
I'll drink all the time
'Cause we're lovers
And that is a fact
Yes we're lovers
And that is that
Though nothing
Will keep us together
We could steal time
Just for one day
We can be Heroes
For ever and ever
What d'you say
I
I wish you could swim
Like the dolphins
Like dolphins can swim
Though nothing
Will keep us together
We can beat them
For ever and ever
Oh we can be Heroes
Just for one day
I
I will be king
And you
You will be queen
Though nothing
Will drive them away
We can be Heroes
Just for one day
We can be us
Just for one day
I
I can remember
Standing
By the wall
And the guns
Shot above our heads
And we kissed
As though nothing could fall
And the shame
Was on the other side
Oh we can beat them
For ever and ever
Then we can be Heroes
Just for one day
We can be Heroes
We can be Heroes
We can be Heroes
Just for one day
We can be Heroes
We're nothing
And nothing will help us
Maybe we're lying
Then you better not stay
But we could be safer
Just for one day
Feliz Aniversário David Robert Jones, e obrigado.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Siba - Avante
O compositor pernambucano Siba é conhecido por suas criações regionais, mesclando sons da cultura nordestina em vários estilos, desde maracatu, ciranda, frevo, etc. Desde a separação do Mestre Ambrósio, Siba já lançou alguns álbuns como artista solo, um deles de grande destaque, como Siba e a Fuloresta, chamado Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar, de 2008.
A capa do álbum já demonstra alguma mudança no direcionamento, com Siba carregando uma guitarra e tudo começa quando um guitarrista é o produtor do disco, Fernando Catatau. Segundo Siba, inclusive, Catatau foi uma das referências para a composição de Avante no instrumento. De fato, o som presente em Avante é bem mais universal do que seus trabalhos anteriores. Mas isso não quer dizer que ele deixou as raízes de lado, sua poesia está mais lírica e nordestina do que nunca, com aquele sotaque pernambucano inconfundível, como em “Cantando Ciranda na Beira do Mar”.
“Ariana”, talvez a melhor faixa, é uma singela música, com uma poesia romântica incrível, cheia de imagens inesperadas e belas. Já “A Bagaceira” contém elementos eletrônicos e a letra é sensacional, a ébria jornada de um folião no Carnaval. Hilária.
Há vários elementos de diversos estilos, sobretudo do rock, brega dos anos 70 e inclusive música africana, tudo com muita guitarra. Isso deixa clara a natureza do grande artista, que sempre continua a experimentar novos sons e caminhos, nunca se aquietando, em busca de novos horizontes. No ano passado, Lirinha já o fez, com o lançamento de Lira. Lirinha, inclusive, faz participação especial em Avante, recitando uns versos junto com Siba na faixa “Um Verso Preso”.
Pode encontrar Avante para baixar aqui no blog Baixa Funda. Abaixo também segue um pequeno teaser do disco.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Mitos: The Flaming Lips - I Am The Warlus
Alguns dos novos artistas sempre pagam tributo às suas inspirações. Várias grandes músicas já foram tocadas e retocadas dessa forma. Alguns preferem o mais seguro e apenas refaz a música igual à original. Outros vão além. Pegam a original e jogam novas idéias inspiradas pelos próprios criadores, um upgrade da música.
É, por exemplo, o que The Flaming Lips fizeram com “I Am The Warlus”, dos Beatles. Eles pegaram as idéias dos próprios Beatles e a atualizaram e praticamente refizeram a música. O cuidado com os detalhes fica claro em cada momento. Ficou incrível. Wayne e suas loucuras. Genial. Confira abaixo:
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Previsões 2012.1
2011 acabou e se foi com a certeza de dever cumprido, deixando um legado musical bem interessante nesses doze meses que se passaram. Agora 2012 se inicia e já ficamos atentos para o que há de acontecer, inclusive já podemos antecipar com ansiedade alguns dos lançamentos previstos para os próximos meses. Fora as novidades, que chegam para nós completamente inesperadas, fiz uma pequena lista de álbuns que já tem data para sair. Este site tem uma extensa lista, que daí eu retirei alguns nomes mais interessantes, são eles:
Nada Surf – The Stars Are Indifferent to Astronomy (24 de janeiro)
Of Montreal – Paraytic Stalks (7 de fevereiro)
Boa banda cujo potencial está sendo desperdiçado com umas viagens eletrônicas dos últimos trabalhos. Mas de qualquer forma, vamos esperar para ver o que eles irão aprontar dessa vez.
MARK LANEGAN – BLUES FUNERAL (7 de fevereiro)
Já estava na hora de Mark Lanegan dar um tempo nos projetos paralelos e voltar as atenções para a carreira solo. Blues Funeral será o sucessor do ótimo Bubblegum.
SPIRITUALIZED – SWEET HEART SWEET LIGHT (19 de março)
Um dos lançamentos mais aguardados por mim, fã dessa incrível banda, cujos trabalhos já vem com o carimbo de qualidade atestada. Sweet Hear Sweet Light será a sequência de Songs In A&E, de 2008. Que também o seja na qualidade e beleza!
Lee Ranaldo – Between The Times & The Tides (20 de março)
Em meio aos rumores do fim do Sonic Youth, Lee Ranaldo segue o exemplo do (ex)companheiro de banda, Thurston Moore, e irá lançar mais um álbum solo. Ficaremos de olho.
Estes são os que já estão com datas de lançamento marcadas, mas há também os que ainda falta ser anunciado ou que é apenas rumores, dentre esses os mais esperados são:
Franz Ferdinand – (título ainda a ser anunciado)
Muse – (provavelmente outono de 2012)
Uma das bandas mais interessante da década passada, Muse se prepara para lançar seu sexto disco de estúdio, sucessor de The Resistence, de 2009. Vamos torcer para que mantenha o nível de qualidade dos trabalhos passados.
Cat Power – (título ainda a ser anunciado)
A grande musa do rock alternativo, Cat Power marca o retorno para aproximadamente a metade do ano. Enquanto ainda não há maiores informações sobre o novo álbum, sem título e ainda sem data de lançamento, Cat Power regravou King Rides By, música já presente num de seus álbuns anteriores. A nova versão ficou bem interessante, mas ainda não se sabe se estará no álbum ou não.
Veremos no fim de 2012 se todos cumpriram suas promessas!
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