quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Alice in Chains ao vivo no SWU 2011



Talvez a atração mais esperada do festival SWU foi Alice In Chains, uma das maiores bandas dos anos noventa, da fase grunge de Seattle. Muitas brigas e tensões decorrentes da dependência de drogas do vocalista Layne Staley, fizeram a banda chegar a um fim não anunciado no final dos anos noventa. A tragédia de fato aconteceu anos mais tarde, em 2002, com a morte por overdose de Layne. Jerry Cantrell se dedicou a carreira solo até que em 2004 começou rumores do retorno de Alice In Chains, o que de fato aconteceu, com William DuVall substituindo o insubstituível. Talvez seja por isso que é tão complicado falar de um show de Alice In Chains nos dias de hoje. Mesmo Cantrell sendo a mente da banda, como principal compositor, a química e o estilo do vocal de Layne é único. Era a alma do Alice In Chains. Substituiu por um bom vocalista, tecnicamente. Mas não tem a alma de Layne. Enfim, polêmicas a parte, vamos ao show. Setlist impecável.



Detonaram logo tudo com a seqüência inicial de “Them Bones” e “Dam That River”, “Rain When I Die” e “Again” com o público ensandecido pulando sem parar. DuVall pareceu ter alguns problemas de som com o microfone na primeira música, mas conseguiu tirar de letra. Em músicas assim mais características do vocal de Layne, vemos que DuVall é esforçado, é um bom e carismático vocalista. Mas, novamente, há algo faltando. Em alguns momentos parece que estamos ouvindo uma banda cover de Alice In Chains, que toca muito, muito bem. O legal é que ele tem personalidade, não se intimida por estar substituindo uma das lendas de uma geração, ele tem postura de palco, interage ele mesmo com o público, como no “estamos muito felices de estar aqui, finalmente,” bem encaixado e à vontade. Junto com os clássicos, eles misturaram muito também com músicas do Black Gives Way to Blue, de 2009, único lançado com a formação que tocou no show. Confesso que não havia escutado nenhuma deste trabalho e me surpreendeu a reação do público. Mesmo com as músicas mais desconhecidas, eles não deixaram o ritmo cair. Só “Your Decision” que achei um pouco chatinha. Mas o principal é que isso também mostra personalidade, coragem e vontade artística de fugir da zona de conforto, criar algo novo e não apenas ficar sobrevivendo de glórias passadas.

Mas não importa, o que a galera de festival quer mesmo são os clássicos e eles colocaram as novas no meio das antigas. Após a sequência arrasadora de “Got Me Wrong” e “We Die Young”, tocaram a recente “Last of My Kind”, que depois soltaram “Down in a Hole” e "Nutshell”, esta dedicada especialmente a Layne Staley e Mike Starr. “Nutshell” e “Rooster” são os momentos que a gente mais sente falta da voz de Layne. O solo de Cantrell no final ficou incrível. Desse jeito o ritmo não cai em momento nenhum.

E de fato não caiu. Mais: a parte final do show foi irretocável. Se eu que vi pela TV achei isso, imagina quem de fato estava lá no meio do público. Inesquecível. A seqüência final fala por si só, começando com “Man In The Box”, para delírio geral, seguiu simplesmente com “Rooster” e “No Excuses”, para terminar com o clássico máximo de “Would?”.

Show memorável de uma banda de coragem que tenta sobreviver à perda de um integrante essencial para o seu DNA. Em alguns momentos parece conseguir, em outros não. Mas no geral pode-se dizer com certeza que ainda vale a pena ver Alice in Chains ao vivo.


Um comentário:

  1. de fato eu teria ido se layne estivesse vivo... é uma das minhas bandas preferidas, mas nunca ouvi o cd novo... não gosto dessas "substituições"... alice in chains é alice in chains só com layne :(

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