quinta-feira, 13 de outubro de 2011

WU LYF - Go Tell Fire to the Mountain


A banda WU LYF é uma misteriosa banda de Manchester, Inglaterra, que fez sua estréia em 2011 com o álbum Go Tell Fire to the Mountain. Tudo em relação a banda é envolvido por mistérios. Inclusive o próprio nome, que pode ser a abreviação de “World Unite! Lucifer Youth Foundation” ou “World Unite Loves you Forever”, descrita no website como uma organização sem fins lucrativos para as concretas verdades incondicionais da juventude. No site, fotos com clima religioso e somente uma do que seria a banda, um grupo de jovens cobertos por fumaças coloridas. Eles não fazem entrevista e já deletaram a sua página do Wikipédia várias vezes. Eles fazem um som que se autodenominam Heavy pop, que acaba se aproximando um pouco de Wolf Parede, Modest Mouse e Arcade Fire. Todos esses mistérios fizeram com que fosse uma das bandas mais aguardadas do ano. E finalmente “Go Tell Fire to the Mountain” (belo nome) viu a luz do dia.
Após várias tentativas para o melhor local para produção do álbum, WU LYF finalmente se fincou numa igreja abandonada e se auto produziram. A decisão causou estranheza e pareceu mais um jogo de publicidade, mas ao vermos o resultado final, ficamos sabendo que foi uma decisão acertada. O som grandioso precisava de espaço para ser capturado na sua melhor forma. E o álbum tem essa abrangência, com desenhos de guitarras e órgãos.

Go Tell Fire to the Mountain é um album conceitual. Ele tem toda a mesma atmosfera, é guiado com a mesma sensação e o discurso se mantém por todo álbum. O som inicialmente não é muito acessível e isso é “culpa” do vocal de Ellery Roberts, com a dicção praticamente incompreensível através de gritarias inaudíveis. Mesmo acompanhando as letras escritas, fica difícil entender, parece outra língua. É uma pena, na verdade, e talvez por isso o álbum perca um pouco da força da mensagem, porque são ótimas letras, proféticas, subversivas, desafiadoras, destinadas à juventude. Nisso se parece um pouco com Arcade Fire, que tem muitos discursos para os jovens ou que retratem a infância. Passagens das letras muitas vezes se interligam, entre as faixas. Se a dicção fosse mais clara, a mensagem poderia ser assimilada mais facilmente.
Quanto ao álbum, tem muitas faixas fortíssimas. Abrindo com “L Y F” já convocando as crianças “i can’t wait for the kids to come”. E no final, através de murmúrios de Roberts, uma pergunta necessária para continuar explorando o trabalho ou não “how many you kids are scared of death?”
“Such as Sad Puppy Dog” é praticamente uma marcha fúnebre. O órgão sombrio encaixou-se perfeitamente na atmosfera sagrada de uma igreja. “Summas Bliss” é um ótimo indie pop com uma ótima letra, pena que novamente não seja possível compreender tudo que Roberts canta. Ao passar das músicas, esse fica sendo o ponto fraco mais atenuante do álbum. Abre caminho para “We Bros”, dançante, épica e apocalíptica, com um refrão em coro e Roberts cantando praticamente possuído, como em várias faixas. “Spitting Blood” critiando o american way of life. “We are so happy, happy to see all of our children will run blind and free”. Cuspindo sangue como o deus do sol dourado.
“Dirt” é em especial um apelo à união. O fechamento do álbum é igualmente épico. “Heavy pop”. Não sei de onde eles colocam aquela música como “pop”, mas enfim. Uma canção de liberdade para as crianças e pros jovens. É onde o vocal de Roberts está mais forte, desesperado, possuído.
Go Tell Fire to the Mountain é um bom álbum e funciona como unidade. Mas para que todos os fatores da equação se encaixassem perfeitamente e fizessem desse álbum memorável, o vocal ao mesmo tempo forte de Roberts, deveria ser também mais claro. Mas com boa vontade e paciência do ouvinte de ir procurar as letras, acompanhá-las e desvendar todos os mistérios, Go Tell Fire to The Mountain é um ótimo álbum.

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